segunda-feira, 25 de março de 2019

REVOLUÇÃO SOCIAL DOS MISERÁVEIS


José Paulo



Não vou falar dos idosos que estão suicidando no Japão por causa de sua vida de aposentado miserável. Macron já disse que o capitalismo está destruindo as economias avançadas [e devastando a terceira-idade).

Vou falar do Brasil contemporâneo.

FHC e Lula concluíram que o Brasil poderia se tornar uma sociedade do rico em guerra permanente contra o pobre. Então, inventaram políticas públicas para evitar a guerra do rico contra os miseráveis como destino do país.  

Lula fez da experiencia de evitar o Brasil do rico em guerra contra os miseráveis a política dos sonhos da esquerda latino-americana. Nesta questão prática se saiu muito bem; é só consultar a estatísticas e, melhor do que isso, o princípio esperança que Lula representou para os pobres.

Lula cometeu um erro político crasso. Quis que o país se tornasse propriedade política de sua facção no PT. Neste partido, haviam várias cabeças privilegiadas para nos governar; no entanto, os homens próximos de Lula eram uma verdadeira nulidade como estadistas.

Não se sabe ao certo porque Lula escolheu Dilma Rousseff para continuar o seu legado. Talvez ele acreditasse que Dilma não sendo uma teórica da política brasileira (como ele) faria dele um tutor ilustrado.

Dilma passou a governar com o seu próprio cérebro e aposentou Lula da política nacional. Lula a elegeu no primeiro mandato e a reelegeu no segundo mandato. Rompendo com a teoria petista de governar, Dilma deu uma guinada para a política econômica conservadora - no segundo mandato. Ela se assustou com as contas públicas e começou a cortar gastos sociais fazendo do ensino superior público o objeto de uma política conservadora que botava o capitalismo contra a nação.

A universidade tinha metabolizado o lulismo ao ponto de parar de pensar o rumo da política nacional dilmista e a evolução que o capitalismo estava tomando no século XXI. Em 2002, publiquei o Capitalismo corporativo mundial” em uma época que só se falava em globalização. Hoje sabemos que a globalização era o capitalismo globalizado sob o comando do Banco no Ocidente. A gramática do capitalismo corporativo mundial cyber é a gramática do capitalismo normal e legal do século XXI, na Ásia.  

A globalização foi um pensamento que difundia a ideia de que não havia mais porque se falar em capitalismo. No Brasil, a discussão sobre o capitalismo era obra dos marxistas; com a globalização, a cultura brasileira (e principalmente os mass media) pararam de usar a categoria capitalismo. Observe leitor que FHC criou uma sociologia econômica do primeiro mundo cujo objeto era o capitalismo latino-americano. Hoje, FHC não usa mais a palavra capitalismo em seus textos ou falas para os jornais, ou entre os íntimos.  

O pensamento de FHC e de Lula fracassou na construção de um Brasil que não fosse só para o rico ariano carioca e paulista. A “Nova Reforma da Previdência” de Paulo Guedes e Rodrigo Maia cria a dialética rico versus pobre como destino nacional do futuro próximo. Guedes e Maia querem um Congresso legislando sobre a montagem de um simples Estado fiscal (como no Brasil colonial) que eles chamam de Estado mínimo, ou seja, de Estado “liberal” econômico. Delírio burguês tupiniquim! 

O Estado fiscal neocolonial de Guedes e Maia Jr. é indigesto em um país no qual uma elite togada e militar não suporta a ideia de ver seu padrão de vida rebaixado na Reforma da Previdência. Esta quer acabar com os “direitos oportunistas” dos estratos superiores togados e fardados (Marcos Coimbra), mas não tem coragem suficiente para tal bravata.        

Assim, Paulo Guedes ataca professores do ensino superior estatal, de um lado, e os pobres, de outro lado. Acabar com a universidade pública é uma ideia da família Bolsonaro que serve aos interesses econômicos de Paulo Guedes - cuja família é uma família capitalista do ensino privado.

Paulo Guedes é o avesso de FHC + Lula. Ele quer privatizar integralmente o Estado e não esconde a ideia de fazer um Brasil neocolonial do americanismo doidivanas de Donald Trump. Nosso profeta Saulo tem um discurso claro de transferência de renda da classe média e dos pobres aposentados para o rico rentista (ou burguês), simplesmente.

O discurso de Paulo Guedes levou Moreira Franco para a cadeia em prisão preventiva. Guedes e Moreira são afrontas ao Estado de direito da sociedade salarial na qual habita o policial brasileiro.  Os heróis do capitalismo criminoso creem que o exército e a policia protegerão a sociedade do rico contra a sociedade dos miseráveis em sublevação permanente.

No Brasil, a esquerda não se organiza como um partido leninista. Partido que faz da teoria da sociedade capitalista uma arma a favor da revolução social dos deserdados. A sorte do rico é que a esquerda brasileira acredita que sabe pensar, e não sabe. Garotos teóricos brincam de fazer marxismo on line. A “ultra-esquerda” é a miséria do marxismo.

Não está descartado a sociedade dos miseráveis se organizar para luta de massas. A Nova Reforma da Previdência” cria o combustível para a velha esquerda sair da política do simulacro de simulação da revolução social e organizar a luta de massas, entre nós. Não podemos esquecer que a esquerda não contaminada pela corrupção governa o México, com Obrador.

A sociedade brasileira vai sendo estruturada como dialética do rico contra os miseráveis. Para a velha esquerda, tomar o poder central parar governar para o capitalismo latino-americano é algo cínico em um país dominado pelo capitalismo criminoso em associação com o criminostat e o capitalismo neocolonial satélite da mineração. Este se tornou sinônimo de Minas Gerais em colapso, um estado rico da federação.

Ciro Gomes afirmava na eleição 1988 que sabia como retirar o Brasil do caminho em tela. Nunca saberemos se ele estava falando algo consistente. Hoje, o país se encontra entregue a extrema-direita com o “salvador da pátria” Saulo do rico e profeta noir da sociedade dos miseráveis de um futuro próximo.

Parece que a revolução social dos miseráveis é um atractor no nosso horizonte.              

    

   

  

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