sexta-feira, 31 de julho de 2015

FASCISMO USA/FASCISMO JUDEU


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Este conjunto de textos já havia sido publicado no blog com um outro título. Uma rede de poder capaz de interferir na web está atacando meu Facebook e agora meu blog. Acrescentei o texto Fascismo Judeu!

FASCISMO JUDEU



O progresso da cultura política totalitária mundial não se dá apenas com o Islã Político no Oriente Médio. O PCPT vai também tratar do fascismo judeu em todos os cantos do planeta. Mas a matriz histórica-epistêmica do totalitarismo judeu encontra-se em Israel. Claro que o totalitarismo judeu não abarca toda a comunidade judaica mundial. Mas ele tem sido eleito como a melhor forma de governar Israel há mais de uma década. A cultura totalitária judaica construiu um Urstaat israelense com fortes características bíblicas (do velho testamento), com a mesma voz de um Deus (seer judeu) que elegeu os judeus como o povo escolhido por ELE na terra para governar a política mundial em seu nome e com a mesma disposição do uso da violência física (e simbólica) sem limite contra o INIMIGO do povo eleito. O Deus da cultura judaica totalitária é uma máquina de guerra apocalíptica que despeja sua violência física abjeta sobre os palestinos, desde que estes foram expulsos de sua terra sagrada, tradicional, histórica, mitológica. No Oriente Médio, o Islã Político e o Fascismo Judeu constituem um ser político xifópago: cultura política nazista sagrada, religiosa. Este texto é apenas a introdução ao tratamento que o PCPT vai dar ao totalitarismo fascista: judeu e islâmico político! Agora, o fascismo judeu está se voltando contra a própria população de Israel deixando o primeiro-ministro fascista Benjamin Netanyahu em uma situação delicada. As declarações cínicas de Benjamin defendendo a democracia israelense são a prova e que o fascismo judeu constitui uma máquina de guerra bíblica apenas contra o povo palestina e os países inimigos do oriente Médio? “Um judeu ultraortodoxo causou pânico nesta quinta-feira durante a parada do orgulho gay de Jerusalém ao esfaquear seis pessoas em pleno centro da cidade. O agressor, que foi imediatamente detido, havia saído da cadeia há duas semanas depois de cumprir uma pena de dez anos por uma agressão semelhante em 2005, informou a polícia israelense”. O Judeu ultraortodoxo que atacou a parada do orgulho gay não é um criminoso comum. Ele não representa a cultura política judaica bíblica fascista a qual Benjamin Netanyahu está ligado por fios religiosos invisíveis?    A BBC diz que: “No entanto, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que controla a Cisjordânia, afirmou que o governo de Israel é "totalmente responsável pelo assassinato brutal" do menino.    


CAPITAL/TRABALHO/CAPITALISMO/SOCIALISMO
Há uma homologia entre a máquina de guerra freudiana (MGF) e o capital? A MGF não é um corpo produtivo como Sujeito de produção da história. No entanto, ela é o dominus da história universal. O capital moderno não é a máquina de guerra econômica de produção da riqueza nacional ou mundial, e, todavia, é o dominus da história mundial. Na feitura da episteme capitalista, Marx demonstra que o trabalho assalariado é o corpo produtivo de produção da riqueza capitalista e, neste sentido, o capital é somente um corpo improdutivo que se alimenta, para sua reprodução ampliada, do excedente do trabalho produtivo, trabalho vivo. No discurso do capitalista, o capital é a entidade que aliena a verdade de tal discurso, a verdade como lógica do verdadeiro sentido do capitalismo: o trabalho assalariado livre produz a riqueza capitalista mundial. Isso é um processo de eliminação do sentido no discurso do capitalista que funciona pela reprodução ampliada deste discurso através da soberania da cultura política do dinheiro na história mundial. Mas a soberania de tal cultura capitalista não é suficiente para a reprodução da dominação capitalista. Nesta, a episteme capitalista faz pendant com a episteme sexualis. Esta é o lugar do axioma de que o desejo existe. De que o operário é uma máquina de desejo (Deleuze e Guattari), de que existe uma economia de desejo articulada a uma ética protestante do trabalho, uma ética de desejo do trabalho. Assim, o desejo é uma energia que deve ser desviado do sexo para um investimento no processo de trabalho. O estudo moderno de Gramsci sobre o fordismo mostra com clareza a verdade desse enunciado. Tornar o desejo um mecanismo da economia capitalista, é sujeitar o trabalho à lógica do capital. Trata-se de um processo de alienação do desejo sexual, do sentido do desejo sexual, mesmo que este apenas consiga fazer o laço sócia prosaico, definir a realidade como prosaica. Então se trata de uma dupla alienação. A primeira é a eliminação da verdade de que o capital não é o sujeito que produz a riqueza; ao contrário, o trabalho produz a riqueza. A segunda é a eliminação do sentido do desejo como energia mítica (instinto de morte/narcisismo) que se condensa no sexo e articula a realidade prosaica. O capital é o mito (do Sujeito que produz riqueza) que guarda o segredo de que ele é a gestão do desvio de energia mítica sexual - condensada no trabalho - para a produção da riqueza capitalista mundial. Ele faz do trabalho um artefato mítico de uma totalidade abstrata (vazio de sentido), de uma cultura abstrata: a cultura política do dinheiro. Marx definiu a totalidade concreta como uma cultura política articulada plenamente por determinações de sentido. Se o desejo é a totalidade mítica do sentido, e o capital a totalidade abstrata (vazia de sentido), talvez valha a pena começar a pensar em uma cultura política concreta na qual o trabalho articule a realidade como passagem do não-sentido para a lógica plena de sentido sem necessidade e ressexualização da história. E também faça a passagem do mito para a história. Nesta, o trabalho não será mais uma máquina de desejo funcional para a produção da riqueza capitalista e para a reprodução desta como sociedade de consumo. O socialismo realmente existente não rompeu radicalmente com a episteme sexualis e – nele - o economicismo stalinista é a continuação da episteme capitalista por meios socialistas! Isso é para não dizerem que não falei de uma parte considerável da história mundial do século XX! 

DO PRÍNCIPE RENASCENTISTA (MAQUIAVEL) AO PRÍNCIPE FASCISTA
Não é incomum no Brasil associá-lo à história da Idade Média europeia. Oliveira Vianna o fez em sua ciência política heterodoxa, e Guimarães Rosa no “Grande Sertão Veredas”. No início da idade Média, Eric Voegelin pesca três significantes básicos da cultura política feudal: o Sacro Império Romano (sacrum imperium), o corpo místico (corpus mysticum) da Igreja e o reino de Cristo (regnun Chisti). Norbert Elias teceu a sua sociologia histórica a partir de outros dois significantes: a sociedade de guerreiros feudais e a sociedade de corte. (Falta acrescentar as universidades criadas no século XIII). Na primeira, reina a grande máquina de guerra em si feudal e freudiana (o guerreiro feudal se caracteriza pelo uso da violência física sem limite). Na segunda, esta é substituída por uma combinação de grande máquina (uso sem limite de violência simbólica) e de pequena máquina de guerra cortês (uso inibido de violência simbólica). A pequena máquina cortês talvez seja o modelo do partido político definido como instituição no século XIX europeu. É uma hipótese que precisa ser provada. No Brasil, a grande máquina de guerra em si (entradas e bandeiras) fundou o pais. E o partido político não se constituiu como modelo para os diferentes sistemas partidários desde o século XIX. A grande máquina de guerra cortês se constitui como modelo para os partidos, inclusive, no período da história da República Democrática articulada com a Constituição de 1988.    
Maquiavel antecipou o estabelecimento na cultura política moderna de um contrasignificante = (junção de estrutura e prática): o Príncipe renascentista. Ele é a combinação de grande máquina de guerra em si com a grande máquina de guerra cortês: força e consenso. Este se define pela ação estratégica de comunicação (mentir, manipular, enganar, usar máscara para ocultar sua essência) que é um modo de violência simbólica sem limite na política. O condottiere pode ser a expressão concreta desse Príncipe italiano. Tal Príncipe significa também sexualização selvagem da história. O Príncipe moderno de Gramsci tem como expressão histórica o partido político marxista em uma cadeia de significantes que inclui, entre outros, o bloco ideológico e o bloco histórico epistêmico. Tal Príncipe é a combinação da pequena máquina cortês com a contramáquina de guerra revolucionária (uso da violência física legítima como parteira da história). Remando contra a corrente do domínio da episteme sexualis moderna, O Príncipe moderno implica uma certa dessexualização da história. A intervenção de Lenin para fazer cessar o estado de anarquia sexual (amor livre) existente no Partido Bolchevique após a revolução é um caso de tentativa bem-sucedida de dessexualização da ressexualização lúdica da história.
A Europa da década de 1930 vê nascer o Príncipe fascista. A sua forma mais acabada aparece na Alemanha. O Príncipe fascista pode ser entendido a partir de uma leitura do “Diário de um sedutor”. Ele substitui a episteme sexualis pela episteme da sedução. Ele é uma forma de máquina de guerra (máquina de guerra kierkegaardiana) que redefine o conceito de poder moderno. O poder sedutor é um suprapoder, suprasubjetivo e suprasensual. Ele é parte de uma dramaturgia sem sujeito. Ele é o cenário de um crime perfeito: o da substituição da lei moderna pela lei definida como regra ritualizada advindo da política. Se nos Príncipes de Maquiavel e Gramsci ainda há sujeito (filosofia do sujeito), o Príncipe fascista (Príncipe totalitário) não é uma figura da filosofia do sujeito. Ele sucumbiu no abismo da Segunda Guerra Mundial? Ou ele se tornou um contrasignificante da cultura política, inclusive, nos sistemas representativos modernos? Octávio Ianni concebeu a existência do Príncipe eletrônico: partido da cultura política eletrônica. O Príncipe moderno tem que ser pensado na relação da política com a cultura intelectual. A hegemonia existe a partir dessa junção e ela alcança o mundo-da-vida na metamorfose dela em cultura política. O Príncipe eletrônico é uma articulação política totalitária da Corporação de Ofício industrial da comunicação. OS USA é o país modelo desse fenômeno e o Brasil parece seguir, em linhas gerais, tal modelo. Tal Príncipe articula a política a partir da cultura política totalitária eletrônica. Finalmente, o Príncipe fascista é a articulação do partido totalitário (esquerda = direta) com o Príncipe eletrônico tendo como dominus a episteme da sedução. Acreditamos que a política do século XXI lança mão desses três recursos evolutivos da história pós-feudal: Príncipes renascentista, moderno e fascista.      
FIM DA EPISTEME ANTROPOLÓGICA/PRODUÇÃO DO CONTEMPORÂNEO
Um historiador americano concebeu um ponto de inflexão na história intelectual (Europa/USA) no final do século XIX com a emergência do relativismo cultural tendo como carro chefe a antropologia servida em porções de cinquenta minutos (aula) em muitas universidades. Herbert Spencer já havia apresentado no livro “A Estática Social” (1850) um dos ataques mais vigorosos a favor do relativismo moral. Nessa conjuntura cultural, começa a fuga da episteme metafísica em direção às ciências; o homem mesmo torna-se e esclarece-se “psicologicamente”; a moral torna-se “política”, sociologia e biologia. “A visão de mundo fixa-se e impele a metafísica para o interior da antropologia” (Heidegger). Em essência, o relativismo cultural rezava que nunca existiu significante universal. Em 1962, foi publicado o “Pensamento Selvagem” de Claude Lévi-Strauss. O livro traça uma linha de força evolutiva (onde já havia uma acumulação de força considerável) que iria alterar a história intelectual. A física antropológica de Lévi-Strauss estabelece a existência de uma continuação entre o pensamento mágico e o pensamento científico salvaguardada a autonomia relativa dos dois domínios: “o pensamento mágico e as práticas rituais, como traduzindo uma apreensão inconsciente da verdade do determinismo como modo de existência dos fenômenos científicos”. Não há uma autonomia absoluta entre pensamento mágico (ciência do concreto) e discurso científico. O pensamento mágico: “forma um sistema bem articulado; independente, neste ponto, desse outro sistema que, constituirá a ciência, exceto quanto à analogia formal que os aproxima e que faz do primeiro uma espécie de expressão metafórica do segundo”. Assim como não há autonomia absoluta ente ciência do concreto e ciência em si, não há autonomia absoluta entre sociedade primitiva e história mundial (universal). Há um universal presente numa e noutra. Trata-se da episteme política! Esta não surgiu na fundação do Ocidente com a junção da metafísica (filosofia) com o discurso do mestre.  Mas esta fundação grega vai permitir pensar a episteme política na história mundial. A episteme política surgiu formalmente na civilização arcaica com a junção do discurso do mestre divino com o saber hidráulico, a ciência da gestão da água. Mas a sociedade primitiva tem sua episteme selvagem com a junção de pensamento mágico e práticas tribais (rituais). Maffesoli designou tal episteme como o estar-junto antropológico (tribalismo): “Pode ser a massa, a comunidade, a tribo ou o clã, pouco importa o termo empregado, pois a realidade designada é intangível; trata-se de um estar-junto grupal que privilegia o todo em relação aos seus diversos componentes”. A episteme tribal significa uma presença da episteme política na sociedade selvagem e na história mundial. A episteme política é o significante universal que encerra a longa polêmica do relativismo cultural que teve um momento sublime com os bombardeios da antropologia à Freud (a psicanálise trabalha com universais) na primeira metade do século XX. O fim do relativismo cultural significa que está em curso (ainda em um estágio molecular) a produção do contemporâneo na cultura intelectual com seus efeitos na cultura em si e na cultura política. A produção do contemporâneo pode ser concebida na medida em que o interprete (assim como o tradutor) tem que captar o sentido de um material em e mediante a articulação do mesmo em um marco simbólico de referência distinta daquele em que o texto se constituiu originalmente como significativo. Gadamer diz que “Cada época terá que entender a tradição escrita a seu modo... Basta dizer que se entender sempre de um modo distinto se é que se entende”. Não sei o que está acontecendo nos USA e Europa, mas no Brasil, a física da história é o começo molecular na história intelectual mundial que descortina a produção do contemporâneo!   

A EPISTEME POLÍTICA EM SI/ECOLOGIA
Para não perder o último fio de coerência, isto é, a lógico do sentido = (verdade) de um modo absoluto e irreversível, a comunidade jurídica “ocidental” bebe na mesma fonte do liberalismo político dos antigos da era moderna: o contratualismo. O contrato social acabou sendo apropriado pela historiografia como um artefato sociológico. Mas ele também pode ser visto como o artefato simbólico que articula episteme política em si e cultura política em muitas épocas e civilizações da história mundial. Disso deriva um conceito de poder político (autoridade legítima) como algo articulando a relação governante-governado: o detentor da autoridade e os que estão sujeitos a ela. Pelo contrato, ambos têm obrigações com a sociedade. O governante tem a obrigação de garantir a segurança material (isso não é igual a prosperidade econômica com acumulação de riqueza dos súditos, ou seja, a versão laica de uma vida sem necessidades do Jardim do Éden bíblico) e a paz no território de tal sociedade. Entretanto, a definição arquetípica do poder político remete para a figura paternal freudiana. O poder deve ser providencial, autoritário e benevolente para com os súditos. Provê segurança, ditar e aplicar a lei e fazer o bem, em geral. E completando, o poder deve ser despótico com o inimigo externo: máquina de guerra freudiana. Este poder é um axioma da episteme política em si desde a história da civilização arcaica. Em algumas épocas ele foi mais simples em outras mais complexo. O súdito deve obediência ao poder político freudiano (portanto, ao contrato social freudiano). Este poder é um significante do inconsciente político, ele não é simplesmente um fenômeno da consciência, ou seja, algo ligado ao desenvolvimento de Bewusstsein na história mundial. Mas quando o poder não provê segurança material ou paz no território o CONTRATO foi rasgado. A quebra do contrato pode agenciar a ira moral associada à lógica do sentido de injustiça como fenômenos da cultura política articulada ao inconsciente político. A ira moral é a articulação do campo dos afetos com o campo da ética na cultura política. A lógica do sentido de injustiça (ser prejudicado de um modo Real, ou seja, como algo que é impossível de ser suportado) é também algo que associa cultura política e inconsciente político.
Nas revoluções, a ira moral e o sentido de injustiça podem estar articulados à Bewusstesein da necessidade de fabricar um novo contrato. Gramsci define o axioma elementar da episteme política em si, assim: “Primeiro elemento é a existência real de governados e governantes, dirigentes e dirigidos. Toda a ciência e arte política baseiam-se neste fato primordial, irreduzível (em certas condições gerais)”. Trata-se de um fato irreversível para a história mundial. Ir além da história mundial significa rasgar a episteme política em si, a política  epistêmica, o contrato social arquetípico. A contraepisteme significa a constituição do mundo por um axioma: não há necessidade de representantes e representados. Tal concepção anarquista troca o poder social (todo poder político é um poder social) pelo poder comunal. Troca a sociedade pela comuna.  O contrapoder comunal estabelece uma relação com o cérebro humano que tende para um funcionamento anarquista. A física trabalha com uma concepção de contrasociedade dividida em três dimensões superpostas: a biológica (Deleuze-Freud); a estrutural (Marx); superestrutural ou espiritual (Marx/Hegel). É claro que eles mantem uma autonomia relativa estrutural e de funcionamento na história em si. As ciências da natureza costumam traçar um mapa do fim da história humana (concepção abraçada pelo Papa Francisco) tendo como causa a destruição ambiental do planeta. Trata-se da história da natureza em si e da história da espécie humana em uma identidade absoluta: fim da autonomia relativa desses dois domínios. Nesta visão apocalíptica da versão ambientalista do “Apocalipse Segundo São João”, o determinismo ecológico deve ser transformar na bússola da política mundial. O perigo de tal visão milenarista da política é ela servir como instrumento da cultura política capitalista capaz de bloquear a produção do contemporâneo na direção da substituição da história como luta pela soberania entre epistemes por uma concepção da vida articulada por contraepistemes comunais. Esta parece ser a melhor via para reverter, inclusive, a destruição ecológica do planeta.

BARRINGTON MOORE JR/VIAGEM ATLÂNTICA
A viagem atlântica do velho continente para o novo continente (América) tem que ser uma viagem da poética de Fernando Pessoa: “viajar é preciso, viver não é preciso”. Barrington Moore Jr faz uma história social precisa sobre o significante injustiça partindo de Platão. Injustiça é prejudicar o outro sem possibilidade de ser punido até aportar no continente freudiano. Trata-se da física mooreana. Para este autor, todas as sociedades humanas convivem com um mínimo de injustiça. A sociedade humana é o significante-universal da história deste pensador. Tal sociedade se articula a partir da segurança material para os súditos. O avesso dessa situação é a privação miséria material que significa que o real (a miséria impossível de ser suportada) subsumiu tal sociedade. Do ponto de vista dos governados, a lógica da injustiça é o ser prejudicado como real impossível de ser suportado (física freudo-lacaniano da história). Na injustiça, tem a lógica do Céu (superiores) e a lógica da Terra (inferiores) que é a lógica do desmoronamento da sociedade humana. A corrupção é um significante que é parte da estrutura do mundo como injustiça. Ela em geral é realizada por redes oligárquicas de amigos que fazem parte de um poder político que faz o bem para os amigos e prejudica os inimigos. Barrington diz que a corrupção na China gerava rebeliões seculares. Um outro aspecto da sociedade humana é a paz.
Lei e punição são também significantes da sociedade humana. Mas quando o encarceramento dos indivíduos chega ao campo de concentração a sociedade deixa de ser humana. Isso é um nível de crueldade (magnitude de crueldade) que agencia o sofrimento do prisioneiro antes da morte física, algo muito popular no imaginário popular brasileiro, por exemplo. A morte no campo de concentração é a morte simbólica máxima (a destruição completa da subjetividade humana) em um contraponto com a morte simbólica mínima. Esta é a morte simbólica do sujeito após a morte física dele através do esquecimento. Fazer esquecer é um recurso (técnica) da cultura política (assim como a técnica de fazer lembrar) que se estrutura como a ideologia dominante de Marx. A classe dirigente tem o monopólio da ideologia - produção e seleção das ideias que circulam na cultura política. As ideias e interpretações da cultura política são aquelas da classe dirigente. A prisão brasileira (e a prisão no Texas) não é a continuação do campo de concentração por outros meios? E não há uma técnica na cultura política brasileira de fazer esquecer tal fato.
A sociedade humana se define também pela existência da indignação moral e pela lógica do sentido de injustiça. Há um limite para tratar como aquele que é definido como inferior e como inimigo. A ideia de igualdade moderna (sociedade sem inferiores ou onde não há superiores acima da lei) é um axioma simbólico adorado pela sociedade ariana americana. Nela, o negro (já que todo mestiço que tem uma gota de sangue negro é negro) é inferior e O INIMIGO INTERNO. Uma cultura política que reparte o mundo entre amigos/inimigo tende a se transformar em uma cultura política totalitária. A sociedade americana definida a partir do negro é a “sociedade” articulada por uma cultura política totalitária como expressão do inconsciente político ariano.       
Barrington Moore Jr. acredita que uma sociedade que não garante segurança material e paz - e é corrupta em um grau insuportável - é uma sociedade que estrutura seu mundo pelo funcionamento de uma cultura política que tem como significante-motor a injustiça. Trata-se de uma sociedade que é, inevitavelmente, hipercruel (a crueldade mais cruel que apropria crueldade), uma sociedade que já não é uma sociedade humana e/ou para humanos. A injustiça social tem como ponto de partida a concepção do que é um ser humano. O leitor brasileiro pode estranhar tais ideias, mas elas orientam o pensamento e o agir da comunidade jurídica brasileira! Moore Jr. pesca inúmera rebeliões e revoluções geradas pela crueldade (a soma de todas as injustiças supracitadas) dos senhores (poder político, autoridade) e carimba tais fenômenos como aquilo que restaura a sociedade em desmoronamento como sociedade humana. A cultura política totalitária não é um artefato (expressão) da sociedade humana. Na física de Barrington Moore Jr, a história mundial seria um confronto pela soberania entre a sociedade humana e a cultura política totalitária. O que ele ignora é que a história mundial tem como dominus a máquina de guerra freudiana (tipos e espécies ainda por serem investigados) e outras formas de máquinas de guerra. A história não é feita por homens, mulheres e crianças; ela é feita por máquinas de guerra e é a história de tais máquinas em lutas (batalhas) para ser o dominus dos homens, das mulheres e as crianças. A cultura política totalitária articula as máquinas e é articulada por tais máquinas. A sociedade das máquinas de guerra não se inscreve no conceito sociológico de sociedade? Pode existir uma sociologia histórica das máquinas de guerra?   
CRISE BRASILEIRA/FINAL DE JUNHO,2015   
A crise brasileira não pode ser reduzida à uma simples crise política. Tal redução significa uma privatização da história. A crise brasileira é a crise de um processo histórico em uma determinada conjuntura. Esta é a síntese de múltiplas determinações políticas, econômicas, culturais e do direito. O direito não é apenas uma forma de consciência (forma ideológica, forma do Imaginário). Ele existe como contrasignificante (junção de estrutura e prática) e pode se constituir na força (motor) com potência para ditar o rumo do acontecimento político. A ciência política universitária é uma operação privatista da política em si. Ela é parte da cultura oligárquica-burguesa que transforma a política em uma categoria mercantil, categoria capturada pela lógica da mercadoria, isto é, a política como factum reificado. Assim, a política é isolada da totalidade social e do processo histórico. No Brasil, a ciência política é a ciência política articulada pela episteme capitalista do Engenho de cana-de-açúcar; ela é expressão da razão burguesa do engenho. Ao querer pensar fora dessa razão, os cientistas políticos se transformam em artífices do medo rezando uma reza do fim dos tempos, do fim da política como recurso para solucionar a crise brasileira. Tais cientistas veiculam o temor de que o fantasma do fim da política não pode ser atravessado. Ernst Bloch escreveu: pensar é atravessar (o fantasma do futuro). Para os cientistas políticos desarmados para pensar o futuro, a lógica do fantasma aponta para o fim da utopia do país: o Brasil fazendo parte das nações desenvolvidas. A quem interessa este discurso derrotista?
Em um contraponto a tal forma de “pensamento”, a dialética materialista se apresenta (se isso for permitido) como um artefato da sociedade brasileira permitindo mediatizar este processo histórico, se as forças da revolução política venham a ter acesso ao Novum mediatizado e dominado pela possibilidade quebrar a Ordem política definida pelo quadro global das forças da episteme do capitalismo de engenho. A força dirigente da conjuntura de junho de 2015 está definida por uma articulação que tem o Juiz Sérgio Moro como agente determinante da ação que cercou, encurralou o governo Dilma Rousseff através da operação Lava Jato pela captura dos agentes privados e estatais da corrupção da Petrobrás.  Juiz federal do Paraná (Curitiba), Sérgio Moro está entre os três indicados pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) para concorrer ao cargo de ministro no Supremo Tribunal Federal (STF). A vaga é decorrente da saída de Joaquim Barbosa, que anunciou aposentadoria em maio. De acordo com a Associação, a lista tríplice definida pelos juízes federais foi encaminhada à Presidência da República. Os nomes indicados pela Ajufe concorrerão com nomes indicados por outras entidades de classes e associações, como a de advogados e a do Ministério Público, por exemplo. Sérgio Moro é juiz titular da vara federal especializada em lavagem de dinheiro e crime organizado de Curitiba.
A lava Jato é uma operação jurídica-policial (e política) envolvendo também um subaparelho da Polícia Federal e um ramo do Ministério Público Federal que ganharam autonomia prática em relação ao governo. A posição do Ministro da Justiça tem se pautado por uma não interferência no confronto entre esta burocracia ilustrada pombalina e o governo Dilma Rousseff. Foi o Marquês de Pombal que inscreveu o liberalismo político na história brasileira. Assim, Curitiba tornou-se a capital política do pais. Pois como centro geopolítico da ação da Lava-Jato (no mundo invisível da política para a sociedade), ela tem um objetivo tático muito claro (ao menos para o físico da política). Ela quer alterara o quadro global das relações de força pondo para o fundo da cena política o nosso Príncipe do sertão: Luís Inácio Lula da Silva.
A ação de Sérgio Moro não é orientada pela episteme do engenho? Ela visa resolver o problema da crise brasileira fazendo uma redução dessa à crise política. Resolver a crise global é resolvê-la extraindo a energia narcísica do PT que é a ligação do partido com as massas. Mesmo com toda a crise do partido, ele continua sendo o de maior preferência do eleitorado (11%, PSDB = 9%). Mas a energia narcísica petista {que liga o partido com às massas sociais quentes da insurreição petista (concreto) e às massas frias do eleitorado (abstrato)} depende de um fato vicário (ersatz) para tomar o poder e mantê-lo: a relação narcísica das massas com o Príncipe do sertão. As forças que querem se livrar do reinado petista não se fiam no Lula volume-morto (abaixo de 10%). Lula tem a magia do Cacique Cobra Coral que é capaz de fazer chover na seca política sertaneja. Lula é ligado à história política mitológica; ele é um mito da nossa política. E a energia narcísica (que faz presidentes petistas) é da ordem do mito desde a sua fundação na história mundial na civilização arcaica.
A ação jurídico-política de Moro é a tentativa de resolver a crise brasileira sem rasgar a Constituição de 1988 a partir de uma alteração molecular na política: a morte simbólica de Luís Inácio da Silva. A melhor solução é Dilma Rousseff conduzir o país (sangrando) até a eleição de 2018. Se o juiz Sérgio Moro quisesse alterar globalmente o quadro das relações de forças, ele levaria a investigação até o envolvimento orgânico de Dilma e do PMDB na Lava-Jato. Ele daria um cheque mate na dupla Dilma/Temer não deixando outro caminho para eles senão a renúncia coletiva. A convocação de eleição para presidente da república poderia fazer pendant com a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Mas isso já é a revolução política. Pela lógica do futuro de Sérgio Moro, o PSDB e o PMDB serão os protagonistas da eleição presidencial de 2018, com Lula desossado politicamente. Esse futuro é o futuro da continuação do capitalismo do engenho e um futuro sem futuro para a sociedade brasileira. Isso é a lógica do futuro como lógica da mercadoria. Um futuro isolado da possibilidade de uma solução pela dialética materialista da história. Nesse caminho, a crise brasileira tem que se tornar uma crise pública, isto é, a lógica publica subsumindo a lógica privatista da crise. Oliveira Vianna gostava de dizer: “não existe espírito público entre nós”
A indústria cultural (eletrônica e de papel) tem sua lógica ditada pela episteme do engenho que a transforma em um aparelho ideológica da razão burguesa do engenho. Isso é o que a faz funcionar como Corporação de Ofício industrial-cultural do engenho contra a vontade de uma parcela minúscula dos intelectuais que nela trabalham. No entanto, como centro estratégico da cultura política brasileira, ela poderia vir a funcionar como Bewusstsein.Trata-se de consciência usada lato sensu abrangendo autoconsciência e razão. Como Bewusstsein, ela seria um agir hegemônico (articulando política e cultura) capaz de alterar o objetivo tático de Sérgio Moro. É improvável que ela siga por este caminho que já tragou um Príncipe econômico do engenho urbano (Marcelo Odebrecht) dono de uma das maiores empreiteiras do Brasil. A lógica da mercadoria que faz funcionar a Corporação de Ofício da cultura política eletrônica põe e repõe limites claros para uma ação hegemônica determinada pela lógica dialética materialistas. Isso explica porque a indústria de comunicação (e o jornalismo impresso) faz de conta que não conhece os textos do PCPT e da Comunidade da Física Freudiana. É improvável que os jornalistas da Globo News desconheçam o nosso material sobre a crise brasileira. O fim do Brasil tal como o conhecemos é irreversível, mas isso não significa o fim da história do Brasil. Isso é reversível! É possível retomar a nossa história em um outro patamar, uma história que não terá como dominus as máquinas de guerras partidária, cultural, econômica e do direito brasileiro. Esse futuro está inscrito na lógica do fantasma do futuro que precisa ser atravessado. O futuro pode ser o que se teme ou o que se espera; no plano da intenção humana que recusa o fracasso, l’avenir é aquilo que é esperado. A função e o conteúdo da ESPERANÇA são constantemente experimentados e, no século XXI, ils ont été mis en oeuvre et développés. As multidões quentes da Espanha (15-M/Indignados) e do Brasil (2013/2015) são aprova disso! Que forças podem fazer isso no Brasil? As forças da própria sociedade em um processo histórico dominado por uma revolução política. A esperança é a travessia do fantasma dos derrotados (derrotistas) , dos que já ensarilharam as armas da ciência da política.
Só quero saber o que pode dar certo
Não tenho tempo a perder                                         
                                                                                        
         
REALIDADE FASCISTA/USA
Há uma distância estrutural entre sociedades cujo funcionamento está articulado às estruturas de pensamentos e aquelas que funcionam pela lógica fáctica. Não se trata da diferença entre sociedade complexas e sociedade simples, mas da diferença entre sociedade desenvolvida e sociedade perto do grau zero do desenvolvimento cultural. A sociedade desenvolvida é aquela na qual estruturas de pensamento articulam cultura política complexas como a cultura política do dinheiro, a cultura do liberalismo político, a cultura política burocrática, a cultura política populista e a cultura política fascista. Essas são as culturas políticas identificadas como fenômenos, na literatura, que articulam cultura, política e economia. Por exemplo, Marx fez o retrato literário-econômico da cultura política do dinheiro. Max Weber concebeu o conceito sociológico de cultura burocrática. Encontra-se em Karl Schmitt um esboço, literário-político, da cultura política fascista? Não seria também produtivo buscar tal cultura na ontologia histórica de Heidegger? Um outro caminho para essa busca vai do “Diário de um Sedutor” ao livro “Da Sedução” de Baudrillard. O pós-modernismo não produziu apenas lixo literário!
Há uma articulação entre fascismo e sedução (a forma acabada encontra-se no totalitarismo alemão) que implode a estrutura de interpretação ideológica. Adorno e Horkheimer mostraram que o nazismo é uma estrutura de pensamento oca de sentido ideológico. Trata-se de uma estrutura de pensamento que faz da sedução um ersatz da razão ideológica. Como uma estrutura de pensamento pode articular a política como ausência de sentido ideológico no século XX? A ideologia é um artefato da estrutura de pensamento moderna. Ela é um conceito elaborado no livro “A Ideologia Alemã”, de Marx. O fascismo ultrapassa tal estrutura de pensamento moderna e, vicariamente, a substitui pela cultura política da sedução. Os estudos sobre a cultura política fascista podem iluminar a história mundial (universal)? A cultura da sedução não tomou a forma mais desenvolvida (acabada) - na política em si - no fascismo alemão? Um truísmo do vídeo cultura americana é o seguinte. Um personagem diz para o outro amigavelmente: “pode deixar você não vai virar um nazista”. Esse temor norte-americano pode ser o signo latente da realidade americana? No texto “Diário do Sedutor/Kierkegaard”, tentei mostrar a existência do Príncipe fascista como um lugar estrutural da cultura política do século XXI. Trata-se de uma desterritorialização do fascismo como fenômeno concreto ligado à história europeia do século XX e reterritorialização dele no século XXI.  Para além da leitura de Baudrillard do “Diário de um Sedutor”, a física da história concebeu o contraconceito de fascismo no século XXI. Trata-se do contrasignificante fascismo como estrutura de pensamento que faz a junção da política em si com a cultura política eletrônica como cultura da sedução. Por exemplo, isso marca a diferença capital da cultura eletrônica (como Corporação de Ofício Industrial/cultural) com a cultura-web. Mas tal característica não é irreversível para a cultura eletrônico. Já me referi a isso em outro texto da CFF (Comunidade da Física Freudiana). O problema central da política mundial não é a realidade americana estar se constituindo em uma realidade fascista em si? Ela não é a sociedade onde encontra-se a forma mais desenvolvida da cultura política da sedução no século XXI. Esta não articula o mundo-da-vida a partir do fundamentalismo cristão? O Tea Party é um fenômeno político que faz a junção da política em si com o fundamentalismo cristão. Trata-se da junção da política em si republicana radical com a sedução do fascismo cristão. A física concebeu a estrutura de pensamento que faz a junção do fundamentalismo cristão (no Brasil evangélico) com a política em si como cultura política da sedução.
O “Assim falou Zaratustra” não é a bíblia da física nietzschiana (ersatz da Bíblia) que guarda os axiomas da estrutura de pensamento da cultura da sedução? Esta não é articulada pela lógica do sentido ideológico ou pelo nonsense como ausência de sentido ideológico. Ela é articulada pelo sentido rápido, instantâneo, da cultura eletrônica da sedução: subjetividade eletrônica. A cultura-web não está sendo colonizada por esta estrutura de pensamento? A subjetividade eletrônica é o motor de tal colonização! A subjetividade-web encontra-se “em conceituação”, lentamente! A cultura eletrônica da sedução é a cultura do clown (clownina). Nietzsche deixou uma estrutura de pensamento que desvenda tal realidade clowniana:
“Tem espírito, o comediante, mas escassa consciência do espírito. Sempre acredita naquilo com que mais firmemente faz os outros acreditarem – acreditarem nele!
Amanhã, terá uma nova crença e, depois de amanhã, outra, também nova. Possui sentidos rápidos, tal como o povo, e faro caminheiro.
Derrubar – isto, para ele significa: demonstrar. Fazer delirar – isto, para ele, significa persuadir. E sangue é, para ele, o melhor de todas as razões.
A uma verdade que penetre somente em ouvidos finos chama mentira e nada. Na realidade, ele só acredita nos deuses que fazem grande estardalhaço no mundo”
O Tea Party (e os fundamentalistas evangélicos brasileiros) não é um clown político cuja possibilidade de existência e funcionamento tem uma  dependência  orgânica da cultura política eletrônica da sedução?
EDITORIAL DO PCPT
GLOBO NEWS PAINEL (28/06/2015)
W. W. coordenou um programa com o meu professor da PUC/SP Bolívar Lamounier, José Álvaro Moisés e Murilo de Aragão. Eles transformaram tal programa em um platô deleuziano capaz de ter vozes que falem da crise brasileira na linha que o PCPT vem fazendo. Bolívar usou inclusive o contraconceito de buraco negro epistêmico aplicando-o como muita imaginação à política brasileira. No entanto, eles consideram que os agentes políticos parecem baratas tontas frente à crise brasileira e isso faz com que não haja solução para ela vindo da política atual. Bolívar fala que os políticos se tornaram prosaicos, vulgares, medíocres. Eles fizeram da política brasileira um valhacouto que leva a população (principalmente os jovens) a se perder em um labirinto niilista em relação ao sistema político. O PCPT vem dizendo que a política brasileira da República da Constituição de 1988 encontra-se em um lugar histórico homólogo à República Velha. A solução para tal crise histórica virar de qualquer modo! O populismo totalitário não pode seduzir a elite mais uma vez? Bolívar não acredita nisso, pois ele só acredita na Lógica Fáctica (encadeamento factual da política). Isso é um mito da sociologia política. A política não é fáctica, é artefáctica! Por isso tais participantes do Painel não assimilaram a revolução política dentro da ordem capitalista mundial do mestre da sociologia paulista Florestan Fernandes? Eles só entendem a revolução como o encadeamento de fatos impossíveis na atual conjuntura. Eles não conseguem entender que ela é um encadeamento artefáctico (contrasignificante), isto é, como praxis histórica que é a unidade entre significante e prática? Ou é simplesmente por que o pensamento de F. F. está em anátema por ser marxista? A revolução política é o único caminho para a redenção verdadeira da política brasileira. Bolívar chamou tal solução de cerebrina, pois não existem –segundo ele – sujeitos políticos (atores, agentes) capazes de começar a revolução política liberal de esquerda dentro da ordem.
O PCPT tem mostrado que estes sujeitos existem. Só é preciso que a estrutura da dominação política atual (a realidade política realmente existente) se dissolva na subjetividade deles segundo a lógica “tudo que é sólido se desmancha no ar” condensada em uma frente liberal política de esquerda.  Lula, Fernando Henrique Cardoso e Dilma Rousseff podem articular o SUJEITO POLÍTICO como motor da fundação da Primeira República Liberal. As outras foram simulacros de simulação de República Liberal. As outras eram Repúblicas Pombalinas, pois o Marquês introduziu o liberalismo político entre nós como simulacro de simulação no século XVIII. A própria República da Constituição de 1988 acabou se transformando na prática de seu funcionamento em República Ilustrada Pombalina. O caminho para a redenção da crise brasileira é o buraco negro epistêmico (do discurso do físico) se tornar Bewusstein realmente existente da nação e liberar energia (matéria) que dissolva todos os partidos, que leve à renúncia coletiva do governo e dos chefes do congresso na transição (convocação de uma Assembleia nacional Constituinte sem partidos) para a verdadeira República Liberal Brasileira. Retórica ou física da história, eis os dois caminhos do liberalismo de esquerda entre nós! 

DEMOCRACIA POMBALINA/BRAZIL
No século XVIII, o Marquês de Pombal (unidade do significante com o sujeito que constitui a realidade política pombalina) inscreveu no Brasil (a partir da história portuguesa) o liberalismo político como simulacro de simulação. Não podemos mais ignorar a história política de nosso país como realidade pombalina. Qual a distinção entre a ditadura militar e a atual democracia pombalina que é uma forma de democracia despótica (Aristóteles) em sistemas representativos. A ditadura militar funcionava também associada ao sistema representativo partidário como simulacro de simulação. Contudo, o MDB criado como um simulacro de partido político se transformou em um partido político (verdadeiro) realmente existente como força dirigente da sociedade que abalou os alicerces da ditadura militar. A ditadura não aboliu os direitos trabalhistas, mas inibiu até o nojo o direito natural à luta sindical. Se não aboliu completamente os direitos civis, transformou estes direitos em simulacro de simulação de esfera de direito. A ditadura pode ser concebida como uma tirania moderna (a modernidade brasileira é também abjeta), pois o poder governamental era ilegítimo e funcionava como um poder ilegítimo, poder fáctico: Urstaat militar.
A democracia pombalina atual (forma concreta política da constituição de 1988) funciona baseada em um sistema de representação política que retira sua legitimidade das eleições gerais. Mas o voto é obrigatório quebrando um princípio elementar (do liberalismo político clássico) do cidadão quanto a escolha de participar ou não da política: lógica da liberdade política desde a polis antiga grega. Uma certa ciência política ortodoxa (totalitária) defende a obrigação do voto sem saber que sabe que este é um axioma da democracia pombalina brasileira que foi criado pelo populismo totalitário na década de 1930. Uma boa parte do Congresso atual defende tal mecanismo pombalista não por convicção na ideologia pombalina, mas por puro interesse eleitoral: canalhice, oportunismo, modo de manietar/manipular o povo mais miserável materialmente e espiritualmente em termos de cultura política.
O poder da democracia pombalina é um poder legítimo? Tal poder é conquistado em um espaço político sob o julgo da lógica do simulacro tendo como mediação o poder simbólico da cultura política eletrônica. Esta é estratégica para a manutenção da realidade política como realidade pombalina, isto e, para reproduzir a política como simulacro e simulação contra a vontade de um punhado de jornalista ilustrados! Tal poder pombalino/simbólico não é o poder tradicional-moderno. Ele é um hiperpoder realmente existente através da cultura política do simulacro. Trata-se de um poder que é mais poderoso que o próprio poder. Ele é um monopólio das máquinas de guerra partidária, judicial e da cultura industrial eletrônica.
Finalmente, tal hiperpoder é sustentado pelas linguagens privadas (ciência política ortodoxa, jornalismo político privatista etc.) que privatizam a interpretação do mundo (realidade política) em uma competição agônica com as culturas política que funcionam como interpretação da realidade. A realidade pombalina é uma realidade cuja legitimidade depende desse privatismo ideológico do mundo. Tal linguagem privatista do mundo se instala como um ersatz das linguagens comuns da era pré-moderna. Estas linguagens funcionavam como lógica pública do inconsciente político. Este é estruturado como uma linguagem funcionando pela lógica pública e pela lógica privada na história mundial (universal). Na era moderna, a estrutura da linguagem do inconsciente político (nietzschiano) tornou-se a subsunção da linguagem pública à linguagem privada. Entre nós, Oliveira Vianna estudou este fenômeno – na década de 1920- como cultura política.
A física da história é a vontade de saber capaz de restaurar a linguagem política como subsunção da linguagem privatista à linguagem pública abolindo a realidade política articulada pelos sentidos rápidos ou como realidade desprovida de sentido. O Congresso nacional - que é obrigado a articular seu funcionamento prático associada a uma significatividade inquestionável - e a comunidade jurídica (que depende de sentidos estáveis para o direto articular a realidade) funcionam na contramão (minimamente também liberados da lógica do simulacro de simulação) do hiperpoder pombalino. A física da política não fala da realidade política como se remetesse ao vácuo da ausência de referente. Isso é uma crença de sociólogos políticos e cientista políticos ligado (capturados) consciente ou inconscientemente pela ORDEM POMBALINA!  
DILMA MÜNCHAUSEN?
O Barão de Münchausen vinha em um coche por uma estrada estreita e encontrou outro coche, “e ambos ficamos impedidos de passar dali; eu saltei contudo fora do coche, e tendo alguma força peguei nele, rodas e tudo, pu-lo na cabeça, saltei então por cima do muro, que tinha nove pés de altura (o que considerando o peso do coche achei um pouco difícil) e passando o outro coche que ficava na estrada tornei a saltar; fui então buscar os cavalos e pondo um na cabeça meti o outro debaixo do braço esquerdo, tornei a saltar e levei-os à estrada; continuei então minha jornada para a estalagem onde havia de fazer a muda”. Dilma Rousseff não parece estar possuída pelo “complexo do Barão de Münchausen” lulista? Lula não se livrou do “mensalão” se reelegeu a elegeu? Ela acredita na jornada política mágica da solução da crise brasileira (reduzida a uma crise política) e que vai fazer a muda do cavalo em 2018. Mas para ela outro cavaleiro petista vai continuar sua viagem. Isso é a contribuição de Dilma às aventuras políticas münchausenianas lulistas? Ela crê que a história mitológica é feita por milagres; ela crê em uma identidade absoluta entre mito e milagre; crê na política como uma epopeia narcísica mágica permanente e irreversível!   
Eu posso estar completamente engando. Talvez Dilma Rousseff se veja e se sinta como uma heroína trágica da luta armada (terrorismo urbano) que definiu sua subjetividade até hoje. Ela se vê na linhagem dos trágicos brasileiros? Getúlio fez da tragédia populista (suicídio político em 1954) um modo do populismo entrar para a história mesmo sem sua cabeça original (máster). Tal fato histórico só acabou com o golpe de Estado militar de 1964 quando as cabeças populistas existentes foram decepadas na política, simbólica e presencialmente. Fernando Collor foi o primeiro presidente brasileiro que teve a cabeça decepada por um impeachment em 1992. Isso é o equivalente metafórico da cabeça cortada do último rei que chegou até a Revolução Francesa. Lula driblou a tragédia do mensalão pela sabedoria popular do “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”, samba do paulista-zoólogo Paulo Vanzoline. Hegel escreveu: “O verdadeiro conteúdo da acção trágica e dos fins perseguidos pelos autores destas acções é fornecido pelas forças universais que regem a vontade humana e se justificam por si mesma: (...) o direito natural (...), a autoridade dos reis”, e dos presidentes da República. A autoridade trágica de Rousseff está sendo posta em questão. Ela acredita que se livrou do destino collorido! Talvez ela pense que em último caso possa ser escolhida pelo destino getulista e prolongar o petismo no poder por mais dez anos. Ela pode ir para o sacrifício: Dilma “guerreira”. Ou talvez ela não queira largar o osso com medo do que possa acontecer com ela e os amigos depois que descer do Trono. Possuída pela estética do trágico histórico, a elite esquece o modus operandi tradicional da política brasileira: o pacto oligárquico. Esquece que a ética oligárquica é fazer o bem para os amigos (todos que pertencem à elite) e prejudicar o inimigo: povo. Esses destinos estão contemplados na realidade do encadeamento fatual da realidade brasileira. O “Editorial do PCPT” sinalizou com a saída capaz e evitar o determinismo da realidade trágica brasileira. 
CRISE GREGA/XERXES
Para o meu amigo do PCPT Almir Rogério Pereira
A crise Grega não parece evocar o conceito de imperialismo de Lenin em um sentido trágico da antiguidade? O imperialismo se define pela cadeia política mundial sobredeterminada pelo capitalismo mundial sob a hegemonia do capital financeiro mundial, capital fictício, ou melhor, oligarquia financeira mundial. Hoje, a União Europeia Alemã em conceituação não é um ersatz do conceito de imperialismo leninista olhado com o olhar da antiguidade grega? A Grécia é o elo mais fraco dessa cadeia do Império europeu persa pós-moderno? A pergunta que está sendo feita pela classe dirigente capitalista mundial ao Oráculo de Delfos é a seguinte: o que vai acontecer com a União Europeia com a quebra da cadeia no elo mais fraco? Eles não consultam o Oráculo para saber o que vai acontecer com a Grécia. Na cultura capitalista totalitária (Marcuse concebeu este conceito na década de 1960) não há lugar para a compaixão e para um agir que afrouxe a natureza calculista que é própria da forma-capital. O capital é uma máquina de guerra econômica e o cálculo consiste em fazer a máquina calcular: determinar um valor por meio de operações matemáticas; abstração das relações sociais concretas.  A classe dirigente europeia que personifica o capital é um cálculo da lógica de reprodução ampliada do capital que esta subsumida na conjuntura atual ao funcionamento do capital fictício como abstração da lógica concreta da reprodução ampliada. O capital fictício e sua classe dirigente não são Xerxes comandando o exército Persa de cinco milhões de soldados, segundo Heródoto? Um exército imperial mitológico bárbaro comandado por um deus (Xerxes) enfrenta em um lugar chamado Termópilas, pela maioria dos helenos, o exército grego (civilização) comandado por Leônidas e seus trezentos de Esparta. Por que será que a cultura política eletrônica (cinema) considera a batalha das termópilas um significante universal trágico? Não será porque ela entende que a história mundial é também uma história mitológica (a partir do mundo greco/romano antigo) entre civilização e barbárie? O capital é a máquina de guerra que usou o conceito de civilização como ideologia para esconder sua lógica bárbara, enganando o próprio Marx. Marx não se deixou seduzir por essa máquina de guerra moderna que parece ter saído das páginas do Apocalipse Segundo São João? A União Europeia é o Império Persa comandada por um deus abstrato: a forma capital fictício. O capital é o mais brilhante mito moderno. Os gregos do século XXI não são os portugueses e espanhóis que esqueceram a sua história no início da era moderna. Eles ergueram impérios marinhos (WilliamTurner é, com efeito, o seu pintor com a pintura marinha romântica que desmaterializa a lógica da pintura figurativa como um mito que funda esteticamente a era moderna) que estão na origem da modernidade (Marx). Os gregos não esqueceram a sua infância que é a infância da história mitológica de fundação do Ocidente como civilização, e eles ouvem Heródoto dizendo: “pois a Hélade não estava sendo atacada por um deus, e sim por um homem; nunca houve e jamais haverá um mortal a quem desde a hora de seu nascimento não acontecessem desventuras, e quanto maiores os homens, maiores as desventuras” (cap. 7, 203). A física da história de Platão concebeu o tirano como “o lobo com face humana”. Esse lobo é o animal despótico freudiano, a máquina de guerra arquetípica da história da espécie humana na horda primitiva: um mito antropológico freudiano. Xerxes era o lobo com face humana assim como a personificação da forma capital fictício: a União Europeia. Mas os gregos querem (orientados pela historiografia de Heródoto) fazer a passagem da história mitológica para a história em si, a história que se define pela dialética materialista das batalhas dos homens, mulheres e crianças contra as máquinas de guerra. No entanto, a cultura intelectual do capital fictício recorre ao argumentum ad nauseam - na cultura política eletrônica mundial - para embriagar todos com a ideia de que a crise grega é apenas uma crise econômica. Trata-se da redução economicista da história, ou melhor, da interpretação totalitária intelectual da história do século XXI. Os gregos resolveram ir para o sacrifício para pôr em questão esse totalitarismo intelectual?    
FÍSICA DE HANNAH ARENDT/BURACO NEGRO POLÍTICO
No livro “Entre o passado e futuro” (Editora Perspectiva), Hannah Arendt põe em conceituação o buraco negro epistêmico como um fenômeno da existência e funcionamento das culturas políticas realmente existentes. Vejamos um exemplo. Quando uma cultura política se torna uma vontade de saber/poder de transformar seu significante-mestre no significante universal da história mundial, ela vira um estado permanente de dissolução dos significantes das outras culturas. Isso aconteceu com a relação complexa entre o significante autoritarismo (da cultura conservadora moderna) e outros significantes: tirania, despotismo, totalitarismo, ditadura. Tudo virou sinônimo de autoritarismo (pg181) no dicionário político da ciência política ortodoxa, da sociologia disciplinar e da historiografia, em geral. Isso é o buraco negro político. Uma outra operação técnica do buraco negro é a função do ersatz. Se um significante é similar a um outro significante ocorre na teoria e na ideologia a eliminação da distinção das culturas políticas distintas (as quais pertences esses significantes) e da destruição dos significados políticos de ambos os significantes. Por exemplo, quando no século XX, fala-se que o comunismo é uma religião, deixa-se de distinguir o comunismo da cultura política cristã.  Isso é diferente quando se diz que o capital ocupa o lugar de Deus, se este é tomado como lugar do Grande Outro, do campo simbólico. Interessante que essa lógica do buraco negro é a dissolução dos significados políticos como significados públicos. Trata-se da desintegração da política como objeto-público (pg. 139). Tal trabalho do inconsciente político (impossível pensar a cultura política dissociada do inconsciente político) pode ser uma operação também da cultura intelectual: “A segunda e mais recente teoria que implicitamente contesta a importância de fazer distinções é, especialmente nas Ciências Sociais, a quase universal funcionalização de todos os conceitos e ideais”. Esse funcionalismo epistêmico opera pela destruição do espaço político/público e a privatização dos significados políticos nas disciplinas universitárias: privatismo oligárquico científico.

A física da história é o avesso das Ciências Sociais. Ela é um trabalho de reconstrução (produção de contrasignificantes) dos significados públicos dos significantes sempre realmente existentes em alguma cultura política. Um exemplo. A reconstrução do conceito de golpe de Estado dos historiadores brasileiros. Na física da história, tal conceito historiográfico tradicional está em contraconceituação como golpe de Estado pombalino. Não foi o Marquês de Pombal que gerou o golpe pombalino, mas ele articulou a lógica na cultura política pombalina que é um amalgama de cultura política liberal e cultura conservadora absolutista. A lógica consiste em trabalhar como uma ideia de autoridade substantiva e com a ideia de liberdade como simulacro de simulação. Pedro I desfechou o primeiro um golpe de Estado do Brasil independente (na Assembleia constituinte de 1823) e estabeleceu a primeira Constituição brasileira absolutista como simulacro de simulação liberal, em 1824. Ele produziu um choque traumático na história da cultura política brasileira com este golpe de Estado pombalino que estabelece a lógica do simulacro de simulação para os golpes quentes e frios. Tal golpe de Estado pombalino (pelo choque político traumático) ex-iste como uma compulsão (eterno retorno do mesmo reeditado) de repetição do inconsciente político brasileiro. Há um mais-gozar de toda a nação com a repetição compulsiva do golpe de Estado, cotidianamente, na cultura política eletrônica, quando o jornalismo da Globo News tentar derrubar o prefeito de Brumadinho de Minas Gerais: lógica do golpe de Estado como insignificante (Hegel). Hannah Arendt escreve: “Além disso, resultada natureza da própria imagem em que a história é usualmente concebida – como processo, fluxo ou desenvolvimento – que todas as coisas por ela compreendidas podem se transformar em quaisquer outras, que as distinções se tornam sem sentido por ficarem obsoletas e, como que submersas no fluxo histórico no momento de sua aparição” (pg 139). Afinal, ela estava se referindo concretamente a tal concepção da história marxo/hegeliana ou a concepção da história da cultura política eletrônica?                                                                                                                                

sábado, 18 de julho de 2015

PABLO ESCOBAR/CIÊNCIA POLÍTICA HETERODOXA/HIPERMARXISMO

JOSÉ PAULO BANDEIRA DA SILVEIRA 
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Comunidade da física freudiana significa um campo de pensamento pacífico para o funcionamento do discurso do físico. O campo freudiano foi o ponto de partida para a fabricação da física freudiana da história. Esta é um contracampo de pensamento na linha de força do pensamento eclético de Cícero, ST* Agostinho, Marx, Weber Freud e Habermas. Trata-se de um contracampo científico transdisciplinar. O discurso do físico trabalha com o contraconceito de episteme política e ele se constitui a partir de uma contraepisteme que sustenta o discurso do físico articulado ao inconsciente político mestiço. A física é um artefato contratotalitário.

HISTÓRIA DA MÚSICA/ESTAMENTO MUSICAL
Fazer uma história política da música é pensar a cultura musical articulada à política? Músicos se chocaram com a ditadura militar, foram presos, jogados no ostracismo do exílio branco (Caetano Veloso e Gilberto Gil), tiveram suas músicas censuradas e proibidas como Raul Seixas, Paulo Coelho e Chico Buarque. A ditadura militar atribuiu um sentido político à música brasileira. Eis uma contribuição da ditadura para história da música. Ela viu a música como cultura política musical. Depois no movimento das “diretas já”, músicos participaram do movimento das multidões que, no Rio de Janeiro, chegaram a ter um milhão de pessoas. Mas ainda não atingimos o quid do problema histórico. Trata-se da relação entre cultura musical e cultura política eletrônica. Nesta articulação, constituiu-se uma formação intelectual poderosa em termos do quê? Se pensarmos com Gramsci, um músico é um intelectual com função hegemônica na sociedade. Trata-se de uma hegemonia voltado para a persuasão que, no capitalismo, articula-se à lógica da mercadoria da música. Qual persuasão? Esta não é um recurso necessário da cultura política para manter a ordem nacional e mundial? No Brasil e nos USA, formou-se um poderoso estamento musical cuja voz se apresenta como a voz da consciência da nação. No Brasil, este estamento tem uma visão de mundo modelada pela história da luta contra a ditadura militar e pela defesa da democracia, qualquer democracia brasileira. Ligado ao mercado capitalista da música, o estamento musical é uma fortaleza da defesa do capitalismo brasileiro e de graça do capitalismo mundial da oligarquia finaceira. A linguagem abstrata e vaga do jornalismo sobre capitalismo e democracia é muito útil para a existência do estamento musical. A cultura política da música é a cultura política de tal estamento cuja existência está indissoluvelmente associada à defesa da ordem brasileira. O que é esta ordem? Trata-se da ORDEM CAPITALISTA POMBALINA DO ENGENHO. O clown Lobão jamais fez qualquer comentário sobre isso!  Caetano (mais crítico do que Gil) desconhece e faz questão de ignorar que hoje existe um pensamento político formal brasileiro em choque com tal ORDEM. Eles inclusive fazem de conta que não existe o golpe de Estado pombalino que pode destruir Dilma Rousseff. Ou será que eles consideram natural a solução da crise brasileira pelo golpe de Estado pombalino? No momento, o foguete espacial da crise política chegou ao estágio do golpe de Estado pombalino do STE, depois de soltar na estratosfera o estágio Sérgio Moro.  Com a aparência de ser uma decisão técnica, o STE não está embriagado com a decisão política de desfechar um golpe de Estado pombalino frio (simulacro de legalidade técnica, mas, de fato, uma repetição diferente e lúdica do golpe de Estado pombalino que foi criado pelo Imperador Pedro I) em Dilma Rousseff. O PSDB diz que espera que o STE convoque eleição para presidente da República. Isso é uma ação de comunicação estratégica (na qual mentir e simular o contrário do que se quer é o normal) como parte do métier político brasileiro. De qualquer modo, PSDB reconhece claramente que se trata de um golpe de Estado frio. A cultura política musical está subsumida à cultura política eletrônica e o estamento musical é, hoje, a voz desse estado de minoridade (Kant). Compositores, músicos e poetas musicais são como crianças mimadas que brincam, se divertem e divertem os adultos enquanto o país caminha para a queda a um nível mais baixos do seu capitalismo de Engenho. O estamento vive nos paraísos artificiais baudelairianos: “Diz-nos o bom senso que as coisas da terra pouco existência têm, e que a verdadeira realidade está nos sonhos”. O estamento musical combina a vida material realmente burguesa (realidade prosaica) com o sonho: realidade poética. É o melhor dos mundos em um pais que o próprio estamento intelectual econômico diz que o país pode estar à beira do desaparecimento como nação! A cultura política estamental (dos músicos) interpreta que ele não tem nada a ver com a política; é melhor ele usufruir com vontade, sofreguidão e enlevo os paraísos artificias brasileiros!  Que ele apenas proporciona alegria e entretenimento às massas. Tal estamento parece não perceber que ele é uma defesa poderosa da Ordem do capitalismo do Engenho e da democracia pombalina (democracia despótica). A cultura política desse estamento não tem espírito público. Ela é uma cultura privada do Engenho. Portanto, o estamento musical é parte substantiva da privatização do mundo-da-vida em prol da Ordem pombalina do capitalismo do Engenho.      

    CIÊNCIA POLÍTICA HETERODOXA
JOSÉ PAULO BANDEIRA
Uma diferença elementar entre ciência política e filosofia política consiste  que aquela se desenvolve resolvendo problemas práticos (Horkheimer) da política. O Brasil tem uma tradição de ciência política brasileira eclética, transdiciplinar, pois o eclético Oliveira Vianna é o fundador de tal ciência na década de 1920. A ciência política heterodoxa transformou-se  em uma contraciência dialética/materialistas da política, um região da física da história. Trata-se de um campo de pensamento criado no Rio de Janeiro que se relaciona com a cultura brasileira usando a web. Ele sofre um bloqueio persistente e obsceno tanto na universidade como na cultura brasileira de papel e eletrônica.  
O nosso principal problema é a crise brasileira do século XXI. Ela é uma superposição de crises política, econômica, cultural e moral. Há uma sobredeterminação da crise econômica nessa cadeia de significantes , pois a sua não solução significa a deriva do país em direção à desintegração do Brasil-Nação. No entanto, a sobredeterminação não significa um determinismo econômico, pois é possível resolver a crise política já que esta guarda uma autonomia relativa em relação a outra. Assim, uma saída para a elite política é resolver a crise política separadamente da crise econômica. Para isso é preciso defini-la de um modo claro, elegante e simples. Não é necessário recorrer à linguagem adequada pare esta finalidade?
A crise política é a crise do modelo oligarquia política híbrida pombalino criado por Itamar Franco e FHC nos  governos deles da década de 1990. Tal modelo tinha como princípio lógico o rodízio no poder nacional entre a direita (PSDB) e a esquerda (PT). Através de um golpe de Estado pombalino. O PSDB alterou a Constituição introduzindo a reeleição para que FHC tivesse nas mãos por mais quatro anos o poder nacional. Terminado o período FHC, Lula e o PT conquistaram o poder de Estado federal. E sendo mais competentes do que o PSDB, eles criaram um monopólio do poder nacional vencendo eleições e reeleições em 2002, 2006, 2010 e 2014. As últimas duas com Dilma Rousseff; e tem a possibilidade de Lula governar por mais oito anos. Isso é o  motor suficiente da crise política -  o monopólio do poder pelo Lulo-petismo desintegrou o modelo oligárquico híbrido pombalino.
Assim, houve um retorno da política do golpe de Estado pombalino que criou a República pombalina com sua democracia pombalina. Tal golpe foi desfechado por Itamar Franco no presidente  da República  Fernando Collor de Mello então vice-presidente da Republica. Em 2015, a elite política está conspirando para desfechar o golpe pombalino em Rousseff usando o TCU (Tribunal de Contas da União), o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e a operação Lava Jato sobre a corrupção ciclópica da Petrobrás. O PSDB está a frente de um golpe de Estado  que pode resultar no assalto ao poder, se Dilma for destituída pelo TSE. O PMDB planeja um golpe de Estado com a destituição de Dilma pelo impeachment. Neste caso, o vice-presidente da República, do PMDB (Michel Temer), assumiria. É a repetição paródica do golpe de Itamar Franco. Tal partido está formulando a solução para a crise política com a reforma política. Ele controla a Câmara dos deputados e o Senado. Tal reforma acaba com o estatuto da reeleição abrindo a porta para a criação de um novo modelo político pombalino mais competitivo, talvez, uma espécie de poliarquia pombalina. A elite política não é como um escravo da crise política como, pelas Constituições de Santo Inácio de Loyola, um jesuíta devia obedecer a seus superiores. perinde ac cadaver (tal como um cadáver na não solução da crise política). A elite política não é um cadáver com voz. 
A questão cadente é que a solução da crise política não significa solução da crise econômica histórico-estrutural. Ou será melhor dizer orgânica. pois trata-se da crise da episteme do capitalismo de Engenho. A elite política quer governar em um país que repetirá de um modo diferente e lúdico a versão capitalista do Engenho da economia do Brasil colonial. Trata-se de estabelecer um pacto oligárquico na tradição da velha transação política  dos problemas nacionais. A política brasileira independente se define ou pelo golpe de Estado pombalino (criada por Pedro I) ou pela transação do pacto oligárquico.  A formulação da saída para crise tem sustentação na atualização e reedição da cultura oligárquica- totalitária colonial na segunda década do século XXI. O outro recurso disponível para resolver a crise global é a revolução do liberalismo político contrapombalino. Tal recurso  está sendo inibido pelo poder simbólico brasileiro que se constitui na junção da cultura intelectual com a cultura jornalística de papel, eletrônica e da web.       

O CAPITAL/CONTRACONCEITO
“O Capital é o livro que contém o contraconceito de capital na cadeia de contrasignificantes que a física da história está investigando. O livro de Marx faz da Inglaterra o objeto empírico da história do capital moderno. Há coisas empolgantes no conceito de capital de Marx. Por exemplo, a grande indústria surge ex nihilo. Ela não é uma evolução sem corte epistêmico do capitalismo manufatureiro para o capitalismo moderno. Na história do capital inglês, a acumulação ampliada de capital é impensável sem o discurso científico. Lacan esclareceu que o capital é o discurso do mestre moderno (discurso do capitalista) só inteligível pela subsunção real do trabalho ao capital na produção de mais-valia relativa, sob intervenção da ciência moderna. Trata-se de uma relação entre senhor e escravo em uma versão moderna. Leo Strauss é o mais notável estudioso da tirania. Ele diz: “A tirania de hoje, contrariamente à tirania clássica, dispõe da “tecnologia” e da “ideologia”. (O capital tem a necessidade em sua lógica das formas de consciência e da lógica do inconsciente político capitalista). Trata-se de dois conceitos presentes na teoria de Marx sobre o capitalismo. O capital moderno conta com a ideologia capitalista na sua reprodução ampliada ao redor do planeta. O capital como tirania significa máquina de guerra econômica. O tirano é o lobo de face humana (Platão). O capital é o "Lupus est homo homini non homo"(Plauto). Na era moderna, trata-se do homem materializado em fato econômico, em coisa, em máquina de guerra econômica. Em Marx, o capital é a junção do trabalho excedente (mais-valia) e discurso científico (mais-valia relativa). A física do capital o define como uma relação social (Segundo Marx: “o capital não é uma coisa, mas uma relação social entre pessoas efetivada através de coisas”) que consome não apenas a energia do corpo do trabalhador transformada em mais-valia. A energia consumida é um desvio da energia mítica (instinto de morte e narcisismo) do mundo-da-vida  para om processo de produção capitalista de mais-valia. . Portanto, a relação social capitalista moderna é um mito, ela está associada ao mito pelo inconsciente político capitalista. O capital moderno é o mito econômico que na forma do discurso do capitalista articulou a realidade moderna mundialmente: realidade capitalista.
Böhm-Bawerk diiz que o conceito original de capital é ‘um estoque de bens que dão rendimentos”. Mais tarde a definição formal de capital é um “conjunto de ‘meios de produção produzidos’ e similares. Ou seja, originalmente e formalmente, o capital é uma coisa. Böhm-Bawerk definiu o capital assim: “Denominamos em geral capital um conjunto de produtos que servem como meios para a aquisição de bens”. E fazendo uma intervenção ideológica na teoria de Marx, diz que este: “conceitua como capital apenas aqueles meios de produção que nas mãos de capitalistas ‘servem como meio de exploração e domínio do trabalhador”. Isso é o que os alunos estudam nas melhores universidades da Europa e dos USA: o capital é uma coisa. Trata-se exatamente da economia política do capital reduzida - na cultura política capitalista - à uma vulgata universitária, isto é, ideologia científica. A física mostra que o capital é uma relação social entre pessoas que advém como uma coisa: máquina de guerra econômica. Assim como a lógica da mercadoria, a lógica do capital é uma lógica coisificada como lógica fáctica.
O Capital - No século XXI foi o livro mais festejado pelos economistas socialdemocratas americanos na segunda década do século XXI. Eles o consideraram como algo da envergadura e grandiosidade do O Capital de Marx para a cultura mundial. Thomas Piketty trabalha com o conceito de capital como máquinas, recursos naturais, enfim, como matéria (coisa). Ele foraclui da cultura econômica mundial o conceito de capital de Marx: relação social de forças e energias míticas. Ou ele não leu nem o volume I do“O Capital”, ou trata-se de uma estratégia intelectual que esconde sua impotência socialdemocrática/científica para resolver os problemas teóricos/práticos da crise global da acumulação ampliada do capital no século XXI. Para solucionar teoricamente (e historicamente tal crise) precisamos do   Marx do século XXI que estude a história da acumulação do capital nos USA. Este país é um modelo de acumulação ampliada de capital no qual o capital aparece como o grande mito moderno que definiu a história moderna do planeta. Com a desintegração do bloco histórico epistêmico capitalista (um conjunto de epistemes sob a hegemonia da episteme capitalista) estabelece-se a crise do capital moderno e do capitalismo mundial do século XXI sob a dominação do capital fictício: oligarquia financeira mundial. A superestrutura mundial do bloco histórico (com suas ideologias apodrecidas, repugnantes e abjetas) sustenta-se a partir da existência do discurso do capitalista e da cultura política do dinheiro que são parte da estrutura capitalista e do mundo-da-vida da realidade do real capitalista em escala planetária. No entanto com a crise do capitalismo mundial, abre-se uma era de revoluções que não serão socialistas ou comunistas. A classe dirigentes capitalista goza com o fantasma/fantoche do comunismo. Ela sabe que o comunismo hoje é um simulacro oco (não é um simulacro de simulação) daquele fantasma do futuro do “Manifesto do Partido Comunista”: “um espectro ronda a Europa; o espectro do comunismo”!      
N
HEGEMONIA/CULTURA BRASILEIRA
A hegemonia é direção intelectual e moral no sentido Gramsci-hegeliano. Trata-se da junção de cultura intelectual com cultura política, pois a moral é uma dimensão desta e a ética daquela. Ainda não foi feita a história da hegemonia no Brasil. Brevemente digo que, no século XX, um confronto/diálogo (hegemonia) se estabeleceu entre os paulistas modernistas e Oliveira Vianna (Niterói) pelo monopólio da interpretação do Brasil. Vianna levou vantagem, pois criou a ciência política eclética que Gilberto Freyre (Recife) transformaria, bebendo na fonte do pensamento de Euclides da Cunha, na interpretação hegemônica do capitalismo do Engenho. Ele pavimentou a estrada por onde a física da história do Brasil iria dar os seus primeiros passos até chegar ao contraconceito de episteme do Engenho, no século XXI. A USP é o evento da cultura intelectual da década de 1930 que iria deslocar a hegemonia gilbertiana para a cidade de São Paulo através da sociologia marxista de Florestan Fernandes, Octávio Ianni e Fernando Henrique Cardoso, entre as décadas de 1960 e 70. Para isso, tal sociologia se constituiu em uma máquina de guerra de pensamento que teve como tática principal a dissolução da hegemonia gilbertiana sobre a cultura brasileira. Esse é um problema complexo. Na universidade, tal hegemonia foi desintegrada, mas ela continuou a existir, subalternamente, na cultura musical que teve como centro de sua irradiação o Rio de Janeiro. Esta é a lógica do desenvolvimento desigual e combinado da cultura política brasileira.
Quando FHC chegou ao poder nacional na década de 1990, a hegemonia da USP materializou-se na política, mas já em decadência na cultura brasileira. O assalto do Lulo-petismo ao poder nacional transferiu a hegemonia da cidade de São Paulo para o partido, então, se constituindo como uma máquina de guerra política que transformou as universidades federias em parelhos ideológicos do Estado pombalino. Por isso, a UFRJ de Pinguelle Rosa (COPPE) teve uma projeção política na cultura brasileira que não era respaldada por uma projeção intelectual. A COPPE jamais produziu uma interpretação do Brasil digna de ser considerada apesar de ser um importante centro teórico da física brasileira!
O grande evento da cultura brasileira atual é a física da história que tem como voz o PCPT (Psicanálise, Cultura Política, Totalitarismo) e a CFF (Comunidade da Física Freudiana). Trata-se de um acontecimento da alta cultura da web. A física da história ajudou a desintegrar a hegemonia petista a partir de seus estudos concretos sobre a história do partido associado à crise brasileira do século XXI. Não se trata de um surto narcísico meu, a física é uma parte da realidade cultural atual. A conjuntura cultural atual vê um conluio entre a cultura eletrônica do Sistema Globo e a cultura intelectual paulista (USP/Unicamp) para restaurar a visão de mundo pombalina do Engenho que a física fez desmoronar em seus pressupostos lógicos-empíricos. Sobre essa questão ver, por exemplo, o livro “Física da história do Brasil contemporâneo” publicado na Amazon. A física da história existe na UFRJ, mas não foi criada na COPPE ou nas pós-graduações do IFCS. A UFRJ e os físicos da COPPE a ignoram e isso merece uma explicação séria. A história intelectual do Rio de Janeiro pode ser definida como uma história rica se pensada em termos moleculares. No Rio, os movimentos intelectuais moleculares jamais se constituíram em uma vontade cultural de disputar a hegemonia com São Paulo, mesmo considerando o antigo IUPERJ da Universidade Cândido Mendes. O Rio jamais obteve uma posição na cultura política brasileira que o levasse a se tornar a capital do bloco hegemônico epistêmico. Com o IUPERJ, ele poderia, no máximo, metabolizar e aperfeiçoar, na cultura política, a elaboração/simbolização do liberalismo pombalino. Mas a hegemonia totalitária petista acabou com essa possibilidade.
Hoje, PCPT/CFF disputam com a USP+Globo a interpretação do Brasil. USP+GLOBO querem reelaborar a visão de mundo da episteme pombalina do Engenho em pleno processo de falência dela, pois a crise brasileira significa exatamente que tal episteme é a causa que gera a lógica do desmoronamento do Brasil como nação. Ela determina, hoje, a repetição da economia do Engenho (de um modo diferente, lúdico e sedutor) como o único destino do Brasil em uma era de possibilidades de revoluções do liberalismo político na cadeia política mundial que é um ersatz do imperialismo tal como foi definido por Lenin. Na atual conjuntura, o Rio só conquistaria a direção do poder simbólico na cultura intelectual se gerasse um corte contraespitêmico na cultura pombalina do Engenho de cana-de-açúcar. Teria que se chocar com o PMDB (que detém o controle do Estado e da capital) que é uma máquina de guerra política, por excelência, do capitalismo do Engenho. Junto com outras capitais (BELO Horizonte e Porto Alegre), o Rio poderia se tornar o centro da hegemonia na cultura brasileira com a derrocada do PT, impedindo que a hegemonia caísse nas mãos do conluio USP+Globo. Para isso é necessário que se formem redes culturais (intelectuais) efetivas entre Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre, e que os intelectuais dessas cidades se deixam tomar por um processo de simbolização que faça surgir uma consciência histórica da função passiva dessas capitais no bloco histórico hegemônico do Engenho em nova conceituação e pronto para ser abocanhado pela fusão USP+Globo. As três capitais supracitadas só sairiam da posição subalterna na cultura política brasileira se começassem um movimento de articulação de um bloco histórico contraepistêmico de um liberalismo político que desfizesse o poder simbólico do liberalismo pombalino: simulacro de simulação de liberalismo político. A USP/Globo vai dizer que isso é um sonho de uma noite de inverno carioca da web! 
MARXISMO/PABLO ESCOBAR
O marxismo não se desintegrou com o fim do da URSS, do Pacto de Varsóvia e da transição da China para o capitalismo. Há correntes intelectuais, partidos e movimentos marxistas ao redor do mundo. Neste momento, a Grécia está sendo governada por um marxista. Portanto, chegou a hora de fazer uma discussão pública sobre ele para integrá-lo novamente – como um artefato simbólico útil – às tendências intelectuais que disputam a hegemonia na cultura mundial. A desmoralização do marxismo se deve, em grande parte, a sua transformação em uma cultura política totalitária. Stalin é o símbolo de tal cultura. Ele é a máquina de guerra totalitária como junção de cultura intelectual e cultura política russas. Trata-se de uma máquina de guerra de pensamento/partidária. O stalinismo é o modelo de cultura política totalitária marxista que modelou a história do Brasil, ao menos, a partir da década de 1950. Nesta época, o PCB tornou-se um partido stalinista. Com a morte de Stalin em 1953, o stalinismo entrou em uma crise global (crise da cultura política stalinista) que foi a causa da divisão do campo comunista e da dialética das relações internacionais entre a URSS reformista e a China revolucionária de Mao Tse Tung. No Brasil, a crise stalinista gerou a cornucópia que derramou a lógica poética do marxismo maoísta: “que cem flores desabrochem”. Constituída basicamente por jovens da classe média urbana, a esquerda brasileira assumiu a forma de máquinas de guerra marxistas guerrilheiras rural (APML, PCdoB) ou a forma de máquinas de guerra terroristas urbanas que fundou por volta da década de 1980 o Partido dos Trabalhadores. Todos sabem a importância da revolução cubana na luta armada brasileira das décadas de 1960 e 1970. A Cuba de Fidel Castro reinventou a cultura stalinista. Com a autoridade intelectual forjada na luta terrorista do Rio e agora como integrante do estamento intelectual da GLOBO, Fernando Gabeira não acredita que Cuba inventou a cultura stalinista tropicalista. Ele é um personagem cego do “Ensaio sobre a cegueira do romancista português stalinista?
A fundação do PT foi feita pelos sindicalistas paulistas (Lula, Meneguelli etc.), pelas CEBs e pela esquerda marxista terrorista e guerrilheira. Abreviando, quando José Dirceu transformou o PT de seita para Igreja (de um saco de gatos faccioso em um partido), ele o fez a partir da cultura stalinista cubana. Com José Dirceu, o PT virou um artefato simbólico – na política brasileira – da cultura política totalitária. Esta é uma das faces desse partido. Uma outra face é a arquitetura da cultura populista lulista. Trata-se da repetição diferente, lúdica e sedutora do populismo getulista. Já mostrei em um livro e nos ensaios do meu blog que Getúlio foi a máquina de guerra populista que articulou a cultura totalitária republicana do século XX. Quando o PT e Lula se apoderaram do poder nacional, o Brasil sofreu uma inflexão fatal que traçou o rumo da crise brasileira do século XXI. A cultura totalitária lulo/petista inscreveu uma relação perversa (totalitária) na articulação entre o bloco no poder (Poulantzas) e o poder do Estado nacional. Entretanto, ele não se ombreia com o fato político que dominou a vida colombiana da década de 1980. Nessa conjuntura política colombina, Pablo Escobar (e o cartel de Medelin) introduziu uma mudança qualitativa no conceito de bloco no poder. Este é a unidade política das classes e frações dominantes sob a égide hegemônica de uma delas. Mas trata-se, em geral, de uma unidade que tem a marca da legalidade. Com Pablo Escobar, a máfia passou a fazer parte do bloco no poder e assim tal bloco passou a se constituir como unidade legal e ilegal. A máquina de guerra terrorista de Pablo (narcopoder) fez da luta armada um recurso na disputa pelo lugar hegemônico no bloco no poder colombiano, agora bloco-no-poder. Raimundo Padilha resolveu filmar a versão da cultura política da Globo sobre a política de Pablo Escobar. Começou mal, pois esta interpretação já existe na forma de um estudo científico da física da história (veja o link nesse texto). Agente de proa do estamento artístico gllobal, Padilha é apenas mais um ato da luta pela hegemonia na cultura política brasileira entre a alta cultura da web (representada pelo PCPT e a CFF, Comunidade da Física Freudiana) e o estamento artístico articulado pela Globo. Padilha usou a ideia da física da história que consiste na leitura hipermarxista (portanto não-totalitária) que apresenta Pablo Escobar como o contrasignificante/sujeito de uma praxis política? Ainda não sei! Mas em breve saberemos! Vamos aguardar o filme para analisar se ele é um plágio obsceno da física ou se ele construiu uma interpretação original do Pablo Escobar como fenômeno político.                                                                                                                                                                                                                       



terça-feira, 14 de julho de 2015

REVOLUÇÃO E CONTRARREVOLUÇÃO

https://www.facebook.com/groups/1584226025164258/.

Comunidade da Física Freudiana 

JOSÉ PAULO BANDEIRA DA SILVEIRA 
https://www.facebook.com/groups/1584226025164258/
pbandeirasilveira@gmail.com

o texto Revolução e Contrarrevolução sofreu uma intervenção no facebook. Ele foi tornado indisponível em todos os grupos onde foi postado. Além disso ele foi excluído da própria página da CFF (Comunidade da Física Freudiana).  


Comunidade da física freudiana significa um campo de pensamento pacífico para o funcionamento do discurso do físico. O campo freudiano foi o ponto de partida para a fabricação da física freudiana da história. Esta é um contracampo de pensamento na linha de força do pensamento eclético de Cícero, ST* Agostinho, Marx, Weber Freud e Habermas. Trata-se de um contracampo científico transdisciplinar. O discurso do físico trabalha com o contraconceito de episteme política e ele se constitui a partir de uma contraepisteme que sustenta o discurso do físico articulado ao inconsciente político mestiço. A física é um artefato contratotalitário.

HISTÓRIA DA MÚSICA/ESTAMENTO MUSICAL
Fazer uma história política da música é pensar a cultura musical articulada à política? Músicos se chocaram com a ditadura militar, foram presos, jogados no ostracismo do exílio branco (Caetano Veloso e Gilberto Gil), tiveram suas músicas censuradas e proibidas como Raul Seixas, Paulo Coelho e Chico Buarque. A ditadura militar atribuiu um sentido político à música brasileira. Eis uma contribuição da ditadura para história da música. Ela viu a música como cultura política musical. Depois no movimento das “diretas já”, músicos participaram do movimento das multidões que, no Rio de Janeiro, chegaram a ter um milhão de pessoas. Mas ainda não atingimos o quid do problema histórico. Trata-se da relação entre cultura musical e cultura política eletrônica. Nesta articulação, constituiu-se uma formação intelectual poderosa em termos do quê? Se pensarmos com Gramsci, um músico é um intelectual com função hegemônica na sociedade. Trata-se de uma hegemonia voltado para a persuasão que, no capitalismo, articula-se à lógica da mercadoria da música. Qual persuasão? Esta não é um recurso necessário da cultura política para manter a ordem nacional e mundial? No Brasil e nos USA, formou-se um poderoso estamento musical cuja voz se apresenta como a voz da consciência da nação. No Brasil, este estamento tem uma visão de mundo modelada pela história da luta contra a ditadura militar e pela defesa da democracia, qualquer democracia brasileira. Ligado ao mercado capitalista da música, o estamento musical é uma fortaleza da defesa do capitalismo brasileiro e de graça do capitalismo mundial da oligarquia finaceira. A linguagem abstrata e vaga do jornalismo sobre capitalismo e democracia é muito útil para a existência do estamento musical. A cultura política da música é a cultura política de tal estamento cuja existência está indissoluvelmente associada à defesa da ordem brasileira. O que é esta ordem? Trata-se da ORDEM CAPITALISTA POMBALINA DO ENGENHO. O clown Lobão jamais fez qualquer comentário sobre isso!  Caetano (mais crítico do que Gil) desconhece e faz questão de ignorar que hoje existe um pensamento político formal brasileiro em choque com tal ORDEM. Eles inclusive fazem de conta que não existe o golpe de Estado pombalino que pode destruir Dilma Rousseff. Ou será que eles consideram natural a solução da crise brasileira pelo golpe de Estado pombalino? No momento, o foguete espacial da crise política chegou ao estágio do golpe de Estado pombalino do STE, depois de soltar na estratosfera o estágio Sérgio Moro.  Com a aparência de ser uma decisão técnica, o STE não está embriagado com a decisão política de desfechar um golpe de Estado pombalino frio (simulacro de legalidade técnica, mas, de fato, uma repetição diferente e lúdica do golpe de Estado pombalino que foi criado pelo Imperador Pedro I) em Dilma Rousseff. O PSDB diz que espera que o STE convoque eleição para presidente da República. Isso é uma ação de comunicação estratégica (na qual mentir e simular o contrário do que se quer é o normal) como parte do métier político brasileiro. De qualquer modo, PSDB reconhece claramente que se trata de um golpe de Estado frio. A cultura política musical está subsumida à cultura política eletrônica e o estamento musical é, hoje, a voz desse estado de minoridade (Kant). Compositores, músicos e poetas musicais são como crianças mimadas que brincam, se divertem e divertem os adultos enquanto o país caminha para a queda a um nível mais baixos do seu capitalismo de Engenho. O estamento vive nos paraísos artificiais baudelairianos: “Diz-nos o bom senso que as coisas da terra pouco existência têm, e que a verdadeira realidade está nos sonhos”. O estamento musical combina a vida material realmente burguesa (realidade prosaica) com o sonho: realidade poética. É o melhor dos mundos em um pais que o próprio estamento intelectual econômico diz que o país pode estar à beira do desaparecimento como nação! A cultura política estamental (dos músicos) interpreta que ele não tem nada a ver com a política; é melhor ele usufruir com vontade, sofreguidão e enlevo os paraísos artificias brasileiros!  Que ele apenas proporciona alegria e entretenimento às massas. Tal estamento parece não perceber que ele é uma defesa poderosa da Ordem do capitalismo do Engenho e da democracia pombalina (democracia despótica). A cultura política desse estamento não tem espírito público. Ela é uma cultura privada do Engenho. Portanto, o estamento musical é parte substantiva da privatização do mundo-da-vida em prol da Ordem pombalina do capitalismo do Engenho.            
               
                        
           
REVOLUÇÃO E CONTRARREVOLUÇÃO
O axioma (fantasma) de Marx (“a violência é a parteira da história”) para a revolução moderna definiu esta como máquina de guerra política. Um outro pensador escreveu: “não se pode fazer uma mesa sem abater árvores, nem fazer uma omelete sem quebrar ovos; não é possível fazer uma república sem matar gente”. A Revolução Francesa foi uma máquina de guerra política (com ampla participação do povo) burguesa que se degenerou (na guilhotina) em ditadura da salvação pública, em tirania robespierriana, em bonapartismo e finalmente na restauração do Ancien Régime. Tal revolução tornou-se o modelo exemplar das revoluções modernas para a esquerda para quem a lógica política determinante era (é): “a revolução devora seus próprios filhos”. Deste platô não é possível caracterizar a Revolução Americana como simplesmente moderna, ou seja, ela é a exceção que confirma a regra geral. Ela não é foi uma máquina de guerra política, não foi gerada pela lógica marxista da violência revolucionária, ela foi uma revolução não-violenta que restringiu a violência às atividades bélicas regulares. No Brasil, não houve revolução moderna e a república foi instaurada por um golpe pombalino de Estado que inaugurou a República brasileira como um simulacro de simulação (já apresentei a lógica pombalina em outros textos/web do PCPT e da CFF). A revolução pombalina republicana é uma paródia de revolução republicana moderna normal. Trata-se não da comédia histórica (que tem como modelo a cultura grega da antiguidade), mas da paródia  da carnavalização a brasileira da política. O Sambródomo de antropólogo Darcy Ribeiro no Rio é o modelo da política republicana brasileira. A política no Brasil não é um problema para uma antropologia que se aventure a tratá-la pela lógica do da cultura intelectual pós-modernista? A cultura política pombalina (que sustenta a política republicana) pode ser lida através da antropologia brasileira, se esta aceitar o desafio sedutor da realidade pombalina. A realidade pombalina carnavalesca é articulada em uma relação muito complexa do simulacro de inconsciente político mestiço com a cultura política (substantiva) sedutora. Isso explica a função de hegemonia do estamento artístico (principalmente o musical) na ordem pombalista republicana. A história da cultura política musical (e artística) precisa de uma intervenção da antropologia brasileira.
A ordem pombalina republicana do capitalismo do Engenho articulou-se (a parti do golpe pombalino de Estado que Itamar Franco desfechou em Fernando Collor) como democracia pombalina (democracia despótica). Isso é a realidade concreta da política brasileira. Existe algum caminho para sair dessa lógica do sentido de aço (realidade pombalina brasileira) que gera o gozo (mais-gozar) que está nos levando para o fim do Brasil-nação? A repetição do Brasil colonial (diferente, lúdico e sedutor) como destino histórico não é a lógica determinante do fantasma do futuro que se avizinha? Substantivamente, este destino está modulado (modelado) pela ordem pombalina do capitalismo do engenho que é a contrarrevolução permanente, fazendo a leitura do conceito de contrarrevolução de Florestan Fernandes pela física da história. Não existe outro caminho para evitar tal destino, a não ser o da revolução do liberalismo político (que tem uma base nacional dispersa nos aparelhos de Estado, na sociedade civil e no mundo-da-vida comunal). A contrarrevolução é uma praxis (junção de significante e sujeito político em uma prática de repetição) conservadora. Ela é o axioma da episteme pombalina do capitalismo do engenho atualizada por uma substantiva cultura política conservadora invisível a olho nu. Ainda não está claro (não está no horizonte) se a revolução do liberalismo político vai precisar se constituir em uma contramáquina de guerra política que significa fazer um uso de contraviolência (violência legítima baseada no direito natural) para materializar a lógica do tudo o que é sólido (realidade pombalina como lógica do sentido de aço) desintegra-se no ar (Max). A revolução do liberalismo político significa o fim das máquinas de guerra que detém o poder político e o poder simbólico entre nós. Ela tem que ser a fundação de instituições públicas como fato e artefato hegemônico da vida brasileira. O Estado deixará de ser uma parelho e se tornará uma instituição verdadeiramente pública na vida civil e no mundo-da-vida. Assim, a política deixará de ser o carnaval carioca por outros meios, meios políticos pombalinos! A propósito, o Artigo 14, §4°da Constituição de 1988 diz: “É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar”. Isso é a definição do partido político como instituição pública do mundo privado da política. Ou melhor, o partido tem que ser o avesso da máquina de guerra política (paramilitar). Constituintes de 1988 não sabiam que sabiam da diferença entre partido político e partido-máquina de guerra? Isso é o funcionamento do inconsciente político na consciência histórica de uma parcela dos Constituintes!  

AUCTORITAS/PSICOLOGIA DO INDIVÍDUO
A coerção não violenta pode ser a chave para entender a história da espécie humana? Ela tem fundido os grandes cérebros ocidentais quando eles resolvem resolver esse enigma! O conceito de coerção social (Durkheim) é o mito (panaceia) sociológico da cultura universitária que perdurou durante quase um século como solução do emigma.  Auctoritas (coerção não violenta) no espaço da cultura política romana antiga é conceituado como algo além da persuasão (discussão) e da violência. Em Platão é o problema da adequação da episteme metafísica em relação à realidade concreta dos assuntos humanos; coerção metafísica. Trata-se da metafísica como governo coercitivo da ideia do Bem como algo exterior à política e à polis. Em Lenin essa metafísica se transforma na relação entre cultura intelectual e prática política. As ideias da política vêm de fora da política. Claro que isso depende do funcionamento das culturas políticas concretas e das conjunturas definidas pela cultura política dominante de uma época histórica, ou seja, da física da história!  
Platão pensa a autoridade como distinta da persuasão e da violência na cultura política a partir do governo metafísico do rei-filósofo (não tenho como desenvolver esse tema aqui). Tal rei é a condensação da ideia do Bem na política, na polis. Trata-se da coerção da razão, da episteme metafísica sobre a realidade política: governo sobre o homem. A coerção pela razão platônica significa que a consciência deve prevalecer sobre o inconsciente político no governo da polis. Freud pensou a coerção como transferência no discurso do analista na clínica. A coerção pelo amor ao suposto saber do discurso do analista condensado no analista; coerção articulada no inconsciente. Isso remete para a superposição na clínica freudiana do inconsciente freudiano (inconsciente do discurso do analista) como o inconsciente político (inconsciente do discurso do mestre). Assim, o analista acaba ocupando o lugar do mestre. Trata-se de um lugar tirânico pelo uso da violência simbólica sem limite. Freud se preocupou em estabelecer os limites éticos do uso da violência simbólica sobre o paciente. Não passou pela cabeça dele que bastava transformar a posição do paciente em cliente romano (tema para outro texto). A coerção freudiana (transferência) só existe no discurso do analista? Lacan pensou que ela poderia se transformar em um significante universal (transcendental) que explicasse a história da cultura política mundial. Hoje, percebemos que isso era apenas uma autoilusão lacaniana. A propósito, o amor como coerção advém, de fato, do funcionamento do discurso do mestre em distintas culturas políticas.
No essencial, o discurso do analista (que precisa ser definido como auctoritas não-violenta) define quem é louco (doente) e quem não o é. O sujeito submetido a tal discurso está louco por estar submetido à auctoritas do analista/mestre. O neurótico deixa de ser louco ao ser liberado do dispositivo de saber/poder pelo analista. O psicótico se define como um seer que não pode ser liberado do discurso do analista. A dominação do discurso do analista sobre ele o define como louco para sempre. Trata-se do determinismo da estrutura sobre o ser no ente; estruturalismo lacaniano. Esse conceito de loucura é antagônico ao conceito de loucura de Erasmo que é pensado como um significante da cultura política. Nessa, o psicótico não é sinônimo de loucura. Essa identidade absoluta entre psicose e loucura é um axioma (fantasma) da cultura política moderna consolidado cientificamente na episteme da psicologia do indivíduo (homo clausus) freudiana!   

A NOVA TOPOGRAFIA DA  POLÍTICA MUNDIAL
O modelo esquerda versus direita (oligarquia política híbrida) definiu uma conjuntura histórica da política mundial no pós-Segunda Guerra Mundial. Nos países centrais do capitalismo, a esquerda socialdemocrata e um amplo espectro de direita liberal (que se tornaria a direita neoliberal a partir da década de 1970) dominaram a política na Europa. Nos USA, democratas e republicanos redefiniram a tradicional topografia da política americana a partir do novo modelo oligarquia política híbrida. O 11 de setembro de 2001 (intervenção na política americana do terrorismo islâmico) redefiniu, com um banho de sangue de inocentes, novamente a topografia do modelo esquerda versus direita dos centros da política mundial. O islão político (religião islâmica totalitária) estabeleceu o estado de guerra freudiano permanente como uma frente da contrarrevolução mundial. Esta frente tem como motor no Ocidente a cultura política evangélica fundamentalista e agora um fascismo cristão que viceja na Igreja católica brasileira. Isso se constitui como um fenômeno reativo ao multiculturalismo da esquerda ocidental (principalmente dos USA) que desaguou, finalmente, no Tea Party. Este é um fenômeno totalitário como junção do republicanismo político fundamentalista com o fascismo cristão. Tais fenômenos supracitados abriram clareiras na topografia esquerda versus direita que ainda não estão visíveis a olho nu, se olhadas do céu (avião) do discurso da universidade.
Na América Latina, a direita sempre não assumiu sua identidade de direita. Já a esquerda - depois que o PT assumiu o poder e Hugo Chaves reinou na Venezuela - transformou-se em uma esquerda totalitária (o bolivarianismo chavista sendo a forma mais extrema) que eclipsou a esquerda liberal que tinha como principal líder FHC. A crise do bolivarianismo petista e chavista está sepultando a esquerda totalitária. O processo é lento e cheio de idas e vindas, um passo à frente dois atrás, e ele se revela como a síndrome de Nabucodonosor. Este acabou por se transformar em lobo que passou a morar nos jardins do palácio da Babilônia. No seu final, a esquerda totalitária aparece como o lobo Nabucodonosor. Platão deixou o axioma milenar de que o tirano é o lobo com face humano. A cultura política da civilização arcaica fala mais claramente do rei-lobo, ou seja, do governante (máquina de guerra tirânica) que perdeu sua face humana. O lobo (animal despótico) é a metáfora da máquina de guerra freudiana que se define pelo uso sem limite da violência física e/ou simbólica.
O PCPT começou um movimento na web brasileira para criar a frente do liberalismo político de esquerda mundial. A cultura intelectual da web é mundial por seu próprio funcionamento. No entanto, tal frente tem que se materializar também na política física, presencial, nacional e continental. A crise brasileira está pondo um fim na vida do PT como grande partido pombalino de Estado e desorganizando o conjunto da vida partidária pombalina. Isso significa o desmoronamento do liberalismo pombalista que atingiu gravemente o PSDB. Hoje, esse partido é uma máquina de guerra povoada por um neoliberalismo inconsistente do Engenho e por um novo populismo que beira a barbárie. Nessa anarquia do caos político que está se desenvolvendo, a frente do liberalismo político de esquerda representa a condensação dos movimentos mundiais da revolução do liberalismo político em uma dialética materialista com a contrarrevolução da nova direita neoliberal que surfa na onda da contrarrevolução mundial com o fascismo cristão, o terrorismo islâmico e o novo totalitarismo fascista oportunista europeu que usa a crise mundial para progredir. Vamos assistir no Brasil a aliança da nova direita da cultura intelectual (cuja base principal está na USP) com a cultura política eletrônica? A Globo News é, de fato, o centro da alta cultura eletrônica que a contrarrevolução mundial almeja conquistar no Brasil. O liberalismo político de esquerda pensa que a revolução liberal deve ser radical para causar uma transformação na economia mundial que encerre a conjuntura histórica do capital fictício (oligarquia financeira mundial) como dominus do capitalismo mundial moderno. Trata-se de pôr um fim no capitalismo moderno (o capitalismo como máquina de guerra econômica militarizada); não no capitalismo que representou o capitalismo como civilização que a modernidade capitalista sepultou. Este texto quer apenas começar o debate sobre os rumos possíveis da história mundial no século XXI. Avanti! 

DICURSO DA UNIVERSIDADE/ROUBO DE IDEIAS (PLÁGIO)
Em um Seminário, Lacan diz que leu trinta páginas do “Diferença e Repetição”, de Deuleze, e chegou à conclusão de que as ideias desse famoso livro eram as ideias dele numa tradução para a filosofia da era pós-modernista. A cultura política pós-modernista se constituiu em um buraco negro epistêmico que tragou (desintegrou) os significados modernos de uma linguagem público/política. Entre esses significados destaca-se a destruição do significante autor. O autor é um sujeito moderno do direito e da cultura universitária. Trabalhando no campo da alta cultura em si (ou seja, não-universitária), Marx usava axiomas de Hegel como se fossem dele. Axiomas que os marxistas repetiam (inclusive os althusserianos) sem saber que eram axiomas hegelianos. Neste sentido, Marx inaugurou a pós-modernidade no roubo (plágio) das ideias.
A universidade virou uma produção quase industrial de dissertações, teses de doutorado, pesquisas não publicados, artigos de revistas, intervenções em jornais e livros. Tal fábrica parece ter rompido o contrato moderno que tem o autor como senhor de direito em relação a sua produção de ideias. Este fenômeno é mais acelerado e obsceno na América Latina do que nos USA e na Europa ocidental. Há um desenvolvimento desigual na cultura universitária mundial definida por sua relação com as culturas políticas continentais e regionais. A web tem acelerado tal processo de plágio das ideias, pois os universitários acreditam que a web é uma terra de ninguém. Isso já está além da existência anarquista da web que passou a funcionar como uma cultura política suplementar à cultura política pós-moderna do buraco negro.
Para citar um exemplo escandaloso, cursos de pós-graduação estão aprovando teses que se apresentam como criadoras do campo da física das máquinas de guerra (que significa um ponto de inflexão nas teorias das máquinas de guerra, em geral, e em relação - principalmente - a mal articulada formalmente e inconsistente na prática política teoria da máquina de guerra deleuziana). No caso da universidade brasileira, não se trata de plágio de uma ideia, mas da tentativa de uma apropriação/expropriação universitária de todo uma experiência viva de produção de pensamento (bíos theoretikós) - de criação de estruturas de pensamentos novos e singulares. A física da história (das máquinas de gu erra) é o campo a partir do qual se articula o primeiro pensamento político formal na história intelectual no Brasil, se Raymundo Faoro está certo em sua leitura da história da cultura intelectual brasileira. Ao financiar a indústria da pesquisa universitária (sem ter condições matérias e intelectuais de garantir o direito do autor), o Estado brasileiro se envolve em um roubo colossal de ideias plagiadas cotidianamente pelo valhacouto universitário. No entanto, só uma pesquisa (patrocinada por instituições não-universitárias) poderá dizer quem são os autores desse roubo universitário que envolve dinheiro público. Certamente que as universidades estatais e privadas –que são financiadas em sua pesquisa pelo Estado – não vão se recusar a corrigir este desvio da norma universitária que pode deslegitimar definitivamente o discurso da universidade brasileira.   
Um exemplo do uso do jornalismo de plágio das ideias, no Brasil, é a entrevista da BBC com Boris Fausto (apresentado como um grande historiador brasileiro; ele certamente não o é). Para Fausto, o correto é comparar a crise da Dilma Rousseff com a crise do Collor. A elaboração do PCPT sobre a comparação das crises políticas de Dilma e Collor não é um achismo (um palpite) de um professor de história da USP, que nunca fez análise de conjuntura política. Trata-se de uma contraconceituação da crise como golpe de Estado pombalino. Isso está cabalmente demonstrado nos textos do PCPT e da Comunidade da Física Freudiana (CFF). Esse antigo professor da USP beira a irresponsabilidade golpistas pombalina (TUCANA) ao aceitar que um jornalista da BBC o faça de tolo!       

FÍSICA DO GOLPE DE ESTADO
“Eu organizo o movimento, eu oriento o carnaval (político), eu inauguro um monumento no Planalto Central do país”.
A discussão sobre o golpe de Estado nos jornais se dá no plano da doxa jornalística. Trata-se de situá-la no espaço epistêmico.
Se o impeachment, as decisões do TSE e do TCU servem à lógica do interesse privado (privatista) do partido máquinas de guerra, então, estamos diante de um golpe de Estado pombalino como o golpe que Itamar Franco desfechou em Collor para fundar a democracia pombalina na década de 1990. Trata-se da subsunção da lógica pública a lógica privada do inconsciente político brasileiro. Esta lógica é a subsunção (na cultura política) do todo à parte, da Igreja à seita na cultura política cristã, do partido político à facção na cultura política moderna.
Neste diapasão, a lógica do aparelho (Marx) subsume a lógica institucional. A primeira se define como um artefato que ex-iste como coerção violenta física, simbólica em si e simbólica/material (violência dos hackers) sem limite, tornando-se o ambiente perfeito para o agir da máquina de guerra, inclusive quântica! A lógica institucional se define pela coerção não-violenta como é o caso da coerção/auctoritas na cultura política romana. O Estado moderno weberiano é um artefato político que usa violência legítima. A parte civil dele não é ou instituição, ou aparelho ou máquina de guerra. Canudos se definiu por um uso de violência legítima popular (autodefesa). Trata-se de uma contramáquina de guerra mestiça, um artefato político articulado ao inconsciente político mestiço. A modernidade do Estado moderno (singularidade histórica) se articula como burocracia weberiana. Esta não é instituição, ou aparelho, ou máquina de guerra. A burocracia weberiana militarizada (burocracia civil que usa a violência legítima em um país) não é uma contramáquina de guerra, pois ela é articulada ao inconsciente político ariano. No entanto, ela é um tipo ideal sociológico (raro na realidade) utópico para o horizonte da política brasileira: lógica do fantasma o futuro. Trata-se de reunir forças que a articulem como cultura política moderna na América Latina. O Estado weberiano é um artefato da episteme capitalista (Weber/Marx) que está articulado à subsunção da lógica privada à lógica pública do inconsciente político moderno. Ele remete para o espírito público nacional articulado na cultura do liberalismo político. Portanto, qualquer solução que não desague na revolução do liberalismo político no Brasil, hoje, parece obedecer à lógica do golpe de Estado preventivo pombalino para manter a episteme do capitalismo do Engenho. A história brasileira do século XXI é a dialética materialista entre a episteme capitalista em si e a episteme do Engenho. O conluio entre o jornalismo e as universidades brasileiras (e dos USA)  existe (tem como função) a preservação da Ordem pombalina do Engenho no Brasil. Os USA tem um interesse direto na permanência do Brasil na periferia do capitalismo mundial. Obama é um cínico, pela definição de Peter Sloterdijk! O jornalismo não tem como   interpretar a realidade brasileira como realidade pombalina. Ele não tem como se apropriar da física da história sem alienar a linguagem desse campo de contrapensamento. Também não tem coragem de combater a física em um campo de batalha aberto! Como diz Lacan, aí reina o canalha!         

NOTA SOBRE O APARELHO DE ESTADO (MARX)
Marx conceituou o aparelho de Estado como um universal-abstrato que funda a história mundial ocidental. Ele o definiu pela lógica da coerção dialética violenta na luta de classes. Isso é uma realidade política do século XIX e de parte do século XX, até a classe operária mundial se retirar do campo de batalha de um modo irreversível. O significante abstrato-universal aparelho de Estado existente realmente levou Marx/Engels a criarem o axioma marxista luta de classes para a antiguidade greco-romana como determinante da política e da cultura política. A física da história começou a fazer uma investigação a partir da qual não há identidade absoluta entre sociedade de classes e luta de classes. Ela descarta o determinismo social como o melhor caminho para a leitura da história grega e romana e do século XXI. Nesta pesquisa, a cultura política constitui-se como chave para entender tal história a partir dos conceitos de homem, instituição, burocracia, máquina de guerra freudiana, aparelho, comuna.
O aparelho não é máquina de guerra, ou instituição, ou burocracia weberiana, ou comunidade, ou contramáquina de guerra mestiça. Ele se define por ser um solo onde há um cultivo de nanomáquinas de guerra e grandes médias e pequenas máquinas de guerra em si ou cortês. A máquina de guerra se define pelo uso da violência física, simbólica em si ou simbólica materialista (na web/internet) sem limite. A lógica do agir dela articula o aparelho e o povoamento (multiplicação) das instituições etc. por ela também articula o aparelho estatal, privado, comunitário. Tal lógica do crescimento bloqueia uma evolução do aparelho em direção ao avesso dele: instituição, comuna, burocracia weberiana. Neste sentido, o aparelho torna-se um significante universal-concreto desde a história da civilização arcaica. A máquina de guerra transubstancializa a instituição etc em aparelho pela subsunção da lógica pública à lógica privada (privatismo). A dialética público/privado existe desde o início da história mundial na civilização arcaica como linguagem do inconsciente político suplementada pela consciência histórica.
A subsunção do público ao privado (vice-versa) não deve ser tomado como crescimento no sentido de desenvolvimento de um artefato político em relação ao futuro. Exemplo: evolução do Urstaat em direção ao Estado moderno weberiano. Neste sentido, desenvolvimento significa crescimento do inferior para o superior ou da forma simples para a forma acabada, da barbárie para a civilização capitalista. O Século XXI tragou tal sentido do desenvolvimento através da episteme pós-modernista e da crise permanente, estrutural, orgânica e histórica do capitalismo e da política mundiais. O desenvolvimento se transformou no grande mito da história dialética idealista (marxoahegeliana) que foi para nos quintos do inferno. Mas o contraconceito dialético materialista de aparelho parece emergir, cada vez mais, como um universal abstrato com um grande potencial de concretude histórica. É pagar para ver!    

ROMA/CRISTIANISIMO/MODERNIDADE POLÍTICA

A cultura política romana - como materialização do espírito romano (episteme política romana)-  tem como base a tríade religião, (religare), autoridade e tradição.  A força dessa tríade repousa na eficácia coerciva de um início autoritário da vida romana ao qual liames “religiosos” reatam homens, mulheres e crianças através da tradição. A autoridade não é o poder (potesta), ou melhor, ela é o poder simbólico em um contraponto com o pode fáctico (o poder político como exercício de decisões cotidianas na vida da polis). Na República, o povo possuía o poder (no Império ele se desloca para a família real) e o Senado a autoridade. Esta remete para a fundação sagrada de Roma (o poder simbólico articula-se à história mitológica da cidade-estado). A cultura política romana é articulada pelo mito de fundação de Roma. Na cultura romana, participar da política significava, primeiro, preservar a fundação da polis romana: autoridade. Isso era a forma de um poder coercivo fundador não violento (e não diretamente político) que é em si religioso. Na cultura romana, os deuses habitavam a polis como moradores dela, ao contrário dos deuses gregos que moravam no Olimpo. Sem os deuses romanos, o conceito de autoridade não para de não se inscrever como poder simbólico através do mito. Autoridade tem auctores em sua cadeia de significantes em um sentido próximo a ideia de autor intelectual de um crime do direito moderno: auctores da política em si. Pelo direito moderno, os auctores da política (intelectuais) poder ser criminosos?  Poder remete para artífices, isto é, os construtores e elaboradores fácticos da política em si. Isso é a realidade prosaica em um contraponto a realidade poética (mito) da junção da cultura intelectual com a cultura política. O poder simbólico ex-iste como repetição histórica por descendência e transmissão (tradição). A autoridade (diferente da potesta) tinha suas raízes no passado como lógica do fantasma do passado que articula o presente (conjuntura política epocal) e o futuro : destino histórica grandioso da polis romana. Quem detém autoridade não pode possuir o poder político!
A cultura política romana deriva do Espírito romano: episteme política. Tal espírito foi exportado para a Igreja cristã como a extraordinária solides e consistência lógico-empírica do princípio fundador da política como espaço da  instituição pública. A dialética público/privado é um significante em permanente conceituação na cultura política romana que absorve, com um mais-gozar romano, a cultura intelectual grega, principalmente Platão. A Igreja cristã torna-se uma instituição pública (ao abandonar a lógica da seita da comunidade dos crentes) através da assimilação dos axiomas da episteme política romana. O cristo histórico e os apóstolos como pais fundadores derivam daí. Assim, a episteme romana (sobrevive ao colapso do império romano) através da Igreja que continua Roma por outros meios, meios religiosos. A igreja constitui o religare da cultura romana. A cultura política da Igreja cristã continuou a distinção entre potesta e auctoritas na tradução moderna entre poder temporal (material) e poder espiritual. Tal liame e religare estabelece a distinção e junção entre cultura intelectual, cultura política e política em si. A modernidade é o buraco negro epistêmico que absorveu a lógica de sentido desses significantes (realidade política milenar) e liberou uma energia mítica (instinto de morte e narcisismo) acumulada e desacumulada, ordenadora e desordenadora dos significados políticos modernos. Estes  criaram uma lógica caótica (realidade do real da política como poder e auctoritas) que precisa de peritos (cientistas políticos) que fazem a tradução dela para o campo da doxa jornalística (opinião pública = opinião publicada). Sobre o a física do buraco negro, ver o link supracitado.        

ANTIGO/ MODERNO/LINCHAMENTO
Lenin pensava como Rousseau sobre a boa natureza do homem? Assim, a sociedade comunista não precisa de significantes-violentos para articular uma cultura política socialista que agencie o medo das massas. Como o Estado é a organização da violência materializada no aparelho de Estado para dominar as massas e não um aparelho para lidar também com o instinto de morte das massas (vontade de matar o outro) a sociedade comunista não precisa de Estado: “ O Estado poderá extinguir-se completamente quando a sociedade realizar a regra: ‘De cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades’, isto é, quando os homens estiverem tão habituados a observar as regras fundamentais da convivência humana e quando o seu trabalho for tão produtivo que trabalharão voluntariamente segundo as suas  capacidades” (Lenin. “O Estado e a revolução”). Lenin desconsidera o trabalho moderno como coerção compulsória não violenta que gera o mal-estar da civilização. As regras da convivência humana são as regras de uma natureza humana bondosa?      
Os significantes violentos só são necessários na sociedade onde uma minoria governa a maioria. O medo do inferno é o significante mestre violento que articulou a história ocidental com a junção cultura política platônica à cultura da Igreja cristã. A desconfiança da natureza humana põe e repõe a necessidade do significante violento (coerção simbólica violenta) na cultura política ocidental. Neste período histórico, a igreja é claramente uma cultura pública, pois tem a função política de controlar moral e politicamente as massas. Na idade Média, há a identidade absoluta entre cultura cristã e vida secular. Assim, o cristianismo torna-se uma cultura política totalitária que seria essencial na transição da sociedade dos guerreiros feudais para a sociedade de corte. Na era moderna, ocorre a separação entre vida religiosa e vida política com a eliminação do significante violento da crença na vida futura (inferno) na cultura das massas secularizadas. O cristianismo torna-se assim uma cultura política privada que abre mão da função política do significante violento na vida pública. O significante violento tinha como finalidade persuadir as massas de que elas seriam punidas em seus crimes (principalmente o assassinato) na vida futura com a estadia eterna no inferno. Tomás de Aquino criou o axioma cristão de que uma alegria do paraíso é contemplar o sofrimento dos que estão no inferno. O buraco negro da modernidade que tragou o significante violento supracitado e regurgitou o significante totalitarismo moderno: nazismo. Neste, o crime é liberado como significante da cultura política fascista como realidade prosaica. É o contrário da guerra entre povos que articulava o crime como realidade poética e destrói assim seu significado político normal como crime. Mo Tzu  ou Mo Ti (c. 479-381 a. C.) denunciou a criminalidade e a futilidade das guerras a que os governantes do seu tempo dedicavam o melhor de suas  energias: “Se um homem matar outro homem inocente, lhe roubar as roupas (...), o seu agravo é maior do que seria se penetrasse num estábulo e roubasse um boi ou um cavalo. O dano é maior, a ofensa mais grave e o seu crime de grau mais elevado. Todos com senso reconhecerão que foi mau, que não foi correto. Porém, quando o assassinato é perpetrado por uma nação, já não é considerado como errado e até aplaudido e dado como correto” (Sun Tzu. “A arte da guerra”).        
O fascismo alemão eliminou o crime de guerra e a guerra contra populações civis como crime. Ele fez do crime uma riqueza a ser fruída (mais-gozar) pelo próprio povo alemão. Trata-se da cultura política fascista da sedução prosaica. 
O medo do futuro no inferno não articula mais a cultura das massas e a ação delas: linchamento. A utopia comunista não é mais uma lógica do fantasma do futuro para agenciar o medo da elite capitalista mundial. O inferno e a revolução social estão fora da pauta da cultura jornalística (papel, eletrônica, web). O realismo político de Freud foi descartado pela cultura capitalista mundial. Esta não acredita em instinto de morte. Não desconfia da natureza humana na medida em que a natureza humana não ex-iste. Não tem medo da vontade de matar das multidões. Para Freud, a natureza humana significa instinto de morte. Ela é da ordem do mito, pois tal instinto é uma energia mítica. A passagem do mito para a história necessita da existência de um buraco negro contraepistêmico que trague a história mitológica articulada pela energia mítica (instinto de morte e narcisismo). Enquanto isso não acontece, a guerra em várias modalidades se apodera do planeta. O linchamento no Brasil certamente tem uma história contada pelo jornalismo. Mas ele não é um fenômeno factual qualquer, ou seja, um fenômeno sem articulação como realidade (lógica do sentido), como deseja a sociologia brasileira e a cultura política eletrônica. A inexistência do significante violento (que articule a cultura pública das massas) libera nas multidões o instinto de morte. Trata-se de um enlevo mítico das massas. Isso é a realidade do real como mito naturalizado como prosaico. Tal realidade faz do seu choque traumático sobre a subjetividade popular um narcótico mais poderoso do que o LSD ou a cocaína; ele faz as massas sonhar acordadas. O estado de narcose permanente das massas é um significante ersatz do mundo da vida futura (inferno ou utopia). O seu corolário é a guerra molecular de massas: linchamento generalizado e indiscriminado!