quinta-feira, 29 de outubro de 2015

KANT E A COMUNIDADE JURÍDICA MUNDIAL


Não sou técnico em filosofia; sou um vagabundo intelectual rousseauniano que faz jardinagem – encantada pela serpente - no Jardim do Éden da filosofia!
O primado da razão prática sobre a razão teórica, talvez, signifique que a razão teórica não tem o poder simbólico que a razão prática tem como possibilidade de uma abertura para o Real em uma configuração RSI (Real/Simbólico/Imaginário). Assim, o imperativo categórico (lei do dever) de conceito lunar, torna-se um conceito terreno.
A razão prática articula o real como realidade do real, como lógica do sentido. Como imperativo categórico, o Estado universal é - “não deve haver guerra”. Este deve ser é o avesso do estado de guerra, é o estado de paz perpétua entre os homens, mulheres e crianças. O desprezo do marxismo totalitário por Kant advém do campo dos afetos possuído pela cultura política intelectual totalitária. Vejam só! No discurso kantiano, O Estado não é, apenas, uma articulação da cultura política fática; ele é uma articulação da cultura política do simulacro de simulação. Kant diz:
“O Estado deve ser (e não foi) construído de harmonia com a ideia do contrato social. O contrato é o fundamento jurídico, o pressuposto ideal do Estado, e este deve organizar-se COMO SE FOSSE (simulacro de simulação) baseado no reconhecimento dos direitos da pessoa, ou seja, como síntese da liberdade humana”.
Como produto do contrato social, o Estado pode ser um fenômeno da cultura política do simulacro de simulação. Como dispositivo que assegura os direitos da pessoa (articulados ao direito natural à liberdade), o Estado não é um fato; é um artefato (simulacro de simulação de um fato – pós-modernismo). O problema surge quando esta razão pós-modernista é tragada pelo imaginário witz (que devolver o fato jurídico como artefato/piada, pilhéria), que é o avesso do sério como comédia histórica vulgar.
No discurso kantiano, o Estado se define positivamente como a “reunião de uma multidão de homens debaixo de leis jurídicas”. Portanto, o Estado moderno é uma articulação do discurso do direito. Mas tal multidão deve conceber-se (e ser concebida) como associada por virtude de contrato, por vontade de todos. Trata-se da existência do Estado como um fenômeno racional, se isto não for um pleonasmo infame! Se não é a racionalidade do irracional do totalitarismo alemão, o Estado é regulado por um princípio racional que não faz a gestão do campo dos afetos e, portanto, de todos os fenômenos do inconsciente nietzschiano. Ele faz a gestão dos fatos do inconsciente freudiano e dos fatos racionais.
O Estado não pode ser reduzido a um fato histórico. Para a comunidade jurídica, isto é um suicídio! Neste aspecto, temos Kant com Rousseau.
Como uma multidão articulada e rearticulada pelo discurso do direito (inscrito na cultura política do simulacro de simulação), o Estado é a realidade política do direito. Em si, o direito é uma relação que contrapõe, ao menos, dois sujeitos, duas biografias individuais em uma linha de força jurídica como limite para o agir que não está sobredeterminado pela razão prática; por isso as determinações jurídicas envolvem sempre a possibilidade coercitiva de se fazerem valer contra alguém.
Qualquer comunidade jurídica séria é socializada (educada) - na cultura universitária e na cultura jurídica em si - pela cultura política do simulacro de simulação. Hoje, qualquer comunidade jurídica é pós-modernista. Trata-se de cogitare na conjuntura do pós-pós-modernismo. Então, o que isso pode significar em uma era na qual a técnica digital se inscreveu na cultura política intelectual mundial como seer do homem? Trata-se de pensar a lógica do simulacro de simulação como técnica digital.
A geração D (digital) já tem inscrito em seu seer (ela tem um eu digital, também) a técnica digital, enquanto a comunidade jurídica é constituída como ente do seer social da era da técnica do papel (geração P.). Tal contradição técnica pode ser a causa de uma crise da comunidade em tela como instituição pública mundial essencial na articulação do capital corporativo mundial – centro organizador da história do planeta no século XXI.
O extraordinário filósofo espanhol Ortega y Gasset escreveu na véspera da Segunda Guerra Mundial: “la Universidad  (europeia) es um lugar de crimen permanente e impune”. É o lugar do assassinato branco – no campo simbólico - da juventude europeia universitária. Tratava-se de um prelúdio ao assassinato físico em massa de milhões de jovens no campo de batalha não só da Europa? Ele diz em 1939: “de si los defectos sustantivos de la instituición universitária no serán una de las causas que han producido el terrible desconcierto de la vida europeia?”.
2015 não parece estar em um processo de conceituação como repetição diferente, lúdica e sedutora de 1939? Este ano é o símbolo da junção da crise das ciências europeias com a ascensão final do fascismo alemão sobre a política mundial. No século XXI, a técnica digital não substituiu, finalmente, a razão prática na articulação da cultura politica intelectual mundial? Ela não possuiu a lugar privilegiado de abertura para o seer e, portanto, para o Real? Ela não se constitui como fato articulador RSI do contemporâneo do século XXI?                      
      
                                                         
        
                                                                                                                                                                                                                                                                
                
                                                                          

         

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

FREUD/NIETZSCHE

AUTOILUSÃO DA POLÍTICA/ANDROGINIA POLÍTICA
A linguagem que fez desmoronar a conceituação da política como uma luta de agentes que ocupam lados opostos (esquerdo/direito) tem uma história que não posso desenvolver aqui. Mas a história da esquerda e da direita como um xifópago neoliberal deveria ser suficiente para acabar com a autoilusão dos intelectuais de que a política tem lados - e principalmente lados opostos. A topologia ideológica esquerda versus direita tornou-se parte da cultura witz. O witz é o avesso do sério sem ser cômico! Há muito tempo a esquerda e a direita deixaram de ser sérias. No mundo ocidental, a esquerda é witz e a direita também é witz.
A causa da cultura witz é que o mundo (a realidade) funciona em rede. A sociologia espanhola mostrou tal fenômeno para nós! A cultura política intelectual da atual conjuntura histórica funciona, ou abstratamente, ou concretamente através de redes. Vamos ao exemplo. O governo Dilma Rousseff não está nem na direita nem na esquerda. Ele aboliu a topologia ideológica dos lados. Esta topologia já era há muito tempo um faz de contas de que havia lados políticos. Escrita pela cúpula do PT, a “Carta aos Brasileiros” de Lula é o primeiro documento escrito partidário que definiu o fim da topologia dos lados políticos. Depois os lados foram reconstruídos no imaginário witz “nacional” com a representação de que Lula era o antiFHC e o PT o antiPSDB. O jornalismo de papel e o eletrônico tiveram um papel tático essencial na difusão para as massas desta ideologia petista. Esta artimanha de sertanejo (Lula) manteve o PT no poder “nacional” até hoje.
Em setembro de 2015, Dilma Rousseff prova para o país definitivamente que não existe direito ou esquerdo. Existem redes de poder que atravessam a realidade e dominam o país. O PT hiperdireitista (mais direitista que a direita) não é um lado a mais enquanto o PSDB está no lado direito e o PSOL no lado esquerdo. Tal PT é a abolição dos lados políticos. Tal PT é hiper-real, ou seja, mais real que o próprio real. Ele é o real como impossível de ser suportado pelos intelectuais, e é o diabo para as massas. A presidente Dilma adiantou na televisão a medida que ela vai comunicar na próxima semana: enxugamento da máquina pública, desemprego em massa do funcionalismo público. As medidas comunicadas ontem (14/09/2015) já significam a paralisia total da máquina pública, inclusive do JUDICIÁRIO! Fiquei de boca aberta com o choque de realidade rousseffiano!  
A política andrógina Dilma Rousseff está tecendo uma biografia na história freudiana brasileira que significa o fim da história do homem. Ela não veio em vão! A psicanálise é incapaz de explicar tal fenômeno, mas a física freudiana da história integra a biografia de Rousseff ao inconsciente político “nacional” em conceituação pelo agir da presidente Dilma Rousseff. Apenas os débeis mentais de plantão no jornalismo nacional ou internacional vão tomar o fenômeno biográfico Rousseff como algo banal. Eles dizem - isto é a funalização da política. Na realidade do real, Dilma transformou o PT em um partido hiperdireitista. Finalmente, a cultura urbana mineira-gaúcha-búlgara supera o populismo sertanejo de Lula na ficção e na realidade.  
As universidades estatais ficaram por último no enxugamento da máquina pública feita por Collor. Durante a eleição de Maculan para a reitoria da UFRJ, o comitê da campanha recebeu a notícia (através do filósofo Carneiro Leão) de que a lista das demissões da UFRJ já estava pronta. Era uma lista política que varreria a esquerda (marxista e liberal) do mapa vida universitária. A verdade é que até Fernando Collor de Mello recuou na destruição da UNIVERSIDADE ESTATAL. Parece que eu fazia parte desta lista. Eu estava na lista por ter trazido com o decano Vilhena o guerrilheiro nicaraguense Daniel Ortega para falar para os alunos, no campus da Praia Vermelha, no primeiro dia do governo Collor de Mello Era o último da lista. Na cabeça da lista de Collor, encontravam-se o brilhante físico, depois bolivariano, Luís Pinguelli Rosa e o grande nome da esquerda liberal carioca Nélson Maculan Filho. Foi um momento dramático na vida da UFRJ. Meu tio linguista Abílio de Jesus da UERJ me disse: “não se preocupe, a UFRJ é maior do que Fernando Collor de Mello”. Mas como, agora, a UFRJ pode enfrentar a androginia política de Dilma Rousseff, o PT hiperdireitista, a CUT witz, o Congresso “nacional” derrotado e parecendo barata tonta a procura de um master, o STF implacável e o poder despótico brutal eletrônico do Grupo Globo?

QUEM VAI FAZER A REVOLUÇÃO SUB-BURGUESA NO BRASIL
Até agora, a esquerda, a direita, os intelectuais, os empresários, os operários acreditam que existe burguesia na América Latina. Não existe! Existe uma sub-burguesia. Esta é um ersatz de burguesia dos países desenvolvidos. Sub significa substituta. Assim como não existe capital marxista na América Latina e sim subcapital.
Em São Paulo existe um subcapital industrial urbano em decomposição. Parece que o subcapital de commodities resiste às tempestades da economia “nacional” e internacional. A lógica do desmoronamento do subcapital urbano paulista é a causa da discussão dos economistas sobre o modelo econômico lulista que desviou uma parte do excedente para as massas populares, criação de novas universidades estatais, financiamento de determinadas empresas, desprezo pelo sistema industrial. Os economistas sub-burgueses dizem que o modelo lulista é ancorado no Estado e não tem preocupação com a economia privada (industrial, urbana, paulista). A partir de 2008, o ministro da economia Guido Mantega apostou na economia do consumo do mercado interno. Ele acreditava que o consumo ia ser o motor de um crescimento industrial. Deu como os burros n’água!
Com a aceleração do desmoronamento da civilização subindustrial, a expectativa de crescimento foi para as calendas gregas. Frente ao aprofundamento da crise brasileira, as instituições intelectuais do capital fictício mundial passaram a agir sobre o governo. A ação destas instituições pode provocar a argentinização do ano 2001 da economia brasileira.  A economia brasileira é parte do sistema capitalista mundial. Ela é a 7°economia mundial.
Quando Dilma Rousseff apontou o caminho da REVOLUÇÃO SUB-BURGUESA, ela provocou a passagem para um outro estágio da conjuntura. Para a sub-burguesia, a confusão acabou. A questão agora é se Dilma Rousseff pode chefiar a revolução sub-burguesa. Trata-se de uma revolução que vai submeter o Estado à sociedade civil burguesa. A ação revolucionária sub-burguesa de Dilma Rousseff é o ponto de não-retorno de um revolução sub-burguesa que vai suspender a lógica do simulacro de simulação na política. O problema é que esta revolução espera que a parte sacrificada do país aceite passivamente a sua destruição em nome do quê?  
A revolução tem que destruir o Estado atual, e reconstruí-lo como um Estado subcapitalista. O ensaio geral desta revolução foi feito por Fernando Collor no início da década de 1990. Acabou em impeachment. Hoje, existem forças supermotivadas para fazer tal revolução. O subcapital industrial paulista, o Grupo Globo, partes da comunidade jurídica, partidos como o PSDB, o PMDB e outros. O capitalismo de commodities é a retaguarda da revolução. Estas forças do bloco-no-poder querem retirar do governo o monopólio do uso do excedente. O capitalismo de commodities é acumulação de excedente com um mínimo de acumulação técnica. Portanto, na hegemonia do bloco-no-poder, este subcapitalismo rural-urbano significa a aprofundamento da barbárie. Trata-se de uma repetição da economia colonial diferente, não-lúdica, não-sedutora.
O subcapital industrial paulista já começou a discutir (seus intelectuais orgânicos) o novo modelo industrial de São Paulo. As ideias ainda são escassas, mas a autorreflexão e simbolização da sub-burguesia apontam para uma nova articulação teoria/prática que será o motor da revolução sub-burguesa paulista/carioca. O PCPT vai fisicalisar (homologia com analisar) a nova conjuntura na medida em que os fatos e os artefatos se apresentarem. A serpente está preste a sair do ovo. Pode ser a kundaline?     
TEORIA DA DEPENDÊNCIA/MARXISMO VELHO
O modo de produção oligárquico de ideias no Brasil faz do país uma colônia cultural. Basta observar o marxismo brasileiro que trabalha com a teoria da dependência. Existe uma bibliografia que começa com o “Dependência de desenvolvimento na América Latina”, de Fernando Henrique Cardoso e Enzo Falleto (1970). Dependência significava o capitalismo industrial dependente e associado na América Latina. O brilhante livro de Celso Furtado “Criatividade e dependência na civilização industrial” (1978) faz da dependência industrial um conceito planetário. O problema é que a dependência é uma relação econômica entre países. Trata-se de história territorial. O livro de Octávio Ianni “A era do globalismo” contém a concepção de uma história (des)territorializada. Trata-se de uma história na qual o território (países) constitui o aspecto secundário da dialética história. No aspecto principal encontra-se o capital corporativo mundial que passa a ser soberano economicamente na economia internacional a partir da década de 1990, como mostrei no meu livro “Capitalismo Corporativo Mundial”.
Antes do capital corporativo mundial, o capital corporativo transnacional (Celso Furtado) iniciou a (des)territorialização. Mas ele foi um instrumento para a soberania do império americano como império do capital corporativo transnacional. Ainda estávamos na história territorial.
O fim da URSS é o ponto de inflexão na passagem da soberania econômica do capital corporativo transnacional para o capital corporativo mundial. A desintegração da URSS foi o motor da (des)territorialização da economia internacional. O fim da URSS significou também o fim do império americano do capital corporativo transnacional. Usando um velho marxismo, jovens marxistas brasileiros continuam a falar em imperialismo americano como fato principal na história mundial. As piscinas deles não estão cheias de ratos, mas as ideias deles não correspondem aos fatos.
Assim como o imperialismo é história territorial, a DEPENDÊNCIA é história territorial e uma linguagem ideológica oca na relação ideia/fenômeno da atual história mundial. A dependência significa subcapital industrial dependente e associado. Vamos falar de fatos. Não é esta dependência que está em desintegração no Brasil (e na América Latina)? O subcapital industrial paulista não está vivendo sob o tacão da lógica do desmoronamento econômica? Isto não é a essência da CRISE BRASILEIRA? Por quê?
A história (des)territorializada é também uma história (des)territorializante. Trata-se da lógica do desmoronamento da história territorial industrial, da história do subcapital industrial. Sub significa ersatz: substituto. O subcapital é o ersatz do capital industrial do centro do capitalismo mundial. Ele é a cópia do modelo; ele é, portanto, um simulacro de simulação do capital marxista industrial. Sendo assim, ele é parte da cultura política intelectual witz.
Como o capital industrial não é mais territorial (ele não é mais um servo dos países ocidentais), sua lógica global significa (des)territorialização da civilização industrial. Tal lógica do desmoronamento da soberania do território (dos países) é a causa da desintegração da indústria no Brasil (e na Argentina). Os economistas brasileiros divididos pelo partidarismo PT versus PSDB buscam a explicação da desintegração do subcapital industrial paulista (e brasileiro, em geral) na política errada da Era Lula. Trata-se de uma interpretação da realidade brasileira bolorenta que já era caduca na década de 1990. Este fato é a prova que o Brasil (que ensaiou sair da sua condição de colônia cultural com Fernando Henrique Cardoso, Celso Furtado e Octávio Ianni) voltou a sua condição de colônia cultural.
Praticado por jovens marxistas, um marxismo velho aprofunda a condição colonial cultural do Brasil e da América Latina. Como ele sobrevive na universidade estatal? Ele é parte da produção oligárquica de ideias. Com o bolivarianismo, tal marxismo velho se apoderou das redes de poder oligárquicas intelectuais que controlam o subcapital público (excedente nacional) que financia pesquisas e publicações. Tais redes dispõem de Editoras oligárquicas marxistas (a principal é a Boitempo) e revistas (a principal é a Piauí) e aparelhos como a FLACSO. Assim, uma parte do excedente público (e privado) está servindo para alimentar este estamento oligárquico intelectual marxista anacrônico no Brasil e na América Latina.  
A crise global catastrófica do bolivarianismo significará o desmoronamento do estamento oligárquico marxista latino-americano? Se isto acontecer, então a região poderá, finalmente, iniciar o debate sobre o ecomarxismo de Celso Furtado!   

BAUDRILLARD/CULTURA MUNDIAL WITZ
Nietzsche se autodefiniu como o martelo da filosofia. Baudrillard é o martelo da cultura ocidental pós Segunda Guerra Mundial. Vou me explicar, pois se trata da dissolução da razão a partir da própria razão!
“O 18 Brumário de Luís Bonaparte” é o livro de Marx que trata da cultura witz na política francesa de 1848-1852. Marx se espantou como uma biografia witz (Luís Bonaparte) pode destruir a República Democrática e erguer um Império adorado pelos franceses. Luís é grotesco, clown, bufão. Ou seja, na realidade do real da cultura política intelectual francesa, ele é witz. Mas a cultura witz é capaz de destruir e construir? Ela é a destruição criadora de Shumpeter? Precisamos desenvolver tal contraconceito. O que falta no livro de Marx supracitado é o contraconceito de comédia histórica. Desde Eurípides, a comédia é a revolução política estética da alta cultura. A revolução do sobrinho de Napoleão Bonaparte é comédia histórica na cultura política intelectual moderna. A biografia de Luís é o motor criativo da comédia histórica. Assim, a França da segunda metade do século XIX evitou o mergulho em profundidade na cultura do witz e desaguo na cultura política intelectual europeia do Império e, finalmente, na revolução popular através da comédia histórica “Comuna de Paris”. Marx não cometeu o erro crasso de dizer que a Comuna era uma revolução proletária atoa! 
A primeira metade do século XX europeu é agenciado pela cultura do sério. As Guerras Mundiais são o apogeu do sério na cultura política intelectual. A cultura não existe em um céu de brigadeiro, pois ela, na era moderna do século XIX, tornou-se subsumida a lógica da acumulação do capital industrial. O capital industrial nacional significa um alto grau de octanagem (é importante lembrar que a potência está diretamente ligada à taxa de compressão) como liberação de energia produtiva econômica narcísica e liberação de energia como instinto de morte através do Estado Nação. Depois da 2° Guerra, os Europeus resolveram criar a União Europeia para mudar o tipo de metabolização da energia mítica (instinto de morte e narcisismo) na cultura política intelectual. O diagnóstico dos intelectuais europeus atribuiu aos Estado nacionais a responsabilidade da destruição ciclópica da juventude europeia nas Guerras.
Baudrillard mostrou no “Simulacres et simulation”(1981) que a cultura europeia havia se tornado um simulacro de simulação. Traduzindo para a língua natural. Trata-se de fazer uma coisa que não é real, parecer real e ser vivida como real! Trata-se do contraconceito de hiper-realidade que ele bebeu em Erasmo de Roterdã. A decifração da história europeia (e dos EUA) da conjuntura que começa no fim da 2° Guerra só foi possível graças a cultura política intelectual neerlandesa. O “Elogia da Loucura” é o livro de cabeceira da atual conjuntura histórica. Leitor, ainda nos encontramos nesta conjuntura. Mas os primeiros passos para entrarmos em uma nova conjuntura estão sendo dados no Japão, na Inglaterra e na Hungria! A physika trata com os fenômenos culturais para além do bem e do mal!
A cultura do faz de conta de que a coisa é real é o estabelecimento da União Europeia como lógica cultural do faz de conta que a U.E é a forma democrática regional que vai substituir os Estados-Nação. Por que a cultura política europeia universitária denega tal fato?  A cultura do simulacro de simulação não cria o modelo sério. Para ela, tudo é cópia. O próprio modelo é cópia. O livro “Diferença e Repetição”(1968) talvez seja um salto qualitativo na exploração da lógica do simulacro! Parodiando Althusser, digo que só realmente existe a cópia na atual cultura europeia (e americana). A cópia é o fenômeno como cultura política intelectual espontânea. O problema é que a cópia articula a cultura witz – o avesso do sério sem ser a comédia histórica.
A cultura europeia passou a existir como um imaginário witz (Montesquieu/Freud) - um buraco negro imaginário da realidade do real que traga o sério e o libera como witz. Esta é a razão dos Estados europeus não chegaram à conclusão de como devem tratar a bomba demográfica (Hiroshima islâmica) que está explodindo (e pode implodir a) na Europa. O que pode implodir? a cultura witz do simulacro de simulação. Anote-se o comportamento da Inglaterra (fechando suas fronteiras para os refugiados, de um modo implacável, despótico nacional) e Victor Orban tratando os refugiados como a peste mulçumana! Isto não é o retorno da cultura do sério sem sedução ou como o avesso do lúdico? Mas ela é diferente da cultura do sério da primeira metade do século XX. 
A Inglaterra, a Hungria e o Japão não são cultura do witz. E o Brasil, caro leitor?     

OKRANA BRASILEIRA/CIÊNCIA DO REAL

“Representantes da comunidade científica divulgaram uma carta aberta à presidente Dilma Rousseff hoje, se posicionando contra uma possível fusão da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Seria um desastre total”, disse ao Estado a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader”.
“A carta é assinada por oito grande entidades do setor: SBPC, Academia Brasileira de Ciências (ABC), Academia Nacional de Medicina (ANM), Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI), Associação Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (FORTEC), o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP), o Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (CONSECTI)”.
 Dilma Rousseff declarou que o enxugamento da máquina pública significa uma medida para proteger os cientistas. A medida é a fusão da Capes com o CNPq. É certo que isto atinge frontalmente a universidade estatal, ou seja, seus cursos de pós-graduação. Com o fim do abono de permanência, uma leva considerável de professores se aposentam. No Facebook, professores jovens petistas (ironizam) duvidam que isso possa afetar a vida universitária. Eles consideram os professores do abono profissionais obsoletos que estão preocupados, apenas, em obter um ganho salarial extra para ser incorporado à aposentadoria. Se as promessas do governo petista virar lei, trata-se da repetição da era Collor. Ninguém se preocupou em saber o que realmente foi a ERA COLLOR!
Collor não foi o ensaio geral da revolução burguesa no Brasil? Entramos com Collor na era da cultura política intelectual pós-modernista. Tal cultura significa um fazer crer que o real não existe, que a revolução não é a revolução, que ela não é real. Trata-se da subrrevolução. Sub significa ersatz, substituto do modelo (revolução europeia ou americana). O hiper-real é a verdade de que o real é inexistente. Isto significa um poder! Mas qual poder? Do capital! A origem deste poder encontra-se na história europeia.
Primeiro, o poder do capital mercantil precisou dissuadir as massas (camponesas e operárias) de que o princípio da realidade da acumulação de capital era real como fonte de produção de riqueza que ia fazer as nações progredirem. A economia política era ciência do real, pois pensava (trabalhava) com o princípio da realidade do real. O valor de uso era real como base para medir a produção da riqueza e o progresso das nações.
Depois, o capital industrial desterritorializou tal cultura política intelectual materialista. Então, o princípio da realidade passou a ser o valor de troca da força de trabalho. Trata-se do valor de troca de uma energia gasta no processo de produção de mercadorias. Não vou aprofundar isto para não confundir o leitor! Então se dá o extermínio de todo valor de uso como lógica de articulação da produção de riqueza nacional, de toda equivalência real como progresso material da nação. A cultura política intelectual do capital industrial é abstração das relações materiais reais, desconexão da linguagem do capital da realidade do real, desterritorialização das relações sociais concretas. O poder do capital industrial é a causa da cultura política hiper-real ofensiva do simulacro em si. Tal cultura diz que o real não é real, que ele é inexistente. Trata-se da cultura do witz, do ersatz, do substituto, da simulação de que o real é inexistente: pilhéria.
Então, a revolução burguesa feita por Luís Bonaparte não é real, não é uma revolução burguesa. Luís ergueu o Segundo Império sem lógica histórica, sem processo histórico. O que não estava claro para Marx (que pensou a história política como a dialética da cultura do sério versus a cultura witz, que ele erroneamente definiu como farsa em si) é a transformação da cultura do wizt em comédia histórica. Esta é a revolução burguesa francesa do século XIX. A biografia de Luís é a fonte do desenvolvimento da comédia histórica francesa. Alguns marxistas preferem chamá-la de contrarrevolução já que a revolução do século XIX era a revolução proletária.
Fazer o real parecer que é irreal, que a revolução não é real, eis o poder do capital de dissuasão das massas atingidas pelos efeitos reais da revolução. Assim, a revolução torna-se witz, ou seja, subrrevolução. Hoje, o Brasil encontra-se nesta fase. O poder do subcapital é a dissuasão das massas trabalhadoras estatais de que a revolução não é real para elas. Que os efeitos reais sobre as massas não são reais enquanto fruto de uma revolução. Isto é a subrrevolução witz.
Ministro da Defesa, Jacques Wagner disse:  “os cientistas têm o direito de reclamar, pois estamos em uma democracia”. O ministro diz que o real é a crise econômica, esta é para ele uma questão de vida ou de morte para o país. Aqui, ele brinca de Deus ao dizer qual é o princípio da realidade para as massas. Para as massas, o provável ministro da Okrana brasileira é um hiper-realista do simulacro de simulação que quer fazer crer que o hiper-real é o real. Dissuadir as massas de que o princípio da realidade não significa que o poder do PT/governo não é real, é irreal. O Hiper-real do simulacro de simulação simula que PT/Dilma tem a posse de um poder inexistente – o poder petista nacional. Senhores congressistas, o poder governamental já não existe mais. A única saída é o agenciamento da cultura witz da subrrevolução que é uma revolução que não é real para as massas. Como parte da Okrana brasileira (comunidade de informação da cultura política intelectual sonhada pelo general do Golbery do Couto e Silva), o Grupo Globo dissuade as massas que a revolução não é real.
A universidade estatal está em um processo acelerado de desmoronamento, mas isto não é real. Observo na UFRJ que as massas de professores creem que a revolução petista não é real. Claro, eles nem imaginam (nas greves mais insensatas) o que é uma subrrevolução! Ela não é real, é inexistente. Pois, para os professores, só existe a revolução!
Assim, os hiper-realistas do simulacro de simulação fixam numa verossimilhança alucinante um real de onde fugiu todo a lógica do sentido da realidade do real, toda a sedução, toda a profundidade e a energia da representação. E, então, a Okrana brasileira pode ser soberana na política do mundo-da-vida da rua e na política em si. A via para o PT assaltar novamente o poder nacional em 2018 está sem pedra no caminho. Jacques Wagner dorme o sono dos justos!   
SIMBOLIZAÇÃO DA CRISE BRASILEIRA?
Um jornalista e dois economistas parecem ter achado o caminho para a simbolização da crise brasileira voando em um aeroplano rente ao chão. Voos baixos são fundamentais para a interpretação da realidade dirigida à classe simbólica. Como observa Paul Krugman:  “Agora temos candidatos presidenciais que fazem com que Bush se pareça com Lincoln. Mas quem vai contar isso para o povo?”
Começo com o jornalista preferido do PCPT Juan Arias. Ele é honesto, inteligente tem uma cultura letrada de bom nível e quer dizer a verdade (possível no jornalismo) para as massas de leitores:    “Em meio ao redemoinho da crise que o país atravessa, é possível vislumbrar algo que parece ser novo e poderia marcar as próximas décadas: o Brasil está começando a deixar de caminhar para a esquerda e sente uma certa fascinação por valores mais liberais e conservadores, de centro, menos populistas ou nacionalistas e, paradoxalmente, mais modernos e globalizados”. Este é o diagnóstico que parece feito em um diálogo manifesto com o PCPT (Grupo do Facebook “Psicanálise, Cultura Política, Psicanálise”). Traduzindo Arias para a linguagem do PCPT. Há forças no Brasil que querem integrar o país ao capital corporativo mundial?
Arias diz: “Essa é a verdadeira subversão que hoje começa a viver essa sociedade viva e rica, que está aprendendo a dizer “não”. E, como defendia o escritor e ganhador do Nobel de Literatura José Saramago, às vezes o “não” da rebelião é muito mais construtivo do que o “sim, senhor” da resignação ou da apatia.
A rebelião não tem cor política.
Saramago era de esquerda, comunista”.
Rebelião com subversão da sociedade é um eufemismo para revolução burguesa do capital corporativo mundial no Brasil. Por quê Juan Arias não cita o PCPT como fonte de seu brilhante artigo? Porque isto seria admitir que a cultura política intelectual da internet está no debate, em pé de igualdade, com o jornalismo e a cultura eletrônica. Leitor, há não uma luta para ocupar o lugar hegemônico na cultura brasileira entre o jornalismo (papel, rádio e televisão) e a internet?
Delfim Neto é, provavelmente, o maior Q.I. da classe simbólica brasileira. Na década de 1980 do governo Sarney, ele disse que era preciso uma revolução capitalista (verdadeira, real) no Brasil. Ele foi a fonte intelectual da revolução burguesa de Fernando Collor de Mello que acabou em impeachment. Delfim é um leitor do PCPT? Defini em uma postagem do PCPT a subrrevolução de Dilma Rousseff como a kundalini: “a cobra mítica que morde o próprio rabo”. A kundaline é um símbolo da cultura witz! Trata-se da revolução burguesa que se autointerpreta como revolução que não é real: revolução inexistente.  Ele equivocadamente interpreta a situação atual como uma tragédia: “A tragédia, na verdade, foi 2014, porque ela usou um axioma da política, que diz que ‘o primeiro dever do poder é continuar poder”. Celso Furtado e Mário Henrique Simonsen conheciam teoria estética e história suficiente para ler o PCPT corretamente. Não se pode ter tudo.  
Nosso marxista burguês Bresser Pereira diz que a crise brasileira está ancorada em um problema cambial:  “De acordo com ele, o governo Lula recebeu uma taxa de câmbio que, a preços de hoje, colocada a inflação brasileira e tirada a americana, de R$ 6,50 por dólar, nominalmente era R$ 3,55, e entregou para Dilma Rousseff a R$ 2,00. ‘Isso criou um desestímulo violento à indústria brasileira e nós vimos o que aconteceu com a apreciação cambial’.
“Em cima disso, disse o ex-ministro, houve uma perda da confiança dos empresários. ‘À custa disso também houve o esgotamento do grau de endividamento das famílias de forma que estamos aqui numa crise aguda. Nosso PIB vai cair 2,7% neste ano e recuará 1,5% no ano que vem’, observou Bresser-Pereira. No entanto, o ex-ministro se queixou do fato de que mesmo com o problema cambial, o foco agora estar só sobre o fiscal”.
Bresser não é um leitor do PCPT. A luta do PCPT é por uma revolução na linguagem econômica da periferia do capitalismo. A linguagem natural do modelo (Europa) é constituída por significantes como capital, burguesia etc. A linguagem natural da periferia dependente é constituída por contrasignificantes como  subcapital, sub-burguesia etc. A crise econômica não é a crise do capital industrial paulista. Trata-se da crise do subcapital industrial paulista. Tem uma postagem no PCPT sobre isso com a bandeira de São Paulo.
O marxismo burguês pré-diluviano de Bresser não pode ver que a história brasileira deve ser lida como produção do contemporâneo não evolutivo. Trata-se da dialética hegeliana (e do jovem Marx) Estado versus sociedade civil burguesa. A subida ao poder nacional de Lula/PT tem um preço a pagar. Agora Mefistófeles resolveu, pessoalmente, cobrar. O Estado petista/lulista destruí a parte industrial do subcapital paulista causando uma crise urbana inimaginável para a cidade de São Paulo. Uma aliança de classe sob a hegemonia do resto do subcapital industrial paulista - entre a pequena burguesia paulista (classe média para o jornalismo), o subcapital comercial, o subcapital bancário e a classe simbólica - articulou uma autointerpretação da cultura política intelectual paulista difundida pelo Grupo Globo para as massas de todo o país. Tal autointerpretação diz que a destruição do Estado petista é o caminho para a restauração completa do subcapital industrial paulista. Esta interpretação é um modelo cultural que faz da luta de classes uma luta pelo controle e uso do excedente nacional nas mãos do Estado. O excedente público é definido como o motor da acumulação do capital. Trata-se obviamente de um pensamento mágico marxista, pois a acumulação não é concebida a partir da lógica da acumulação industrial do capitalismo corporativo mundial. Ela é concebida como acumulação autárquica “nacional”, como acumulação do subcapital do engenho de cana-de-açúcar. O marxismo burguês de Bresser Pereira é apenas o marxismo do subcapital do Engenho.
A SOCIOLOGIA DA CLASSE SIMBÓLICA/BOURDIEU
A sociologia marxista das formas simbólicas de Bourdieu tem uma série de conceitos suficientes (capítulo I do livro “O Poder simbólico”) para dar início a passagem do marxismo das formas simbólicas para a physika sociológica historial das formas simbólicas. Trata-se de usar Bourdieu para desenvolver o modelo cultural de análise de conjuntura estabelecido por Marx no livro “O 18 Brumário de Luís Bonaparte”.
A partir da divisão entre o trabalho manual e o trabalho intelectual em Marx, Gramsci desenvolveu o tema da classe dirigente constituída pelos intelectuais. Em Marx só existe a classe dominantes e seus representantes: políticos e ideólogos. Em Gramsci políticos e ideólogos constituem a classe dirigente. Este conceito ele bebeu na teoria das elites italiana: Pareto e Mosca. Em Bourdieu, encontramos o conceito de classe simbólica em estado prático(Althusser) : “corpo de especialistas em concorrência pelo monopólio da produção cultural legítima”. Tal classe existe através e uma atividade que envolve as produções simbólicas como instrumentos de dominação.
A cadeia de significantes que articulam e articulam-se à classe simbólica incluem: poder simbólico, luta simbólica, violência simbólica, comunicação, ideologia e mito, doxa e ortodoxia, capital simbólico, relação de força e lógica do sentido, símbolo, discurso, cultura (política) dominante.
“O poder simbólico é um poder de construção da realidade que tende a estabelecer uma ordem gnoseológica: o sentido imediato do mundo”. Trata-se do que Durkheim chamou de o conformismo lógico, quer dizer, “uma concepção homogênea do tempo, do espaço, do número, da causa, que torna possível a concordância entre as inteligências”. A esta definição global do poder simbólico podemos acrescentar uma concepção mais restrita. A classe simbólica implica um campo de produção especializado como condição para a aparecimento de uma luta entre a ortodoxia e a heterodoxia as quais têm em comum o distinguirem-se da doxa, quer dizer do indiscutido. Husserl estabeleceu a experiência dóxica do mundo – e, em particular, do mundo social – quer dizer, a experiência do mundo social como evidente (taken for granted, nas palavras de Shütz). A cultura política pode ser intelectualmente espontânea (dóxica), ou intelectualmente especializada: ortodóxica e heterodoxa.
Os sistemas simbólicos devem a sua força ao fato de as relações de forças que neles se exprimem só se manifestarem neles ao articularem-se como lógica do sentido. Mas isto é a estrutura. O poder simbólico é o poder de constituir o dado pela enunciação, de fazer ver e fazer crer, de confirmar ou de transformar a visão de mundo e, deste modo, a ação sobre o mundo, portanto, o mundo. Trata-se do poder quase mítico que permite obter o equivalente daquilo que é obtido pela força física ou econômica. Trata-se de um poder de mobilização das massas, de agenciamento delas, de sugestão (como o poder do fascismo alemão) das massas etc. Tal poder só se exerce se for reconhecido, isto é, ignorado como arbitrário (despótico), metabolizado como um fenômeno necessário, obrigatório. A classe simbólica se define por deter o poder simbólico. Na linguagem da physika tal poder só existe em uma cultura política intelectual determinada em uma conjuntura historial político-simbólica.
Bourdieu define violência simbólica pela função política dos “sistemas simbólicos” como instrumentos de imposição ou de legitimação da dominação de um a classe sobre outra dando o reforço da sua própria força às relações de força que as fundamentam e contribuindo assim, segundo a expressão de Marx Weber, para a “domesticação dos dominados”. Na physika marxista, a violência simbólica é o poder de coação simbólica exercido pela classe simbólica – através da linguagem - sobre as massas em uma determinada conjuntura simbólica. (Não se trata de um poder que usa o poder da verdade; verdades que chamamos de autoevidentes , compelem a mente, e essa coerção, embora não necessite de nenhuma violência para  ser eficiente é mais forte que a persuasão e discussão)  A violência simbólica só é possível se ela for um artefato de uma cultura (política intelectual) dominante, como sublinha Bourdieu. Chegamos assim a subdivisão da classe dirigente em classe política e classe simbólica dominante. Esta detém os meios de produção e de circulação matérias e espirituais que permitem que sua autointerpretação da realidade se torne a interpretação do mundo das massas em uma determinada conjuntura simbólica. Em outras postagens mostraremos como esta rede conceitual se transforma em interpretação da conjuntura política-simbólica.    

PHYSIKA DO CAPITAL
A economia política é o território cultural da linguagem moderna do capital. A língua do capital moderno é o inglês. Ricardo pode ser o ponto da linguagem conceitual natural do capital industrial. A epistemologia do capital é davidricardiana. O capital em Ricardo é um significante/ coisa e assim o é para toda a ciência econômica universitária. Com Marx, o capital torna-se relação social de produção capitalista. Classes sociais (sociologia do capital) antagônicas são os aspectos da relação social que existe como dialética materialista do capital industrial. Isto é uma contraepistemologia que faz do capital um contrasignificante construído no livro “O Capital” como contraconceito. Este define o capital constituído/instituído como luta de classes. O objeto da luta é a produção do excedente privado.
O capital só ex-iste na reprodução ampliada do capital. Fora dela, ele é uma relação social definida pela lógica do desmoronamento. No “Manifesto do Partido Comunista”, Marx escreveu: “Devido ao rápido aperfeiçoamento dos instrumentos de produção e o constante progresso dos meios de comunicação, a burguesia arrasta para a torrente da civilização mesmos as nações mais bárbaras. Os baixos preços de seus produtos são a artilharia pesada que destrói todas as muralhas da China e obriga a capitularem os bárbaros mais tenazmente hostis aos estrangeiros. Sob pena de morte, ela obriga todas as nações adotarem o modo burguês de produção, constrange-as a abraçar o que ela chama de civilização, isto é, a se tornarem burguesas. Em uma palavra, cria um mundo a sua imagem e semelhança”. A burguesia é um demiurgo na filosofia do SUJEITO de Marx. Isto é o marxismo que não é a physika marxista.
O essencial do texto supracitado de Marx é o significante civilização burguesa. Se este se transformar em civilização do capital industrial, entramos na physika? O capital é reprodução ampliada econômica e reprodução cultural ampliada. Ou seja, reprodução da civilização industrial que alcança as Américas nos EUA no século XIX. Esta investigação está apenas começando. A reprodução cultural do capital significa a exportação da linguagem europeia natural do capital. Neste sentido, os EUA é uma colônia cultural europeia do capital industrial. Os EUA inventaram uma linguagem política através das revoluções, principalmente da revolução da Independência. Mas a linguagem econômica é a linguagem do capital do modelo (Europa). Uma história do capital industrial nos EUA ainda está por ser feita através da contraepistemologia da physika. No entanto, na segunda década do século XX, os EUA inventaram o capital corporativo transnacional e uma nova linguagem natural do capital industrial. Infelizmente no Brasil, esta discussão é considerada uma platitude.
A reprodução cultural da linguagem do capital na América Latina (e no Brasil) está na cultura intelectual e na cultura política intelectual. Neste continente cultural, usa-se a mesma linguagem econômica do modelo: burguesia, capital etc. A história da cultura política econômica é idêntica à do modelo: mimese. Uma modificação da linguagem foi feita pelo acréscimo de adjetivos ao substantivo capital: capital dependente e associado etc. A reprodução cultural do capital industrial continuou viva através da permanência do substantivo: capital dependente, burguesia dependente etc. Com a crise do capital industrial dependente, há um curto-circuito na linguagem econômica europeia. A physika da economia política trabalha com este curto-circuito para mostra qual é a linguagem natural da cópia: subcapital, subburguesia, subproletariado etc.. Sub significa substituto (ersatz) do modelo. Em Freud ersatz significa o substituto do modelo de gozo sexual: o gozo sexual carnal. Trata-se de substituir o gozo sexual carnal pelo gozo sexual espiritual das artes, religião no processo de sublimação. Por homologia, há o gozo sexual carnal do capital e o gozo sexual espiritual do subcapital. Este articula e articula-se como um estado de patologia sexual permanente da periferia do subcapital industrial como colônia cultural.
No essencial, a physika historial contradefini o capital como reprodução econômica ampliada do capital em junção com a reprodução cultural ampliada do capital. O caminho para sair do estado patológico do colonialismo cultural é a metabolização e simbolização da linguagem natural da cópia: subcapital, sub-burguesia, subproletariado. Mas isto já é a revolução da Nação mestiça. A nação mestiça é o contraconceito construído no livro Casa-Grande e Senzala de Gilberto Freyre, de 1934. A Nação mestiça não é uma invenção dos franceses como divulga o Grupo Globo no seu programa sobre os grandes intelectuais ocidentais: europeus ou norte-americanos!   

ESTATUTO DO DESARMAMENTO
Amanhã (24/09/2015) será votado na Câmara o Projeto-Lei 3772/12. Ele acaba com o Estatuto do Desarmamento (lei 10826). A bancada da bala é o motor de tal armamento da classe média urbana das grandes cidades. Tal engenharia política significa que a bancada da bala representa os interesses da indústria de armas brasileira e do mercado de segurança (Clóvis Brigagão. O mercado de segurança). Os últimos episódios de vandalismo de menores negros e mestiços estão ligados a votação da lei do armamento da população? Por que o Estado do Rio de Janeiro não consegue controlar tais distúrbios? A comunidade de informação e contrainformação deste Estado (incluído a Polícia Militar) controlou eficazmente os movimentos de massas dos últimos anos. Trata-se de uma polícia eficaz no controle de multidões. Então por que não consegue controlar estas redes do jovem lumpesinato quase criminal carioca. Há uma coincidência significativa. Neste momento no qual Dilma Rousseff quer enxugar a máquina do Estado, o governador do Rio luta para aumentar o contingente da Polícia Militar com reverberação no país inteiro.                 
O problema maior da lei do armamento da classe média urbana é que ela amplia e intensifica a guerra molecular do lumpesinato criminal e não-criminal. A classe média está sendo armada para entrar na guerra molecular que o Grupo Globo diz que não existe, que não é real. A Globo News passou ontem e hoje durante o dia inteiro uma inglesa chorando desesperada na praia de Copacabana depois de ter sido assaltada. Os professores da escola de comunicação dizem que isto é a lógica da sociedade espetáculo que o Grupo Globo aplica com rigor. Eles não entendem, não querem ver (não querem por vício de profissão) que tal imagem está sendo usada - na micro-conjuntura político-simbólica da aprovação da lei do armamento - para criar uma maioria na Câmara para a provação de tal lei.
O Grupo Globo interpreta a conjuntura para as massas e para os políticos. Ele é parte da Comunidade de informação e contrainformação que foi idealizada no movimento que desfechou o golpe de Estado de 1964 (esta discussão ainda vai começar). O Grupo Globo foi o instrumento da ditadura militar na cultura política eletrônica intelectual. A comunidade de informação é a Okhrana brasileira idealizada pela ESG/IPES/IBAD. O “gênio da raça” que a concebeu como o antigo SNI (Serviço Nacional de Segurança) foi o general Golbery do Couto e Silva, o bruxo da ditadura militar que fez Leonel Brizola chorar em frente às câmeras de televisão.
Hoje, a OKHRANA é constituída por um número desconhecido de redes de poder formal e informal, privada e estatal, legal (ABIN) e criminosa que vigia seus inimigos inclusive nos prédios de moradia das grandes cidades. Eles contam inclusive com especialistas de várias áreas (interseção com a classe simbólica especificamente intelectual). Se ela já tem psicanalistas em suas redes de poder e informação, isso significa que o Brasil ficou um pouco semelhante à URSS da psiquiatria que encarcerava os dissidentes com o diagnóstico de loucura. Só que a Okhrana brasileira é mais sútil em uma era que a psiquiatria está contida. Hoje parece que ela usa psicanalistas ligados a um determinado partido-máquina de guerra freudiana totalitário. AH, Esqueci! Não existe nem partido-máquina de guerra, nem totalitarismo, nem Okhrana!     
PARLAMENTO/IMPEACHMANT/LOUCURA
Como toda história intelectual, a psicanálise acabou como uma Torre de Babel: o povo de Deus da classe simbólica espalhado pelo mundo falando várias línguas. A antropologia tem mil conceitos de cultura; a sociologia tem mil conceitos de instituição; a psicanálise tem mil conceitos de loucura. Nesta feira/festa conceitual, o infeliz que quiser refletir sobre a loucura tem que entrar no labirinto da loucura conceitual da psicanálise.
Para a discussão que nos interessa, a paranoia é o modelo paradigmático da loucura. Freud diz que ela é um modo de expressão lógico e uma ação intelectual próxima do raciocínio “normal”. A paranoia é uma defesa contra a homossexualidade e um investimento de desejo homossexual. O caso teórico Schreber mostrou para Freud que o conhecimento delirante que o louco tem de si mesmo talvez seja tão verdadeiro quanto o conhecimento racional construído pelo clínico para explicar a loucura. A diferença está no fato de que este último se reveste de um estatuto teórico (e tem uma rejeição de investimento homossexual). O estatuto teórico de qualquer cultura intelectual define-se pela epistemologia política (teoria da ciência como unidade teoria/prática), estrutura conceitual e plêiade de significantes estruturais, significantes formais. Na cultura intelectual em si, trata-se da unidade teoria/prática-teórica
A cultura intelectual é a unidade teoria/prática-teórica com a ausência de prática efetiva. Em Freud, a teoria freudiana tem como prática a clínica freudiana: prática-teórica. Trata-se de um simulacro de simulação de prática como concebeu Lacan com seu discurso do analista. Lacan era fascinado pela lógica do discurso paranoico a ponto de achar que o tratamento psicanalítico devia assemelhar-se a uma paranoia dirigida. Trata-se do discurso do analista como paraíso artificial do psicótico. Lacan foi um grande physiko do século XX e um psicótico mitigado amigo dos psicóticos.
Lacan andou até o meio da ponte na passagem da cultura intelectual para a cultura política intelectual. Em Lacan, o campo freudiano lida com artefatos psicanalíticos e significantes. A physika freudiana atravessa a ponte e chega ao outro lado da montanha: a cultura política intelectual. Trata-se da unidade teoria/prática na qual a prática está realmente presente. Nesta unidade, o conceito torna-se contraconceito que pesca contrasignificantes (fatos/artefatos) e faz laço cultural com a realidade do real!
Na câmara nacional dos deputados, o impeachment está na ordem do dia. Como ele não é da cultura do sério (ele é da cultura do witz), trata-se de um delírio discursivo paranoico? Ele é um discurso construído sem estrutura conceitual. Ele é um modo de fazer política como investimento homossexual (instituições com maioria de homens guardam um componente homossexual forte e consistente) e, ao mesmo tempo, uma defesa contra a homossexualidade dos senhores congressistas. Os deputados fazem de conta (simulam) que seus discursos são baseados em fatos e que fazem laço com a realidade. Com efeito, eles evitam que as sessões se transformem em orgias homossexuais discursivas pela representação de interesses. A lógica do interesse segura a homossexualidade do grande homem presidente da câmara (é assim que ele se vê em seu delírio de grandeza paranoico?) na medida em que ele pauta seu comportamento fugidio, fugaz, em relação ao impeachment pela troca de cargos no aparelho de Estado (ministérios, etc.). Qual é a unidade teoria/prática da câmara dos deputados? Ausência de teoria e um simulacro de simulação de prática política: cultura política witz.
A economia política de David Ricardo é a teoria do capital-coisa (prática coisificante). A teoria de Marx é a teoria de uma prática, ou seja, da revolução do capital moderno como relação social de produção. A política pode ser prática como simulacro de simulação (cultura witz) ou prática revolucionária como cultura do sério (tragédia histórica ou tragédia política) ou como comédia histórica. Estamos em pleno reino da cultura política intelectual. A physika é o avesso do discurso paranoico e o modo mais seguro de atravessar a ponte da cultura witz pós-modernista.
EPISTEMOLOGIA POLÍTICA DA CULTURA BRASILEIRA
A epistemologia política é a teoria da unidade teoria/prática como ciência ou de um ersatz (peça sobressalente) de ciência. A cultura eletrônica é um ersatz de ciência. O território existencial dela é a classe simbólica que detém o poder simbólico de interpretar o mundo. O território “central” da classe simbólica é a cultura política eletrônica que autointerpreta a realidade do país para as massas nacionais. A physika da sociologia da classe simbólica não deve ser desenvolvida na universidade a partir da obra de Bourdieu para estudar tal poder simbólico?
No Brasil, o Grupo Globo é o cérebro da classe simbólica por deter o poder simbólico de autointerpretar a realidade brasileira para as massas nacionais. Qual é a teoria do Grupo-Globo? Quem a faz? A OKHRANA dos jornalistas bolivarianos faz a teoria do Grupo Globo. O coração desta produção teórica é o programa do jornalista bolivariano (o bolivarianismo é o último populismo latino americano de esquerda) Mário Sérgio Conti. No programa (25/09/2015), ele entrevista a cineasta paulista bolivariana Anna Muylaert que está com um filme que foi escolhido pela OKHRNA para representar o Brasil no Oscar. Até as crianças de dez anos sabem que a escolha é feita pela classe simbólica bolivariana. Não conheço a cineastas e, portanto, não sei se ela é um inocente útil de ocasião ou um quadro destacado da classe simbólica bolivariana. Como ela parece ser muito sagaz, a última hipótese é a mais verossímil.
Conti faz a cineastas dizer que as personagens do seu filme “Que horas ela volta?” não representam classes sociais. (O filme é parte do imaginário witz da cultura brasileira que quer tragar o significante classe social?) A fala de Conti/Anna é um sinal de que a OKHRANA baixou um decreto para fazer desaparecer da cultura brasileira o significante classe social. Por que Conti – um intelectual da velha escola do jornalismo marxista - está envolvido com esta engenharia cultural? Por que a OKHRANA chegou à conclusão que deve banir a linguagem marxista (e a sociologia marxista) da cultura brasileira? Ela quer fazer um cerco à internet e à universidade tornando-as um Gueto de Varsóvia cultural?
A Okhrana é a comunidade de informação, contrainformação e desinformação soberana na política brasileira e na nossa cultura política intelectual. Ela age sobre a cultura através de dois mecanismos do imaginário da realidade cultural. O imaginário deve ser entendido como o buraco negro da realidade cultural que traga matéria cultural (Marx) e artefatos espirituais (Hegel). O imaginário witz traga a cultura séria e a devolve como witz (piada).
A foraclusão (Lacan) é o outro mecanismo do imaginário, mas de um imaginário psicótico. Trata-se de um mecanismo específico da psicose cultural através do qual se produz a rejeição de um significante fundamental para fora do universo simbólico da realidade cultural. O significante não é integrado ao inconsciente nietzschiano (político) como recalque e retorna sob a forma alucinatório na realidade do real. Trata-se da hipercultura na qual o significante real é apresentado como irreal, inexistente, principalmente pela cultura política intelectual eletrônica.
O marxismo é um significante real na cultura brasileira através da linguagem da classe social. Durante décadas, a cultura integrou este significante ao inconsciente político da cultura brasileira. Hoje, começou uma operação para foracluir tal significante. A coincidência significativa (Jung) está no fato de que o velho marxismo (um cadáver textual, discursivo) deixou de ser útil à classe dirigente (junção da classe política com a classe simbólica) enquanto, por outro lado, emergiu o ecomarxismo (physika marxista), no PCPT. Em outras postagens do PCPT voltaremos a autoirterpretação da classe simbólica e de seu poder simbólico concreto (empírico): a OKHRANA! Mário Sérgio Conte nos ajudará na pesca dos peixes da lagoa bolivariana!

SOCIOLOGIA DA CLASSE SIMBÓLICA: Rock in Rio.
O Rock in Rio é um congresso musical cuja língua é o inglês. Os entrevistadores brasileiros dos músicos falam um português claudicante. Eles se comunicam com desenvoltura em inglês. Trata-se de um festival de música que parece querer remeter o público para a cultura musical anglo-americana da era do império americano. Este império americano foi o império do capital corporativo transnacional. Esta época foi o apogeu da língua inglesa como língua mundial do capital corporativo transnacional.
A crise da realidade chinesa significa a possibilidade de uma nova revolução cultural neste país que terá que criar uma nova espécie de capital que falará mandarim, para não caminhar para uma decadência civilizatória. Não vi nenhuma banda de música chinesa no congresso musical do Rio.
O Rock in Rio é um artefato simbólico de uma fração da classe simbólica mundial. Esta teve um expansão ampliada extraordinária na segunda década do século XX como reprodução ampliada cultural do capital corporativo transnacional.
A classe simbólica se define por deter poder simbólico, poder de interpretar a realidade para as massas. Ela é parte da classe dirigente em junção com a classe política. A musica não é algo que serve apenas para emocionar as massas como forma de entretenimento ou como uma fonte de felicidade. Os fascistas alemães estabeleceram uma unidade orgânica/estética entre a música e o totalitarismo na política como espetáculo. A lógica estrutural de tal fato cultural foi copiado pela sociedade do espetáculo da cultura eletrônica capitalista. O poder simbólico tem potência para estabelecer pela estética a ligação ente política e campo dos afetos do inconsciente político capitalista. Hoje, a música é parte da hegemonia cultural e política do capital corporativo mundial sobre as massas ao estabelecer o laço social com o campo dos afetos (emoções) delas. Tais problemas constituem-se como problemas da nova sociologia da classe simbólica.
A cultura não é um quadrado; pode ser um poliedro. Falando das árvores da floresta, a música das "Rainhas da Idade da Pedra" californiana e do Nightwish é a voz do seer.

CÂMARA DOS DEPUTADOS e STF: CONTARREVOLUÇÃO E REVOLUÇÃO
O parecer do relator do projeto de lei que cria o Estatuto da Família, deputado federal Diego Garcia (PHS-PR), define a família como a união entre homem e mulher por meio de casamento ou união estável, ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto com os filhos. O texto dispõe sobre os direitos da família e as diretrizes das políticas públicas voltadas para atender a entidade familiar em áreas como saúde, segurança e educação. De autoria do deputado Anderson Ferreira (PR-PE), a proposta tramita na casa desde 2013. STF reconhece união estável de homossexuais. Decisão do CNJ obriga cartórios a fazer casamento homossexual. Decisão do STF inspirou regra sobre casamento gay, diz ministro
A ausência de autorreflexão na cultura brasileira sobre o nosso Estado é um sinthoma do quanto, ente nós, a dominação política tem uma estrutura cultural tradicional. O Estado é constituído por três poderes (Legislativo, Executivo, Judiciário) regidos pela constituição de 1988. Até a sociologia universitária já metabolizou o conceito de poder como relação de forças. O poder não é uma coisa que um sujeito detém, como crê o ministro do STF Dias Toffoli. As relações de forças existem nas redes de poder cujo território existencial pode ser, ou a comunidade no mundo-da-vida, ou os aparelhos de Estado (executivo, judiciário, legislativo), ou as instituições econômicas etc. Relação de forças significa que a sociedade e o Estado são o território existencial de alianças (diálogo) ou do confronto das forças em tela.
Grego do marxismo ocidental, Nicos Poulantzas definiu o aparelho (Estado) como condensação de relações de forças. Mesmo com toda a sua ilustração, o STF ainda não metabolizou tal conceito de Estado. Ele ainda crê que o Estado é uma coisa!
O parlamento é o território existencial do combate entre as forças da sociedade. Ele deveria aparecer para a sociedade como um aparelho que condensa as relações de forças. A TV Câmara mostra isso diariamente. Em um choque político-simbólico com o STF (que condensa as relações de forças assumindo decisões favoráveis ao casamento homossexual), a Câmara dos deputados faz um ataque fulminante ao movimento gay. A cultura eletrônica apresenta o choque entre o STF e a Câmara como algo banal da realidade política prosaica. Esta cultura faz a interpretação da política para as massas nacionais. Ela não apresenta o projeto dos deputados federais Diego Garcia (PHS-PR) e Anderson Ferreira (PR-PE) como um projeto de uma força da sociedade na política. Tal força é conhecida como bancada cristã no Congresso. O presidente da Câmara é um membro de tal bancada.
Camadas de linguagens constituem a realidade. A cultura eletrônica apresenta para as massas apenas a linguagem prosaica que ela banaliza, conscientemente. Hanna Arendt diria que se trata da banalização do mal, da desgraça. A cultura eletrônica retrata o mundo como um museu de horrores. O seu símbolo é os cristãos incendiando Roma e atribuindo a autoria do incêndio ao imperador psicótico Nero. Este símbolo resume a lógica da sociedade do espetáculo. Mas ela não é capaz de dizer que enquanto a Câmara incendeia Roma, o STF tenta apagar o incêndio da polis. A revolução não é sinônimo de violência; ela pode instalar a paz na sociedade.
Em uma outra camada de linguagem, Eduardo Cunha (presidente da Câmara dos deputados nacionais) incendeia a polis com a contrarrevolução. E o STF é a revolução das minorias. Trata-se de um choque da política mundial envolvendo duas visões de mundo que disputam a conceituação jurídica da família. Este choque é um abalo sísmico de grande magnitude no campo simbólico mundial. Trata-se de um choque traumático entre o cristianismo (mais o Islã) com o secularismo: tradição versus modernismos. É um choque entre forças universais que são vontades políticas que disputam a hegemonia (e a soberania) na cultura política intelectual mundial.
Há uma luta simbólica entre o PCPT e o Grupo Globo envolvendo a definição do conceito de política na cultura brasileira. Para o segundo, a política é uma atividade prosaica, banal, tediosa, ignóbil, materialista vulgar. O Grupo Globo apresenta os políticos como seres abjetos preocupados exclusivamente com seus interesses pessoais mesquinhos. O PCPT não nega esta dimensão da linguagem privatista da política. Mas para o PCPT, a política é também a revolução e a contrarrevolução como forças universais. Para o PCPT, a política está em conceituação material e espiritual no planeta. O Brasil é um elo fraco desta conceituação para a contrarrevolução.
Não se pode mais ignorar que o choque simbólico entre o PCPT e o Grupo Globo envolve, basicamente, dois territórios existenciais: a INTERNET E A TELEVISÃO. O projeto de lei da Câmara para punir quem fala dos políticos na internet é mais uma ação nefasta da contrarrevolução que o próprio Grupo Globo condena. Vejam! A política não é ou preto ou branco!
FREUD/NIETZSCHE
O sexo está no centro tático do campo de pensamento freudiano enquanto contrasignificante da história freudiana ou história do homem. Então, Lacan fez a fórmula NÃO EXISTE RELAÇÃO SEXUAL. Ou seja, o sexo não faz laço social. Este é o conceito negativo de sexo. Na physika freudiana, o sexo é o motor que desfaz o laço social na história biográfica dos indivíduos ou dos povos. Este é o contraconceito positivo de sexo.
Marx estabeleceu o conceito instrumental de aparelho (de Estado). O aparelho é o instrumento da violência na luta de classes. Freud pôs em conceituação o significante aparelho psíquico. Na sociologia alemã, Norbert Elias usou este conceito para criar uma sociologia eclética em uma interseção com o freudismo, no segundo volume do livro “ O Processo civilizador”. Podemos partir de Elias para continuar o desenvolvimento da physika sociológica!
O aparelho psíquico é constituído pelos eu/supereu/id. Em 1923, Freud estabelece o aparelho psíquico como um campo de forças. Uma nova conjuntura epistemológica política aponta para a constituição da physika freudiana. Nesta conjuntura, o id é o inconsciente freudiano como coisa em si. Eu/supereu/id se definem como instâncias (territórios) e agir. O agir significa que eles são forças em confronto, diálogo, conciliação, spaltung. Elias definiu o indivíduo como partes de si contra partes de si, antes de Michel Foucault. Trata-se de um aparelho psíquico dialético e materialista. Portanto, o aparelho psíquico é um campo de guerra, ele é a guerra permanente. A biografia individual pode encontrar a paz com a ajuda da cultura política intelectual.
O mundo em Freud se define pelo princípio de realidade. Este é um poder de coerção (físico ou simbólico) sobre a biografia do indivíduo. Como autointerpretação da realidade, a cultura política intelectual pode ficar do lado da biografia para instalar a paz no aparelho psíquico. O eu existe e funciona pelo princípio do prazer em choque como o princípio de realidade. Ele também vive sob a vigilância etc. e a coerção psíquica do supereu. Este é um subaparelho de Estado psíquico. Trata-se de um ersatz do aparelho de Estado marxista. A cultura política intelectual pode servir ao eu em sua luta contra o supereu para encontrar a paz!
O psicanalista trabalha apenas com o inconsciente freudiano na teoria e na clínica. Ele desconsidera que Nietzsche criou uma teoria das pulsões e o inconsciente político (inconsciente nietzschiano). Ao trabalhar longamente com o niilismo, Nietzsche concebeu o contraconceito de inconsciente político. O Niilismo é um contrasignificante do inconsciente político. Ele está associado ao instinto de morte voltado contra a cultura, em geral. Também o ceticismo é outro contrasignificante do inconsciente nietzschiano. Niilimo e ceticismo aparecem como formas da cultura política intelectual europeia clara e distintamente na era moderna. O ceticismo é, naturalmente, associado na cultura intelectual a Descartes. Na cultura política intelectual, o ceticismo é uma força do modernismo contra a tradição cristã soberana na Europa no início da era moderna. Sobre o niilismo, “O homem revoltado” de Albert Camus marcou minha juventude intelectual e existencialmente.
Após a fundação do inconsciente nietzschiano, dois contrasignificantes se juntam aos supracitados formando os quatro cavaleiros do apocalipse. São eles, o pessoalismo (Oliveira Vianna, Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda) e o witz. O pessoalismo é a força privatista da cultura política e da política. Aristóteles fez a teoria dele no seu livro “Política”.
O witz remete para o imaginário como buraco negro de Montesquieu (que traga energia do país) associado ao conceito de witz freudiano. Tal imaginário witz é uma dimensão da realidade da cultura política intelectual. Em Lacan, ele é o imaginário do discurso da universidade. O witz se define por ser o avesso do sério sem ser a comédia histórica. O imaginário absorve o sério e o devolve como witz.
O psicanalista é o Saci Pererê, pois se apoia apenas em uma perna, a perna do inconsciente freudiano. Se tivesse bom senso, ele se apoiaria nas duas pernas: inconsciente freudiano e inconsciente nietzschiano. Qual a relação entre tais inconscientes. Trata-se de superfícies da banda de Moebius, isto é, de superfícies contínuas. Não há descontinuidade neste espaço. Em outras postagens veremos o agir desta estrutura de pensamento da physika freudiana em diferentes conjunturas.
O psicanalista tem o hábito reflexo de identificar delírio psicótico e alta paródia do witz!

CULTURA ELETRÔNICA: COMPULSÃO À REPETIÇÃO
“Clinicamente, é a compulsão de certos indivíduos a repetir situações aflitivas e até mesmo penosas durante o curso de suas vidas, sem reconhecer sua própria participação em ocasionar tais incidentes ou o relacionamento das situações atuais com experiências passadas”. (Moore, B.E.; Fine, B.F. Termos e Conceitos psicanalíticos; Ed. Artes Médicas, PA, 1972).
“Na elaboração teórica que Freud lhe dá, a compulsão à repetição é considerada um fator autônomo. Irredutível em última análise a uma dinâmica conflitual onde não interviesse senão o funcionamento conjugado do princípio do prazer e do princípio de realidade. Ela é referida fundamentalmente ao caráter mais geral das pulsões: a sua característica conservadora. (Laplanche e Pontalis).
A compulsão à repetição é um significante do inconsciente freudiano. Há consenso sobre isso. Ela é uma estrutura pulsional que age sobre a biografia individual do homo sacer. Isto é a epistemologia do freudismo - a ideologia liberal freudiana que cai da cadeia dos significantes freudianos como objeto a. A ideologia articula o mundo a partir do objeto a. Tal fenômeno pode ser exportado para a cultura política? O objeto a é homólogo ao desastre econômico. O conceito de crise econômica (Marx) significa a compulsão á repetição do desastre econômico do capital! Trata-se da queda do capital na história conjuntural como objeto a!
Enquanto Príncipe simbólico eletrônico em desmoronamento pelo agir da internet (força cultural digital), a cultura política intelectual eletrônica brasileira condensada no Grupo Globo usa o mecanismo da compulsão à repetição?
A ciência moderna estabeleceu a unilateralidade epistemológica política na solução dos problemas científicos como compulsão à repetição. Trata-se da repetição da tradição (paradigma) no percurso da pesquisa científica. Claro que este é um modelo de ciência moderna. O campo científico pode ser definido pelo conflito entre paradigmas que buscam ocupar o lugar hegemônico na cultura política intelectual científica mundial como modelo epistêmico. Portanto, a ciência importa do inconsciente freudiano a compulsão à repetição inscrevendo-a na cultura política intelectual do capital. O capital é a prática da teoria (ciência moderna). Trata-se da compulsão à repetição como contrasignificante do inconsciente político do capital (inconsciente nietzschiano).
A televisão é um ersatz de ciência moderna? Ela usa o mecanismo da compulsão à repetição na interpelação, no agenciamento, na sugestão e na sedução das massas de receptores? Vamos nos ater a alguns fatos midiáticos. Todo dia o vídiojornal seleciona imagens e palavras que transforma a violência em fato eletrônico. Trata-se da compulsão à repetição da vídioviolência. Todo santo dia, a tv apresenta compulsivamente os desastres naturais ou artificiais como fatos eletrônicos. Isto liga a cultura eletrônica ao inconsciente político do capital. A violência e o desastre são parte da economia política do capital, do inconsciente político do capital. Exemplo: a crise econômica mundial é um desastre do modelo cultural soberano do capital sobre a economia política mundial dos países. O imaginário do capital absorve a energia dos países (desastre) e a transforma em cultura witz. Trata-se do buraco negro kapital. Só é possível interpretar o significante país como witz da cultura política intelectual do capital. A saída é o comunismo?
A história da URSS a transformou em um imaginário witz que tragou a utopia comunista e a transformou em witz. No Brasil, o PT abriu um imaginário witz que tragou o significante esquerda latino-americana; o transformou em witz. Hoje, Zizek é o filósofo comunista como witz ideológico mundial. Não se trata do riso da direita quando ela cria uma caricatura de Zizek na internet, como clown comunista. Trata-se de um fenômeno objetivo/intersubjetivo da cultura política intelectual mundial.
O imaginário witz do capital também age na internet. O fundamental é o leitor compreender que a cultura política intelectual é constituída por um campo de forças na qual em um polo está o capital e na extremidade oposta está o indivíduo como força-biográfica. Michel Foucault viu este indivíduo (sujeito) apenas como resistência ao poder do capital. Agora, trata-se de olhar – se apoiando no ombro de Foucault – a biografia-força como um fenômeno que condensa o quadro global das relações de forças mundiais. Entre o capital e a biografia, encontra-se um mundo de fenômenos subjetivos e objetivos que existem na geoistória da cultura política intelectual mundial. Esta se define, em última instância, como tempo-espaço onde se confrontam, se conciliam, se sincretizam a razão do capital, o inconsciente político do capital e a força biográfica dos indivíduos.
A physika historial mostrará este campo de forças mundial abrindo-se para uma nova conjuntura epistêmica política. Com efeito, o PCPT já vem fazendo isso! Pelo menos está tentando fazer isso no deserto - povoado pelo niilismo e o ceticismo - da cultura brasileira!
GOTA D’ÁGUA BOHRIANA DA POLÍTICA MUNDIAL
“Bohr descobriu que durante a fissão de um átomo de urânio desprendia-se uma enorme quantidade de energia e reparou então que se tratava de uma nova fonte energética de elevadíssimas potencialidades.
Em 1934, publicou o livro “Atomic Theory and the Description of Nature”, que foi reeditado em 1961. Em janeiro de 1937, Bohr participou na Quinta Conferência de Física Teórica, em Washington, na qual defendeu a interpretação de L. Meitner e Otto R. Frisch, também do Instituto de Copenhaga, para a fissão do urânio. Segundo esta interpretação, um núcleo atômico de massa instável era como uma gota de água que se rompe”.
"Um ano depois de se ter refugiado em Inglaterra, devido à ocupação nazi da Dinamarca, Bohr mudou-se para os Estados Unidos, onde ocupou o cargo de consultor do laboratório de energia atômica de Los Alamos. Neste laboratório, alguns cientistas iniciavam a construção da bomba atômica. Bohr, compreendendo a gravidade da situação e o perigo que essa bomba poderia representar para a humanidade, dirigiu-se a Churchill e Roosevelt, num apelo à sua responsabilidade de chefes de Estado, tentando evitar a construção da bomba atômica".
"Em 1950, Bohr escreveu a “Carta Aberta” às Nações Unidas em defesa da preservação da paz, por ele considerada como condição indispensável para a liberdade de pensamento e de pesquisa.”
A física é uma cultura política intelectual de autointerpretação da physis cuja prática em extensão incluem a guerra e a paz. A prática definida por Marx restringe-se à revolução na unidade teoria (ciência moderna) e prática (capital industrial). O capital industrial é a revolução burguesa permanente. O capital industrial em extensão incluiu a guerra e a paz. O capital industrial militar mundial (complexo industrial-militar) é a prova de que a guerra faz parte da lógica da reprodução ampliada do capital.
Lênin concebeu o capital financeiro internacional (oligarquia financeira internacional) como motor da Primeira Guerra Mundial. O capital fictício é um ersatz de capital produtivo. Este é real (sério) e o outro é fictício (witz) - simulacro de simulação do capital em si: ersatz econômico. Este ersatz econômico é uma prótese? O capital prótese é um ersatz necessário para o funcionamento do capitalismo mundial.
O capital fictício é a fonte do witz político que associado ao niilismo europeu atualizaram o inconsciente político mundial, no século XX. O inconsciente político dissipou dezenas de milhões de jovens europeus. O inconsciente político pode se constituir em uma prática ou em um agir fatal. Na Primeira Guerra Mundial, o imaginário político witz do capital fictício internacional transformou milhões de cadáveres de jovens europeus em witz grotesco. Através desse recurso estético, a cultura política intelectual européia metabolizou os cadáveres de Goya. O modelo cultural político-estético witz de autointerpretação da realidade da Primeira Guerra conservou a energia mítica intacta (instinto de morte e narcisismo) em uma magnitude ciclópica. Tal energia foi liberada para a realização da Segunda Guerra Mundial.
O capital produtivo pode também ser a fonte do imaginário político witz em determinadas conjunturas mundiais como a conjuntura atual do capital corporativo mundial que transformou os países em witz econômico.  
O capital produtivo (capital monopolista de Estado) articulou a cultura política intelectual econômica do sério através da física atômica (teoria). Tal cultura definiu uma conjuntura histórica que começa em Hiroshima. Esta é a prática que dissipou em um átimo de segundo dezenas de milhares de vidas japonesas, pondo um fim à Segunda Guerra mundial. Tal prática se transformou na phantasieren latente da política mundial com o fim da URSS. Ela foi integrada ao inconsciente político mundial; ela foi recalcada; ela pode ser o retorno do recalcado!
A autodestruição psicótica do planeta pelas máquinas de guerra freudianas ainda tem no arsenal nuclear um artefato potencial real. A física quântica de Bohr continua sendo um atractor estranho (o sistema flutua para sempre entre vários estados de um modo que não é aleatório, nem é fixo, nem oscilatório, mas sim uma flutuação contínua caótica) da política mundial. Este atractor estranho é o fantasma do futuro, uma gota d’água bohriana que vem do futuro. Ao contrário da vontade política de Bohr, a física quântica é a guerra nuclear como modelo cultural da fhantasieren teórica (razão metapsicológica) de uma prática-fantasma do futuro.
Sobre a conjuntura atual trata-se de descobrir qual é o fenômeno homólogo à gota d'água bohriana na realidade mundial cuja fissão pode liberar energia real capaz de alterar a inércia da política mundial. Trata-se de pescar o fenômeno que pode retirar a política mundial do domínio lógico do simulacro de simulação sobre o agir da classe dirigente: classe política e classe simbólica.

Parece que um passo à frente foi dado para ligar a episteme política da physis à epistema política da cultura!