sábado, 20 de abril de 2024

Maquiavel - verdade, tribunal, tempo, Estado

José Paulo 

 

O texto sobre a vida de Castruccio Castracani pode ser lido, ao mesmo tempo, com o texto “Belfagor, o Arquidiabo”?

O tradutor professor de ciência política da UNB diz que:

“’A vida de Castruccio Castracani’ não é um ensaio biográfico, mas uma <fantasia> [o próprio Maquiavel a qualificou assim] baseada na vida de uma pessoa real, ditador de Luca do princípio do século XIV”. (Maquiavel: 1).

O Belfagor é uma fábula sobre a verdade em um tribunal do inferno. Evoca Dante? Os textos têm algo em comum. Eles falam da realidade molecular da guerra civil na tela gramatical do fim da Idade média italiana. Castruccio é o Príncipe como um fenômeno do campo simbólico molecular; Honesta é o nome da esposa do arquidiabo Rodrigo. Este é a fantasia institucional <o diabo que se casou>, por outro lado, Castruccio é fantasia institucional do Príncipe/condottiere. A fábula da verdade requer um tribunal diabólico, um tribunal mitológico funcionando na Itália e no reino de Plutão: terra e inferno. A metafísica do mal rege a realidade molecular institucional do Príncipe e da fantasia/esposa do diabo. Se o Príncipe nos envia para o cesarismo, a fantasia <o diabo que se casou > fala da alegoria da Xantipa de Sócrates na cultura política estética, econômica, jurídica italiana.     

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A ciência política literária de Heidegger fala dos jogos de gramática da liberdade na tela metafísica do bem e do mal:

“A pergunta pelo mal penetra decisivamente no plexo de questões do tratado sobre a liberdade, porque a essência da liberdade humana é concebida como a faculdade para, ou o bem, ou o mal”. (Heidegger: 135).    

A tela gramatical platônica do bem faz pendant com a forma de governo democrática constitucional:

jLe fait que le cadre en soit à présent la politeia. l’organisation de la Cité, signifie de prime d’abord qu’il y va de l’unité dans la multiplicité. La multiplicité des <classes>, comme celle des <parties del’âme> est organisée en vue de produire l’unité et la concorde. Au livre IV, on trouve d’abor l’organisation de la cité en classes puis, à partir de là, l’organisation des <vertus> de l’âme. Ce sont les traditionnelles <vertus cardinales>. Je eles appelle les vertus <prétendument> platoniciennes car, à vrai dire, elles ne sont pas <platoniciennes>, mais traditionnelles, comme on a fini aujourd’hui par le reconnaître”. (Gadamer: 62).

A metafísica do bem é próprio da cultura política, econômica, jurídica, estética da antiguidade. Ora, há em Platão a ciência política literária do mal:

“1 o detentor da ciência política permanece acima das leis escritas.

2 ele pode se servir da violência e assim se vê a necessidade do aparelho de Estado/legislação penal.

3 todas as constituições políticas existentes são mimesis, ou seja, simulacros naturais, da única verdadeira constituição: o modelo. (Neschke:68).

A tela gramatical da metafísica do mal no campo político se dá na superfície profunda da meia-noite sem luar. Ela é a tela da revolução alemã nacional socialista:

“O malo [...] tem que ser o ente. Porém o que é próprio do ente/ um fundamento, uma existência”.

“Existência: o existente no sentido do que sai fora de si, do que se patentiza; na existência e enquanto existência advém a si mesmo um ente; enquanto existe um ente, o mesmo, o que ele é. ‘Ser’ -si mesmo significa, segundo a interpretação idealista., ser <eu>; eu como sujeito. Por isso Schelling entende por existência também o <sujeito> da existência”. (Heidegger: 135-136).

O eu pode ser o hegemonikón ou eu político estoico (Elorduy: 26) da tela gramatical do campo político da superfície superficial- não profunda?

No campo político medieval italiano o eu racional militar/negro, não é o hegemonikon. É um eu da pura dominação da superfície profunda da meia-noite sem luz:

“Encontrando o motim, já terminada, para maior segurança postou seus seguidores, com armas, em todos os locais estratégicos. Pensando que Cautruccio se considerasse em dívida com ele, Stefano di Poggio foi procurá-lo, apresentando-lhe demandas que fazia não para si – porque nada reivindicava – mas para seus familiares, rogando-lhe que fosse generoso para com a juventude, considerando a antiga relação de amizade das suas famílias e toda a dívida de Castruccio com os Poggio. Castruccio respondeu graciosamente, com palavras de conforto e boa-fé, demonstrando pensar que o fato de que a guerra civil tinha sido paralisada era mais importante do que seu acontecimento, e, então, pediu a Stefano de Poggio que trouxesse todos os insurrecionais a sua presença, e disse que agradecia a Deus pela oportunidade de mostrar sua misericórdia e liberalidade. Mas quando todos se apresentaram, confiantes nas promessas sagradas de Castruccio e Stefano, foram todos juntos com Stefano sequestrados e assassinados sem uma gota de piedade cristã”. (Maquiavel: 47).        

O agir/poder estratégico de Castruccio no campo político italiano medieval é: mentir, despistar, enganar, manipular (McCarthy:333), dissimular, simular o bem, banho de sangue sem piedade. Trata-se da analogia com modelo virtual do Príncipe da Renascença.  

A liberdade de praticar o mal absoluto é uma virtu do Príncipe/condottiere. No Brasil e nos EUA, o Príncipe negro pós-moderno exige para si a liberdade absoluta de praticar o mal. Na covid, o governo brasileiro deixou morrer 300 mil pessoas da doença. Preparava-se o caminho para a fabricação de um Estado tirânico policial pós-moderno que com o PGR de 2024 processa quem fala da responsabilidade criminal de Bolsonaro com os 300 mil mortos. O Estado pós-moderno assume que a fantasia do criminoso político é um direito natural da classe política.      

A verdade é um fenômeno que tem a ver com o fato. o homem comum tem dificuldade de entender que: “todo fato é já teoria”. (Hegel: 23). A discussão da verdade pode ser realizada como fábula da cultura política maquiaveliana, ou com Lacan, ou Platão:

“Il s’ensuit que la véritable opposition n’est  pas entre le monde divin ou des idées e le monde terrestre, mais entre le premier et ce que Platon nomme le chãos, l’insensé, la <necessite aveugle>. Les âmes  au travail dans chaque homme se mettent en route vers un monde terrestre qu’il leur faut construire en organisant, autant que faire se peut, cet insensé; mais ils ne peuvent qu’en faisant un détour (la sortie de la Caverne) par les idée et par le Bien, c’est-à-dire, par l’étude de la mesure divine. C’est dire n’existera pas de possibilité de cité utopique puisque la formation d’ordres politiques, fussent-ils les plus justes et les meilleurs, est confrontée à um chaos sans cesse renaissant”. (Edmond: 12-13).

A verdade é dada na tela gramatical da forma de governo melhor e justa, que na medida em que é atual, e não virtual, só poder ser a democrcia constitucional da multidão soberana que toma as decisões.  A forma de governo democrática com gramática constitucional é a liberdade dos antigos na medida em que ela é o contrário da lógica do caos político da tirania ou do cesarismo. A liberdade é o além do reino da necessidade cega no campo político que já não é, propriamente, um campo político, pois, é o grau zero da política. Exemplos desse fenômeno é o Estado nacional socialista ou o Estado tirânico/cesarista policial pós-moderno.

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Na tela gramatical da forma de governo democrática, o hegemonikón é o lugar da verdade do campo simbólico/político?

Maquiavel (Maquiavel: 61-66) fala da verdade jurídica estabelecida por um tribunal do inferno, de juízes diabos. O juiz é o agente que julga o molecular no molecular do pós-direito, realidade diabólica do agir singular ao infinito do inferno. O tribunal de diabos tem um aparelho de Estado/legislação penal do inferno? No caso do casamento e da Xantipa italiana - como produzindo toda a desgraça do marido – um diabo é enviado a terra para julgar essa realidade molecular institucional a partir da fantasia diabólica <o diabo que se casa>. O diabo julga e descobre a verdade pela experiencia como homem no casamento com a nobre de nome Honesta (Maquiavel: 62). A verdade aparece na experiencia molecular da instituição casamento. Ora o julgamento do diabo significa que todo e qualquer tribunal é uma realidade virtual demoníaca? Ele é regido pela ciência política do mal dos jogos de gramática da tela do direito do inferno? O direito é uma tela gramatical da metafísica do mal e do bem comum? O tribunal político pós-moderno não se reduz a uma ciência política/jurídica do mal como verdade? Isto é, o homem é a natureza do mal e, portanto, tem que ser punido e contido em suam maldade excedente? 

Em Lacan, o juiz encontra-se na posição do semblante? (Lacan: 164-165). As aparências de semblância (Arendt: 31) da verdade sobre o paciente do tribunal é o sol que nasce e se põe todo santo dia. O tribunal maquiavélico é aquele da superfície profunda do campo político da meia-noite sem luar. É o tribunal político pós-moderno, por exemplo, na época além do pós-moderno. (Bandeira da Silveira; 2024).

O sujeito do tribunal pós-moderno certifica a verdade da sentença como?    

Lacan:

“Mas, então, o que é o saber que certifica a verdade? Esse saber não é nada senão aquele que provém da notação resultante do fato de postular a verdade a partir do significante. Essa postura é bem difícil de sustentar, mas se confirma por fornecer um saber não iniciático, posto que procedente, digam o que disserem, do sujeito que um discurso sujeita como tal à produção, desse sujeito que há matemáticos que qualificam como criativo. Resta deixar claro que é realmente de sujeito que se trata, o que é corroborado pelo fato de que, na minha lógica, o sujeito se exaure ao se produzir como efeito de significante [...]”. Lacan: 166).

A subjetividade pós-moderna do direito se exaure na penitenciária como efeito do significante verdade jurídica [como fracasso] do tribunal; pois, a prisão subdesenvolvida funciona como campo de extermínio e educação do penitenciado na vida do crime organizado, que se articula em uma estrutura mafiosa no campo político da superfície profunda da meia-noite pós-moderna do país.  

O acusado é a produção de uma subjetividade justa a partir do tribunal como significante do direito da civilização ocidental? No tribunal pós-moderno, o direito se afasta do justo e da justiça [e da civilização do Ocidente] e vai ao encontro do anarcoempirismo do juiz como prática política do direito em uma tela gramatical pós-moderna. O justo e a justiça assim como o ético de fazer o bem são substituídos pelo páthos do tribunal que julga a singularidade do molecular como expressão da natureza da maldade do homem pós-moderno, que já não é propriamente homem ou animal político, ou seja, natureza da condição humana civilizatória construída ao longo de milênios nas regiões do cérebro humano.      

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Heidegger criou e recriou a ciência política literária pós-moderna. Ela teve seu apogeu com Derrida. Na tela gramatical pós-moderna, o tempo sai perde sua imagem cotidiana cronológica e subverte o campo político do indivíduo:

“O que se diz aqui do tempo é válido também [...] para a história, mesmo se esta última pode consistir em consertar, nos efeitos de conjuntura, e se trata aqui do mundo, a disjunção temporal: <The time is out of joint>, o tempo está desarticulado, demitido, desconjuntado, deslocado, o tempo está desconcertado, consertado e desconcertado, desordenado, ao mesmo tempo desregrado e louco. O mundo está fora dos eixos, o mundo se encontra deportado, fora de si mesmo, desajustado. Diz Hamlet. “. (Derrida: 42).

O tempo hamletiano é o tempo da tela gramatical barroca no campo político/estético com o grau zero da arte. Na história, é o  tempo pós-moderno da globalização pós-moderna do capital multinacional cibernético [ou transnacional] com hegemonia do capital fictício. O tempo que faz da nação a nação da multinacional e não dos povos e das pessoas. Assim, se põe e repõe qual problema?

Com as relações técnicas de produção cibernética, há uma mutabilidade na relação entre tempo e tela? a técnica cibernética transforma a tela em um objeto real sem campo virtual. Portanto, a tela gramatical da razão linguística perde sua realidade virtual ao se torna uma tela digital. Então. a tela já não é propriamente uma tela gramatical da língua nacional.

Heidegger fala do tempo da tela linguística metafísica, tela existente em todas as épocas e conjunturas como realidade virtual da estrutura de dominação/hegemonikón da plurivocidade de tela gramatical. Vejamos uma citação longa:

“nesse devir tudo <é> simultaneamente; porém simultâneo não significa aqui que o passado e o futuro abandonam sua essência e se convertem no puro presente”. (Heidegger: 138). Sendo esta a gramática do tempo pós-moderno.

Segue:

“ao contrário,: a iso-cronia originaria consiste em que o <Ser> -sido e o porvenir se afirmam e se engranan de um golpe um no outro com o <Ser> -presente na plenitude essencial do tempo mesmo. E esse <golpe> de temporalidade própria, esse instante, <é> a essência da eternidade, e não o presente que tão só se torna refém e permanece paralisado, o nunc stans. A eternidade só pode ser pensada verdadeiramente, isto é, de modo poético, se a concebemos como a temporalidade mais originária, porém jamais no modo do sentido comum. que diz: eternidade é o contrário de temporalidade. Em consequência, para conceber a eternidade há que suprimir todo tempo com o pensamento. O que resta nesse procedimento não é um conceito de eternidade, senão só um conceito, mal-entendido e pensado pela metade, de um tempo aparente”. (Heidegger: 138).

A tela metafísica do tempo eterno do campo político/estético é o suporte da legitimidade dos fenômenos políticos da antiguidade e da modernidade. Um efeito da supressão do tempo eterno é a substituição do Estado moderno pelo Estado pós-moderno no qual não há mais monopólio estatal da violência e nem Estado legítimo:

“Um Estado pode ser definido como uma instituição política cujo domínio é territorialmente organizado e capaz de acionar os meios de violência para sustentar esse domínio. Tal definição é próxima daquela de Max Weber, porém não faz sobressair uma reivindicação ao monopólio dos meios de violência ou o fator de legitimidade”. (Giddens: 45).

O Estado pós-moderno do Ocidente já não é propriamente um Estado nacional. O que é, então?

“Não há Estado, mas somente uma estatização [...]. O Estado supõe as relações de poder longe de ser sua fonte”. (Deleuze: 82-83).

O Estado pós-moderno não é o Estado moderno. Este é uma condensação material de uma relação de forças entre classes e frações de classe, tal como, ela se exprime, de maneira específica, no seio do Estado. (Poulantzas. 1978: 141).

O efeito da passagem do Estado moderno para o Estado pós-moderno é o desaparecimento da burocracia como categoria social no campo político, a burocracia se esvai como burocratismo:

“o burocratismo como sistema de organização particular do aparelho de Estado, e como estruturas de um tipo de Estado”. (Poulantzas. 1975:172).     

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O tempo heideggeriano:

“Ser mais originário, no qual não tem sentido o antes e o depois do tempo horário. O precedente, o fundamento, não necessita ser ali o superior o mais alto, e ao inverso, o superior pode muito bem ser o <posterior>. O anterior em essência não é necessariamente o mais alto dele, e o mais elevado não se torna baixo por ser tardio. A <prioridade> do uno e a <superioridade> do outro não excluem aqui, porque não há nesse caso primeiro ou último, pois, tudo é a la vez. Porém, este < ala vez> não é a contradição da sucessão do tempo habitual em um agora até o ciclópico, senão a unidade que, em cada caso, é uma só vez da plenitude inesgotável da própria temporalidade. <Fundamento e existência> tem que ser pensado na unidade desse estar-em-movimento originário. A unidade de seu giro é o originário; não devemos olhar para isso e vê aí ambas as determinações e as contrapor em um aparentemente <lógico>, o assim fixado”. (Heidegger: 139).

O tempo heideggeriano não é o <tempo lógico>, do logos, e sim o tempo da razão gramatical. E isso é tudo?

Lyotard fala do tempo pós-moderno milenarista, ele que é o maior filósofo da época pós-moderna:

“Os romances de ficção política imaginam o desértico frio de um mundo humano após uma guerra nuclear. A explosão solar não ficará a dever-se a uma guerra humana. Não deixará atrás de si um mundo humano devastado, desumanizado, não deixará sequer um último sobrevivente para prestar testemunho do que se passou e descrevê-lo. Desumanizado é apesar de tudo ainda o domínio do homem, do humano morto, mas pensável porque morto no sentido humano, mas reerguido em pensamento. O que ficar após a explosão solar não permitirá a existência de nenhuma alma, nem um só ser humano, terráqueo, inteligente, sensível e afetivo para testemunhar o acontecimento, pois, ele dissipar-se-à no fogo juntamente com o horizonte da Terra”. (Lyotatd: 19).

O tempo milenarista pós-moderno é o fim de todo e qualquer  milenarismo, inclusive do tempo celestial da Perúsia.

 

ARENDT, Hannah. A vida do Espírito. RJ: UFRJ, 1992

BANDEIRA DA SILVEIRA, José Paulo. Além da época pós-moderna. EUA: amazon, 2024

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GIDDENS, Anthony. O Estado- nação e a violência. SP: EDUSP, 2001  

EDMOND, Michel-Pierre. Le philosophe-roi. Platon et la politique. Paris: Payot, 1991

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HEGEL. Lecciones sobre la filosofía de la historia universal. Madrid: Alianza Editorial, 1980

HEIDEGGER, Martin. Schelling y loa libertad humana. Caracas: Monte Avila, 1985

LACAN, Jacques. O Seminário. De um Outro ao outro. Livro 16. RJ: Zahar, 2008

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LYOTARD, Jean-François. O Inumano. Lisboa: Estampa, 1990

MAcCARTHY, Thomas. La teoría crítica de Jurgen Habermas. Madrid: Tecnos, 1992

MAQUIAVEL. A arte da guerra, a vida de Castruccio Castrani, Belfagor, o arquidiabo. Brasília: UNB, 1980      

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