segunda-feira, 25 de março de 2019

REVOLUÇÃO SOCIAL DOS MISERÁVEIS


José Paulo



Não vou falar dos idosos que estão suicidando no Japão por causa de sua vida de aposentado miserável. Macron já disse que o capitalismo está destruindo as economias avançadas [e devastando a terceira-idade).

Vou falar do Brasil contemporâneo.

FHC e Lula concluíram que o Brasil poderia se tornar uma sociedade do rico em guerra permanente contra o pobre. Então, inventaram políticas públicas para evitar a guerra do rico contra os miseráveis como destino do país.  

Lula fez da experiencia de evitar o Brasil do rico em guerra contra os miseráveis a política dos sonhos da esquerda latino-americana. Nesta questão prática se saiu muito bem; é só consultar a estatísticas e, melhor do que isso, o princípio esperança que Lula representou para os pobres.

Lula cometeu um erro político crasso. Quis que o país se tornasse propriedade política de sua facção no PT. Neste partido, haviam várias cabeças privilegiadas para nos governar; no entanto, os homens próximos de Lula eram uma verdadeira nulidade como estadistas.

Não se sabe ao certo porque Lula escolheu Dilma Rousseff para continuar o seu legado. Talvez ele acreditasse que Dilma não sendo uma teórica da política brasileira (como ele) faria dele um tutor ilustrado.

Dilma passou a governar com o seu próprio cérebro e aposentou Lula da política nacional. Lula a elegeu no primeiro mandato e a reelegeu no segundo mandato. Rompendo com a teoria petista de governar, Dilma deu uma guinada para a política econômica conservadora - no segundo mandato. Ela se assustou com as contas públicas e começou a cortar gastos sociais fazendo do ensino superior público o objeto de uma política conservadora que botava o capitalismo contra a nação.

A universidade tinha metabolizado o lulismo ao ponto de parar de pensar o rumo da política nacional dilmista e a evolução que o capitalismo estava tomando no século XXI. Em 2002, publiquei o Capitalismo corporativo mundial” em uma época que só se falava em globalização. Hoje sabemos que a globalização era o capitalismo globalizado sob o comando do Banco no Ocidente. A gramática do capitalismo corporativo mundial cyber é a gramática do capitalismo normal e legal do século XXI, na Ásia.  

A globalização foi um pensamento que difundia a ideia de que não havia mais porque se falar em capitalismo. No Brasil, a discussão sobre o capitalismo era obra dos marxistas; com a globalização, a cultura brasileira (e principalmente os mass media) pararam de usar a categoria capitalismo. Observe leitor que FHC criou uma sociologia econômica do primeiro mundo cujo objeto era o capitalismo latino-americano. Hoje, FHC não usa mais a palavra capitalismo em seus textos ou falas para os jornais, ou entre os íntimos.  

O pensamento de FHC e de Lula fracassou na construção de um Brasil que não fosse só para o rico ariano carioca e paulista. A “Nova Reforma da Previdência” de Paulo Guedes e Rodrigo Maia cria a dialética rico versus pobre como destino nacional do futuro próximo. Guedes e Maia querem um Congresso legislando sobre a montagem de um simples Estado fiscal (como no Brasil colonial) que eles chamam de Estado mínimo, ou seja, de Estado “liberal” econômico. Delírio burguês tupiniquim! 

O Estado fiscal neocolonial de Guedes e Maia Jr. é indigesto em um país no qual uma elite togada e militar não suporta a ideia de ver seu padrão de vida rebaixado na Reforma da Previdência. Esta quer acabar com os “direitos oportunistas” dos estratos superiores togados e fardados (Marcos Coimbra), mas não tem coragem suficiente para tal bravata.        

Assim, Paulo Guedes ataca professores do ensino superior estatal, de um lado, e os pobres, de outro lado. Acabar com a universidade pública é uma ideia da família Bolsonaro que serve aos interesses econômicos de Paulo Guedes - cuja família é uma família capitalista do ensino privado.

Paulo Guedes é o avesso de FHC + Lula. Ele quer privatizar integralmente o Estado e não esconde a ideia de fazer um Brasil neocolonial do americanismo doidivanas de Donald Trump. Nosso profeta Saulo tem um discurso claro de transferência de renda da classe média e dos pobres aposentados para o rico rentista (ou burguês), simplesmente.

O discurso de Paulo Guedes levou Moreira Franco para a cadeia em prisão preventiva. Guedes e Moreira são afrontas ao Estado de direito da sociedade salarial na qual habita o policial brasileiro.  Os heróis do capitalismo criminoso creem que o exército e a policia protegerão a sociedade do rico contra a sociedade dos miseráveis em sublevação permanente.

No Brasil, a esquerda não se organiza como um partido leninista. Partido que faz da teoria da sociedade capitalista uma arma a favor da revolução social dos deserdados. A sorte do rico é que a esquerda brasileira acredita que sabe pensar, e não sabe. Garotos teóricos brincam de fazer marxismo on line. A “ultra-esquerda” é a miséria do marxismo.

Não está descartado a sociedade dos miseráveis se organizar para luta de massas. A Nova Reforma da Previdência” cria o combustível para a velha esquerda sair da política do simulacro de simulação da revolução social e organizar a luta de massas, entre nós. Não podemos esquecer que a esquerda não contaminada pela corrupção governa o México, com Obrador.

A sociedade brasileira vai sendo estruturada como dialética do rico contra os miseráveis. Para a velha esquerda, tomar o poder central parar governar para o capitalismo latino-americano é algo cínico em um país dominado pelo capitalismo criminoso em associação com o criminostat e o capitalismo neocolonial satélite da mineração. Este se tornou sinônimo de Minas Gerais em colapso, um estado rico da federação.

Ciro Gomes afirmava na eleição 1988 que sabia como retirar o Brasil do caminho em tela. Nunca saberemos se ele estava falando algo consistente. Hoje, o país se encontra entregue a extrema-direita com o “salvador da pátria” Saulo do rico e profeta noir da sociedade dos miseráveis de um futuro próximo.

Parece que a revolução social dos miseráveis é um atractor no nosso horizonte.              

    

   

  

sábado, 23 de março de 2019

MIGRANTE – O NÃO-SUJEITO AMERICANO



José Paulo 


MIGRANTE – O NÃO-SUJEITO AMERICANO

Em Michel Foucault encontra-se a fabricação de uma gramática (Agamben: 28) do sujeito distinta de Lacan e Althusser.  

Em Althusser, o sujeito é a produção no campo da representação capitalista de indivíduos fabricados pela ideologia em sujeitos. A destruição da teoria  do sujeito em Althusser se resume ao seguinte:
“Até em Althusser se assiste à seguinte operação: descoberta da produção social como ‘máquina’ ou ‘maquinaria’, irredutível ao mundo da representação objetiva (Vorstellung); mas, logo em seguida, redução da máquina à estrutura, identificação da produção com uma representação estrutural  e teatral (Darstellung). (Deleuzee G. 1972: 369).

Foucault diz:
“A partir e Ricardo, o trabalho, desnivelado em relação à representação, e instalando-se numa região que esta já não abarca, organiza-se segundo uma causalidade que lhe é própria”. (Foucault. 1966: 367).

O trabalho (a economia política) e não a representação (teatro) comanda o espaço do saber a partir de Ricardo:
“O que mudou na viragem do século e sofreu uma alteração irreparável foi o próprio saber como modo de ser prévio e indiviso entre o sujeito cognoscente e o objeto de conhecimento;  e se começou a estudar o custo da produção, e se já não se utiliza a situação do valor, é porque ao nível arqueológico a produção como figura fundamental no espaço do saber, substitui a troca, fazendo surgir por um lado novos objetos cognoscíveis (como o capital) e prescrevendo, por outro lado, novos conceitos e novos métodos (como a análise das formas de produção).”. (Foucault.1966: 264). 

O sujeito social é o trabalho que troca o uso de força de trabalho por um salário no processo de produção de riqueza nacional capitalista. Marx faz a teoria do sujeito proletariado para demonstrar que a riqueza não é produzida pelo burguês e sim pelo operário como capital humano variável.

O sujeito em tela advém como revolução social, como máquina desejante revolucionária em uma época de contrarrevolução burguesa. O burguês aparece como sujeito da contrarrevolução. A dialética da história da sociedade capitalista é aquela da revolução social das máquinas desejantes em um processo de desterritorilização dos fluxos das representações capitalistas e da contrarrevolução burguesa comoreterritorialização despótica edipiana da máquina desejante operária revolucionária. Com Marx e Engels., a história se reparte em capitalismo e comunismo a partir do “Manifesto do Partido Comunista”.  
                                                                                      II
Há o sujeito institucional. Foucault estabelece a gramática do sujeito institucional:
“A) Primeira questão: quem fala? Quem, no conjunto de todos os sujeitos falantes, tem boas razões para ter esta espécie de linguagem? Quem é seu titular? Quem recebe dela sua singularidade, seus encantos, e de quem, em troca recebe, se não garantia, pelo menos a presunção de que é verdadeira? Qual é o status dos indivíduos que têm – e apenas eles _ o direito regulamentar ou tradicional, juridicamente definido ou espontaneamente aceito, de proferir semelhante discurso? O status do médico compreende critérios de competência e de saber: instituições, sistemas, normas pedagógicas; condições legais lhe dão direito – não sem antes lhe fixar limites – à prática e a experimentação do saber”. (Foucault, 2017: 61).

Quem fala? Interrogação que põe o indivíduo em uma relação com alguma espécie de linguagem. Há sujeitos que são ersatz do sujeito institucional. É o caso do telejornalista. O telejornalista faz de conta que tem o mesmo status do médico. Ele seria o médico da opinião pública; ele cuida da saúde da opinião pública; os critérios de sua competência é um faz de conta que é uma competência que se equivale ao do médico; No Brasil, a profissão de jornalista exigia um diploma universitário; hoje ela dispensa o diploma universitário.

Mesmo com toda a influencia do cibernauta na formação da opinião pública ou eleitoral ou política, a sociedade de comunicação de massa permanece como um poder influente.

O intelectual público fala uma espécie de linguagem universitária interpretativa considerada verdadeira?

Lacan diz:
“Se a experiência analítica se acha implicada, por receber seus títulos de nobreza do mito edipiano, é justamente por preservar a contundência da enunciação do oráculo e, eu diria ainda, porque a interpretação permanece sempre nesse mesmo nível. A interpretação não é submetida à prova de uma verdade que decida por sim ou não, mas desencadeia a verdade como tal. Só é verdadeira na medida em que é verdadeiramente seguida”. (Lacan. S. !8: 13).

A interpretação é oracular. Ela faz a profecia racional. (Weber. 1968: 316).  A interpretação desencadeia a verdade na medida em que só é verdadeira se é verdadeiramente seguida pelas massas gramaticalizadas na mitologia edipiana. Ou massas gramaticalizaveis como máquina social desejante da revolução social.  

O intelectual gramsciano (Buci-Glucksmann: 48-49) pode ou não exercer uma função intelectual ou uma profissão. Pode ou não ter sua vida juridicamente definida. Pode pertencer ou não a uma burocracia racional.  Assim, ele pode ou não ser um sujeito como o médico inscrito em um sistema de diferenciações e de relações - divisão das atribuições, subordinação hierárquica, complementariedade funcional, demanda, transmissão e troca de informações. O partido bolchevique é habitado por intelectuais que não exercem função intelectual.

O intelectual cyber é livre dos critérios ajuizados supracitados. Não se pode assim designá-lo como sujeito institucional.  

Uma outra pergunta na definição do sujeito: quem age?

O policial age, ele não fala. A videocracia é uma cultura do policial que age. Ela constrói tal sujeito para o entretenimento das massas de consumidores; ela não qualifica o sujeito por sua competência ou por pertencer a uma burocracia racional; o policial não se define por relação a alguma espécie de linguagem; estou falando da realidade da América Latina; o policial não é o médico da segurança pública; ele não cuida da saúde da população da sociedade civil.

O policial é um sujeito como efeito da gramática estatal em uma grande cidade  sob constante ameaça  de organizações criminosas dos debaixo; ele é uma máquina de guerra molar voltado para manter o equilíbrio frágil do campo de poderes estatizados, legal e ilegal, visível e invisível em uma sociedade em colapso. Sua verdadeira competência é prática, competência do agir regulado pelo saber da estratégia e das táticas na guerra urbana lunpesinal dos de baixo e dos de cima. O sujeito policial juridicamente definido é o objeto de lutas das forças no Congresso voltadas para fazer a legislação que pune o policial que se excede ou relaxe na acusação a ele. Esta luta caracteriza, em parte, a vida do legislativo na periferia do capitalismo globalizado.  

Assim, o sujeito: “Compreende, também um sistema de diferenciações e de relações (divisão das atribuições, subordinação hierárquica, complementariedade funcional, demanda, transmissão e troca de informações) com outros indivíduos ou outros grupos que têm eles próprios seu status (com o poder político e seus representantes, com o Poder Judiciário, com diferentes corpos profissionais, com os grupos religiosos, e, se for o caso, como os sacerdotes). [Foucault. 2017:61).

A instituição da medicina moderna ou a medicina moderna como instituição é uma máquina social de uma estratégia biopoder fazendo pendant com o capitalismo da sociedade industrial da modernidade:
“A fala médica não pode vir de quem quer que seja; seu valor, sua eficácia, seus próprios poderes terapêuticos e, de maneira geral, sua existência como fala médica não são dissociáveis do personagem, definido, por status, que tem o direito de articulá-lo, reivindicando para si o poder de conjurar o sofrimento e a morte. Mas sabe-se também que esse status foi profundamente modificado na civilização ocidental, no final do século XVIII e no início do século XIX, quando a saúde das populações se tornou uma das normas econômicas requeridas pela sociedade industrial”. (Foucault. 2017: 62).

O que é o avesso do sujeito institucional?

A personagem do migrante é o anverso do sujeito institucional no século XXI. Ele pode ser um indivíduo com todas as características de sujeito institucional sem estatuto jurídico nacional. A muralha da China (que Donald Trump quer construir na fronteira com o México) é o signo da articulação do imigrante como não-sujeito americano. Fugindo da vida sem oportunidades de seus país (ou de países devastados economicamente, ou pelo capitalismo criminoso), o não-sujeito americano vive na América acossado pela Okhrana legal dos Estados Unidos. A contradição gramatical entre o não-sujeito americano e a Okhrana americana é um dos fatos espetaculares de nossa.

Em visita oficial ao presidente Trump, o presidente Bolsonaro diz: “o imigrante não quer o bem do povo americano”. O chefe do Itamaraty brasileiro diz que o Estado brasileiro vai ajudar o governo americano a repatriar brasileiros para o inferno da vida messiânica (de Jair Messias Bolsonaro). O imigrante americano é o inimigo da extrema-direita de Bolsonaro a Trump. 

O não-sujeito americano é excluído da máquina social americana biopoder.   Ele não tem direito aos cuidados médicos que a população americana recebe da medicina privada/pública, cuja gênese se encontra nas necessidades da sociedade capitalista europeia:
“Se dessine ainsi toute une décomposition utilitaire de la pauvreté, où commence à apparaître le probleme spécifique de la maladie des pauvres dans son rapport avec les impératifs de travail et la necessite de la production”. (Foucault. 1994, v. 3: 16).

O não-sujeito americano é um fato gramatical da história americana capitalista:
“As enormes e contínuas levas humanas impelidas todos os anos para a América, deixam um sedimento estacionário no Leste dos Estados Unidos; a onda imigratória oriunda da Europa lança aí no mercado de trabalho mais gente do que a que pode ser absorvida pela onda emigratória que daí parte em busca do Oeste. A Guerra Civil Americana acarretou uma dívida pública gigantesca. Com esta vieram a pressão tributaria, a mais vil aristocracia financeira, entrega de partes enormes das terras de domínio público às sociedades de especulação para explorarem estradas de ferro, minas etc., em suma, a mais rápida centralização do capital. A grande República deixou de ser a terra prometida dos trabalhadores emigrantes”. (Marx. 1977. L. 1: 556   


A desterritorilização da sociedade industrial capitalista americana funciona como parte de uma gramática que produz o não-sujeito americano? Trump quer o fim da máquina social biopoder americana, lançando para a posição de não-sujeito americano uma parcela considerável da população de seu país.
                                                                  
Na Ásia, surge o sujeito do capitalismo industrial cyber do sistema neomercantilista de Estados nacionais asiático. O sujeito operário cyber é a grande personagem da narrativa do discurso capitalista asiático. 
                                                                            III

Lacan parte das estruturas do sujeito como psicótico, neurótico e perverso. (Lacan. 1966: 71). A sociedade industrial é aquela do processo molar da edipianização dos sujeitos territorializados em uma sociedade dos neuróticos. No entanto, o familismo tem investimentos libidinais da máquina social capitalista ocidental:
“Se Freud recorda a relação do eu com o sistema perceptivo-consciência, é apenas para indicar que nossa tradição, reflexiva – que erraríamos em crer que não teve incidências sociais por ter dado apoio as formas políticas do estatuto pessoal – testou nesse sistema seus padrões de verdade”. (Lacan, 1996: 69).

A sociedade industrial capitalista cyber asiática recria as estruturas de sujeito da sociedade industrial ocidental?

A sociedade industrial ocidental é aquela da dialética do sujeito estrutural. (Badiou. 1982: 71). A sociedade industrial capitalista asiática é aquela do sujeito gramatical como sujeito do enunciado e da enunciação do desejo? 

As massas se apresentam como maquina social desejante revolucionária:
“et qu'aucune entreprie politique n'a d'advenir - si pauvre que'apparaisse, la tempête esplacée, son présent - sauf à se soutenir dans le sens que prodigue la disparition fondatrice du moumement de masse” (...) c’est dans la modalité de leur esplacement stable que les masses sont l’histoire, dans celle apparaître-disparaissant qu’elle la font”. (Badiou. 1982: 82).



O sujeito da enunciação é máquina desejante da produção capitalista:
“A tese da esquizoanálise é simples:  o desejo é máquina, síntese de máquinas, agenciamento maquínico – máquinas desejantes. O desejo é da ordem da produção; toda produção é ao mesmo tempo desejante e social. Portanto, censuramos a psicanálise por ter esmagado esta ordem da produção, por tê-la revertido à ordem da representação. Longe de ser a audácia da psicanálise, a ideia de representação inconsciente marca, desde o início, sua falência ou sua renúncia: um inconsciente que não mais produz, mas que se limita a acreditar. O inconsciente acredita no Édipo, ele crê na castração e na lei. Sem dúvida, o psicanalista foi o primeiro a dizer que a crença, a rigor, não é um ato do inconsciente; que é sempre o pré-consciente que crê”. (Deleuze e G. 1972: 356).

Um inconsciente que se limita a crer nas representações do capitalismo e que não se atualiza como massas revolucionárias, isto é, como máquina desejante gramatical de revolução social gramatical. Será este o inconsciente da sociedade industrial capitalista cyber asiática?

Virando as costas para a teoria da representação do sujeito, Althusser anota:
<ce sont les masses qui font l’histoire, la lutte des classes est le moteur de l’histoire>. (Althusser: 42).

A sociedade de classes gramatical-industrial encontra-se na Ásia capitalista cyber. O ponto de partida para pensá-la começa na junção de Marx com Freud, como faz Deleuze e Lacan e, em certa medida sutil, Foucault (e não Sartre):
“Le fait est là: bien qu’il <pense > aprés Marx e Freud, Sartre est, paradoxalement, à bien des égards, philosophiquement parlant, un idéologue prémarxiste et préfreudien. Au lieu d’aider à developper les découvertes scientifiques de Marx et Freud, il s’engage brillamment sur des pistes qui égarent le recherche marxiste, plus qu’elles ne la servent”. (Althusser: 44-45). 

Uma formação intelectual marxista de massas cyber chinesa, eis o fato da contemporaneidade do século XXI.  A vanguarda marxista cyber restaura a guerra de classe rumo à revolução social mundial:
“Non que le quantitatif et les armements soient le facteur décisif de la guerra: on sait depuis Clausewitz que les <forces morales> et l’appui des masses sont les seuls facteurs d’invincibilité”. (Badieu. 1975: 93).

A stasis no capitalismo cyber significa a retomada da história universal na contradição capitalismo versus comunismo?   

AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer. O poder soberano e a vida nua. V. 1. Belo Horizonte: UFMG, 2002
ALTHUSSER, Louis. Réponse a John Lewis. Paris: Maspero, 1973
BADIOU, Alain. Théorie de la contradiction. Paris: Maspero. 1975
BADIOU, Alain. Théorie du sujet. Paris: Seuil, 1982
DELEUZE & GUATTARI. Capitalisme et schizophrénie. V. 1. L’Anti-Oedipe. Paris: Munuit, 1972
FOUCAULT, Michel. Les mots et les choses. Paris: Gallimard, 1966
FOUCAULT, Michel. Dits et Écrits. V. 3. Paris: Gallimard, 1994
 FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. RJ. Forense Universitária, 2017                                                   
LACAN, Jacques. Écrits. Paris:Maspero, 1966
 LACAN, Jacques. O Seminário. Livro 18. De um discurso que não fosse semblante. RJ: Zahar, 2009
MARX, Karl. Le capital. Livre premier. Texte integral. Paris: Éditions Sociales, 1977
WEBER, Max. História geral da economia. SP: Mestre Jou, 1968


  





    
   



   

   

   

terça-feira, 19 de março de 2019

REFORMA DA PREVIDÊNCIA E LUTA DE MASSAS




Com 3 meses de governo 2019 já se pode ter uma ideia do bloco no poder em fusão da conjuntura atual. O bloco no poder provoca um deslocamento da direita brasileira para a extrema-direita. O presidente da Câmara Federal é um fato desse deslizamento. Ele hoje é um dos nomes mais visíveis e radicais da extrema-direita arrastando o DEM para esta posição.

Os generais governamentais arrastaram o Exercito para a posição de extrema-direita. A república de Curitiba é extrema-direita na comunidade jurídica. Os empresários se deixam conduzir pela extrema-direita oficial. O Banco é a base social fática da extrema-direita. As ruas têm massas messiânicas que aceitam o sacrifício de não terem na prática aposentadoria e pensão. A ideia de Paulo Guedes e Rodrigo Mais de não reajustar mais aposentadoria e pensão pela inflação é o fim da Previdência Social do Estado de direitos da sociedade salarial.   

O bloco no poder social e estatal tem nos mass media sua principal arma para convencer a população a ir contra seus próprios interesses. O jogo sinistro dos mass media encena uma defesa das instituições da  saúde, universidade pública, escola secular pública e ao mesmo tempo difundem ideias e impressões da necessidade de destruição do Estado de direitos da sociedade salarial. Paulo Guedes é o homem no governo de ligação gramatical e sentimental com os mass media.

Ainda não se sabe qual a posição dos governadores em relação ao bloco no poder de extrema-direita. Há governadores que são herdeiros de uma economia administrativa desastrosa. Estes governadores são forças naturais para compor o bloco no poder em tela. Há governadores que não enfrentam uma calamidade econômica, mas podem remar a favor da corrente extrema-direita.

O governador é a posição tática mais importante para a luta de massas contra a Reforma da Previdência do banqueiro do segundo time da banca internacional Paulo Guedes. O governador comanda a máquina repressiva que pode usar de violência real maciça contra as massas em sua luta contra este atentado terrorista de Estado chamado cinicamente de Nova Reforma da Previdência.  O governador de São Paulo é um cristão-novo da extrema direita arrastando o PSDB para posição.

O bloco no poder bolsonarista/Guedes tem por objetivo estratégico a desmontagem da burocracia moderna estatal. Trata-se de um bloco extrativista neocolonial e neolusitano. O império patrimonialista lusitano colonial é o passado que se atualiza como lógica de forças na política arcaica da extrema-direita. Esta tem por objetivo o enriquecimento das famílias e clãs da sociedade do rico ariano carioca e paulista, Duas famílias cariocas encontram-se no comando da política arcaica que vai transferir a renda dos velhos, doentes e remediados para o rico: RobertoMarinho e Bolsonaro.

O bloco no poder da extrema-direita se fortaleceu com a viagem de Bolsonaro aos EUA. As mídias que são contra Donald Trump no Brasil passaram a falar bem do presidente dos EUA. Elas viram na viagem a confirmação da certeza de que estavam certas em eleger Bolsonaro e seu queridinho Paulo Guedes.

A Reforma da Previdência tipo Paulo Guedes é um atestado de morte e desespero para as massas na velhice. De dificuldades impensáveis para a classe media pública e quiça privada. Deixar morrer, deixar sofrer as massas são os axiomas da arqueopolítica de Paulo Guedes.

A política da extrema-direita no poder central e local é uma política terrorista de Estado. Ela diz que o país está quebrado (Rodrigo Maia) e que o crescimento do país depende da destruição do Estado brasileiro realmente existente.

As lutas de massas podem estabelecer uma dialética com o bloco no poder parando o desenvolvimento da face neofascista desse bloco no poder de extrema-direita. Líderes de massas podem surgir dessas lutas e vocalizar para a sociedade de comunicação de massa o fracasso da arqueopolitica da extrema direita antes dessa devastar o país irrevogavelmente.

As lutas de massas podem começar pela bandeira da renúncia do presidente da república. Golpear o bloco no poder em tela na cabeça pode ser um bom começo. Trata-se de mudar o equilíbrio de força no Congresso inclinado a embarcar de mala e cuia na aventura catastrófica  da extrema-direita. Trata-se de quebrar o encantamento messiânico ideológico (de Jair Messias Bolsonaro) sobre os militares e juízes, e policiais.  

As lutas de massas farão a própria teoria da soberania popular de um tempo pós-Bolsonaro/Guedes.