domingo, 28 de agosto de 2016

O BRASIL-NAÇÃO É UM CRIME?


28/08/2016

Dois livros sobre o impeachment de Fernando Collor de Mello tratam seriamente do acontecimento. O meu Física da história do Brasil contemporâneo e o livro de Brasílio Sallum Jr. O impeachment de Fernando Collor. Sociologia de uma crise.

O meu livro foi ignorado na universidade e nas mídias. O livro de Brasílio teve ampla divulgação nas mídias (incluindo a televisão e o rádio) e foi festejado na universidade (pública e privada). Assim, Brasílio foi elevado à categoria de único especialista científico autorizado a falar do impeachment de Collor. Por quê? Isso foi obra do acaso ou da competência de Brasílio, e/ou da minha total incompetência em tratar do objeto impeachment?

Meu livro é uma leitura do acontecimento como golpe pombalino de Estado. Depois publiquei inúmeros textos na internet mostrando que o crime de responsabilidade de Collor se baseava em uma prova insignificante – a compra de um Fiat Elba com dinheiro oriundo da sobra de campanha eleitoral presidencial de 1989.

Collor foi julgado pela lei do impeachment 1079/50. Tal lei é um artefato ditatorial inscrito na Constituição de 1946 visando dar uma roupagem jurídica para o golpe pombalino de Estado branco em Getúlio Vargas, na recém constituída tela transgramatical populista/democrático.

Ela é a lei que consagra o princípio de insignificância jurídica como ato jurídico para a deposição do presidente da República. Basta o leitor consultar na internet a lei que verá que ela faz do credo quia absurdum (creio porque é absurdo) a transgramatica do impeachment. Getúlio derrotou tal lei ditatorial, mas Collor se tornou a primeira vítima dela.

O meu livro é a articulação do fato impeachment como artefato historial/formal golpe pombalino de Estado. Mas até agora eu não tinha dado o point de capiton (ponto-de-estofo) para encerrar a rede dos significantes que explicam o golpe. Farei isso mais adiante.

O livro de Brasílio não trata o impeachment de Collor como golpe de Estado (ou revolução bolivariana de FHC/Lula/PSDB/PT). Brasílio fez uma radiografia detalhada e exaustiva das forças envolvidas no impeachment. Sua visão sincera de que houve crime de responsabilidade de Collor é apenas um efeito do trans-sujeito da conjuntura Collor, que transformou Fernando em cinzas políticas. Isso é o problema historial/formal do impeachment. O trans-sujeito que surgiu no impeachment. Quem ou o que é ele?

O discurso de Brasílio é um efeito do trans-sujeito luso/brasileiro absolutista. Daí seu sucesso midiático! O PT também é um efeito do absolutismo do trans-sujeito luso-brasileiro em autodissolução!   

O trans-sujeito é uma forma de poder (nacional ou mundial) que se articula através da subjetividade da multidão como autor e da subjetividade do ator que personifica tal multidão. Na conjuntura collor, ele se constitui como um trans-sujeito nacional envolvendo a sociedade civil e a sociedade política. As massas na rua em todo o país foi o autor. As instituições da sociedade civil e as instituições estatais (OAB, ABI, Igreja católica, Igreja protestante, a igreja afro-brasileira em Salvador, a comunidade jurídica, o STF, o vice-presidente da República, o grupo Globo e as mídias em geral, etc.) foram atores na articulação de tal trans-sujeito.

Lenin diz que a verdade é o verdadeiro metabolizado pelas massas, ou seja, a verdade do trans-sujeito. Portanto, o impeachment de Collor era a verdade brasileira de 1992. Porém, tal trans-sujeito não é parte por mil fios invisíveis da percepção sensível da multidão ligada à uma memória cultural política econômica fazendo pendant com  physis do povo brasileiro? quais instituições da sociedade civil e da sociedade política condensam tal memória? A universidade, a OAB, a ABI, a Igreja católica, a comunidade jurídica como tal, governos?

A história do Brasil nação não começa com d. Pedro I? A nação como objeto político não é o efeito da primeira Constituição monárquica? Era para ser uma Constituição condensando o que significava a soberania popular da década de 1820. Porém d. Pedro I fechou com as tropas portuguesas a Assembleia Nacional Constituinte, rasgou a Constituição que estava na iminência de ser aprovada e, em seguida, fez a Constituição liberal-absolutista de 1924. Pedro I criou o Brasil Nação através de um golpe pombalino de Estado (extraído do modelo político de simulacro de simulação liberal do Marquês de Pombal do século XVIII).

Pedro I criou a política brasileira a partir de uma lei da tela transgramatical luso-brasileira: o golpe de Estado pombalino. Tal fenômeno é o abc do trans-sujeito luso/brasileiro. A política como trans-sujeito luso/brasileiro significa que o Brasil é um crime Constitucional monárquico.

A República não nasce brasileira. Ela não foi o efeito de uma revolução burguesa (ou de uma revolução oligárquica). Ela foi o efeito de um golpe pombalino de Estado. A Constituição republicana é o efeito da cultura política econômica pombalina. A República é um simulacro de simulação de república liberal. Já escrevi vários textos sobre tal fenômeno. A REPÚBLICA BRASILEIRA É UMA REPÚBLICA LUSO-BRASILEIRA. Assim, ela é um efeito do trans-sujeito criminoso luso/brasileiro. A República é um crime Constitucional.

No livro Fenomenologia do Espirito, parte II, Editora Vozes, página 194, Hegel diz que o trans-sujeito é um crime se se constitui em oposição àquela efetividade universal instituída pela soberania popular (Assembleia Nacional Constituinte de 1823, governo Collor). Ele perde a força de realidade transgramatical criminosa se: “vem a tornar-se um outro mundo – outro direito, outra lei, e outros costumes, produzidos em lugar dos presentes – quando o indivíduo (trans-sujeito) o faz de maneira universal”. Pedro I não é um trans-sujeito universal. Sua expulsão da política brasileira na década de 1830 se deve ao fato de que ele não personificava a universalidade trans-sujeito luso/brasileiro. Seu filho d. Pedro II acabou por personificar a universalidade trans-sujeito luso/brasileiro em uma Império que foi um artefato simulacro de simulação de monarquia liberal/parlamentar.                          

O trans-sujeito república não alcançou aquele caráter universal hegeliano. O uso do golpe pombalino de Estado (frio ou quente, negro ou branco) passou a ser a Lei transgramatical da oligarquia política republicana. A política republicana é feita de inúmeros atos criminosos, ou seja, golpes pombalinos de Estado que preparam o terreno para a instalação do Estado militar de 1964.

Há dúvida razoável se a ditadura militar foi um crime historial/formal? Ela foi o efeito do trans-sujeito luso/brasileiro multidão de classe média das grandes cidades, empresariado, oligarquia política, OAB, ABI, Igreja católica, Grupo Globo e mais ainda. Ela se tornou aquele fenômeno político universal hegeliano? Quase! Sua longa duração levanta uma dúvida razoável.  

O trans-sujeito luso/brasileiro collorido (ou contracollorido) se tornou universal hegeliano? Ele se transformou no trans-sujeito bolivariano com Fernando Henrique Cardoso, Lula, o PSDB e o PT. Assim, o crime político contra Fernando Collor havia adquirido a força de realidade transgramatical da universalidade hegeliana. Porém, a divisão no trans-sujeito bolivariano (entre o PSDB e o PT) nos trouxe até o impeachment atual da presidente Dilma Rousseff.

O PT que foi força dirigente no impeachment de Collor (vejam o livro e Brasílio) quer provar que o impeachment de Collor não foi um efeito do golpe pombalino do trans-sujeito nacional luso/brasileiro. Houve um consenso oligárquico no impeachment de Collor articulando a política pombalina da multidão na rua, a moral da oligarquia política articulada pelo conceito de justiça oligárquica (tudo para os amigos, aos inimigos a lei), o empresariado do capitalismo dependente e associado mais o Congresso e o STF. Trata-se de um trans-sujeito como uno – trans-sujeito luso/brasileiro absolutista/oligárquico!  É a realização acabada do trans-sujeito d. Pedro I.  

O impeachment de Roussef abriu a política para o surgimento do trans-sujeito luso/brasileiro esquizo. O país se dividiu na rua, na comunidade jurídica, na Igreja e no Congresso. Porém, o desejo sexual da maioria é a vontade de derrubar a senhora Dilma Rousseff. O trans-sujeito esquizo atual significa que o território trans-subjetivo (para que o golpe pombalino de Estado se transforme de crime político luso/brasileiro em um universal hegeliano) passa pela solução da crise brasileira do trans-sujeito bolivariano pelo governo Temer/PMDB/PSDB.

A crise brasileira é a crise do trans-sujeito bolivariano industrial/urbano. Ela tem como causa clarividente a passagem da política da tela transgramatical urbano/industrial-democrática/oligárquico para a tela transgramatical caipira/urbana-democrática/oligárquico. O PT e o PSDB são hoje partidos da tela transgramatical caipira/urbano.  A elite política não gosta de se ver nesse espelho da ciência transgramatical hobbesiana da política. Paciência! Sou realmente um cientista. Não estou em busca de reconhecimento nem da classe política ou da classe simbólica.

Meu ofício é mostrar a verdade como o verdadeiro do trans-sujeito!

Penetramos na era do trans-sujeito esquizo luso/brasileiro da tela transgramatical caipira/urbano que se alinha com o sujeito esquizo do livro Casa-Grande e senzala (Editora José Olympio. 1975: 7). O século XXI será gilbertiano?       

                         

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

O OCIDENTE É AQUI



Hegel falou do fim do Ocidente na Europa no início do século XIX e sua possível refundação na América.

A diferença entre Ocidente e Oriente em Gramsci diz respeito ao tipo de Estado. Trata-se, portanto, de ciência da política do Estado integral (democracia + ditadura). No Ocidente, o Estado é uma tela gramatical urbana existente segundo o princípio da hegemonia. No Oriente, trata-se de uma tela gramatical caipira funcionando segundo o princípio da ditadura. Europa ocidental e Rússia tzarista são as regiões geopolíticas que se definem assim a partir do tipo de revolução marxista ou no Ocidente, ou no Oriente. O jardim-de-infância marxista ignora o pendant Gramsci/Hegel. O pensamento político de Gramsci é a mais séria e poderosa hegelianização de Marx. Por isso, Althusser resolveu destituí-lo do lugar do magister ludi da tela gramatical marxista urbana.

O americanismo é um significante literário técnico em Gramsci: “Que não se trate, no caso do americanismo, entendido não só como vida de café, mas também como ideologia do Rotary Club, de um novo tipo de civilização, vê-se pelo fato que nada mudou no carácter e nas relações dos  grupos  fundamentais: trata-se de um prolongamento orgânico e de uma intensificação da civilização europeia, que apenas assumiu uma nova pele no clima americano. A observação de Pirandello sobre a oposição que o americanismo encontra em Paris (mas encontra-la-á no Creusot?) e sobre o acolhimento imediato que teria encontrado em Berlim, prova, em todo caso, que ele não difere em natureza, mas apenas em grau do ‘europeísmo’ ”.

O americanismo em Gramsci é a invenção da cultura como ideologias práticas articulando as relações de produção em pendant com a técnica industrial. Trata-se de uma tela gramatical industrial urbana? O proletariado americano passa a se vê narcisicamente em tal tela depois do Estado americano exercer sua ditadura sobre ele subjugando o sindicalismo (pôr a canga no proletariado americano revolucionário). Como é um truísmo cinematográfico, o Estado heteróclito americano mafioso foi uma força essencial na integração da classe operária ao americanismo. Havia dois Estados na América projetados em duas telas gramaticais: tela gramatical jurídica e a tela gramatical heteróclita lumpesinal/mafiosa. Isso não define o americanismo na ciência da política do Estado gramsciana?

Heidegger não concorda com a identidade gramsciana entre americanismo e europeísmo = Ocidente:
“A maquinação é o acabamento incondicionado do ser enquanto vontade de poder. Mas mesmo a maquinação enquanto essência do ser tem ainda uma inessência.
A inessência da maquinação exige uma humanidade que não desertifique toda a tradição, mas propague para além da desertificação, isto é, para o interior de sua inessência, justamente uma tradição desertificada da metafísica (e, isto é, da história ocidental), essencialmente, sem raízes. Esta instauração da inessência da maquinação está reservada ao americanismo”. O americanismo é uma tela gramatical desertificada da memória cultural política econômica ocidental.
Heidegger prossegue: “Mais tenebroso do que toda e qualquer selvageria asiática é esta ‘moralidade’ desenraizada e alastrada até o engodo incondicionado.
Somente aqui o abandono do ser alcança a condição extrema de uma constância.
Será que reconhecemos suficientemente que tudo o que há de tenebroso reside no americanismo e de modo algum no mundo russo? ”.

O americanismo é a tela gramatical técnica/industrial (= maquinação) como discurso do senhor. A tela gramatical industrial como discurso do senhor de um povo-maquinação sobre os outros povos na história moderna. O discurso do senhor é um discurso que tem sua origem no Ocidente no poder despótico do modo de produção escravagista caipira da antiguidade.  

Paixão e discípula de Heidegger na sua juventude europeia, Hannah Arendt escreveu o mais belo livro sobre a Revolução Americana. Ela fala da América como o Jardim do Éden “A América tornara-se o símbolo de uma sociedade sem pobreza muito antes da Idade Moderna, em seu desenvolvimento tecnológico único, haver efetivamente descoberto os meios de abolir aquela miséria abjeta de pura indigência, que sempre fora considerada como eterna”.

Hannah diz: “Entretanto, o fato histórico é que a Declaração de Independência fala da ‘busca da felicidade’, e não da felicidade pública, e é provável que o próprio Jefferson não soubesse com certeza a que espécie de felicidade ele se referia quando fez de sua busca um dos direitos inalienáveis do homem”. Ela acrescenta: “Certamente, nenhum dos delegados teria imaginado a assombrosa trajetória dessa ‘busca da felicidade’, que haveria de contribuir, mais de qualquer outra coisa, para a formação de uma ideologia especificamente americana (...) ”.

Os intelectuais-heróis do americanismo criaram e versão ideológica da América como o jardim do Éden. Trata-se de uma tela gramatical capitalista caipira, ao gosto dos Pais Fundadores caipiras e da ciência do Estado caipira americana.   

Hannah propôs, expôs e interpretou a América como ideologia cultural política econômica do americanismo. Tal ideologia do americanismo tornou-se um objeto de preocupação de Freud no seu livro O Mal-Estar NA CIVILIZAÇÃO:
“Voltar-nos-emos, portanto, para uma questão menos ambiciosa, a que se refere àquilo que os próprios, por seu comportamento, mostram ser o propósito e a intenção de suas vidas. O que pedem eles da vida e o que desejam nela realizar? A resposta mal pode provocar dúvidas. Esforçam-se para obter felicidade; querem ser felizes e assim permanecer. Essa empresa apresenta dois aspectos: uma meta positiva e uma meta negativa. Por um lado, visa a uma ausência de sofrimento e de desprazer; por outro, à experiência de intensos sentimentos de prazer. Em seu sentido mais restrito, a palavra ‘felicidade’ só relaciona a esses últimos. Em conformidade a essa dicotomia de objetivos, a atividade do homem se desenvolve em duas direções, segundo busque realizar – de modo geral ou mesmo exclusivamente – um ou outro desses objetivos”.

A ideologia americana é o processo de trans-subjetivação permanente da felicidade pela dominância do princípio do prazer fazendo pendant com o princípio da realidade. Trata-se Jardim do Éden terrestre. Porém Freud faz um trabalho de demolição desse americanismo:
“Não admira que, sob a pressão de todas essas possibilidades de sofrimento, os homens se tenham acostumado a moderar suas reivindicações de felicidade – tal como, na verdade, o próprio princípio do prazer, sob a influência do mundo externo, se transformou no mais modesto princípio de realidade -, que um homem pense ser ele próprio feliz, simplesmente porque escapou da infelicidade ou sobreviveu ao sofrimento, e que, em geral, a tarefa de evitar o sofrimento coloque a de obter prazer em segundo plano. A reflexão nos mostra que é possível tentar a realização dessa tarefa através de caminhos muitos diferentes e que todos esses caminhos foram recomendados pelas diversas escolas de sabedoria secular e postos em prática pelos homens”.

Qual é o caminho do americanismo?

Freud diz: “O mais grosseiro, embora o mais eficaz, desses métodos de influência é o químico: a
intoxicação”. Freud fala do Estado trans-subjetivo/physis narcose através da sublimação da realização da felicidade na busca do prazer contante pela satisfação dos instintos através do uso de drogas: “As pessoas receptivas a: “influência da arte não lhe podem atribuir um valor alto demais como fonte de prazer e consolação da vida. Não obstante, a suave narcose a que a arte nos induz, não faz mais do que ocasionar um afastamento passageiro das pressões das necessidades vitais, não sendo suficientemente forte para nos levar a esquecer a aflição real”.

Na década e 1960, os hippies aparecem como um movimento antagônico ao americanismo da maquinação. Seu axioma era não-trabalhar e viver em um estado de narcose permanente através do mais intenso prazer sexual e do uso de drogas artificiais. Para esse acontecimento, a mulher teria que ser liberada da ideologia patriarcal caipira americana. Aí se encontra a origem do multiculturalismo em pendant com o feminismo?

O movimento hippies é um antagonismo de equilíbrio com a ideologia do americanismo, pois, ele é um efeito também do axioma busca de felicidade freudiana, que é basal na ideologia cultural política econômica do americanismo. Então surge um Novo Estado que faz pendant com uma tela gramatical industrial tele eletrônica caipira/urbana. Trata-se do Estado da tela gramatical caipira/urbana narcose mundial.  

A ciência da política do Estado freudiana tem o mérito de ter pensado o Estado como physis: Estado animal. Para o leitor não achar que isso é uma fantasia minha, cito Freud:
“Por que nossos parentes, os animais, não apresentam uma luta cultural desse tipo? Não sabemos. Provavelmente, alguns deles – as abelhas, as formigas, as térmitas – batalharam – durante milhares de anos antes de chegarem ás instituições estatais, à distribuição de funções e ás restrições ao indivíduo pelas quais hoje os admiramos. Constitui um sinal de nossa condição atual o fato de sabermos, por nossos próprios sentimentos, que não nos sentiríamos felizes em quaisquer desses Estados animais ou em qualquer dos papeis neles atribuídos ao indivíduo”.

O Estado animal freudiano é o avesso do Estado-maquinação heideggeriano do americanismo?
No pós-Segunda Guerra Mundial, a ideologia intelectual do americanismo fez tábula rasa da memória cultural política econômica europeia que faz pendant com a filosofia política econômica ocidental de dois mil anos. Um livro é o signo do americanismo na década de 1990. Trata-se de um livro de ciência política americana do ultraconservador republicano Samuel P. Huntington: O choque de civilizações e a recomposição da ordem mundial.

Para Samuel, a civilização é uma entidade cultural mais ampla dotada de uma lógica de sentido. Portanto, não se trata de civilização material. No final do século XX, temos a civilização Sínica, Japonesa, Hindu, Islâmica, Latino-Americana, Africana e: “Ocidental. A civilização ocidental é geralmente dada como tendo surgido por volta de 700 ou 800 d.c. De forma geral, ela é vista pelos estudiosos como tendo três componentes principais na Europa, na América do Norte e américa Latina.

Latino-americana. A América Latina, entretanto, evoluiu por um caminho diferente dos da Europa e da América do Norte. Um produto da civilização europeia, ela também incorpora, em graus variados, elementos de civilizações indígenas americanas que não se encontram na América do Norte e na Europa. Ela teve uma cultura corporativista, autoritária, que existiu em muito menos grau na Europa e não existiu em absoluto na América do Norte”. A inconsistência de uma América do Norte ocidental não é a expressão de uma comédia vulgar que tem como protagonista o lobo solitário islâmico caipira/urbano americano uivando para a lua?  

O Estado americano é um duplo Estado. Ele é um Estado gramatical jurídico (democrático) em uma Banda de Moebius com um Estado lúmpen-gramatical (ditadura).   
A demolição do americanismo intelectual encontra-se na física hobbes-freudiana que é uma nova ciência da política do Estado. O americanismo ocidental é o domínio do Ocidente pela tela  gramatical caipira/urbana industrial. Ao contrário, a nova ciência do Estado é o trabalho de demolição da ideologia do americanismo que redefine o que é o Ocidente em uma releitura de Heidegger.

Para Heidegger, o Ocidente faz pendant com o pensamento, com o surgimento do objeto campo de pensamento com os físicos da antiguidade. Rigorosamente, o Ocidente tem a ver com a criação de um campo de pensamento especial, como quer o Gramsci hegelianizado em um formalismo historial bem temperado. Trata-se da ciência da política do Estado. Então, o Ocidente surge com os livros de Platão sobre política, sendo o mais notável o A República. Aristóteles refunda o Ocidente com o seu livro Política.

A ciência real do Estado tem dois pontos de inflexão. No século XIX com Marx (Estado-aparelho) e no século XX com Weber (Estado-instituição racional ou Estado-lógico). Porém, o significante Estado de Platão a Weber não é articulado como um significante formal historial gramatical. Agora, faço a passagem do Estado da lógica para a gramática.  Isso só foi possível com a revolução da linguística no século XX pós-weberiano e com a revolução lacaniana condensada na física laco-hobbesiana no Rio de Janeiro. Nesta cidade surge o contraconceito (conceito transdialético historial) de ESTADO GRAMATICAL.

Se o Ocidente se encontra geograficamente onde ex-siste o campo de pensamento ciência da política do Estado que suprassumiu a velha ciência política milenar e a ciência política aristotélica do modernismo weberiana, então, o Rio é o Ocidente do século XXI.                         

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

A SOCIEDADE CAMPONESA LUMPEN/URBANA (ELETRÔNICO/MUNDIAL)


Os Pais Fundadores da América são os mais notáveis grandes caipiras brilhantes da história do continente americano. 


 Talvez o, leitor queria saber quem inventou o aparelho de televisão. E saber dos processos técnico-científicos envolvidos na invenção da telinha eletrônica. Vou ter que frustrá-lo. Sinto muito!

A história da TV que nos interessa começa quando os EUA a transforma em uma mercadoria da sociedade de consumo de massas do americanismo. Tal “lógica da mercadoria eletrônica” faz pendant como o capital corporativo eletrônico transnacional (do Império EUA) como um fenômeno cultural político econômico de uma complexidade que deixa de joelhos até hoje as teorias universitárias norte-americanas e europeias da sociedade de comunicação. A televisão só articula processos de trans-subjetivação como tela gramatical industrial. Estudei em uma escola universitária pública carioca voltada para o estudo do objeto em tela. Ali nada aprendi, a não ser Freud e Lacan.  

Nessas teorias ingenuamente apaixonadas pelo objeto comunicação se ensina que a televisão é um fenômeno da grande sociedade urbana americana, voltada para um expectador/receptor urbano. Realmente, no início da TV o caipira americano estranhou a telinha. Mas depois, ele foi conquistado por ela. Por quê?

O modelo de programação da tela eletrônica americana domina a televisão ao redor do planeta. Onde ela consegue se fazer conhecida ela seduz os países e os povos. Inclusive, a Cuba comunista adora a TV americana assim como a União Europeia e os países da Escandinávia. 

O capital corporativo transnacional eletrônico agora é capital corporativo eletrônico mundial em uma competição agônica com o capital corporativo digital mundial pela construção da narrativa hegemônica do bloco-no-poder mundial. Tal narrativa é aquela narrativa militar épica da guerra que não é mais a da guerra entre nações (pólemos).

A guerra contra o semelhante e o próximo é um desejo sexual da espécie humana que sofreu uma metamorfose épica no século XXI. Freud fala desse desejo sexual quando ele roça no significante máquina psicopática como trans-sujeito de um apocalipse de violência sem limite psicótico planetário. Trata-se da máquina de guerra psicótica que Freud não conseguiu ver como ela realmente é, ou seja, máquina de guerra psicopática.

Vejo a guerra de todos contra todos de Plauto e Hobbes, o homo homini lupus como desejo sexual da história da physis da espécie humana, no século XXI, como o atractor, ou seja, fantasma do futuro freudiano no horizonte da vida do século XXI. Trata-se de uma ironia da história em um século em que o fantasma demográfico malthusiano faz sua dança macabra teatral como um atractor no horizonte do século XXI.       
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O capital eletrônico mundial aboliu a separação campo/cidade. O capital mundial digital continua esse trabalho do sonho apagando a diferença tradicional da modernidade entre vida rural e vida urbana na superfície da trans-subjetividade dos povos e nações.

A teoria universitária e extra universitária da comunicação ensina para os jovens: viramos todos urbanos; não ex-siste mais o camponês tradicional do mundo moderno. Não seria isso vanissis idolis em escala industrial?

A universidade compartilha com o capital eletrônico mundial a ilusão (e delusão) de que a TV é modernização dos costumes caipiras na casa da Urbis e no sítio da pequena propriedade rural. O leitor deve estar preocupado, pois, provavelmente é um consumidor/receptor dessa visão-de-mundo que o capital fez de si próprio com a ajuda de Harvard, Stanford e Colúmbia. As universidades latino-americanas são meras repetidoras deslumbradas desse discurso do americanismo.

Humberto Eco usou o americanismo da TV para ganhar o Prémio Nobel. Mas ele merecia de qualquer jeito tal prêmio! Baudrillard fez uma filosofia sociológica da sociedade pós-modernista no pós-Segunda Guerra Mundial, usando os materiais da tela eletrônica do americanismo. O Leitor já pescou o peixe nessas águas turvas? Não? Então, leia os livros América e Da sedução de Baudrillard. Sobre a filosofia política econômica lúmpen-caipira eletrônica o leitor pode se socorrer no A sociedade do espetáculo, de Guy Debord.    

A polis é o lugar da invenção da memória cultural política econômica historial. A erradicação deste fenômeno pelo americanismo urbano ainda não encontrou sua explicação. O desejo sexual do capital transnacional eletrônico é autodissolução, inclusive, da mais comezinha memória política da sociedade de significantes urbana.  Tal desejo sexual quer substituir a memória política pela memória econômica do capital como narrativa da guerra econômica. Não se trata de um desejo sexual urbano, mas de um desejo sexual caipira do capital mundial. Em algum momento falarei do desejo sexual caipira da guerra contra todos como homo lumpesinalis!

A propósito, o desejo de possuir armas de guerra do povo americano não é um desejo sexual urbano, e sim um desejo sexual caipira. A Segunda Emenda se sustenta hoje pelo poder político/militar do complexo industrial militar que faz pendant com o desejo sexual do caipira/urbano por armas.   

O urbano é o lugar da luta política e da luta de classes. A luta política se definia como luta pelo poder na polis, no Estado moderno. Toda luta de classes é uma luta política (Marx). Vocês acreditam que o fim da luta de classes como centro da política mundial vem de graça? É uma graça capitalista abençoada pela Igreja de Roma? Ela significa a substituição da luta de classes por uma paz instalada pelo capital mundial? Submergir na narrativa guerreira da tela gramatical do capital militar mundial significa fazer do desejo sexual do capital militar mundial (homo homini lupus) o desejo da multidão mundial.

A invenção do mundo prosaico pacífico burguês do século XIX se esvai com o desejo sexual épico. A poesia épica surge associando desejo sexual, a mais bela mulher do planeta e a Guerra de Tróia. O século XXI não parece inclinado a gozar – no cotidiano do mundo-da-vida do homem comum e do novo homem político com o desejo sexual épico?

No Brasil, a operação policial-jurídica Lava Jato (sob o comando militar/jurídico do juiz Sérgio Moro) não é a realização da satisfação nas massas do desejo sexual épico? Esse desejo sexual épico não é também uma guerra para retirar das garras troiana a bela mulher?

A hegemonia do capital militar mundial não seria possível (passível, palpável) na sociedade urbana da polis. Hoje, vivemos após milênios de ex-sistência o fim da polis como sociedade de significantes urbana. Isso não significa o vazio da existência como urbis. Porém significa que o urbano está sendo articulado por uma nova sociedade de significantes, tal como a sociedade de significantes camponesa lumpesinal eletrônica.

Os significantes de tal sociedade são a guerra aberta contra a mulher (Brasil), a guerra aberta contra o negro (EUA) ou camuflada (Brasil), a guerra aberta contra a criança (EUA/Brasil/Europa) movida pelo desejo sexual pedófilo, o linchamento (guerra lumpesinal caipira de todos contra todos), e a guerra animal econômica neoliberal do globalismo contra o velho, contra a velhice. A guerra suicida do capital neoliberal do globalismo contra a NAÇÃO ECONÔMICA.  

É provável que o leitor imagine que este texto é obra de um sujeito mal-humorado, de espírito mesquinho e infeliz e que odeia e nutre um ódio patológico carnal historial pela televisão. Asseguro-lhe leitor que esse desejo sexual não é o meu desejo textual ou na vida cotidiano. Por isso prossigo!

A sociedade camponesa lumpesinal eletrônica é aquela do homo lumpesinalis, da trans-subjetivação lumpesinalis das massas do homem comum e do velho homem político em processo de autodissolução: “tudo que é sólido se autodissolve no ar”.

Marx criou o significante lumpesinal urbano de Paris no transromance O 18 Brumário de Luís Bonaparte. Aí o lúmpen significa uma classe que se autodissolve como classe na prática política lumpesinal. No século XXI, assiste-se a metamorfose do lúmpen como luta política em guerra lumpesinal camponesa urbana. Note-se que a sociedade camponesa francesa de Marx ou é conservadora e contrarrevolucionária ou revolucionária pró revolução proletária. Ela não é lumpesinal. O século XXI é a fusão da sociedade camponesa conservadora e contrarrevolucionária com a sociedade lumpesinal.

A guerra política lúmpen é algo exterior à sociedade de classes, à luta política de classes e, portanto, ela autodissolve a luta política como luta ideológica no sentido de Lenin. Entramos em uma era transideológica na qual a ideologia como representação e signo empíricos da realidade dos fatos está restrita ao espaço do Facebook e do jornalismo de papel e também digital industrial. Leiam o El País na versão para o Brasil.  

Agora o significante empírico ideologia se deslocou para a superfície discursiva da cultura política econômica. Trata-se da ideologia cultural política econômica. Esta não significa uma luta, ou para conservar o poder de Estado, ou tomá-lo ou reconquistá-lo. A luta ideológica atual é aquela que se transforma em guerra eletrônica na narrativa militar mundial do capital eletrônico mundial. Há um desenvolvimento desigual ideológico entre a superfície eletrônica e a digital. Esta é o lugar da velha ideologia e a outra da era transideológica da sociedade de significantes caipira mundial.

A política lumpensinal caipira/urbana significa uma alteração radical no significante política representativa moderna? Já vimos que ela suprassumiu o significante política marxista. O lumpesinal não significa uma luta espontânea ou organizada pelo poder de Estado. Ela significa um equilíbrio (de antagonismo) transdialético entre as massas lúmpen-caipiras (dos de cima e dos de baixo) e o Estado moderno nacional. Há um Estado lumpesinal caipira no México, mas ele não é um Estado formal (uma forma objetiva constitucional), ele é um Estado da physis política do povo e da elite mexicanos.

A passagem do lúpem como forma objetiva para o homo lumpesinalis encontra-se no livro Homens livres na ordem escravocrata, da simpática paulista Maria Sylvia de Carvalho Franco. O homo lumpesinalis é constituído como forma material trans-subjetiva de infinitos atos caipiras, que tem como princípio o homo homini lupus.

Maria Sylvia pensa a guerra camponesa que não é a guerra camponesa de Engels (As guerras camponesas na Alemanha) ou Ernest Bloch (Thomas Münzer, teólogo da revolução). A guerra camponesa de Engels e Bloch foi um motor da transformação do Estado feudal em Estado pós-feudal.
A guerra de Maria Sylvia pode ser um motor de uma articulação de um Estado não-formal na tela heteróclita lúmpen-política que significa essencialmente guerra de todos contra todos.
O Brasil conheceu tal Estado no século XIX, por exemplo, com a revolução lumpesinal Cabana em Belém do Pará. A ditadura lumpesinal ex-siste em diferentes culturas política econômicas. Aristóteles fala da ditadura das massas democráticas e Roma da ditadura da plebe mais rude. Comparar e confrontar culturas pode ser um caminho para a ciência do Estado atual. Não será mais a velha ciência política do Estado!

Antes de Maria Sylvia um outro brasileiro de Niterói (como o antropólogo Roberto Damatta) viu a guerra rural da oligarquia como guerra de todos os senhores contra todos os senhores. A extensão da guerra encontrava seu limite apenas geoistoricamente pelo poder geopolítico do latifúndio. No entanto, Oliveira Vianna não viu que tal guerra era uma guerra ligada à physis brasileira de uma aristocracia da terra lumpesinal. A guerra oligárquica brasileira (e provavelmente as guerras oligárquicas latino-americanas) é um fenômeno aristocrático de guerra lumpesinal: guerra lúmpen-aristocrática.

O homo colonialis luso/brasileiro não é o homem cordial de Sérgio Buarque de Holanda. É o homo lumpesinalis de Maria Sylvia fazendo pendant com o homem aristocrático de Oliveira Vianna, na tradução livre de José Paulo Bandeira. A propósito, Freud não explica o Brasil, a física freudiana (que está além do campo freudiano) explica o Brasil pelo desejo sexual do luso/brasileiro.

É impossível ser especialista em sociedade camponesa eletrônica lumpesinal. A quantidade de objetos de estudos (e dos atos da forma material trans-subjetiva) é um mundo vasto e cheio de sutilezas como a mercadoria de O Capital. Porém é possível dizer que a sociedade camponesa eletrônica se define pelo lúmpen-desejo sexual da tela gramatical lumpesinal: homo homini lupus.

O serial killer, o terrorista doméstico islâmico ocidental (lobo solitário ou alcateia) e a cópia urbana do antigo cangaceiro do Sertão brasileiro (novos cangaceiros) povoam a superfície da sociedade camponesa lumpesinal urbana. Eles são impensáveis se não os forem observados como trans-sujeitos épicos da lúmpen-tela gramatical eletrônica caipira.

O primeiro livro da ciência político do Estado é o A República de Platão. Nele temos o expor, o propor, a interpretação da política do polis como um modo, por excelência, de evitar a pólemos (guerra entre povos ou nações). Se a paz da polis é perturbada pela discórdia (indo do simples distúrbio à guerra civil), a política da polis deve se concentrar na busca da homonoia (consenso como paz política na polis ou no império de Alexandre, o Grande).

A sociedade caipira eletrônica mundial erradicou a memória da filosofia política econômica ocidental. No Brasil, o multiculturalismo a quer trocar por uma memória da espécie do africanismo político. Sabem o isso significa realmente?

No livro A crise urbana: natureza e futuro, Edward C. Banfield pensa tal crise como crise da physis urbana definida como a presença das massas em excesso em um só lugar. Tal physis cria os congestionamentos das máquinas/transporte em quatro rodas ou em muitas rodas como um mal que precisa ser suportado no Rio, como um mal impossível de ser suportado na cidade de São Paulo.

Mas a physis urbana cria e destrói coisas belas articulando uma trans-subjetividade em uma dialética com a sociedade caipira eletrônica lumpesinal. Então, os paulistas se seguram no graveto urbano utópico princípio esperança (Ernest Bloch. Le Principe Esperance), que significa o desejo sexual de restaurar a polis no mar lumpesinal eletrônico caipira, que engole a cidade. A esperança paulista é o desejo sexual do futuro, pois a sociedade lumpesinal caipira é a ausência de futuro para a polis, é a vaticínio que a destinação do homo paulista lumpesinal é o nada!

A sociedade lumpesinal caipira/urbana tem a sua ideologia política econômica agindo no discurso eletrônico laico do Grupo Globo, no discurso evangélico disfarçado da Rede Record, e abertamente evangélico de inúmeros canais de TV, na televisão pública (TV Brasil) e em canais de música da TV por assinatura. Trata-se da superestrutura da sociedade lumpesinal urbana de Maria Sylvia. Uma trama discursiva folk (discurso folclórico eletrônico) invade trans-subjetivamente o cotidiano subjetivo do homem comum ao homem político, velho ou novo.

A visão do Papa Francisco de que o mundo já está mergulhado na 3° Guerra Mundial é uma miserável concepção marxo-populista latino que se ergue como mais uma semblância católica jogada sobre o estado da realidade dos fatos mundiais. Senhor, perdoe o Bispo de Roma, ele não sabe o que diz em seu sofrimento na CRUZ LUMPEN-ELETRÔNICA.

A Olimpíada do Rio (por um acaso significativo) é a primeira Olimpíada da sociedade lúmpen-mundial caipira eletrônica. O espetáculo de abertura se esclarece como lógica de sentido por propor, expor tal acontecimento. Trata-se de uma interpretação cinematográfica dramatúrgica eletrônica do momento épico que se avizinha. É a primeira obra coletiva (massas simbólicas governantes mundiais {classe política e classe simbólica} da transestética do épico lumpesinal).

Os provincianos jornais burgueses prosaicos vulgares de São Paulo desfecharam um golpe de Estado em tal obra tentando reduzi-la a uma comédia vulgar carioca. Na direção da poiética épica carioca lumpesinal encontravam-se conhecidos e reconhecidos nome brasileiros e estrangeiros da cultura política estética mundial.

Aprendi nos bancos escolares juvenis que na physis nada se ganha, nada e perde, tudo se transforma!             
                       
       
                      

 
                           

   

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

RENASCENÇA LACANIANA NA FRANÇA – Badiou e Piketty & AMIGOS



Aos poucos a cultura política intelectual francesa (absorvida pelo imaginário buraco negro a Montesquieu, que extrai toda a força do mundo intelectual) vai retornando como linha de luz através de um actrator: o fantasma do futuro do campo geopolítico lacaniano. O leitor não precisa se enfadar, pois, vou dizer do que se trata. O dizer não é a voz que diz, ele é o ato de dizer.

A Renascença da França parece apontar para o ecletismo. Vou falar de dois livros nesse meu dizer: A república de Platão. Recontada por Alan Badiou e o livro O capital no século XXI, da rede intelectual-universitária Piketty & amigos, tal como é autodefinida no livro supracitado.

Badiou faz uma leitura eclética de Platão cum Lacan? Se Lacan não tivesse revolucionado a episteme política europeia (a revolução ainda não chegou aos EUA, pois, Derrida a bloqueou na América do Norte), seria ecletismo bem temperado. Mas não é! A Banda de Moebius é a representação do espaço das línguas técnicas ou profissionais distribuídas por superfícies contínuas. A epistemologia moderna designou tal fenômeno como transdisciplinaridade. Mas isso é ainda um ecletismo universitário mal disfarçado.

A Banda de Moebius significa o fim da transdisciplinaridade. Badiou não é transdisciplinar. Ele criou uma Banda de Moebius no direito com a filosofia política econômica de Platão, e no avesso com a epitesme política de Lacan/Freud.

Piketty veio na mesma clareira. Para demonstrar tal fato, recorro da página 105 à 111 da Editora Intrínsica na tradução de Monica Baumgartem  de Bolle. Piketty estabeleceu uma Banda de Moebius entre a ciência econômica do real e a episteme política lacaniana? 

“O primeiro fato essencial que devemos ter em mente é que a inflação é, em grande parte, uma invenção do século XX". A inflação existiu na Revolução Francesa com os assignats (uma das primeiras experiências de emissão de papel-moeda da história). O normal na história cultural política econômica europeia é o funcionamento da economia real pela moeda metálica (ouro e/ou prata). Trata-se de uma tela monetária metálica. Tal tela é uma tela algarísmica (tela numérica), e o número é o real como diz Lacan. E ele acrescenta que o real não faz sentido, é non sense, pois, é um buraco (furo) no simbólico = logos do capital, no que me diz respeito. Piketty usa Lacan para pensar a inflação:
“Na prática, a questão da inflação tem um papel central na nossa pesquisa. Já salientamos que a própria noção de índice ‘médio’ de preços é problemática, uma vez que o crescimento se caracteriza sempre pela aparição de novos bens e serviços, além de fortes movimentações nos preços relativos, o que é bem difícil de resumir em uma única cifra. Disso decorre que os próprios conceitos de inflação e crescimento não são bem definidos: a decomposição do crescimento nominal (o único que se pode observar a olho nu, ou quase) entre um componente real e outro derivado da inflação é, em parte arbitrária e, por isso, controversa”.

A inflação significa o colapso da tela monetária metálica. Tal tela significava estabilidade cultural política econômica de toda uma época:
“O mesmo era verdade para outros países: as únicas modificações importantes concernem a definição de novas unidades ou à criação de novas moedas, como o dólar americano em 1775 e o marco-ouro em 1873. Contudo, uma vez fixada as paridades metálicas, nada se alterava: no século XIX e no início do XX, cada um sabia que I libra esterlina valia em torno de 5 dólares, 20 marcos e 25 francos. O valor relativo das moedas continuava o mesmo por décadas, e não via razão alguma para que isso fosse diferente no futuro”.

As massas grau zero sujeito sem dinheiro podiam ter o sono dos justos!

A tela metálica monetária significava uma razão do capital fazendo pendant com o mercado. Nisso, o número está associado à lógica de sentido do capital e à lógica de sentido do dinheiro , onde a ex-sistencia do Real articula-se à consistência do Real. O capital identifica-se com o Real do Outro Real obtendo o Nome-do-Pai como princípio articulatório da totalidade capital como RSIcp (Real/Simbólico/Imaginário/cultura política). Por que não cultura no lugar de cultura política. Seria mais simples para a língua jornalística e para os seus “leitores”.

A cultura é uma prática cujo princípio articulatório é a subjetividade em uma interseção com o sujeito. Ela remete para a biografia individual, ou homo clausus freudiano da modernidade. A cultura política econômica é uma prática cujo princípio articulatório é o trans-sujeito, a trans-subjetivação como subjetividade das massas. A economia burguesa pensa a economia pelo homo economicus (burguês, empresário), mas a física da economia política de Marx pensa a economia pelo homo socialis: burguesia, classe capitalista. Marx diz: o homem é relações sociais. Tal passo de Marx estabelece uma episteme política revolucionária em relação à ideologia cultural política econômica modernidade. Trata-se de uma revolução epistêmica moderna (atitude moderna) por dentro do próprio tempo da modernidade. Então a solução é provocar o esquecimento de Marx nas massas simbólicas? Ou mais radicalmente erradicar a memória cultural política dos povos da sociedade de significantes capitalista?   

A inflação está associada a substituição da tela metálica monetária por um outro artefato econômico. Trata-se do papel-moeda sem lastros metálico. A tela metálica monetária tampava o buraco no simbólico econômico, na razão ou logos do capital. Lacan diz: “Se o número (cifra estatística), então, nada mais é senão o que acabo de enunciar como buraco, talvez buraco de encontrá-lo no nosso simbólico como tal nomeação...”. O buraco não nomeado é a inex-sistência da lógica de sentido. A lógica de sentido só é possível se o Real fizer pendant com o Simbólico.

O número como o cifrar da linguagem econômica é comunicar em código que funciona como um delírio psicótico que é o real que não para de não se inscrever no simbólico. Trata-se de uma realidade discursiva que não tem ancoragem na realidade dos fatos. Ela não articula o Real como ex-sistência e mais ainda como consistência no simbólico. Na língua tradicional, ela é uma linguagem arbitrária, abstrata e irracional. O capital passou a se articular no século XX por uma substituição da tela monetária metálica pela tela monetária papel-moeda.

O capital como uma totalidade RSIcp da tela papel-moeda não é o mesmo capital do século XIX. Ele é uma nova totalidade que ainda precisa ser estabelecida em um novo campo de pensamento lacaniano do século XXI. Mas posso adiantar que a tela papel-moeda (monetária) é o sintoma de uma matematização da realidade dos fatos econômicos mundiais e, logo, matematização narrativa da economia real das nações. A inflação é um fenômeno da physis do capital do século XX e XXI. Então, precisamos de um campo de pensamento que tenha a física geopolítica do capital como centro desse campo.

A tela monetária papel-moeda alterou a physis do capital? O capital pode usar a inflação na sua acumulação ampliada mundial. A classe capitalista pode usar a inflação patologicamente para alterar a lógica do mercado (procura e oferta), para estabelecer preços patológicos. A crise econômica brasileira da década de 1980 foi dirigida por essa patologia econômica.

Se a lógica normal do mercado significa democracia econômica, a lógica patológica do mercado significa ditadura do capital, no caso brasileiro, do subcapital (ersatz, ou substituto, do capital), cópia do verdadeiro capital com semblância de ser o modelo original. Rigorosamente, o Brasil não conhece a sociedade moderna de mercado, a lógica de mercado normal. Trata-se de um país onde há uma sociedade capitalista patológica, pois, ela se define como um espaço econômico onde há capitalismo sem capital (capitalismo sem capitalismo (realidade capitalista paradoxal). De fato, há capitalismo articulado pelo princípio do subcapital.                

Esta realidade capitalista sem capital é matematizada na tela eletrônica em conluiou com o discurso econômico universitário e extrauniversitário. Trata-se de uma matematização através da qual economistas e jornalista dizem a economia (dizer=ato) em um delírio/ato psicótico da física da sociedade de comunicação, da física da sociedade do espetáculo eletrônico. Não é preciso lembrar ao leitor a penúltima frase de Cristo na cruz: “Senhor, eles não sabem o que fazem”. Zizek já fez dessa frase o ponto-de-partida para uma teoria da ideologia laco-marxista.  

Acima falamos da ex-sistência e da consistência da lógica de sentido que tampa no simbólico o buraco do real através de algum regime discursivo que não fosse imbecil. Como tal fenômeno inexiste no Brasil, falamos da inex-sistência da lógica de sentido articuladora do real ao simbólico. No lugar disso, as massas “simbólicas” (trabalho intelectual) deliram a céu aberto na tela heteróclita jornalística e nos cursos de economia. Tal tela se define por não ser uma tela gramatical discursiva, ou como uma tela gramatical patológica. Por exemplo. O conectivo e liga lógica de mercado e mercado patológico brasileiro etc. como se fosse possível tal ligação na realidade dos fatos econômicos da democracia de mercado.

O Brasil é um modelo para se pensar toda a economia da América Latina?

O discurso Piketty articula a realidade das sociedades capitalistas a partir da lógica de sentido do dinheiro (ou da falta de sentido do dinheiro na tela papel-moeda) como cultura política econômica da tela padrão-ouro através da superposição entre a superfície literária e a transliteraria onde o romance desliza para a economia, vice-versa:  
“Os exemplos poderiam ser multiplicados se incluíssemos os romances americanos, alemães, italianos, e os de todos os países que vivenciaram essa grande estabilidade monetária. Até a primeira guerra mundial, o dinheiro tinha um sentido, e os escritores não falharam em explorá-lo, dissecá-lo e torná-lo matéria literária”.

A tela padrão-ouro significou séculos de estabilidade da realidade monetária e da vida biográfica individual subjetiva e da vida biográfica trans-subjetiva das massas. No romance, a tela gramatical padrão-ouro permitia a literatura  estabelecer a relação entre dinheiro (preço e renda) e subjetividade literária do indivíduo-personagem ou da subjetividade transliteraria das massas (trans-subjetividade). O romance era o espelho da vida real que se transformava em transromance ao deslizar na leitura (na subjetividade literária do Leitor) para a subjetividade transliteraria das massas de leitores no mundo-da-vida cotidiana.

A inflação também alterou a política na sociedade capitalista. No século XIX, a luta de classes levada até o fim na superfície das ideologias culturais políticas econômicas fazia do Estado um instrumento ou comitê da burguesia na luta de classes. Com a inflação, uma nova política se articulou. Trata-se da política do Estado capitalista contra a inflação.

O Estado burguês era o Estado do grau zero da inflação. O Estado capitalista é o Estado que luta contra a ameaça constante de inflação. A inflação divide a história do planeta em duas eras de culturas políticas econômicas quase radicalmente distintas. Para o leitor não achar que estou vendendo gato por lebre faço uma citação um pouco longa do transromance econômico de Piketty:
“Neste momento, vamos insistir apenas que a perda de referências monetárias estáveis no século XX constitui uma ruptura considerável em relação aos séculos anteriores, não somente nos planos econômico e político, mas nos planos social, cultural e literário. Não é por acaso que o dinheiro – ou, mais precisamente, a evocação concreta de somas e montantes – tenha desaparecido da literatura após os choques dos anos 1914-1945. A renda e as fortunas eram onipresentes em toda a literatura até 1914 e sumiram progressivamente entre 1914 e 1945, e jamais reapareceram. Isso vale não só para os romances europeus e americanos, mas também para os outros continentes.Os romances de Naguib Mahfouz, e todos aqueles que se desenrolam no Cairo entre as duas guerras, quando os preços ainda não haviam sido desfigurados pela inflação, dão grande atenção à renda e ao dinheiro para ilustrar as situações e as angústias dos personagens. Não estamos longe de um mundo de Balzac ou de Austin: as estruturas sociais não são claro, semelhantes, mas é possível extrair as percepções das referências monetárias. Os romances de Orhan Pamuc, que se desenrolam em Istambul dos anos 1970-1980, período em que a inflação havia tirado o sentido da noção de moeda, não mencionam qualquer montante. Em Neve, Pamuc faz com que seu protagonista, escritor como ele, diga que não há nada mais enfadonho para um escritor do que falar de dinheiro, dos preços e da renda do ano anterior. O mundo sem dúvida mudou muito desde o século XIX”.

Piketty estabelece uma relação entre dinheiro e sujeito/trans-sujeito como razão para uma investigação da história cultural política econômica do capital fazendo pendant com as massas, estas vivendo, queira ou não, o tempo caótico da tela heteróclita papel-moeda. O tempo caótico da tela papel-moeda é um atractor que distorce a lógica de sentido normal da política representativa na democracia.

Não estou falando em tese, pois esta é a experiência da minha vida no Brasil, vivida intensamente como patologia subjetiva econômica na década de 1980 e parte da década de 1990. Fernando Henrique Cardoso é um herói político (com o pulso forte e criativo do economista Pedro Malan) por ter criado um modelo econômico que estabilizou a inflação em 2%. Mas Piketty diz que 2% não é o grau zero da inflação. Após dez ou vinte anos 2% é um fenômeno trans-subjetivo patológico: “Quem se lembra de quanto eram os salários do fim dos anos 1980 ou do início dos anos 1990? ” Por essa via, a luta de classes é a luta da classe operária pelo poder de Estado para repor as perdas salariais.

Adeus revolução socialista como utopia possível trans-subjetiva!  


A era dos governos Lula é luta da classe operária transformada em luta da classe contra a inflação para repor as perdas salarias, ou para não voltar a situação miserável da instabilidade monetária que joga os operários no caos subjetivo material da vida urbana

Recentemente, o governo do PSF instalou constitucionalmente o modo de produção capitalista flexível na França. François Hollande se transformou no dictador neoliberal do capital mundial na União Europeia. A Renascença na França do mundo intelectual aparece ao mesmo tempo do ocaso da era de democracia social do trabalho.

Um espectro ronda a Europa: o tempo de caos material trans-subjetivo para o trabalho!   
      
                                           
           
          

                    

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

ESTADO BRASILEIRO EM 2016: DITADURA OU DEMOCRACIA?



LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965 (Governo Castelo Branco).
Regula o Direito de Representação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de autoridade.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela presente lei.
                                
O Senado discuta o projeto Jungmann 2009 Abuso de autoridade que atualiza a Lei de Abuso de Autoridade (4.898, de 1965). Agora é Jungmann democrático versus Jungmann ditatorial (GLO).  
O jornalista Ronaldo Azevedo destaca os seguintes artigos do projeto 2009 do ministro da defesa Raul Jungmann.
  Art. 12. Ofender a intimidade, a vida privada, a honra ou a imagem de pessoa indiciada em inquérito policial, autuada em flagrante delito, presa provisória ou preventivamente, seja ela acusada, vítima ou testemunha de infração penal, constrangendo-a a participar de ato de divulgação de informações aos meios de comunicação social ou serem fotografadas ou filmadas com essa finalidade.
Pena – detenção de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.
Art. 13. Constranger alguém, sob ameaça de prisão, a depor sobre fatos que possam incriminá-lo:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem constrange a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo.
O Artigo 15 trata do uso de algemas. Lá se diz ser abuso de autoridade:
Submeter o preso ao uso de algemas, ou de qualquer outro objeto que lhe tolha a locomoção, quando ele não oferecer resistência à prisão, nem existir receio objetivamente fundado de fuga ou de perigo à integridade física dele própria ou de terceiro:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.”

Ronaldo diz: O que há de errado com esse texto? Algemas não devem ser um instrumento de humilhação. Ou alguém defende o contrário?
De fato, os setores xiitas do Ministério Público podem não gostar do Artigo 26, onde se lê:
“Art. 26. Induzir ou instigar alguém a praticar infração penal com o fim de capturá-lo em flagrante delito:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (anos) anos, e multa.
Parágrafo único. Se a vítima é capturada em flagrante delito, a pena é de detenção de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.”

Agora eu digo - O projeto do deputado Jungmann não é o avesso do Estado ditatorial GLO? GLO = Exército como Garantia, Lei e Ordem das grandes cidades, principalmente, do Rio de Janeiro.
Presidente do Senado caçado pela máquina jurídica Lava Jato, Renan Calheiros desengaveta o projeto Jungmann 2009. Na narrativa delirante psicopática da tela eletrônica (sob o domínio absoluto do Grupo Globo), o projeto Jungmann é transformado em imagens sonoras e verbais que o definem como uma arma de guerra de Renan contra a Lava Jato.

Como Deus escreve certo por linhas tortas, o choque da máquina de guerra jurídica Lava Jato com a máquina de guerra política sob a direção de Renan põe e repõe a política para além da doxa jornalística eletrônica. Esta se constitui em uma narrativa popularesca psicopática com heróis e vilões. Renan é o vilão e o juiz Sergio Moro o herói (o mocinho das novelas do Grupo Globo).

Na superfície da episteme política, a narrativa é outra, ela é ficção ancorada na realidade dos fatos. “Navegar é preciso, viver não é preciso”. Trata-se de começar a navegação pelo definição de  Estado.

Gramsci resumiu o significante técnico literário (pois, narrativo) Estado moderno em uma imagem conceitual/dramática brilhante. O Estado é ditadura/dominação (aparelho jurídico-policial, principalmente, governo etc.) e hegemonia/democracia (sociedade civil, parlamento livre, mundo digitalis livre etc.). A máquina jurídica Sergio Moro é uma máquina ditatorial em choque com a máquina política Renan Calheiros que serve à instalação da democracia representativa 1988.

Ninguém é ingênuo para não perceber que a lei Jungmann mudará o equilíbrio de força entre o Estado-ditadura e a sociedade civil (e a sociedade lumpesinal dos de baixo e dos de cima). A Lei vai instalar uma ditadura estatal articulada por uma transdialética articuladora do campo de poder público (ditadura estatal) e privado (mundo-da-vida/sociedade civil, indivíduo cidadão). Nessa transdialética a sociedade civil é o polo dominante da contradição sociedade de significantes democrática e ditadura estatal (polo dominado).

A transdialética nietzschiana da Lei Jungmann/Renan é maravilhosa - "Nossas mentes rechaçam a ideia do nascimento de uma coisa que pode nascer de uma contrária, por exemplo: a verdade do erro; a vontade do verdadeiro da vontade do erro; o ato desinteressado do egoismo ou a contemplação pura do sábio, da cobiça".  

Pois, a Lei põe a energia do direito (vontade de potência nietzschiana jurídica) à disposição do indivíduo. Ela instaura a possibilidade da ex-sistência do cidadão para além dos direitos trabalhistas: cidadão trabalhador em autodissolução no governo Temer.

Se a Lei Jungmann é uma força de lei com força de realidade capaz de quebrar o poder monolítico e homogêneo da ditadura do judiciário sobre as massas, isso só o tempo (transformado em narrativa na cultura política intelectual econômica) do conflito do cidadão com a polícia e com a autoridade pública, em geral, dirá.     

Os efeitos da Lei Jungmann 2009 sobre a sociedade normal e a sociedade lumpesinal é algo obscuro para a classe governante (classe política + classe simbólica), pois, ela interpreta o mundo pela velha ciência política moderna do Estado.

Para a nova ciência da política (do campo de pensamento da física laco-hobbesiana historial) está claro que a Lei altera o campo de poder ditatorial como forma política objetiva, e pode ser um motor de mudança na trans-subjetividade autoritária/conservadora das massas sujeito zero democrático bem brasileira.

Agora, a narrativa foi do direito para o anverso. Renan é o novo herói das massas democráticas (tais massas ainda são apenas uma ficção do movimento de rua); Sérgio Moro é o anti-herói ditatorial, ou o herói vítima, ou melhor, herói possuído por um delírio persecutório!  

Eu já disse que Renan é uma personagem do Fausto de Goethe. Agora transitou  de advogado do diabo para o Mefistófeles do nosso coronelismo democrático. Assim. Renan é “parcela do Além, Força que cria o mal e também faz o bem”

 Leitor, aprecie (e desenvolva em seu cérebro) o choque entre a narrativa da física e a narrativa tele eletrônica

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

O DIREITO DA MÁQUINA DE GUERRA MILITAR – O NOVO ESTADO GLO


Uma exigência das Forças Armadas (como contrapartida por novamente atuar no Rio com poder de polícia) está em vias de ser votada no Senado. É o projeto de lei que impede o julgamento de militares na Justiça comum por crimes contra civis até o fim deste ano em todo o país, incluindo o período da Olimpíada, dos Jogos Paraolímpicos e das eleições municipais.

O projeto estabelece que crimes dolosos contra civis praticados pelos militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, na vigência de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), sejam apreciados e julgados só pela Justiça Militar.

Em uma entrevista com o ministro da Defesa Raul Jungmann, Miriam Leitão questionou Raul sobre o projeto GLO dizendo para o ministro que ele ministro é de formação trans-subjetiva comunista (PCB). O PCB teve seu comitê central preso, manietado, torturado e assassinado no início do Governo Geisel. Espantosamente, o ministro comunista Raul é um dos mais entusiastas defensores do projeto. O que significa o GLO na cultura política econômica brasileira?

Na política, as forças armadas estão se defendendo contra o poder civil, seguindo a não interferência do poder civil sobre a justiça militar.

Constituição 1988. Artigo 142. §2° Não haverá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.

Agora, as F.A querem instituir um poder político militar constitucional com o crime comum dos militares transformado em crime de guerra (pólemos). Raul diz que isso é certo e justo, pois, o país está em guerra (stasis). Hoje, a cultura política reconhece o estado de guerra do qual venho falando desde 2012. Logo, a discussão tem que ser séria, e não um simplificado pastiche de discursos dos políticos (e militares) como uma imitação vulgar discursiva da física hobbesiana, a verdadeira autora do contraconceito estado de guerra lumpesinal, fenômeno que envolve o país com a prática dos novos cangaceiros, por exemplo, para além do mundo urbano carioca.

Há uma relação necessária entre o estado de guerra lumpesinal urbano e o GLO? O discurso político/militar é um determinismo político naturalista estatal. Para os generais, brigadeiros e almirantes é natural que no estado de guerra (pólemos), o poder jurídico militar suprassuma o poder jurídico civil. Mas no Brasil se trata de stasis (sem alcançar a guerra civil), não de pólemos (guerra entre nações). Quanto à “nossa” classe política, ela dá início a instalação do novo Estado GLO urbano que tem como objeto, por excelência, o Rio de Janeiro. 

O estado de guerra lumpesinal urbano (stasis sem a forma trans-subjetiva da guerra civil) faz pendant com a Constituição 1988.
1988. Artigo 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
§ 1° Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas.

O leitor pode ver que o Congresso está tecendo o novo Estado GLO a partir da transdialética poder estatal versus situação urbana do Rio, especialmente, na Olimpíada, em agosto de 2016. A invenção do artefato terrorista islâmico brasileiro pelo governo Temer é um “fato” eletrônico a mais na legitimação do Estado GLO. Para o carioca e o turista local ou estrangeiro, parece que o estado de sítio fático militar instalado no Rio é para, simplesmente, protegê-lo contra o terrorismo islâmico caboclo. Isso é apenas o nível cotidiano de agosto do problema.

Na superfície da Cultura política econômica brasileira, o GLO surge como a montagem de um novo Estado ditatorial de uma nova espécie. Trata-se de um Estado apropriado à produção do contemporâneo do século XXI latino-americano. Só a velha ciência política continua acreditando que o Brasil é uma ilha singular (cultural política econômica) do continente latino-americano.

Logo surge a interrogação que as poetas estão fazendo no Facebook. Caminhamos inexoravelmente para a ditadura do século XXI, no Brasil? A Constituição 1988 será transformada - pelo Congresso nacional - em uma Constituição ditatorial com semblância liberal para manter o STF funcionando?

O projeto de lei GLO estabelece o direito da máquina de guerra militar, entre nós. O direito da máquina de guerra militar só ex-siste na guerra entre as nações (pólemos). A famigerada Lei de Segurança Nacional do Estado militar estabeleceu que o direito natural da máquina de guerra militar contra o terrorismo e a guerrilha urbana ou rural era um direito fático para evitar que o país fosse tomado de assalto pelos comunistas. Hoje, são os parlamentares comunistas que abrem a estrada para o país ser tomado de assalto pelo novo Estado ditatorial militarizado GLO. Ironia da história?  

Quem botou o país, definitivamente, na trilha do Estado ditatorial GLO foi o governo petista de Dilma Rousseff, como é fácil de constatar recorrendo a memória cultural política da internet. Mas Lula é o cérebro de onde saiu tal ideologia cultural política econômica militar.

Na Constituição de 1824 de d. Pedro I, veja leitor o Artigo 145. Todos os brasileiros são obrigados a pegar em armas para sustentar a independência e integridade do Império, e defendê-lo dos seus inimigos externos e internos. O Artigo 142 de 1988 segue essa linha de luz traçada por uma força que é a máquina de guerra imperial luso-brasileira, o Príncipe moderno d. Pedro. A luz oligárquica luso-brasileira de d. Pedro não continua orientado no nosso céu a política da classe política luso-brasileira em crise? Hoje, a transdialética amigo oligárquico versus inimigo interno (personagens do estado de guerra real ou ficcional eletrônico) não rege a nossa vida no mundo-da-vida?

A Constituição de 1823 a qual d. Pedro I rasgou ao dissolver com tropa lusitanas a Assembleia Nacional Constituinte diz no seu Artigo 227. Haverá uma força armada, terrestre, que estará à disposição do poder executivo, o qual porém é obrigado a conformar-se ás regras seguintes:
Artigo 229. O exército de linha é destinado a manter a segurança externa, e será por isso estacionado nas fronteiras.
Artigo 230. Não pode ser empregado no interior senão no caso de revolta declarada.
O exército brasileiro atual é urbano, quando deveria estar cuidando das fronteiras nacionais. O uso dele na território trans-subjetivo urbano das massas só se justificaria se revoltas declaradamente políticas ameaçassem a unidade do país (do Império constitucional parlamentar).
Artigo 231. Neste caso ficam obrigados o poder executivo e seus agentes a sujeitar a exame das assembleias todas as circunstâncias que motivaram a sua resolução.

O poder executivo militarizado não pode ter uma autonomia absoluta em relação ao poder civil. Ele não pode se constituir por um direito da máquina de guerra militar que suprassuma o poder jurídico civil, não pode ser uma máquina de guerra jurídica militar absolutista.

A Constituição mais liberal entre as constituições democráticas aquela de 1934 tem um capítulo sobre a justiça militar.
Artigo 84. Os militares e as pessoas que lhes são assemelhadas terão foro especial nos delitos militares. Este foro poderá ser estendido aos civis, nos casos expressos em lei, para a repressão de crimes contra a segurança externa do país, ou contra as instituições militares.
Art. 85.  A lei regulará também a jurisdição dos juízes militares e a aplicação das penas da legislação militar, em tempo de guerra, ou na zona de operações durante grave comoção intestina.

O leitor agora se confronta com o direito da máquina de guerra militar feito pela classe política oligárquica liberal da Revolução Constitucionalista paulista de 1932, que impôs à Getúlio Vargas a passagem do estado de exceção de 1930 (ditadura populista) para a primeira democracia pós-1930. 
A Constituição de 1934 tem um capítulo designado Da Segurança Nacional.
Art. 159. Todas as questões relativas à segurança nacional serão estudadas e coordenadas pelo Conselho Superior de Segurança Nacional e pelos órgãos criados para atender ás necessidades da mobilização.
§ 1°. O Conselho Superior de Segurança Nacional será presidido pelo Presidente da República e dele farão parte os Ministro de Estado, o chefe do Estado-Maior do Exército e o chefe do Estado-Maior da Armada.
Art. 162. As forças armadas são instituições nacionais, permanentes, e dentro da lei, essencialmente, obedientes aos seus superiores hierárquicos. Destinam-se a defender a Pátria e garantir os poderes constitucionais, a ordem e a lei.

Peço desculpas por explorar assim as nossas Constituições. Mas isso tem um propósito. Mesmo com todo o idealismo da Constituição (Oliveira Vianna), as nossas Constituições não escapam de serem artefatos jurídicos como condensação da cultura política intelectual econômica nacional. A ditadura militar de 1968 e o Estado militar de 1964 não são um raio em um céu azul. Tratam-se de fenômenos que são linhas de luz desenhadas por forças historiais da nossa cultura política brasileira, desde o golpe de Estado pombalino que Pedro I. O nosso príncipe desfechou um golpe de Estado pombalino na via democrática parlamentar da classe política (vivendo intencionalmente um processo revolucionário liberal antipombalino na fabricação da Constituição de 1823), que estava construindo um modelo político brasileiro liberal/democrático contra o modelo luso-brasileiro pombalino liberal/imperial de d. Pedro I.

O que pode acontecer com países que ignoram estupidamente sua história?