José Paulo
Não vou falar dos idosos que
estão suicidando no Japão por causa de sua vida de aposentado miserável. Macron
já disse que o capitalismo está destruindo as economias avançadas [e devastando
a terceira-idade).
Vou falar do Brasil contemporâneo.
FHC e Lula concluíram que o
Brasil poderia se tornar uma sociedade do rico em guerra permanente contra o
pobre. Então, inventaram políticas públicas para evitar a guerra do rico contra
os miseráveis como destino do país.
Lula fez da experiencia de evitar
o Brasil do rico em guerra contra os miseráveis a política dos sonhos da
esquerda latino-americana. Nesta questão prática se saiu muito bem; é só
consultar a estatísticas e, melhor do que isso, o princípio esperança que Lula
representou para os pobres.
Lula cometeu um erro político
crasso. Quis que o país se tornasse propriedade política de sua facção no PT. Neste
partido, haviam várias cabeças privilegiadas para nos governar; no entanto, os
homens próximos de Lula eram uma verdadeira nulidade como estadistas.
Não se sabe ao certo porque Lula
escolheu Dilma Rousseff para continuar o seu legado. Talvez ele acreditasse que
Dilma não sendo uma teórica da política brasileira (como ele) faria dele um
tutor ilustrado.
Dilma passou a governar com o seu
próprio cérebro e aposentou Lula da política nacional. Lula a elegeu no
primeiro mandato e a reelegeu no segundo mandato. Rompendo com a teoria petista
de governar, Dilma deu uma guinada para a política econômica conservadora - no
segundo mandato. Ela se assustou com as contas públicas e começou a cortar
gastos sociais fazendo do ensino superior público o objeto de uma política
conservadora que botava o capitalismo contra a nação.
A universidade tinha metabolizado
o lulismo ao ponto de parar de pensar o rumo da política nacional dilmista e a
evolução que o capitalismo estava tomando no século XXI. Em 2002, publiquei o Capitalismo
corporativo mundial” em uma época que só se falava em globalização. Hoje sabemos
que a globalização era o capitalismo globalizado sob o comando do Banco no Ocidente.
A gramática do capitalismo corporativo mundial cyber é a gramática do capitalismo
normal e legal do século XXI, na Ásia.
A globalização foi um pensamento
que difundia a ideia de que não havia mais porque se falar em capitalismo. No
Brasil, a discussão sobre o capitalismo era obra dos marxistas; com a
globalização, a cultura brasileira (e principalmente os mass media) pararam de usar a categoria capitalismo. Observe leitor
que FHC criou uma sociologia econômica do primeiro mundo cujo objeto era o capitalismo
latino-americano. Hoje, FHC não usa mais a palavra capitalismo em seus textos
ou falas para os jornais, ou entre os íntimos.
O pensamento de FHC e de Lula
fracassou na construção de um Brasil que não fosse só para o rico ariano
carioca e paulista. A “Nova Reforma da Previdência” de Paulo Guedes e Rodrigo Maia
cria a dialética rico versus pobre como destino nacional do futuro próximo.
Guedes e Maia querem um Congresso legislando sobre a montagem de um simples
Estado fiscal (como no Brasil colonial) que eles chamam de Estado mínimo, ou
seja, de Estado “liberal” econômico. Delírio burguês tupiniquim!
O Estado fiscal neocolonial de
Guedes e Maia Jr. é indigesto em um país no qual uma elite togada e militar não
suporta a ideia de ver seu padrão de vida rebaixado na Reforma da Previdência. Esta
quer acabar com os “direitos oportunistas” dos estratos superiores togados e
fardados (Marcos Coimbra), mas não tem coragem suficiente para tal bravata.
Assim, Paulo Guedes ataca
professores do ensino superior estatal, de um lado, e os pobres, de outro lado.
Acabar com a universidade pública é uma ideia da família Bolsonaro que serve aos
interesses econômicos de Paulo Guedes - cuja família é uma família capitalista do
ensino privado.
Paulo Guedes é o avesso de FHC +
Lula. Ele quer privatizar integralmente o Estado e não esconde a ideia de fazer um Brasil neocolonial do americanismo doidivanas de Donald Trump. Nosso profeta Saulo tem um
discurso claro de transferência de renda da classe média e dos pobres aposentados
para o rico rentista (ou burguês), simplesmente.
O discurso de Paulo Guedes levou
Moreira Franco para a cadeia em prisão preventiva. Guedes e Moreira são
afrontas ao Estado de direito da sociedade salarial na qual habita o policial
brasileiro. Os heróis do capitalismo criminoso
creem que o exército e a policia protegerão a sociedade do rico contra a
sociedade dos miseráveis em sublevação permanente.
No Brasil, a esquerda não se
organiza como um partido leninista. Partido que faz da teoria da sociedade capitalista
uma arma a favor da revolução social dos deserdados. A sorte do rico é que a
esquerda brasileira acredita que sabe pensar, e não sabe. Garotos teóricos brincam
de fazer marxismo on line. A “ultra-esquerda” é a miséria do marxismo.
Não está descartado a sociedade
dos miseráveis se organizar para luta de massas. A Nova Reforma da Previdência”
cria o combustível para a velha esquerda sair da política do simulacro de simulação
da revolução social e organizar a luta de massas, entre nós. Não podemos
esquecer que a esquerda não contaminada pela corrupção governa o México, com
Obrador.
A sociedade brasileira vai sendo
estruturada como dialética do rico contra os miseráveis. Para a velha esquerda,
tomar o poder central parar governar para o capitalismo latino-americano é algo
cínico em um país dominado pelo capitalismo criminoso em associação com o
criminostat e o capitalismo neocolonial satélite da mineração. Este se tornou sinônimo
de Minas Gerais em colapso, um estado rico da federação.
Ciro Gomes afirmava na eleição
1988 que sabia como retirar o Brasil do caminho em tela. Nunca saberemos se ele
estava falando algo consistente. Hoje, o país se encontra entregue a
extrema-direita com o “salvador da pátria” Saulo do rico e profeta noir da
sociedade dos miseráveis de um futuro próximo.
Parece que a revolução social dos
miseráveis é um atractor no nosso
horizonte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário