quinta-feira, 14 de abril de 2022

DICIONARIO DE GRAMÁTICA DA REALIDADE

 

José Paulo

 

CULTURA DE MASSA

Com a publicação de “Apocalípticos e integrados”, a fronteira, no campo do Outro ou simbólico, abriu suas comportas para a invasão da cultura de elite pela cultura de massa.

Se tinha como certo que a fronteira era resguardada pelo modo de consumo das duas culturas. A de elite pelo modo reflexivo e a de massa pelo modo irreflexivo do entretenimento.

Um argumento usado para desqualificar a cultura de elite consistia no fato que ela era um instrumento de dominação da elite sobre as massas. A articulação pela hegemonia não é parte da argumentação dessa situação simbólica.

Hoje, já é possível aquilatar o combate a aristocratização da vida proporcionada pela falta da gramática da cultura de elite na política. O declínio dessa corresponde a ascensão da cultura de massa entre os políticos, via jornalismo eletrônico.

A cultura de massa é a política da irreflexão das massas quanto aos seus interesses representados como interesses não de uma classe dirigente (bem comum), e sim como interesses privados, particularistas, dos grupos POLÍTICOS que DETÉM o monopólio do poder de Estado e do parelho de Estado. Tal fenômeno tem um nome – OLIGARQUIA POLÍTICA representativa.

A ascensão da oligarquia política faz pendant com o poder da oligarquia na esfera da cultura de massa. Outrossim, o jornalismo fica irreconhecível como defesa da democracia representativa. A cultura de massa é a ideologia da oligarquia política: esquerda e direita.

O ciberespaço não alterou a situação em tela. Aquilo que concorre para a formação da opinião pública, por exemplo, o YouTube, segue os modelos discursivos da cultura de massa. O YouTube é a continuação ideológica da tela eletrônica por meios cibernéticos.

No YouTube, filosofia, historiografia e economia adotam os padrões da cultura de massas para sua irradiação junto ao cibernauta. Quem não faz isso é levado a abandonar o YouTube – como é o caso do excelente programa de economia universitário “Conexão Xangai”.

A constituição da OPINIÃO PÚBLICA hoje encontra-se sob monopólio da cultura de massa.

{A cultura de massa é a presença do indivíduo na massa como irreflexão de seus interesses no campo do Outro}.

 

CULTURA

A CULTURA é serviço de bens públicos e mercadorias. O apogeu ideológico do bem cultural ocorre com a <indústria cultural> ou a cultura no regime capitalista americano.

Na universidade com a antropologia, há uma inflação de conceitos seculares. Qualquer professor com experiencia de campo produzia seu próprio conceito de cultura – nos EUA e Brasil. No frigir dos ovos, a cultura deixa de ser serviço de bens e torna-se as práticas e mitologia, discurso  dos povos primitivos ou tribais.

Rigorosamente, a cultura é produção, circulação e consumo de signos culturais: teatro, dança e música indígena, romance, poesia, artes plásticas etc. O signo cultural aparece como um signo-icônico ancorado na realidade concreta das pessoas ou faz parte de uma linguagem para consumo do povo ou da elite.

Nos países subdesenvolvidos, uma elite mambembe dissolve a distinção entre cultura de elite e cultura de massa, pois, ela consome esta última do mesmo modo que ela consome a primeira.

A língua falada é a expressão maior de uma cultura nacional-popular. Sem cuidar dela, os grupos sociais perdem seu referente, abolem a língua como força de realidade concreta das pessoas, na política.

O Estado-educador é um produtor de cultura, pois, ele produz o nacional-popular e, também, a língua nacional. Ele integra o nacional-popular à democracia representativa dos partidos políticos formais e informais.

A educação secular é o maior valor da modernidade. O Estado laico vive em função da educação das massas das classes subalternas. Quem vive no Brasil, vive na própria pele esse problema.

Aqui, a nova direita vê a educação popular como água jogada no moinho da esquerda. Assim, a nossa esquerda torna-se o partido da civilização brasileira e nova direita o partido da barbárie, de caso pensado.

A eleição 2022 pode alterar tal estado de coisas?

 

POLÍTICA – 10/04/2022

A origem da política ocidental encontra-se na democracia direta da pólis da Antiguidade grega? Admitamos que sim.

Entre os modernos, a democracia moderna adquire formas e ideologias como a <Comuna de Paris> e o anarquismo.

O mundo moderno é aquele da representação. A política representativa é um modelo hegemônico nas democracias presidenciais e parlamentaristas.

A política moderna escolheu a existência de uma classe dirigente com direção moral e intelectual da elite e do povo.

A produção de afetos e ideias é uma tarefa da classe dirigente. Daí, aparece o bem comum como uma categoria tangível.

Com a ascensão da extrema-direita ao poder (fascismo), na política representativa torna-se secundário o bem comum; a política passa a servir à ideias, interesses particulares e afetos, como o ódio ao socialismo imaginado, por mentes monstruosas. A destruição da esquerda torna-se o objetivo do fascismo; a tirania fascista seu horizonte.

A política representativa tem um artefato desconhecido dos antigos: o partido político.  Este é a máquina de produção de ideias, afetos e interesses de um serviço de bens que deve alcançar o homem comum, o eleitor da soberania popular.

Na eleição, a soberania popular elege seus representantes para o Estado e guarda a expectativa de que o governo (executivo e parlamento) apareça como um governo para todos.

Os críticos consideram que se trata de uma autoilusão das massas. Porém, há situações nas quais uma classe dirigente faz um governo para todos.

Com ocaso da classe dirigente e a ascensão da oligarquia política, o governo governa para interesses particulares, para grupos particulares. A ideia e o afeto nação se perde como fumaça.

No século XXI, a política torna-se um NEGÓCIO, da oligarquia política, principalmente, nos países subdesenvolvidos.

Os grandes governos da oligarquia política chegam a usar o capitalismo financeiro internacional para fazer a guerra econômica abstrata contra a Rússia.

Desaparece, aliás, aquela aparência moderna da autonomia entre Estado e economia. Fenômeno catastrófico para o capitalismo mundial.

 

GUERRA ABSTRATA

Por um cálculo geopolítico puro, Putin iniciou a guerra na Ucrânia - para impedir que ela fizesse parte da OTAN.

A geopolítica russa é uma combinação de fatos e artefatos reais e virtuais. O virtual tem sua própria materialidade. As armas da OTAN (materialidade) em território ucraniano não aparecem como, apenas, uma ameaça virtual à Rússia; aqui, o virtual, na consciência russa, é tão real quanti o próprio real, independente do virtual se tornar um acontecimento.

A Rússia tem um poder nuclear capaz de destruir o planeta. Tal fato faz dela um país que não pode ser destruído militarmente. Ela não existe como alvo final dos EUA ou da OTAN. A 3°guerra mundial faz parte da retórica dos governantes como simulacro de simulação.

A geopolítica atual sintetiza o pré-moderno com o moderno e o pós-moderno. Assim, ela se torna um fenômeno incomum para a consciência histórica. Se encontrando além da consciência, a geopolítica de Putin espanta o mundo.

A geopolítica de Putin destrói cidades, pessoas, gera refugiados aos milhões, e ameaça de uma terceira guerra mundial. Então, é necessário falar da reação dos EUA.

A América entra na guerra da Ucrânia com a GUERRA ABSTRATA. O GOVERNO AMERICANO USA O SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL (baseado no dólar) como uma arma de destruição do capitalismo russo.

Portanto, além do front ucraniano temos o front russo. O primeiro é um front territorial, militarizado, de conquista ou conservação do território nacional e globalizado pela multinacional e capital fictício. O segundo é um front desterritorializado, abstrato, das relações sociais-econômicas movido por instituições como Banco, multinacional, governos e Estados nacionais.

A destruição do território ucraniano faz pendant com a destruição, no espaço econômico abstrato, do capitalismo russo pelo sistema financeiro internacional. Trata-se da guerra abstrata da geopolítica americana seguida pela União Europeia.

A geopolítica americana se ressente em ser a invenção do neoliberalismo, hoje, uma moléstia para o capitalismo desenvolvido diante do mercantilismo capitalista asiático.

O aniquilamento do capitalismo russo na guerra abstrata encontra seu limite na proteção que o mercantilismo lhe oferece. A Rússia é parte da globalização asiática e, portanto, tem laços sólidos com a China.

A guerra abstrata americana é uma desglobalização no espaço das multinacionais americanas. A desglobalização implica uma certa desterritorialização do capitalismo da multinacional, um salto no vazio econômico.

A desterritorialização da globalização é um recurso da geopolítica americana que quebra a gramática do capitalismo mundial sob hegemonia ocidental.

Mais completa do que a geopolítica russa, a geopolítica americana combina guerra real (fornecimento de armas para Zelinsky, e serviço de inteligência etc. ), guerra virtual e guerra abstrata.

 

ESCOLA REALISTA DO ESTADO

Publiquei um ensaio sobre a <escola realista do Estado moderno>, em Maquiavel, Marx e Giddens. Marx forja o conceito de Estado como <poder de Estado> e <aparelho de Estado>. Parar ele, o Estado não é um fenômeno moral ou jurídico, essencialmente. O Estado não necessita de legitimidade ou legalidade para agir com violência, por exemplo.

A escola idealista tem como ponto alto no direito, Hans Kelsen. Para Kelsen, o Estado é uma obra constitucional ou legal. Weber vê o Estado moderno come monopólio e exercício da violência real. Só é Estado, o Estado legítimo ou legal.

Foucault e Deleuze falam da estatização do campo de poderes. Trata-se do realismo do Estado como uma categoria de poder. No idealismo, o campo de poder é constitucionalizado. A Constituição funciona como uma gramática da realidade, como gramaticalização do campo de poder? Assim, escapamos do idealismo jurídico?

Há fenômenos do poder que não são constitucionalizadas e que, outrossim, são expressão da gramática da realidade.

Para a escola idealista, só existe agir estatal dentro dos marcos constitucionais. A gramaticalização do Estado permite falar de agir estatal fora das linhas da Constituição. A luta de classes não cabe no idealismo jurídico, pois a violência estatal usada contra o proletariado, em geral, é ilegal.

Para além do conceito de Marx, Gramsci segue Hegel com seu Estado-ético. Trata-se do Estado como direção moral e intelectual do povo-nação. O Estado não é um fenômeno moral, mas ele faz da moral um artefato de educação das massas. A escola pública para as massas nasce daí.

Em Marx, o Estado é, essencialmente, dominação {em alguns textos, ele fala de hegemonia]. O método da dominação (ditadura, sociedade política, oligarquia política etc.), na democracia representativa, faz pendant com a hegemonia (democracia, sociedade civil, classe dirigente etc.).

Há situações nas quais o Estado governa pelo método ditatorial em democracias, ou melhor, simulacros de simulação de democracia. Aqui, o Estado inexiste como hegemonia, como classe dirigente enfim, como direção moral e intelectual, como gramática da realidade. O Estado inexiste com fenômeno de cultura política.

É o caso do Brasil de Bolsonaro e sua oligarquia miliciana de Rio das Pedras. Bolsonaro diz que se perder a eleição 2022, recorrerá ao método ditatorial para conservar o poder. Com o método ditatorial, ele já provocou um curto-circuito, principalmente, no Estado de polícia. A destruição da separação dos poderes serve ao método ditatorial e a um hiperpresidencialismo.

Bolsonaro é a prova de que o Estado pode se ditatorial funcionando em uma democracia formal constitucional.

 

GEOPOLÍTICA CAPITALISTA

30/03/2022

POLANTZAS cunhou o termo geopolítica capitalista na conjuntura na qual a multinacional aparecia como um ”Estado” por dentro do Estado nacional, no mercantilismo monopolista de Estado.

A geopolítica capitalista aparece como avesso da guerra no desenvolvimento do capitalismo mundial. Com a crise catastrófica do mercantilismo monopolista, a governança americana inventou o neoliberalismo financeirizado.

Com a globalização americana, a geopolítica capitalista fez da multinacional da comunicação sua vanguarda junto à povos periféricos e subdesenvolvidos. A financeirização é a outra dimensão da globalização econômica ocidental.

A globalização tem no general intelect sua força social produtiva (e práxis social) na produção de máquinas cibernéticas, no século XXI.

A China tem um general intelect em milhões de pessoas. O trabalho científico é o motor do desenvolvimento Chinês e de sua geopolítica capitalista da rota da seda.

A geopolítica capitalista asiática põe e repõe D-M-D’ (capitalismo produtivo) no lugar de D-D’ (capitalismo financeirizado) na direção econômica e da hegemonia da história econômica. A gramática produção de mercadoria 0substitui a lógica do capital fictício.

Os EUA procuram combinar geopolítica pura e geopolítica capitalista: guerra e economia. A China trilha o caminho pacífico do mercantilismo com general intelect. Porém, ela não abandona os membros da rota da seda, como a Rússia.

A globalização neoliberal encontra-se destroçada. Já a globalização asiática do mercantilismo capitalista se mantém de pé.

Os EUA acabaram refém da geopolítica pura, neoliberal.  Hoje, tal0 criatura assombra o criador.

 

IDEOLOGIA

A HISTÓRIA das ideologias começa com a definição “lógica das ideias” mas no livro “A ideologia alemã”, Marx e Engels falam de um discurso que oculta a realidade. Este livro só foi publicado em 1934,

Mais adiante, Marx fala da ideologia como um campo de lutas que reflete e refrata a crise histórica da contradição entre forças produtivas e relações sociais de produção.

Lenin pensa a ideologia como instrumento discursivo das classes sociais em luta. Em um sentido mais amplo, a ideologia pode ser o partido do idealismo em luta contra o partido do materialismo.

Na linguística, a ideologia é uma linguagem sem referente, ela não tem como referente as classes sociais ou a economia.

Na semiótica, a ideologia possui referente e é composta por símbolos e signos icônicos, signos que possuem efeito de realidade, como o direito.

O mundo digital aparece como cada cibernauta destilando sua própria ideologia pessoal: Torre de Babel.

Gramsci diz que todo homem possui sua própria filosofia e gramática. A filosofia é ideologia, gramática não.

A gramática é o campo no qual a ideologia cessa de funcionar como paradigma da interpretação da realidade econômica.

A crítica da gramática do capital mostra que o capital não faz pendant com o liberalismo. O liberalismo não é a ideologia do capital.

Então, a ciência do capital faz pendant com a gramática e não com a ideologia.

POLÍTICA REPRESENTATIVA

A política representativa é um artefato moderno. Para os pós-modernos, o fim da representação inaugurou a pós-modernidade.

O que é a representação?

O voto livre do eleitor define a soberania popular como pleno exercício da liberdade política sem interferência dos poderes público e privado.

A soberania popular está vinculada ao bem comum, na gramática da realidade?

O voto do eleitor entrega o Estado para os políticos. A teoria política pressupõe que o político vai representar o interesse do eleitor e seu corolário, o bem comum. Hans Kelsen desfez essa ilusão.

O governo de um Bolsonaro é o apogeu da substituição de uma classe dirigente por uma oligarquia política, que controla o parlamento.

A oligarquia é constituída por partidos formais e informais (Centrâo) que são ligados aos interesses evangélicos, do agronegócio e do pessoal da segurança pública e privada. Esses partidos agem no sentido da dissolução da modernidade política.

A aliança do Centrão com o neoliberalismo foi festejada como a estratégia que manteria o poder político fora das mãos da esquerda.

Hoje, o neoliberalismo luta pela legalização do capitalismo criminoso. A transformação do Estado nacional em um Estado privatizado desacelerou.

A eleição de 2022 aparece como um plebiscito que decidirá se a oligarquia continuará tocando seu projeto ou não.

 

FANTASIA

Fantasia é um vocábulo associado à imaginação individual ou de grupo. Marx o transformou em um fenômeno histórico. A frase <um fantasma (fantasia) ronda a Europa: o comunismo> fala da fantasia social do futuro.

A fantasia social remete para a luta de classe do proletariado e a sociedade de classes industrial, luta da classe operária contra o capital.

No campo freudiano, Lacan desliza a fantasia do domínio da imaginação para o princípio de realidade freudiano. O deslocamento vai além da estrutura psíquica e conjura a relação liberdade/necessidade. Trata-se da realidade concreta, realidade objetiva.

Na gramática da realidade, a fantasia é o princípio de realidade, ela é algo que aparece para o sujeito como exterior, como realidade objetiva.

A guerra na Ucrânia é a fantasia, como realidade objetiva, da conjuntura mundial do presente. Zelensky diz que já é a 3° guerra mundial entre Putin e EUA/OTAN.

A guerra aparece como fantasia – imaginação delirante nos mass medea -, a realidade objetiva é embrulhada em um pacote real e ficcional.

A ficção aparece na estrutura da novela com seus heróis (Biden, Zelinsky) e vilões (Putin).   De fato, não há heróis e vilões, e sim líderes que não querem a paz.

Biden diz que vai atacar a China, aliada da Rússia. Assim, ele revela que a guerra mundial tem como causa o confronto da geopolítica capitalista asiática – do mercantilismo capitalista – com o decadente neoliberalismo.

Na gramática da guerra, esta não é a expressão da pulsão de morte dos povos. Ela é uma fantasia do presente contra a qual os povos não se insurgem.

A guerra é uma fantasia do poder mundial (Estado suicidário) que não encontra resistência de um sujeito mundial, que quer a paz,

 

OLIGARQUIA OCIDENTAL

O que pode confundir a percepção do leitor é o Ocidente como uma prática política unificada na luta contra PUTIN.

Na superfície das aparências de semblância, parece que há uma classe dirigente cujo líder é Joe Biden.

A luta contra a Rússia acontece através como dos mass medea. Um regime de imagens e discurso eletrônico fala da destruição das cidades ucranianas, mortes de civis, inclusive crianças, milhões de refugiados. O exercito rússo aparece como vilão de uma novela na qual JOE aparece como herói ocidental e Zelensky como uma paródia de herói Marvel.

A realidade da guerra dos mass medea é real e ficcional. Ela não é produzida por uma classe dirigente que tem em sua gramática um mundo pacífico. Ao contrário, o que caracteriza a gramática da oligarquia é ela ser parte do Estado suicidário.

Na China, há uma classe dirigente que constrói um caminho pacífico através da geopolítica capitalista asiática, o avesso da geopolítica pura do Estado nacional.

A oligarquia ocidental é um artefato do neoliberalismo assim como a classe dirigente o é do mercantilismo capitalista.

A oligarquia faz pendant com o capitalismo D-D’ ou capitalismo financeirizado. Na realidade deste desaparece a profundidade do capitalismo  D-M-D’. A mais-valia, a luta de classes, a sociedade de classes, a classe dirigente industrial são foracluídos da realidade.

A oligarquia neoliberal não é portadora de uma geopolítica capitalista pacífica. Ela se move por uma geopolítica pura, que inclui a guerra mundial em sua gramática.

Isto explica o discurso de Joe evocando a     3° guerra mundial. Discurso naturalizado pelos mass medea.

 

SOCIEDADE INDUSTRIAL -antiga e moderna

Na etapa atual do capitalismo, há a distinção entre a sociedade industrial antiga do século XIX e a sociedade industrial moderna cibernética.

As multinacionais americanas cibernéticas criaram uma sociedade pós-industrial - como diz Peter Drucker?

No Brasil e América do Sul, a sociedade industrial antiga encontra-se em decomposição e o pós-industrial representa a vida urbana?

Rigorosamente, o pós-industrial é a nova forma da sociedade industrial moderna. Aliás, entre nós, o pós-industrial abrange a burguesia e a classe média e outras classes que não fazem parte do povo. O mundo digital permanece excluído da vida da maioria da população.

Ao lado das desigualdades antigas, temos agora a desigualdade digital como característica dos países subdesenvolvidos colonizados pelas multinacionais do capitalismo de plataforma.

Nestes países, o moderno se apresenta como digital na publicidade da tela da televisão até o celular. Sempre fomos modernos. Não somos subdesenvolvidos.

No entanto, a realidade digital do subdesenvolvimento não é a realidade da sociedade industrial cibernética. Por quê?

A sociedade industrial moderna tem no general intelect o artefato que a define como história econômica e direção moral e intelectual da nação.

Já falei de Bolsonaro como Príncipe noir tupiniquim. O Principe noir se define por ser o avesso do general intelect, que ele identifica com o campo da esquerda. Aliás, o Príncipe noir procura destruir o general intelect e seu projeto de construção de uma sociedade industrial moderna.

O moderno como aparências de semblância da ideologia publicitária representa um atraso na tomada de consciência dos povos subdesenvolvidos. A prática política do dominante se mantém com essa realidade artificial e fictícia da ideologia publicitária.