pbandeirasilveira@gmail.com
Comunidade da física freudiana significa um campo de pensamento pacífico para o funcionamento do discurso do físico. O campo freudiano foi o ponto de partida para a fabricação da física freudiana da história. Esta é um contracampo de pensamento na linha de força do pensamento eclético de Cícero, ST* Agostinho, Marx, Weber Freud e Habermas. Trata-se de um contracampo científico transdisciplinar. O discurso do físico trabalha com o contraconceito de episteme política e ele se constitui a partir de uma contraepisteme que sustenta o discurso do físico articulado ao inconsciente político mestiço. A física é um artefato contratotalitário.
HISTÓRIA DA MÚSICA/ESTAMENTO MUSICAL
Fazer uma história política da música é pensar a cultura musical articulada à política? Músicos se chocaram com a ditadura militar, foram presos, jogados no ostracismo do exílio branco (Caetano Veloso e Gilberto Gil), tiveram suas músicas censuradas e proibidas como Raul Seixas, Paulo Coelho e Chico Buarque. A ditadura militar atribuiu um sentido político à música brasileira. Eis uma contribuição da ditadura para história da música. Ela viu a música como cultura política musical. Depois no movimento das “diretas já”, músicos participaram do movimento das multidões que, no Rio de Janeiro, chegaram a ter um milhão de pessoas. Mas ainda não atingimos o quid do problema histórico. Trata-se da relação entre cultura musical e cultura política eletrônica. Nesta articulação, constituiu-se uma formação intelectual poderosa em termos do quê? Se pensarmos com Gramsci, um músico é um intelectual com função hegemônica na sociedade. Trata-se de uma hegemonia voltado para a persuasão que, no capitalismo, articula-se à lógica da mercadoria da música. Qual persuasão? Esta não é um recurso necessário da cultura política para manter a ordem nacional e mundial? No Brasil e nos USA, formou-se um poderoso estamento musical cuja voz se apresenta como a voz da consciência da nação. No Brasil, este estamento tem uma visão de mundo modelada pela história da luta contra a ditadura militar e pela defesa da democracia, qualquer democracia brasileira. Ligado ao mercado capitalista da música, o estamento musical é uma fortaleza da defesa do capitalismo brasileiro e de graça do capitalismo mundial da oligarquia finaceira. A linguagem abstrata e vaga do jornalismo sobre capitalismo e democracia é muito útil para a existência do estamento musical. A cultura política da música é a cultura política de tal estamento cuja existência está indissoluvelmente associada à defesa da ordem brasileira. O que é esta ordem? Trata-se da ORDEM CAPITALISTA POMBALINA DO ENGENHO. O clown Lobão jamais fez qualquer comentário sobre isso! Caetano (mais crítico do que Gil) desconhece e faz questão de ignorar que hoje existe um pensamento político formal brasileiro em choque com tal ORDEM. Eles inclusive fazem de conta que não existe o golpe de Estado pombalino que pode destruir Dilma Rousseff. Ou será que eles consideram natural a solução da crise brasileira pelo golpe de Estado pombalino? No momento, o foguete espacial da crise política chegou ao estágio do golpe de Estado pombalino do STE, depois de soltar na estratosfera o estágio Sérgio Moro. Com a aparência de ser uma decisão técnica, o STE não está embriagado com a decisão política de desfechar um golpe de Estado pombalino frio (simulacro de legalidade técnica, mas, de fato, uma repetição diferente e lúdica do golpe de Estado pombalino que foi criado pelo Imperador Pedro I) em Dilma Rousseff. O PSDB diz que espera que o STE convoque eleição para presidente da República. Isso é uma ação de comunicação estratégica (na qual mentir e simular o contrário do que se quer é o normal) como parte do métier político brasileiro. De qualquer modo, PSDB reconhece claramente que se trata de um golpe de Estado frio. A cultura política musical está subsumida à cultura política eletrônica e o estamento musical é, hoje, a voz desse estado de minoridade (Kant). Compositores, músicos e poetas musicais são como crianças mimadas que brincam, se divertem e divertem os adultos enquanto o país caminha para a queda a um nível mais baixos do seu capitalismo de Engenho. O estamento vive nos paraísos artificiais baudelairianos: “Diz-nos o bom senso que as coisas da terra pouco existência têm, e que a verdadeira realidade está nos sonhos”. O estamento musical combina a vida material realmente burguesa (realidade prosaica) com o sonho: realidade poética. É o melhor dos mundos em um pais que o próprio estamento intelectual econômico diz que o país pode estar à beira do desaparecimento como nação! A cultura política estamental (dos músicos) interpreta que ele não tem nada a ver com a política; é melhor ele usufruir com vontade, sofreguidão e enlevo os paraísos artificias brasileiros! Que ele apenas proporciona alegria e entretenimento às massas. Tal estamento parece não perceber que ele é uma defesa poderosa da Ordem do capitalismo do Engenho e da democracia pombalina (democracia despótica). A cultura política desse estamento não tem espírito público. Ela é uma cultura privada do Engenho. Portanto, o estamento musical é parte substantiva da privatização do mundo-da-vida em prol da Ordem pombalina do capitalismo do Engenho.
CIÊNCIA POLÍTICA HETERODOXA
JOSÉ PAULO BANDEIRA
Uma diferença elementar entre
ciência política e filosofia política consiste
que aquela se desenvolve resolvendo problemas práticos (Horkheimer) da
política. O Brasil tem uma tradição de ciência política brasileira eclética,
transdiciplinar, pois o eclético Oliveira Vianna é o fundador de tal ciência na
década de 1920. A ciência política heterodoxa transformou-se em uma contraciência dialética/materialistas
da política, um região da física da história. Trata-se de um campo de
pensamento criado no Rio de Janeiro que se relaciona com a cultura brasileira
usando a web. Ele sofre um bloqueio persistente e obsceno tanto na universidade
como na cultura brasileira de papel e eletrônica.
O nosso principal problema é a
crise brasileira do século XXI. Ela é uma superposição de crises política,
econômica, cultural e moral. Há uma sobredeterminação da crise econômica nessa
cadeia de significantes , pois a sua não solução significa a deriva do país em
direção à desintegração do Brasil-Nação. No entanto, a sobredeterminação não
significa um determinismo econômico, pois é possível resolver a crise política
já que esta guarda uma autonomia relativa em relação a outra. Assim, uma saída
para a elite política é resolver a crise política separadamente da crise
econômica. Para isso é preciso defini-la de um modo claro, elegante e simples.
Não é necessário recorrer à linguagem adequada pare esta finalidade?
A crise política é a crise do
modelo oligarquia política híbrida pombalino criado por Itamar Franco e FHC
nos governos deles da década de 1990.
Tal modelo tinha como princípio lógico o rodízio no poder nacional entre a
direita (PSDB) e a esquerda (PT). Através de um golpe de Estado pombalino. O
PSDB alterou a Constituição introduzindo a reeleição para que FHC tivesse nas mãos
por mais quatro anos o poder nacional. Terminado o período FHC, Lula e o PT
conquistaram o poder de Estado federal. E sendo mais competentes do que o PSDB,
eles criaram um monopólio do poder nacional vencendo eleições e reeleições em
2002, 2006, 2010 e 2014. As últimas duas com Dilma Rousseff; e tem a
possibilidade de Lula governar por mais oito anos. Isso é o motor suficiente da crise política - o monopólio do poder pelo Lulo-petismo
desintegrou o modelo oligárquico híbrido pombalino.
Assim, houve um retorno da
política do golpe de Estado pombalino que criou a República pombalina com sua
democracia pombalina. Tal golpe foi desfechado por Itamar Franco no
presidente da República Fernando Collor de Mello então
vice-presidente da Republica. Em 2015, a elite política está conspirando para
desfechar o golpe pombalino em Rousseff usando o TCU (Tribunal de Contas da
União), o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e a operação Lava Jato sobre a
corrupção ciclópica da Petrobrás. O PSDB está a frente de um golpe de
Estado que pode resultar no assalto ao
poder, se Dilma for destituída pelo TSE. O PMDB planeja um golpe de Estado com
a destituição de Dilma pelo impeachment. Neste caso, o vice-presidente da
República, do PMDB (Michel Temer), assumiria. É a repetição paródica do golpe
de Itamar Franco. Tal partido está formulando a solução para a crise política
com a reforma política. Ele controla a Câmara dos deputados e o Senado. Tal
reforma acaba com o estatuto da reeleição abrindo a porta para a criação de um
novo modelo político pombalino mais competitivo, talvez, uma espécie de
poliarquia pombalina. A elite política não é como um escravo da crise política
como, pelas Constituições de Santo Inácio de Loyola, um jesuíta devia obedecer
a seus superiores. perinde ac cadaver (tal como um cadáver na não solução da
crise política). A elite política não é um cadáver com voz.
A questão cadente é que a solução
da crise política não significa solução da crise econômica
histórico-estrutural. Ou será melhor dizer orgânica. pois trata-se da crise da
episteme do capitalismo de Engenho. A elite política quer governar em um país
que repetirá de um modo diferente e lúdico a versão capitalista do Engenho da
economia do Brasil colonial. Trata-se de estabelecer um pacto oligárquico na tradição
da velha transação política dos
problemas nacionais. A política brasileira independente se define ou pelo golpe
de Estado pombalino (criada por Pedro I) ou pela transação do pacto
oligárquico. A formulação da saída para
crise tem sustentação na atualização e reedição da cultura oligárquica-
totalitária colonial na segunda década do século XXI. O outro recurso
disponível para resolver a crise global é a revolução do liberalismo político
contrapombalino. Tal recurso está sendo
inibido pelo poder simbólico brasileiro que se constitui na junção da cultura
intelectual com a cultura jornalística de papel, eletrônica e da web.
O CAPITAL/CONTRACONCEITO
“O Capital é o livro que contém o
contraconceito de capital na cadeia de contrasignificantes que a física da
história está investigando. O livro de Marx faz da Inglaterra o objeto empírico
da história do capital moderno. Há coisas empolgantes no conceito de capital de
Marx. Por exemplo, a grande indústria surge ex nihilo. Ela não é uma evolução sem
corte epistêmico do capitalismo manufatureiro para o capitalismo moderno. Na
história do capital inglês, a acumulação ampliada de capital é impensável sem o
discurso científico. Lacan esclareceu que o capital é o discurso do mestre
moderno (discurso do capitalista) só inteligível pela subsunção real do
trabalho ao capital na produção de mais-valia relativa, sob intervenção da
ciência moderna. Trata-se de uma relação entre senhor e escravo em uma versão
moderna. Leo Strauss é o mais notável estudioso da tirania. Ele diz: “A tirania
de hoje, contrariamente à tirania clássica, dispõe da “tecnologia” e da
“ideologia”. (O capital tem a necessidade em sua lógica das formas de
consciência e da lógica do inconsciente político capitalista). Trata-se de dois
conceitos presentes na teoria de Marx sobre o capitalismo. O capital moderno
conta com a ideologia capitalista na sua reprodução ampliada ao redor do
planeta. O capital como tirania significa máquina de guerra econômica. O tirano
é o lobo de face humana (Platão). O capital é o "Lupus est homo homini non
homo"(Plauto). Na era moderna, trata-se do homem materializado em fato
econômico, em coisa, em máquina de guerra econômica. Em Marx, o capital é a
junção do trabalho excedente (mais-valia) e discurso científico (mais-valia
relativa). A física do capital o define como uma relação social (Segundo Marx:
“o capital não é uma coisa, mas uma relação social entre pessoas efetivada
através de coisas”) que consome não apenas a energia do corpo do trabalhador
transformada em mais-valia. A energia consumida é um desvio da energia mítica
(instinto de morte e narcisismo) do mundo-da-vida para om processo de produção capitalista de
mais-valia. . Portanto, a relação social capitalista moderna é um mito, ela
está associada ao mito pelo inconsciente político capitalista. O capital
moderno é o mito econômico que na forma do discurso do capitalista articulou a
realidade moderna mundialmente: realidade capitalista.
Böhm-Bawerk diiz que o conceito
original de capital é ‘um estoque de bens que dão rendimentos”. Mais tarde a
definição formal de capital é um “conjunto de ‘meios de produção produzidos’ e
similares. Ou seja, originalmente e formalmente, o capital é uma coisa. Böhm-Bawerk
definiu o capital assim: “Denominamos em geral capital um conjunto de produtos
que servem como meios para a aquisição de bens”. E fazendo uma intervenção
ideológica na teoria de Marx, diz que este: “conceitua como capital apenas
aqueles meios de produção que nas mãos de capitalistas ‘servem como meio de
exploração e domínio do trabalhador”. Isso é o que os alunos estudam nas
melhores universidades da Europa e dos USA: o capital é uma coisa. Trata-se
exatamente da economia política do capital reduzida - na cultura política
capitalista - à uma vulgata universitária, isto é, ideologia científica. A
física mostra que o capital é uma relação social entre pessoas que advém como
uma coisa: máquina de guerra econômica. Assim como a lógica da mercadoria, a
lógica do capital é uma lógica coisificada como lógica fáctica.
O Capital - No século XXI foi o
livro mais festejado pelos economistas socialdemocratas americanos na segunda década do século XXI. Eles o consideraram como algo da envergadura e
grandiosidade do O Capital de Marx
para a cultura mundial. Thomas Piketty trabalha com o conceito de capital como
máquinas, recursos naturais, enfim, como matéria (coisa). Ele foraclui da
cultura econômica mundial o conceito de capital de Marx: relação social de
forças e energias míticas. Ou ele não leu nem o volume I do“O Capital”, ou
trata-se de uma estratégia intelectual que esconde sua impotência socialdemocrática/científica
para resolver os problemas teóricos/práticos da crise global da acumulação
ampliada do capital no século XXI. Para solucionar teoricamente (e
historicamente tal crise) precisamos do
Marx do século XXI que estude a história da acumulação do capital nos
USA. Este país é um modelo de acumulação ampliada de capital no qual o capital
aparece como o grande mito moderno que definiu a história moderna do planeta.
Com a desintegração do bloco histórico epistêmico capitalista (um conjunto de
epistemes sob a hegemonia da episteme capitalista) estabelece-se a crise do
capital moderno e do capitalismo mundial do século XXI sob a dominação do
capital fictício: oligarquia financeira mundial. A superestrutura mundial do
bloco histórico (com suas ideologias apodrecidas, repugnantes e abjetas)
sustenta-se a partir da existência do discurso do capitalista e da cultura
política do dinheiro que são parte da estrutura capitalista e do mundo-da-vida
da realidade do real capitalista em escala planetária. No entanto com a crise
do capitalismo mundial, abre-se uma era de revoluções que não serão socialistas
ou comunistas. A classe dirigentes capitalista goza com o fantasma/fantoche do
comunismo. Ela sabe que o comunismo hoje é um simulacro oco (não é um simulacro
de simulação) daquele fantasma do futuro do “Manifesto do Partido Comunista”:
“um espectro ronda a Europa; o espectro do comunismo”!
N
HEGEMONIA/CULTURA BRASILEIRA
A hegemonia é direção intelectual
e moral no sentido Gramsci-hegeliano. Trata-se da junção de cultura intelectual
com cultura política, pois a moral é uma dimensão desta e a ética daquela.
Ainda não foi feita a história da hegemonia no Brasil. Brevemente digo que, no
século XX, um confronto/diálogo (hegemonia) se estabeleceu entre os paulistas
modernistas e Oliveira Vianna (Niterói) pelo monopólio da interpretação do
Brasil. Vianna levou vantagem, pois criou a ciência política eclética que
Gilberto Freyre (Recife) transformaria, bebendo na fonte do pensamento de
Euclides da Cunha, na interpretação hegemônica do capitalismo do Engenho. Ele
pavimentou a estrada por onde a física da história do Brasil iria dar os seus
primeiros passos até chegar ao contraconceito de episteme do Engenho, no século
XXI. A USP é o evento da cultura intelectual da década de 1930 que iria
deslocar a hegemonia gilbertiana para a cidade de São Paulo através da
sociologia marxista de Florestan Fernandes, Octávio Ianni e Fernando Henrique
Cardoso, entre as décadas de 1960 e 70. Para isso, tal sociologia se constituiu
em uma máquina de guerra de pensamento que teve como tática principal a
dissolução da hegemonia gilbertiana sobre a cultura brasileira. Esse é um
problema complexo. Na universidade, tal hegemonia foi desintegrada, mas ela
continuou a existir, subalternamente, na cultura musical que teve como centro
de sua irradiação o Rio de Janeiro. Esta é a lógica do desenvolvimento desigual
e combinado da cultura política brasileira.
Quando FHC chegou ao poder
nacional na década de 1990, a hegemonia da USP materializou-se na política, mas
já em decadência na cultura brasileira. O assalto do Lulo-petismo ao poder
nacional transferiu a hegemonia da cidade de São Paulo para o partido, então,
se constituindo como uma máquina de guerra política que transformou as
universidades federias em parelhos ideológicos do Estado pombalino. Por isso, a
UFRJ de Pinguelle Rosa (COPPE) teve uma projeção política na cultura brasileira
que não era respaldada por uma projeção intelectual. A COPPE jamais produziu
uma interpretação do Brasil digna de ser considerada apesar de ser um
importante centro teórico da física brasileira!
O grande evento da cultura
brasileira atual é a física da história que tem como voz o PCPT (Psicanálise,
Cultura Política, Totalitarismo) e a CFF (Comunidade da Física Freudiana).
Trata-se de um acontecimento da alta cultura da web. A física da história ajudou
a desintegrar a hegemonia petista a partir de seus estudos concretos sobre a
história do partido associado à crise brasileira do século XXI. Não se trata de
um surto narcísico meu, a física é uma parte da realidade cultural atual. A
conjuntura cultural atual vê um conluio entre a cultura eletrônica do Sistema
Globo e a cultura intelectual paulista (USP/Unicamp) para restaurar a visão de
mundo pombalina do Engenho que a física fez desmoronar em seus pressupostos
lógicos-empíricos. Sobre essa questão ver, por exemplo, o livro “Física da
história do Brasil contemporâneo” publicado na Amazon. A física da história
existe na UFRJ, mas não foi criada na COPPE ou nas pós-graduações do IFCS. A
UFRJ e os físicos da COPPE a ignoram e isso merece uma explicação séria. A
história intelectual do Rio de Janeiro pode ser definida como uma história rica
se pensada em termos moleculares. No Rio, os movimentos intelectuais
moleculares jamais se constituíram em uma vontade cultural de disputar a
hegemonia com São Paulo, mesmo considerando o antigo IUPERJ da Universidade
Cândido Mendes. O Rio jamais obteve uma posição na cultura política brasileira que
o levasse a se tornar a capital do bloco hegemônico epistêmico. Com o IUPERJ,
ele poderia, no máximo, metabolizar e aperfeiçoar, na cultura política, a
elaboração/simbolização do liberalismo pombalino. Mas a hegemonia totalitária
petista acabou com essa possibilidade.
Hoje, PCPT/CFF disputam com a
USP+Globo a interpretação do Brasil. USP+GLOBO querem reelaborar a visão de
mundo da episteme pombalina do Engenho em pleno processo de falência dela, pois
a crise brasileira significa exatamente que tal episteme é a causa que gera a
lógica do desmoronamento do Brasil como nação. Ela determina, hoje, a repetição
da economia do Engenho (de um modo diferente, lúdico e sedutor) como o único
destino do Brasil em uma era de possibilidades de revoluções do liberalismo
político na cadeia política mundial que é um ersatz do imperialismo tal como
foi definido por Lenin. Na atual conjuntura, o Rio só conquistaria a direção do
poder simbólico na cultura intelectual se gerasse um corte contraespitêmico na
cultura pombalina do Engenho de cana-de-açúcar. Teria que se chocar com o PMDB
(que detém o controle do Estado e da capital) que é uma máquina de guerra
política, por excelência, do capitalismo do Engenho. Junto com outras capitais (BELO
Horizonte e Porto Alegre), o Rio poderia se tornar o centro da hegemonia na
cultura brasileira com a derrocada do PT, impedindo que a hegemonia caísse nas
mãos do conluio USP+Globo. Para isso é necessário que se formem redes culturais
(intelectuais) efetivas entre Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre, e que os
intelectuais dessas cidades se deixam tomar por um processo de simbolização que
faça surgir uma consciência histórica da função passiva dessas capitais no
bloco histórico hegemônico do Engenho em nova conceituação e pronto para ser
abocanhado pela fusão USP+Globo. As três capitais supracitadas só sairiam da
posição subalterna na cultura política brasileira se começassem um movimento de
articulação de um bloco histórico contraepistêmico de um liberalismo político
que desfizesse o poder simbólico do liberalismo pombalino: simulacro de
simulação de liberalismo político. A USP/Globo vai dizer que isso é um sonho de
uma noite de inverno carioca da web!
MARXISMO/PABLO ESCOBAR
O marxismo não se desintegrou com
o fim do da URSS, do Pacto de Varsóvia e da transição da China para o
capitalismo. Há correntes intelectuais, partidos e movimentos marxistas ao
redor do mundo. Neste momento, a Grécia está sendo governada por um marxista.
Portanto, chegou a hora de fazer uma discussão pública sobre ele para integrá-lo
novamente – como um artefato simbólico útil – às tendências intelectuais que
disputam a hegemonia na cultura mundial. A desmoralização do marxismo se deve,
em grande parte, a sua transformação em uma cultura política totalitária. Stalin
é o símbolo de tal cultura. Ele é a máquina de guerra totalitária como junção
de cultura intelectual e cultura política russas. Trata-se de uma máquina de
guerra de pensamento/partidária. O stalinismo é o modelo de cultura política
totalitária marxista que modelou a história do Brasil, ao menos, a partir da
década de 1950. Nesta época, o PCB tornou-se um partido stalinista. Com a morte
de Stalin em 1953, o stalinismo entrou em uma crise global (crise da cultura
política stalinista) que foi a causa da divisão do campo comunista e da
dialética das relações internacionais entre a URSS reformista e a China
revolucionária de Mao Tse Tung. No Brasil, a crise stalinista gerou a
cornucópia que derramou a lógica poética do marxismo maoísta: “que cem flores
desabrochem”. Constituída basicamente por jovens da classe média urbana, a
esquerda brasileira assumiu a forma de máquinas de guerra marxistas
guerrilheiras rural (APML, PCdoB) ou a forma de máquinas de guerra terroristas
urbanas que fundou por volta da década de 1980 o Partido dos Trabalhadores.
Todos sabem a importância da revolução cubana na luta armada brasileira das
décadas de 1960 e 1970. A Cuba de Fidel Castro reinventou a cultura stalinista.
Com a autoridade intelectual forjada na luta terrorista do Rio e agora como
integrante do estamento intelectual da GLOBO, Fernando Gabeira não acredita que
Cuba inventou a cultura stalinista tropicalista. Ele é um personagem cego do
“Ensaio sobre a cegueira do romancista português stalinista?
A fundação do PT foi feita pelos
sindicalistas paulistas (Lula, Meneguelli etc.), pelas CEBs e pela esquerda
marxista terrorista e guerrilheira. Abreviando, quando José Dirceu transformou
o PT de seita para Igreja (de um saco de gatos faccioso em um partido), ele o
fez a partir da cultura stalinista cubana. Com José Dirceu, o PT virou um
artefato simbólico – na política brasileira – da cultura política totalitária.
Esta é uma das faces desse partido. Uma outra face é a arquitetura da cultura
populista lulista. Trata-se da repetição diferente, lúdica e sedutora do
populismo getulista. Já mostrei em um livro e nos ensaios do meu blog que
Getúlio foi a máquina de guerra populista que articulou a cultura totalitária
republicana do século XX. Quando o PT e Lula se apoderaram do poder nacional, o
Brasil sofreu uma inflexão fatal que traçou o rumo da crise brasileira do
século XXI. A cultura totalitária lulo/petista inscreveu uma relação perversa
(totalitária) na articulação entre o bloco no poder (Poulantzas) e o poder do
Estado nacional. Entretanto, ele não se ombreia com o fato político que dominou
a vida colombiana da década de 1980. Nessa conjuntura política colombina, Pablo
Escobar (e o cartel de Medelin) introduziu uma mudança qualitativa no conceito
de bloco no poder. Este é a unidade política das classes e frações dominantes
sob a égide hegemônica de uma delas. Mas trata-se, em geral, de uma unidade que
tem a marca da legalidade. Com Pablo Escobar, a máfia passou a fazer parte do
bloco no poder e assim tal bloco passou a se constituir como unidade legal e
ilegal. A máquina de guerra terrorista de Pablo (narcopoder) fez da luta armada
um recurso na disputa pelo lugar hegemônico no bloco no poder colombiano, agora
bloco-no-poder. Raimundo Padilha resolveu filmar a versão da cultura política
da Globo sobre a política de Pablo Escobar. Começou mal, pois esta interpretação
já existe na forma de um estudo científico da física da história (veja o link
nesse texto). Agente de proa do estamento artístico gllobal, Padilha é apenas
mais um ato da luta pela hegemonia na cultura política brasileira entre a alta
cultura da web (representada pelo PCPT e a CFF, Comunidade da Física Freudiana)
e o estamento artístico articulado pela Globo. Padilha usou a ideia da física
da história que consiste na leitura hipermarxista (portanto não-totalitária) que
apresenta Pablo Escobar como o contrasignificante/sujeito de uma praxis
política? Ainda não sei! Mas em breve saberemos! Vamos aguardar o filme para
analisar se ele é um plágio obsceno da física ou se ele construiu uma interpretação
original do Pablo Escobar como fenômeno político.
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