Comunidade da Física Freudiana
pbandeirasilveira@gmail.com
o texto Revolução e Contrarrevolução sofreu uma intervenção no facebook. Ele foi tornado indisponível em todos os grupos onde foi postado. Além disso ele foi excluído da própria página da CFF (Comunidade da Física Freudiana).
Comunidade da física freudiana significa um campo de pensamento pacífico para o funcionamento do discurso do físico. O campo freudiano foi o ponto de partida para a fabricação da física freudiana da história. Esta é um contracampo de pensamento na linha de força do pensamento eclético de Cícero, ST* Agostinho, Marx, Weber Freud e Habermas. Trata-se de um contracampo científico transdisciplinar. O discurso do físico trabalha com o contraconceito de episteme política e ele se constitui a partir de uma contraepisteme que sustenta o discurso do físico articulado ao inconsciente político mestiço. A física é um artefato contratotalitário.
HISTÓRIA DA MÚSICA/ESTAMENTO MUSICAL
Fazer uma história política da música é pensar a cultura musical articulada à política? Músicos se chocaram com a ditadura militar, foram presos, jogados no ostracismo do exílio branco (Caetano Veloso e Gilberto Gil), tiveram suas músicas censuradas e proibidas como Raul Seixas, Paulo Coelho e Chico Buarque. A ditadura militar atribuiu um sentido político à música brasileira. Eis uma contribuição da ditadura para história da música. Ela viu a música como cultura política musical. Depois no movimento das “diretas já”, músicos participaram do movimento das multidões que, no Rio de Janeiro, chegaram a ter um milhão de pessoas. Mas ainda não atingimos o quid do problema histórico. Trata-se da relação entre cultura musical e cultura política eletrônica. Nesta articulação, constituiu-se uma formação intelectual poderosa em termos do quê? Se pensarmos com Gramsci, um músico é um intelectual com função hegemônica na sociedade. Trata-se de uma hegemonia voltado para a persuasão que, no capitalismo, articula-se à lógica da mercadoria da música. Qual persuasão? Esta não é um recurso necessário da cultura política para manter a ordem nacional e mundial? No Brasil e nos USA, formou-se um poderoso estamento musical cuja voz se apresenta como a voz da consciência da nação. No Brasil, este estamento tem uma visão de mundo modelada pela história da luta contra a ditadura militar e pela defesa da democracia, qualquer democracia brasileira. Ligado ao mercado capitalista da música, o estamento musical é uma fortaleza da defesa do capitalismo brasileiro e de graça do capitalismo mundial da oligarquia finaceira. A linguagem abstrata e vaga do jornalismo sobre capitalismo e democracia é muito útil para a existência do estamento musical. A cultura política da música é a cultura política de tal estamento cuja existência está indissoluvelmente associada à defesa da ordem brasileira. O que é esta ordem? Trata-se da ORDEM CAPITALISTA POMBALINA DO ENGENHO. O clown Lobão jamais fez qualquer comentário sobre isso! Caetano (mais crítico do que Gil) desconhece e faz questão de ignorar que hoje existe um pensamento político formal brasileiro em choque com tal ORDEM. Eles inclusive fazem de conta que não existe o golpe de Estado pombalino que pode destruir Dilma Rousseff. Ou será que eles consideram natural a solução da crise brasileira pelo golpe de Estado pombalino? No momento, o foguete espacial da crise política chegou ao estágio do golpe de Estado pombalino do STE, depois de soltar na estratosfera o estágio Sérgio Moro. Com a aparência de ser uma decisão técnica, o STE não está embriagado com a decisão política de desfechar um golpe de Estado pombalino frio (simulacro de legalidade técnica, mas, de fato, uma repetição diferente e lúdica do golpe de Estado pombalino que foi criado pelo Imperador Pedro I) em Dilma Rousseff. O PSDB diz que espera que o STE convoque eleição para presidente da República. Isso é uma ação de comunicação estratégica (na qual mentir e simular o contrário do que se quer é o normal) como parte do métier político brasileiro. De qualquer modo, PSDB reconhece claramente que se trata de um golpe de Estado frio. A cultura política musical está subsumida à cultura política eletrônica e o estamento musical é, hoje, a voz desse estado de minoridade (Kant). Compositores, músicos e poetas musicais são como crianças mimadas que brincam, se divertem e divertem os adultos enquanto o país caminha para a queda a um nível mais baixos do seu capitalismo de Engenho. O estamento vive nos paraísos artificiais baudelairianos: “Diz-nos o bom senso que as coisas da terra pouco existência têm, e que a verdadeira realidade está nos sonhos”. O estamento musical combina a vida material realmente burguesa (realidade prosaica) com o sonho: realidade poética. É o melhor dos mundos em um pais que o próprio estamento intelectual econômico diz que o país pode estar à beira do desaparecimento como nação! A cultura política estamental (dos músicos) interpreta que ele não tem nada a ver com a política; é melhor ele usufruir com vontade, sofreguidão e enlevo os paraísos artificias brasileiros! Que ele apenas proporciona alegria e entretenimento às massas. Tal estamento parece não perceber que ele é uma defesa poderosa da Ordem do capitalismo do Engenho e da democracia pombalina (democracia despótica). A cultura política desse estamento não tem espírito público. Ela é uma cultura privada do Engenho. Portanto, o estamento musical é parte substantiva da privatização do mundo-da-vida em prol da Ordem pombalina do capitalismo do Engenho.
REVOLUÇÃO E CONTRARREVOLUÇÃO
O axioma (fantasma) de Marx (“a
violência é a parteira da história”) para a revolução moderna definiu esta como
máquina de guerra política. Um outro pensador escreveu: “não se pode fazer uma
mesa sem abater árvores, nem fazer uma omelete sem quebrar ovos; não é possível
fazer uma república sem matar gente”. A Revolução Francesa foi uma máquina de
guerra política (com ampla participação do povo) burguesa que se degenerou (na
guilhotina) em ditadura da salvação pública, em tirania robespierriana, em
bonapartismo e finalmente na restauração do Ancien Régime. Tal revolução
tornou-se o modelo exemplar das revoluções modernas para a esquerda para quem a
lógica política determinante era (é): “a revolução devora seus próprios
filhos”. Deste platô não é possível caracterizar a Revolução Americana como
simplesmente moderna, ou seja, ela é a exceção que confirma a regra geral. Ela
não é foi uma máquina de guerra política, não foi gerada pela lógica marxista
da violência revolucionária, ela foi uma revolução não-violenta que restringiu a
violência às atividades bélicas regulares. No Brasil, não houve revolução
moderna e a república foi instaurada por um golpe pombalino de Estado que
inaugurou a República brasileira como um simulacro de simulação (já apresentei
a lógica pombalina em outros textos/web do PCPT e da CFF). A revolução pombalina
republicana é uma paródia de revolução republicana moderna normal. Trata-se não
da comédia histórica (que tem como modelo a cultura grega da antiguidade), mas
da paródia da carnavalização a
brasileira da política. O Sambródomo de antropólogo Darcy Ribeiro no Rio é o
modelo da política republicana brasileira. A política no Brasil não é um
problema para uma antropologia que se aventure a tratá-la pela lógica do da
cultura intelectual pós-modernista? A cultura política pombalina (que sustenta
a política republicana) pode ser lida através da antropologia brasileira, se
esta aceitar o desafio sedutor da realidade pombalina. A realidade pombalina
carnavalesca é articulada em uma relação muito complexa do simulacro de
inconsciente político mestiço com a cultura política (substantiva) sedutora. Isso
explica a função de hegemonia do estamento artístico (principalmente o musical)
na ordem pombalista republicana. A história da cultura política musical (e
artística) precisa de uma intervenção da antropologia brasileira.
A ordem pombalina republicana do
capitalismo do Engenho articulou-se (a parti do golpe pombalino de Estado que
Itamar Franco desfechou em Fernando Collor) como democracia pombalina
(democracia despótica). Isso é a realidade concreta da política brasileira.
Existe algum caminho para sair dessa lógica do sentido de aço (realidade
pombalina brasileira) que gera o gozo (mais-gozar) que está nos levando para o
fim do Brasil-nação? A repetição do Brasil colonial (diferente, lúdico e
sedutor) como destino histórico não é a lógica determinante do fantasma do
futuro que se avizinha? Substantivamente, este destino está modulado (modelado)
pela ordem pombalina do capitalismo do engenho que é a contrarrevolução
permanente, fazendo a leitura do conceito de contrarrevolução de Florestan
Fernandes pela física da história. Não existe outro caminho para evitar tal
destino, a não ser o da revolução do liberalismo político (que tem uma base
nacional dispersa nos aparelhos de Estado, na sociedade civil e no
mundo-da-vida comunal). A contrarrevolução é uma praxis (junção de significante
e sujeito político em uma prática de repetição) conservadora. Ela é o axioma da
episteme pombalina do capitalismo do engenho atualizada por uma substantiva
cultura política conservadora invisível a olho nu. Ainda não está claro (não está
no horizonte) se a revolução do liberalismo político vai precisar se constituir
em uma contramáquina de guerra política que significa fazer um uso de contraviolência
(violência legítima baseada no direito natural) para materializar a lógica do
tudo o que é sólido (realidade pombalina como lógica do sentido de aço)
desintegra-se no ar (Max). A revolução do liberalismo político significa o fim
das máquinas de guerra que detém o poder político e o poder simbólico entre
nós. Ela tem que ser a fundação de instituições públicas como fato e artefato
hegemônico da vida brasileira. O Estado deixará de ser uma parelho e se tornará
uma instituição verdadeiramente pública na vida civil e no mundo-da-vida.
Assim, a política deixará de ser o carnaval carioca por outros meios, meios
políticos pombalinos! A propósito, o Artigo 14, §4°da Constituição de 1988 diz:
“É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar”.
Isso é a definição do partido político como instituição pública do mundo
privado da política. Ou melhor, o partido tem que ser o avesso da máquina de
guerra política (paramilitar). Constituintes de 1988 não sabiam que sabiam da
diferença entre partido político e partido-máquina de guerra? Isso é o
funcionamento do inconsciente político na consciência histórica de uma parcela
dos Constituintes!
AUCTORITAS/PSICOLOGIA DO INDIVÍDUO
A coerção não violenta pode ser a
chave para entender a história da espécie humana? Ela tem fundido os grandes
cérebros ocidentais quando eles resolvem resolver esse enigma! O conceito de
coerção social (Durkheim) é o mito (panaceia) sociológico da cultura universitária
que perdurou durante quase um século como solução do emigma. Auctoritas (coerção não violenta) no espaço da
cultura política romana antiga é conceituado como algo além da persuasão
(discussão) e da violência. Em Platão é o problema da adequação da episteme
metafísica em relação à realidade concreta dos assuntos humanos; coerção
metafísica. Trata-se da metafísica como governo coercitivo da ideia do Bem como
algo exterior à política e à polis. Em Lenin essa metafísica se transforma na
relação entre cultura intelectual e prática política. As ideias da política vêm
de fora da política. Claro que isso depende do funcionamento das culturas
políticas concretas e das conjunturas definidas pela cultura política dominante
de uma época histórica, ou seja, da física da história!
Platão pensa a autoridade como
distinta da persuasão e da violência na cultura política a partir do governo
metafísico do rei-filósofo (não tenho como desenvolver esse tema aqui). Tal rei
é a condensação da ideia do Bem na política, na polis. Trata-se da coerção da
razão, da episteme metafísica sobre a realidade política: governo sobre o
homem. A coerção pela razão platônica significa que a consciência deve
prevalecer sobre o inconsciente político no governo da polis. Freud pensou a
coerção como transferência no discurso do analista na clínica. A coerção pelo
amor ao suposto saber do discurso do analista condensado no analista; coerção
articulada no inconsciente. Isso remete para a superposição na clínica
freudiana do inconsciente freudiano (inconsciente do discurso do analista) como
o inconsciente político (inconsciente do discurso do mestre). Assim, o analista
acaba ocupando o lugar do mestre. Trata-se de um lugar tirânico pelo uso da
violência simbólica sem limite. Freud se preocupou em estabelecer os limites
éticos do uso da violência simbólica sobre o paciente. Não passou pela cabeça
dele que bastava transformar a posição do paciente em cliente romano (tema para
outro texto). A coerção freudiana (transferência) só existe no discurso do
analista? Lacan pensou que ela poderia se transformar em um significante
universal (transcendental) que explicasse a história da cultura política
mundial. Hoje, percebemos que isso era apenas uma autoilusão lacaniana. A
propósito, o amor como coerção advém, de fato, do funcionamento do discurso do
mestre em distintas culturas políticas.
No essencial, o discurso do
analista (que precisa ser definido como auctoritas
não-violenta) define quem é louco (doente) e quem não o é. O sujeito submetido a
tal discurso está louco por estar submetido à auctoritas do analista/mestre. O neurótico deixa de ser louco ao
ser liberado do dispositivo de saber/poder pelo analista. O psicótico se define
como um seer que não pode ser liberado do discurso do analista. A dominação do
discurso do analista sobre ele o define como louco para sempre. Trata-se do
determinismo da estrutura sobre o ser no ente; estruturalismo lacaniano. Esse
conceito de loucura é antagônico ao conceito de loucura de Erasmo que é pensado
como um significante da cultura política. Nessa, o psicótico não é sinônimo de
loucura. Essa identidade absoluta entre psicose e loucura é um axioma
(fantasma) da cultura política moderna consolidado cientificamente na episteme da
psicologia do indivíduo (homo clausus)
freudiana!
A NOVA TOPOGRAFIA DA POLÍTICA MUNDIAL
O modelo esquerda versus direita (oligarquia
política híbrida) definiu uma conjuntura histórica da política mundial no
pós-Segunda Guerra Mundial. Nos países centrais do capitalismo, a esquerda
socialdemocrata e um amplo espectro de direita liberal (que se tornaria a
direita neoliberal a partir da década de 1970) dominaram a política na Europa.
Nos USA, democratas e republicanos redefiniram a tradicional topografia da
política americana a partir do novo modelo oligarquia política híbrida. O 11 de
setembro de 2001 (intervenção na política americana do terrorismo islâmico)
redefiniu, com um banho de sangue de inocentes, novamente a topografia do
modelo esquerda versus direita dos centros da política mundial. O islão
político (religião islâmica totalitária) estabeleceu o estado de guerra
freudiano permanente como uma frente da contrarrevolução mundial. Esta frente
tem como motor no Ocidente a cultura política evangélica fundamentalista e agora
um fascismo cristão que viceja na Igreja católica brasileira. Isso se constitui
como um fenômeno reativo ao multiculturalismo da esquerda ocidental
(principalmente dos USA) que desaguou, finalmente, no Tea Party. Este é um
fenômeno totalitário como junção do republicanismo político fundamentalista com
o fascismo cristão. Tais fenômenos supracitados abriram clareiras na topografia
esquerda versus direita que ainda não estão visíveis a olho nu, se olhadas do
céu (avião) do discurso da universidade.
Na América Latina, a direita
sempre não assumiu sua identidade de direita. Já a esquerda - depois que o PT
assumiu o poder e Hugo Chaves reinou na Venezuela - transformou-se em uma
esquerda totalitária (o bolivarianismo chavista sendo a forma mais extrema) que
eclipsou a esquerda liberal que tinha como principal líder FHC. A crise do
bolivarianismo petista e chavista está sepultando a esquerda totalitária. O
processo é lento e cheio de idas e vindas, um passo à frente dois atrás, e ele
se revela como a síndrome de Nabucodonosor. Este acabou por se transformar em
lobo que passou a morar nos jardins do palácio da Babilônia. No seu final, a
esquerda totalitária aparece como o lobo Nabucodonosor. Platão deixou o axioma
milenar de que o tirano é o lobo com face humano. A cultura política da
civilização arcaica fala mais claramente do rei-lobo, ou seja, do governante (máquina
de guerra tirânica) que perdeu sua face humana. O lobo (animal despótico) é a metáfora
da máquina de guerra freudiana que se define pelo uso sem limite da violência
física e/ou simbólica.
O PCPT começou um movimento na
web brasileira para criar a frente do liberalismo político de esquerda mundial.
A cultura intelectual da web é mundial por seu próprio funcionamento. No
entanto, tal frente tem que se materializar também na política física,
presencial, nacional e continental. A crise brasileira está pondo um fim na
vida do PT como grande partido pombalino de Estado e desorganizando o conjunto
da vida partidária pombalina. Isso significa o desmoronamento do liberalismo
pombalista que atingiu gravemente o PSDB. Hoje, esse partido é uma máquina de
guerra povoada por um neoliberalismo inconsistente do Engenho e por um novo populismo
que beira a barbárie. Nessa anarquia do caos político que está se desenvolvendo,
a frente do liberalismo político de esquerda representa a condensação dos
movimentos mundiais da revolução do liberalismo político em uma dialética
materialista com a contrarrevolução da nova direita neoliberal que surfa na
onda da contrarrevolução mundial com o fascismo cristão, o terrorismo islâmico e
o novo totalitarismo fascista oportunista europeu que usa a crise mundial para
progredir. Vamos assistir no Brasil a aliança da nova direita da cultura
intelectual (cuja base principal está na USP) com a cultura política eletrônica?
A Globo News é, de fato, o centro da alta cultura eletrônica que a
contrarrevolução mundial almeja conquistar no Brasil. O liberalismo político de
esquerda pensa que a revolução liberal deve ser radical para causar uma transformação
na economia mundial que encerre a conjuntura histórica do capital fictício
(oligarquia financeira mundial) como dominus
do capitalismo mundial moderno. Trata-se de pôr um fim no capitalismo moderno
(o capitalismo como máquina de guerra econômica militarizada); não no
capitalismo que representou o capitalismo como civilização que a modernidade
capitalista sepultou. Este texto quer apenas começar o debate sobre os rumos
possíveis da história mundial no século XXI. Avanti!
DICURSO DA UNIVERSIDADE/ROUBO DE
IDEIAS (PLÁGIO)
Em um Seminário, Lacan diz que
leu trinta páginas do “Diferença e Repetição”, de Deuleze, e chegou à conclusão
de que as ideias desse famoso livro eram as ideias dele numa tradução para a
filosofia da era pós-modernista. A cultura política pós-modernista se
constituiu em um buraco negro epistêmico que tragou (desintegrou) os
significados modernos de uma linguagem público/política. Entre esses
significados destaca-se a destruição do significante autor. O autor é um
sujeito moderno do direito e da cultura universitária. Trabalhando no campo da
alta cultura em si (ou seja, não-universitária), Marx usava axiomas de Hegel
como se fossem dele. Axiomas que os marxistas repetiam (inclusive os
althusserianos) sem saber que eram axiomas hegelianos. Neste sentido, Marx
inaugurou a pós-modernidade no roubo (plágio) das ideias.
A universidade virou uma produção
quase industrial de dissertações, teses de doutorado, pesquisas não publicados,
artigos de revistas, intervenções em jornais e livros. Tal fábrica parece ter
rompido o contrato moderno que tem o autor como senhor de direito em relação a
sua produção de ideias. Este fenômeno é mais acelerado e obsceno na América
Latina do que nos USA e na Europa ocidental. Há um desenvolvimento desigual na
cultura universitária mundial definida por sua relação com as culturas
políticas continentais e regionais. A web tem acelerado tal processo de plágio
das ideias, pois os universitários acreditam que a web é uma terra de ninguém.
Isso já está além da existência anarquista da web que passou a funcionar como
uma cultura política suplementar à cultura política pós-moderna do buraco negro.
Para citar um exemplo
escandaloso, cursos de pós-graduação estão aprovando teses que se apresentam
como criadoras do campo da física das máquinas de guerra (que significa um
ponto de inflexão nas teorias das máquinas de guerra, em geral, e em relação -
principalmente - a mal articulada formalmente e inconsistente na prática
política teoria da máquina de guerra deleuziana). No caso da universidade
brasileira, não se trata de plágio de uma ideia, mas da tentativa de uma
apropriação/expropriação universitária de todo uma experiência viva de produção
de pensamento (bíos theoretikós) - de criação de estruturas de pensamentos
novos e singulares. A física da história (das máquinas de gu erra) é o campo a
partir do qual se articula o primeiro pensamento político formal na história
intelectual no Brasil, se Raymundo Faoro está certo em sua leitura da história
da cultura intelectual brasileira. Ao financiar a indústria da pesquisa
universitária (sem ter condições matérias e intelectuais de garantir o direito
do autor), o Estado brasileiro se envolve em um roubo colossal de ideias
plagiadas cotidianamente pelo valhacouto universitário. No entanto, só uma
pesquisa (patrocinada por instituições não-universitárias) poderá dizer quem
são os autores desse roubo universitário que envolve dinheiro público.
Certamente que as universidades estatais e privadas –que são financiadas em sua
pesquisa pelo Estado – não vão se recusar a corrigir este desvio da norma
universitária que pode deslegitimar definitivamente o discurso da universidade
brasileira.
Um exemplo do uso do jornalismo
de plágio das ideias, no Brasil, é a entrevista da BBC com Boris Fausto
(apresentado como um grande historiador brasileiro; ele certamente não o é).
Para Fausto, o correto é comparar a crise da Dilma Rousseff com a crise do
Collor. A elaboração do PCPT sobre a comparação das crises políticas de Dilma e
Collor não é um achismo (um palpite) de um professor de história da USP, que
nunca fez análise de conjuntura política. Trata-se de uma contraconceituação da
crise como golpe de Estado pombalino. Isso está cabalmente demonstrado nos
textos do PCPT e da Comunidade da Física Freudiana (CFF). Esse antigo professor
da USP beira a irresponsabilidade golpistas pombalina (TUCANA) ao aceitar que
um jornalista da BBC o faça de tolo!
FÍSICA DO GOLPE DE ESTADO
“Eu organizo o movimento, eu
oriento o carnaval (político), eu inauguro um monumento no Planalto Central do
país”.
A discussão sobre o golpe de
Estado nos jornais se dá no plano da doxa jornalística. Trata-se de situá-la no
espaço epistêmico.
Se o impeachment, as decisões do
TSE e do TCU servem à lógica do interesse privado (privatista) do partido
máquinas de guerra, então, estamos diante de um golpe de Estado pombalino como
o golpe que Itamar Franco desfechou em Collor para fundar a democracia
pombalina na década de 1990. Trata-se da subsunção da lógica pública a lógica
privada do inconsciente político brasileiro. Esta lógica é a subsunção (na
cultura política) do todo à parte, da Igreja à seita na cultura política
cristã, do partido político à facção na cultura política moderna.
Neste diapasão, a lógica do
aparelho (Marx) subsume a lógica institucional. A primeira se define como um
artefato que ex-iste como coerção violenta física, simbólica em si e
simbólica/material (violência dos hackers) sem limite, tornando-se o ambiente
perfeito para o agir da máquina de guerra, inclusive quântica! A lógica institucional
se define pela coerção não-violenta como é o caso da coerção/auctoritas na
cultura política romana. O Estado moderno weberiano é um artefato político que
usa violência legítima. A parte civil dele não é ou instituição, ou aparelho ou
máquina de guerra. Canudos se definiu por um uso de violência legítima popular
(autodefesa). Trata-se de uma contramáquina de guerra mestiça, um artefato
político articulado ao inconsciente político mestiço. A modernidade do Estado
moderno (singularidade histórica) se articula como burocracia weberiana. Esta
não é instituição, ou aparelho, ou máquina de guerra. A burocracia weberiana
militarizada (burocracia civil que usa a violência legítima em um país) não é
uma contramáquina de guerra, pois ela é articulada ao inconsciente político
ariano. No entanto, ela é um tipo ideal sociológico (raro na realidade) utópico
para o horizonte da política brasileira: lógica do fantasma o futuro. Trata-se
de reunir forças que a articulem como cultura política moderna na América Latina.
O Estado weberiano é um artefato da episteme capitalista (Weber/Marx) que está
articulado à subsunção da lógica privada à lógica pública do inconsciente
político moderno. Ele remete para o espírito público nacional articulado na cultura
do liberalismo político. Portanto, qualquer solução que não desague na
revolução do liberalismo político no Brasil, hoje, parece obedecer à lógica do
golpe de Estado preventivo pombalino para manter a episteme do capitalismo do
Engenho. A história brasileira do século XXI é a dialética materialista entre a
episteme capitalista em si e a episteme do Engenho. O conluio entre o
jornalismo e as universidades brasileiras (e dos USA) existe (tem como função) a preservação da
Ordem pombalina do Engenho no Brasil. Os USA tem um interesse direto na
permanência do Brasil na periferia do capitalismo mundial. Obama é um cínico,
pela definição de Peter Sloterdijk! O jornalismo não tem como interpretar a realidade brasileira como
realidade pombalina. Ele não tem como se apropriar da física da história sem
alienar a linguagem desse campo de contrapensamento. Também não tem coragem de
combater a física em um campo de batalha aberto! Como diz Lacan, aí reina o
canalha!
NOTA SOBRE O APARELHO DE ESTADO
(MARX)
Marx conceituou o aparelho de
Estado como um universal-abstrato que funda a história mundial ocidental. Ele o
definiu pela lógica da coerção dialética violenta na luta de classes. Isso é
uma realidade política do século XIX e de parte do século XX, até a classe
operária mundial se retirar do campo de batalha de um modo irreversível. O
significante abstrato-universal aparelho de Estado existente realmente levou
Marx/Engels a criarem o axioma marxista luta de classes para a antiguidade
greco-romana como determinante da política e da cultura política. A física da
história começou a fazer uma investigação a partir da qual não há identidade
absoluta entre sociedade de classes e luta de classes. Ela descarta o
determinismo social como o melhor caminho para a leitura da história grega e
romana e do século XXI. Nesta pesquisa, a cultura política constitui-se como
chave para entender tal história a partir dos conceitos de homem, instituição,
burocracia, máquina de guerra freudiana, aparelho, comuna.
O aparelho não é máquina de
guerra, ou instituição, ou burocracia weberiana, ou comunidade, ou
contramáquina de guerra mestiça. Ele se define por ser um solo onde há um
cultivo de nanomáquinas de guerra e grandes médias e pequenas máquinas de
guerra em si ou cortês. A máquina de guerra se define pelo uso da violência
física, simbólica em si ou simbólica materialista (na web/internet) sem limite.
A lógica do agir dela articula o aparelho e o povoamento (multiplicação) das
instituições etc. por ela também articula o aparelho estatal, privado, comunitário.
Tal lógica do crescimento bloqueia uma evolução do aparelho em direção ao
avesso dele: instituição, comuna, burocracia weberiana. Neste sentido, o
aparelho torna-se um significante universal-concreto desde a história da
civilização arcaica. A máquina de guerra transubstancializa a instituição etc
em aparelho pela subsunção da lógica pública à lógica privada (privatismo). A
dialética público/privado existe desde o início da história mundial na
civilização arcaica como linguagem do inconsciente político suplementada pela
consciência histórica.
A subsunção do público ao privado
(vice-versa) não deve ser tomado como crescimento no sentido de desenvolvimento
de um artefato político em relação ao futuro. Exemplo: evolução do Urstaat em
direção ao Estado moderno weberiano. Neste sentido, desenvolvimento significa
crescimento do inferior para o superior ou da forma simples para a forma
acabada, da barbárie para a civilização capitalista. O Século XXI tragou tal
sentido do desenvolvimento através da episteme pós-modernista e da crise
permanente, estrutural, orgânica e histórica do capitalismo e da política
mundiais. O desenvolvimento se transformou no grande mito da história dialética
idealista (marxoahegeliana) que foi para nos quintos do inferno. Mas o contraconceito
dialético materialista de aparelho parece emergir, cada vez mais, como um
universal abstrato com um grande potencial de concretude histórica. É pagar
para ver!
ROMA/CRISTIANISIMO/MODERNIDADE
POLÍTICA
A cultura política romana - como
materialização do espírito romano (episteme política romana)- tem como base a tríade religião, (religare),
autoridade e tradição. A força dessa
tríade repousa na eficácia coerciva de um início autoritário da vida romana ao
qual liames “religiosos” reatam homens, mulheres e crianças através da
tradição. A autoridade não é o poder (potesta), ou melhor, ela é o poder
simbólico em um contraponto com o pode fáctico (o poder político como exercício
de decisões cotidianas na vida da polis). Na República, o povo possuía o poder
(no Império ele se desloca para a família real) e o Senado a autoridade. Esta remete
para a fundação sagrada de Roma (o poder simbólico articula-se à história
mitológica da cidade-estado). A cultura política romana é articulada pelo mito
de fundação de Roma. Na cultura romana, participar da política significava,
primeiro, preservar a fundação da polis romana: autoridade. Isso era a forma de
um poder coercivo fundador não violento (e não diretamente político) que é em
si religioso. Na cultura romana, os deuses habitavam a polis como moradores
dela, ao contrário dos deuses gregos que moravam no Olimpo. Sem os deuses
romanos, o conceito de autoridade não para de não se inscrever como poder simbólico
através do mito. Autoridade tem auctores em sua cadeia de significantes em um
sentido próximo a ideia de autor intelectual de um crime do direito moderno:
auctores da política em si. Pelo direito moderno, os auctores da política
(intelectuais) poder ser criminosos?
Poder remete para artífices, isto é, os construtores e elaboradores
fácticos da política em si. Isso é a realidade prosaica em um contraponto a
realidade poética (mito) da junção da cultura intelectual com a cultura
política. O poder simbólico ex-iste como repetição histórica por descendência e
transmissão (tradição). A autoridade (diferente da potesta) tinha suas raízes
no passado como lógica do fantasma do passado que articula o presente
(conjuntura política epocal) e o futuro : destino histórica grandioso da polis
romana. Quem detém autoridade não pode possuir o poder político!
A cultura política romana deriva
do Espírito romano: episteme política. Tal espírito foi exportado para a Igreja
cristã como a extraordinária solides e consistência lógico-empírica do
princípio fundador da política como espaço da instituição pública. A dialética
público/privado é um significante em permanente conceituação na cultura
política romana que absorve, com um mais-gozar romano, a cultura intelectual
grega, principalmente Platão. A Igreja cristã torna-se uma instituição pública
(ao abandonar a lógica da seita da comunidade dos crentes) através da assimilação
dos axiomas da episteme política romana. O cristo histórico e os apóstolos como
pais fundadores derivam daí. Assim, a episteme romana (sobrevive ao colapso do
império romano) através da Igreja que continua Roma por outros meios, meios
religiosos. A igreja constitui o religare da cultura romana. A cultura política
da Igreja cristã continuou a distinção entre potesta e auctoritas na tradução
moderna entre poder temporal (material) e poder espiritual. Tal liame e
religare estabelece a distinção e junção entre cultura intelectual, cultura
política e política em si. A modernidade é o buraco negro epistêmico que
absorveu a lógica de sentido desses significantes (realidade política milenar)
e liberou uma energia mítica (instinto de morte e narcisismo) acumulada e
desacumulada, ordenadora e desordenadora dos significados políticos modernos.
Estes criaram uma lógica caótica
(realidade do real da política como poder e auctoritas) que precisa de peritos
(cientistas políticos) que fazem a tradução dela para o campo da doxa
jornalística (opinião pública = opinião publicada). Sobre o a física do buraco
negro, ver o link supracitado.
ANTIGO/ MODERNO/LINCHAMENTO
Lenin pensava como Rousseau sobre
a boa natureza do homem? Assim, a sociedade comunista não precisa de
significantes-violentos para articular uma cultura política socialista que
agencie o medo das massas. Como o Estado é a organização da violência
materializada no aparelho de Estado para dominar as massas e não um aparelho
para lidar também com o instinto de morte das massas (vontade de matar o outro)
a sociedade comunista não precisa de Estado: “ O Estado poderá extinguir-se
completamente quando a sociedade realizar a regra: ‘De cada um segundo as suas
capacidades, a cada um segundo as suas necessidades’, isto é, quando os homens
estiverem tão habituados a observar as regras fundamentais da convivência
humana e quando o seu trabalho for tão produtivo que trabalharão
voluntariamente segundo as suas
capacidades” (Lenin. “O Estado e a revolução”). Lenin desconsidera o
trabalho moderno como coerção compulsória não violenta que gera o mal-estar da
civilização. As regras da convivência humana são as regras de uma natureza
humana bondosa?
Os significantes violentos só são
necessários na sociedade onde uma minoria governa a maioria. O medo do inferno
é o significante mestre violento que articulou a história ocidental com a junção
cultura política platônica à cultura da Igreja cristã. A desconfiança da
natureza humana põe e repõe a necessidade do significante violento (coerção
simbólica violenta) na cultura política ocidental. Neste período histórico, a
igreja é claramente uma cultura pública, pois tem a função política de
controlar moral e politicamente as massas. Na idade Média, há a identidade
absoluta entre cultura cristã e vida secular. Assim, o cristianismo torna-se
uma cultura política totalitária que seria essencial na transição da sociedade
dos guerreiros feudais para a sociedade de corte. Na era moderna, ocorre a
separação entre vida religiosa e vida política com a eliminação do significante
violento da crença na vida futura (inferno) na cultura das massas
secularizadas. O cristianismo torna-se assim uma cultura política privada que
abre mão da função política do significante violento na vida pública. O
significante violento tinha como finalidade persuadir as massas de que elas
seriam punidas em seus crimes (principalmente o assassinato) na vida futura com
a estadia eterna no inferno. Tomás de Aquino criou o axioma cristão de que uma alegria
do paraíso é contemplar o sofrimento dos que estão no inferno. O buraco negro
da modernidade que tragou o significante violento supracitado e regurgitou o
significante totalitarismo moderno: nazismo. Neste, o crime é liberado como
significante da cultura política fascista como realidade prosaica. É o
contrário da guerra entre povos que articulava o crime como realidade poética e
destrói assim seu significado político normal como crime. Mo Tzu ou Mo Ti (c. 479-381 a. C.) denunciou a
criminalidade e a futilidade das guerras a que os governantes do seu tempo
dedicavam o melhor de suas energias: “Se
um homem matar outro homem inocente, lhe roubar as roupas (...), o seu agravo é
maior do que seria se penetrasse num estábulo e roubasse um boi ou um cavalo. O
dano é maior, a ofensa mais grave e o seu crime de grau mais elevado. Todos com
senso reconhecerão que foi mau, que não foi correto. Porém, quando o
assassinato é perpetrado por uma nação, já não é considerado como errado e até aplaudido
e dado como correto” (Sun Tzu. “A arte da guerra”).
O fascismo alemão eliminou o
crime de guerra e a guerra contra populações civis como crime. Ele fez do crime
uma riqueza a ser fruída (mais-gozar) pelo próprio povo alemão. Trata-se da cultura
política fascista da sedução prosaica.
O medo do futuro no inferno não
articula mais a cultura das massas e a ação delas: linchamento. A utopia
comunista não é mais uma lógica do fantasma do futuro para agenciar o medo da
elite capitalista mundial. O inferno e a revolução social estão fora da pauta
da cultura jornalística (papel, eletrônica, web). O realismo político de Freud
foi descartado pela cultura capitalista mundial. Esta não acredita em instinto
de morte. Não desconfia da natureza humana na medida em que a natureza humana
não ex-iste. Não tem medo da vontade de matar das multidões. Para Freud, a
natureza humana significa instinto de morte. Ela é da ordem do mito, pois tal
instinto é uma energia mítica. A passagem do mito para a história necessita da
existência de um buraco negro contraepistêmico que trague a história mitológica
articulada pela energia mítica (instinto de morte e narcisismo). Enquanto isso
não acontece, a guerra em várias modalidades se apodera do planeta. O
linchamento no Brasil certamente tem uma história contada pelo jornalismo. Mas
ele não é um fenômeno factual qualquer, ou seja, um fenômeno sem articulação como
realidade (lógica do sentido), como deseja a sociologia brasileira e a cultura
política eletrônica. A inexistência do significante violento (que articule a
cultura pública das massas) libera nas multidões o instinto de morte. Trata-se
de um enlevo mítico das massas. Isso é a realidade do real como mito
naturalizado como prosaico. Tal realidade faz do seu choque traumático sobre a
subjetividade popular um narcótico mais poderoso do que o LSD ou a cocaína; ele
faz as massas sonhar acordadas. O estado de narcose permanente das massas é um
significante ersatz do mundo da vida futura (inferno ou utopia). O seu
corolário é a guerra molecular de massas: linchamento generalizado e
indiscriminado!
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