José Paulo
O texto sobre a vida de Castruccio Castracani pode ser lido,
ao mesmo tempo, com o texto “Belfagor, o Arquidiabo”?
O tradutor professor de ciência política da UNB diz que:
“’A vida de Castruccio Castracani’ não é um ensaio
biográfico, mas uma <fantasia> [o próprio Maquiavel a qualificou assim]
baseada na vida de uma pessoa real, ditador de Luca do princípio do século
XIV”. (Maquiavel: 1).
O Belfagor é uma fábula sobre a verdade em um tribunal do
inferno. Evoca Dante? Os textos têm algo em comum. Eles falam da realidade
molecular da guerra civil na tela gramatical do fim da Idade média italiana.
Castruccio é o Príncipe como um fenômeno do campo simbólico molecular; Honesta
é o nome da esposa do arquidiabo Rodrigo. Este é a fantasia institucional <o
diabo que se casou>, por outro lado, Castruccio é fantasia institucional do
Príncipe/condottiere. A fábula da verdade requer um tribunal diabólico, um
tribunal mitológico funcionando na Itália e no reino de Plutão: terra e
inferno. A metafísica do mal rege a realidade molecular institucional do
Príncipe e da fantasia/esposa do diabo. Se o Príncipe nos envia para o
cesarismo, a fantasia <o diabo que se casou > fala da alegoria da Xantipa
de Sócrates na cultura política estética, econômica, jurídica italiana.
2
A ciência política literária de Heidegger fala dos jogos de
gramática da liberdade na tela metafísica do bem e do mal:
“A pergunta pelo mal penetra decisivamente no plexo de
questões do tratado sobre a liberdade, porque a essência da liberdade humana é
concebida como a faculdade para, ou o bem, ou o mal”. (Heidegger: 135).
A tela gramatical platônica do bem faz pendant com a forma de
governo democrática constitucional:
jLe fait que le cadre en soit à présent la politeia.
l’organisation de la Cité, signifie de prime d’abord qu’il y va de l’unité dans
la multiplicité. La multiplicité des <classes>, comme celle des
<parties del’âme> est organisée en vue de produire l’unité et la
concorde. Au livre IV, on trouve d’abor l’organisation de la cité en classes
puis, à partir de là, l’organisation des <vertus> de l’âme. Ce sont les
traditionnelles <vertus cardinales>. Je eles appelle les vertus
<prétendument> platoniciennes car, à vrai dire, elles ne sont pas
<platoniciennes>, mais traditionnelles, comme on a fini aujourd’hui par
le reconnaître”. (Gadamer: 62).
A metafísica do bem é próprio da cultura política, econômica,
jurídica, estética da antiguidade. Ora, há em Platão a ciência política
literária do mal:
“1 o detentor da ciência política permanece acima das leis
escritas.
2 ele pode se servir da violência e assim se vê a necessidade
do aparelho de Estado/legislação penal.
3 todas as constituições políticas existentes são mimesis, ou
seja, simulacros naturais, da única verdadeira constituição: o modelo.
(Neschke:68).
A tela gramatical da metafísica do mal no campo político se
dá na superfície profunda da meia-noite sem luar. Ela é a tela da revolução
alemã nacional socialista:
“O malo [...] tem que ser o ente. Porém o que é próprio do
ente/ um fundamento, uma existência”.
“Existência: o existente no sentido do que sai fora de si, do
que se patentiza; na existência e enquanto existência advém a si mesmo um ente;
enquanto existe um ente, o mesmo, o que ele é. ‘Ser’ -si mesmo significa,
segundo a interpretação idealista., ser <eu>; eu como sujeito. Por isso
Schelling entende por existência também o <sujeito> da existência”.
(Heidegger: 135-136).
O eu pode ser o hegemonikón ou eu político estoico (Elorduy:
26) da tela gramatical do campo político da superfície superficial- não
profunda?
No campo político medieval italiano o eu racional
militar/negro, não é o hegemonikon. É um eu da pura dominação da superfície
profunda da meia-noite sem luz:
“Encontrando o motim, já terminada, para maior segurança
postou seus seguidores, com armas, em todos os locais estratégicos. Pensando
que Cautruccio se considerasse em dívida com ele, Stefano di Poggio foi
procurá-lo, apresentando-lhe demandas que fazia não para si – porque nada
reivindicava – mas para seus familiares, rogando-lhe que fosse generoso para
com a juventude, considerando a antiga relação de amizade das suas famílias e
toda a dívida de Castruccio com os Poggio. Castruccio respondeu graciosamente,
com palavras de conforto e boa-fé, demonstrando pensar que o fato de que a
guerra civil tinha sido paralisada era mais importante do que seu acontecimento,
e, então, pediu a Stefano de Poggio que trouxesse todos os insurrecionais a sua
presença, e disse que agradecia a Deus pela oportunidade de mostrar sua
misericórdia e liberalidade. Mas quando todos se apresentaram, confiantes nas
promessas sagradas de Castruccio e Stefano, foram todos juntos com Stefano
sequestrados e assassinados sem uma gota de piedade cristã”. (Maquiavel:
47).
O agir/poder estratégico de Castruccio no campo político
italiano medieval é: mentir, despistar, enganar, manipular (McCarthy:333),
dissimular, simular o bem, banho de sangue sem piedade. Trata-se da analogia
com modelo virtual do Príncipe da Renascença.
A liberdade de praticar o mal absoluto é uma virtu do
Príncipe/condottiere. No Brasil e nos EUA, o Príncipe negro pós-moderno exige
para si a liberdade absoluta de praticar o mal. Na covid, o governo brasileiro
deixou morrer 300 mil pessoas da doença. Preparava-se o caminho para a
fabricação de um Estado tirânico policial pós-moderno que com o PGR de 2024
processa quem fala da responsabilidade criminal de Bolsonaro com os 300 mil
mortos. O Estado pós-moderno assume que a fantasia do criminoso político é um direito
natural da classe política.
A verdade é um fenômeno que tem a ver com o fato. o homem
comum tem dificuldade de entender que: “todo fato é já teoria”. (Hegel: 23). A
discussão da verdade pode ser realizada como fábula da cultura política
maquiaveliana, ou com Lacan, ou Platão:
“Il s’ensuit que la véritable opposition n’est pas entre le monde divin ou des idées e le
monde terrestre, mais entre le premier et ce que Platon nomme le chãos, l’insensé,
la <necessite aveugle>. Les âmes
au travail dans chaque homme se mettent en route vers un monde terrestre
qu’il leur faut construire en organisant, autant que faire se peut, cet
insensé; mais ils ne peuvent qu’en faisant un détour (la sortie de la Caverne)
par les idée et par le Bien, c’est-à-dire, par l’étude de la mesure divine.
C’est dire n’existera pas de possibilité de cité utopique puisque la formation
d’ordres politiques, fussent-ils les plus justes et les meilleurs, est
confrontée à um chaos sans cesse renaissant”. (Edmond: 12-13).
A verdade é dada na tela gramatical da forma de governo
melhor e justa, que na medida em que é atual, e não virtual, só poder ser a
democrcia constitucional da multidão soberana que toma as decisões. A forma de governo democrática com gramática
constitucional é a liberdade dos antigos na medida em que ela é o contrário da
lógica do caos político da tirania ou do cesarismo. A liberdade é o além do
reino da necessidade cega no campo político que já não é, propriamente, um
campo político, pois, é o grau zero da política. Exemplos desse fenômeno é o
Estado nacional socialista ou o Estado tirânico/cesarista policial pós-moderno.
3
Na tela gramatical da forma de governo democrática, o
hegemonikón é o lugar da verdade do campo simbólico/político?
Maquiavel (Maquiavel: 61-66) fala da verdade jurídica
estabelecida por um tribunal do inferno, de juízes diabos. O juiz é o agente
que julga o molecular no molecular do pós-direito, realidade diabólica do agir
singular ao infinito do inferno. O tribunal de diabos tem um aparelho de Estado/legislação
penal do inferno? No caso do casamento e da Xantipa italiana - como produzindo
toda a desgraça do marido – um diabo é enviado a terra para julgar essa
realidade molecular institucional a partir da fantasia diabólica <o diabo
que se casa>. O diabo julga e descobre a verdade pela experiencia como homem
no casamento com a nobre de nome Honesta (Maquiavel: 62). A verdade aparece na
experiencia molecular da instituição casamento. Ora o julgamento do diabo
significa que todo e qualquer tribunal é uma realidade virtual demoníaca? Ele é
regido pela ciência política do mal dos jogos de gramática da tela do direito
do inferno? O direito é uma tela gramatical da metafísica do mal e do bem comum?
O tribunal político pós-moderno não se reduz a uma ciência política/jurídica do
mal como verdade? Isto é, o homem é a natureza do mal e, portanto, tem que ser
punido e contido em suam maldade excedente?
Em Lacan, o juiz encontra-se na posição do semblante? (Lacan:
164-165). As aparências de semblância (Arendt: 31) da verdade sobre o paciente
do tribunal é o sol que nasce e se põe todo santo dia. O tribunal maquiavélico
é aquele da superfície profunda do campo político da meia-noite sem luar. É o
tribunal político pós-moderno, por exemplo, na época além do pós-moderno.
(Bandeira da Silveira; 2024).
O sujeito do tribunal pós-moderno certifica a verdade da
sentença como?
Lacan:
“Mas, então, o que é o saber que certifica a verdade? Esse
saber não é nada senão aquele que provém da notação resultante do fato de
postular a verdade a partir do significante. Essa postura é bem difícil de
sustentar, mas se confirma por fornecer um saber não iniciático, posto que
procedente, digam o que disserem, do sujeito que um discurso sujeita como tal à
produção, desse sujeito que há matemáticos que qualificam como criativo. Resta
deixar claro que é realmente de sujeito que se trata, o que é corroborado pelo
fato de que, na minha lógica, o sujeito se exaure ao se produzir como efeito de
significante [...]”. Lacan: 166).
A subjetividade pós-moderna do direito se exaure na
penitenciária como efeito do significante verdade jurídica [como fracasso] do
tribunal; pois, a prisão subdesenvolvida funciona como campo de extermínio e
educação do penitenciado na vida do crime organizado, que se articula em uma
estrutura mafiosa no campo político da superfície profunda da meia-noite
pós-moderna do país.
O acusado é a produção de uma subjetividade justa a partir do
tribunal como significante do direito da civilização ocidental? No tribunal
pós-moderno, o direito se afasta do justo e da justiça [e da civilização do
Ocidente] e vai ao encontro do anarcoempirismo do juiz como prática política do
direito em uma tela gramatical pós-moderna. O justo e a justiça assim como o
ético de fazer o bem são substituídos pelo páthos do tribunal que julga a
singularidade do molecular como expressão da natureza da maldade do homem
pós-moderno, que já não é propriamente homem ou animal político, ou seja,
natureza da condição humana civilizatória construída ao longo de milênios nas
regiões do cérebro humano.
4
Heidegger criou e recriou a ciência política literária
pós-moderna. Ela teve seu apogeu com Derrida. Na tela gramatical pós-moderna, o
tempo sai perde sua imagem cotidiana cronológica e subverte o campo político do
indivíduo:
“O que se diz aqui do tempo é válido também [...] para a
história, mesmo se esta última pode consistir em consertar, nos efeitos de
conjuntura, e se trata aqui do mundo, a disjunção temporal: <The time is out
of joint>, o tempo está desarticulado, demitido, desconjuntado, deslocado, o
tempo está desconcertado, consertado e desconcertado, desordenado, ao mesmo
tempo desregrado e louco. O mundo está fora dos eixos, o mundo se encontra
deportado, fora de si mesmo, desajustado. Diz Hamlet. “. (Derrida: 42).
O tempo hamletiano é o tempo da tela gramatical barroca no
campo político/estético com o grau zero da arte. Na história, é o tempo pós-moderno da globalização pós-moderna
do capital multinacional cibernético [ou transnacional] com hegemonia do
capital fictício. O tempo que faz da nação a nação da multinacional e não dos
povos e das pessoas. Assim, se põe e repõe qual problema?
Com as relações técnicas de produção cibernética, há uma
mutabilidade na relação entre tempo e tela? a técnica cibernética transforma a
tela em um objeto real sem campo virtual. Portanto, a tela gramatical da razão
linguística perde sua realidade virtual ao se torna uma tela digital. Então. a
tela já não é propriamente uma tela gramatical da língua nacional.
Heidegger fala do tempo da tela linguística metafísica, tela
existente em todas as épocas e conjunturas como realidade virtual da estrutura
de dominação/hegemonikón da plurivocidade de tela gramatical. Vejamos uma
citação longa:
“nesse devir tudo <é> simultaneamente; porém simultâneo
não significa aqui que o passado e o futuro abandonam sua essência e se
convertem no puro presente”. (Heidegger: 138). Sendo esta a gramática do tempo
pós-moderno.
Segue:
“ao contrário,: a iso-cronia originaria consiste em que o
<Ser> -sido e o porvenir se afirmam e se engranan de um
golpe um no outro com o <Ser> -presente na plenitude essencial do tempo
mesmo. E esse <golpe> de temporalidade própria, esse instante, <é> a
essência da eternidade, e não o presente que tão só se torna refém e permanece
paralisado, o nunc stans. A eternidade só pode ser pensada
verdadeiramente, isto é, de modo poético, se a concebemos como a temporalidade
mais originária, porém jamais no modo do sentido comum. que diz: eternidade é o
contrário de temporalidade. Em consequência, para conceber a eternidade há que
suprimir todo tempo com o pensamento. O que resta nesse procedimento não é um
conceito de eternidade, senão só um conceito, mal-entendido e pensado pela
metade, de um tempo aparente”. (Heidegger: 138).
A tela metafísica do tempo eterno do campo político/estético
é o suporte da legitimidade dos fenômenos políticos da antiguidade e da
modernidade. Um efeito da supressão do tempo eterno é a substituição do Estado
moderno pelo Estado pós-moderno no qual não há mais monopólio estatal da
violência e nem Estado legítimo:
“Um Estado pode ser definido como uma instituição política
cujo domínio é territorialmente organizado e capaz de acionar os meios de
violência para sustentar esse domínio. Tal definição é próxima daquela de Max
Weber, porém não faz sobressair uma reivindicação ao monopólio dos meios de
violência ou o fator de legitimidade”. (Giddens: 45).
O Estado pós-moderno do Ocidente já não é propriamente um
Estado nacional. O que é, então?
“Não há Estado, mas somente uma estatização [...]. O Estado
supõe as relações de poder longe de ser sua fonte”. (Deleuze: 82-83).
O Estado pós-moderno não é o Estado moderno. Este é uma
condensação material de uma relação de forças entre classes e frações de
classe, tal como, ela se exprime, de maneira específica, no seio do Estado.
(Poulantzas. 1978: 141).
O efeito da passagem do Estado moderno para o Estado
pós-moderno é o desaparecimento da burocracia como categoria social no campo
político, a burocracia se esvai como burocratismo:
“o burocratismo como sistema de organização particular do
aparelho de Estado, e como estruturas de um tipo de Estado”. (Poulantzas.
1975:172).
5
O tempo heideggeriano:
“Ser mais originário, no qual não tem sentido o antes e o
depois do tempo horário. O precedente, o fundamento, não necessita ser ali o
superior o mais alto, e ao inverso, o superior pode muito bem ser o
<posterior>. O anterior em essência não é necessariamente o mais alto
dele, e o mais elevado não se torna baixo por ser tardio. A <prioridade>
do uno e a <superioridade> do outro não excluem aqui, porque não há nesse
caso primeiro ou último, pois, tudo é a la vez. Porém, este < ala
vez> não é a contradição da sucessão do tempo habitual em um agora até o ciclópico,
senão a unidade que, em cada caso, é uma só vez da plenitude inesgotável da
própria temporalidade. <Fundamento e existência> tem que ser pensado na
unidade desse estar-em-movimento originário. A unidade de seu giro é o originário;
não devemos olhar para isso e vê aí ambas as determinações e as contrapor em um
aparentemente <lógico>, o assim fixado”. (Heidegger: 139).
O tempo heideggeriano não é o <tempo lógico>, do logos,
e sim o tempo da razão gramatical. E isso é tudo?
Lyotard fala do tempo pós-moderno milenarista, ele que é o
maior filósofo da época pós-moderna:
“Os romances de ficção política imaginam o desértico frio de
um mundo humano após uma guerra nuclear. A explosão solar não ficará a dever-se
a uma guerra humana. Não deixará atrás de si um mundo humano devastado, desumanizado,
não deixará sequer um último sobrevivente para prestar testemunho do que se
passou e descrevê-lo. Desumanizado é apesar de tudo ainda o domínio do homem,
do humano morto, mas pensável porque morto no sentido humano, mas reerguido em
pensamento. O que ficar após a explosão solar não permitirá a existência de nenhuma
alma, nem um só ser humano, terráqueo, inteligente, sensível e afetivo para
testemunhar o acontecimento, pois, ele dissipar-se-à no fogo juntamente com o
horizonte da Terra”. (Lyotatd: 19).
O tempo milenarista pós-moderno é o fim de todo e qualquer milenarismo, inclusive do tempo celestial da
Perúsia.
ARENDT, Hannah. A vida do Espírito. RJ: UFRJ, 1992
BANDEIRA DA SILVEIRA, José Paulo. Além da época pós-moderna.
EUA: amazon, 2024
DELEUZE, Gilles. Foucault. Pariss: Minuit, 1986
GADAMER, Hans-Georg. L’idé du Bien comme enjeu platônico-aristotélicien.
Le savoir pratique. Paris: Vrin, 1994
DERRIDA, Jacques. Spectres de Marx. Paris: Galilée, 1993
GIDDENS, Anthony. O Estado- nação e a violência. SP: EDUSP,
2001
EDMOND, Michel-Pierre. Le philosophe-roi. Platon et la
politique. Paris: Payot, 1991
ELORDUY, Eleuterio. El Estoicismo. Tomo 2. Madrid: Grados,1972
HEGEL. Lecciones sobre la filosofía de la historia universal.
Madrid: Alianza Editorial, 1980
HEIDEGGER, Martin. Schelling y loa libertad humana. Caracas:
Monte Avila, 1985
LACAN, Jacques. O Seminário. De um Outro ao outro. Livro 16.
RJ: Zahar, 2008
LACAN, Jacques. O Seminário. Livro 19. ... ou pior. RJ: Zahar,
2012
LYOTARD, Jean-François. O Inumano. Lisboa: Estampa, 1990
MAcCARTHY, Thomas. La teoría crítica de Jurgen Habermas. Madrid:
Tecnos, 1992
MAQUIAVEL. A arte da guerra, a vida de Castruccio Castrani,
Belfagor, o arquidiabo. Brasília: UNB, 1980
NESCHYKE-HENTSCHIKE, Ada. Platonisme politique et théorie du
droit naturel. Paris: Éditions Peeters, 1995
POULANTZAS, Nicos.
Pouvoir politique et classes Sociales. V. 2. Paris: Maspero, 1975
POULANTZAS, Nicos. L’État, le pouvoir, le socialisme. Paris:
PUF, 1978
Nenhum comentário:
Postar um comentário