AUTOILUSÃO DA POLÍTICA/ANDROGINIA
POLÍTICA
A linguagem que fez desmoronar a
conceituação da política como uma luta de agentes que ocupam lados opostos
(esquerdo/direito) tem uma história que não posso desenvolver aqui. Mas a
história da esquerda e da direita como um xifópago neoliberal deveria ser
suficiente para acabar com a autoilusão dos intelectuais de que a política tem
lados - e principalmente lados opostos. A topologia ideológica esquerda versus direita
tornou-se parte da cultura witz. O witz é o avesso do sério sem ser cômico! Há
muito tempo a esquerda e a direita deixaram de ser sérias. No mundo ocidental,
a esquerda é witz e a direita também é witz.
A causa da cultura witz é que o
mundo (a realidade) funciona em rede. A sociologia espanhola mostrou tal
fenômeno para nós! A cultura política intelectual da atual conjuntura histórica
funciona, ou abstratamente, ou concretamente através de redes. Vamos ao
exemplo. O governo Dilma Rousseff não está nem na direita nem na esquerda. Ele
aboliu a topologia ideológica dos lados. Esta topologia já era há muito tempo
um faz de contas de que havia lados políticos. Escrita pela cúpula do PT, a
“Carta aos Brasileiros” de Lula é o primeiro documento escrito partidário que
definiu o fim da topologia dos lados políticos. Depois os lados foram
reconstruídos no imaginário witz “nacional” com a representação de que Lula era
o antiFHC e o PT o antiPSDB. O jornalismo de papel e o eletrônico tiveram um
papel tático essencial na difusão para as massas desta ideologia petista. Esta
artimanha de sertanejo (Lula) manteve o PT no poder “nacional” até hoje.
Em setembro de 2015, Dilma
Rousseff prova para o país definitivamente que não existe direito ou esquerdo.
Existem redes de poder que atravessam a realidade e dominam o país. O PT
hiperdireitista (mais direitista que a direita) não é um lado a mais enquanto o
PSDB está no lado direito e o PSOL no lado esquerdo. Tal PT é a abolição dos
lados políticos. Tal PT é hiper-real, ou seja, mais real que o próprio real.
Ele é o real como impossível de ser suportado pelos intelectuais, e é o diabo
para as massas. A presidente Dilma adiantou na televisão a medida que ela vai
comunicar na próxima semana: enxugamento da máquina pública, desemprego em
massa do funcionalismo público. As medidas comunicadas ontem (14/09/2015) já significam
a paralisia total da máquina pública, inclusive do JUDICIÁRIO! Fiquei de boca
aberta com o choque de realidade rousseffiano!
A política andrógina Dilma
Rousseff está tecendo uma biografia na história freudiana brasileira que significa
o fim da história do homem. Ela não veio em vão! A psicanálise é incapaz de
explicar tal fenômeno, mas a física freudiana da história integra a biografia
de Rousseff ao inconsciente político “nacional” em conceituação pelo agir da
presidente Dilma Rousseff. Apenas os débeis mentais de plantão no jornalismo
nacional ou internacional vão tomar o fenômeno biográfico Rousseff como algo
banal. Eles dizem - isto é a funalização da política. Na realidade do real,
Dilma transformou o PT em um partido hiperdireitista. Finalmente, a cultura
urbana mineira-gaúcha-búlgara supera o populismo sertanejo de Lula na ficção e
na realidade.
As universidades estatais ficaram
por último no enxugamento da máquina pública feita por Collor. Durante a
eleição de Maculan para a reitoria da UFRJ, o comitê da campanha recebeu a
notícia (através do filósofo Carneiro Leão) de que a lista das demissões da
UFRJ já estava pronta. Era uma lista política que varreria a esquerda (marxista
e liberal) do mapa vida universitária. A verdade é que até Fernando Collor de
Mello recuou na destruição da UNIVERSIDADE ESTATAL. Parece que eu fazia parte
desta lista. Eu estava na lista por ter trazido com o decano Vilhena o
guerrilheiro nicaraguense Daniel Ortega para falar para os alunos, no campus da
Praia Vermelha, no primeiro dia do governo Collor de Mello Era o último da
lista. Na cabeça da lista de Collor, encontravam-se o brilhante físico, depois
bolivariano, Luís Pinguelli Rosa e o grande nome da esquerda liberal carioca
Nélson Maculan Filho. Foi um momento dramático na vida da UFRJ. Meu tio
linguista Abílio de Jesus da UERJ me disse: “não se preocupe, a UFRJ é maior do
que Fernando Collor de Mello”. Mas como, agora, a UFRJ pode enfrentar a
androginia política de Dilma Rousseff, o PT hiperdireitista, a CUT witz, o
Congresso “nacional” derrotado e parecendo barata tonta a procura de um master,
o STF implacável e o poder despótico brutal eletrônico do Grupo Globo?
QUEM VAI FAZER A REVOLUÇÃO
SUB-BURGUESA NO BRASIL
Até agora, a esquerda, a direita,
os intelectuais, os empresários, os operários acreditam que existe burguesia na
América Latina. Não existe! Existe uma sub-burguesia. Esta é um ersatz de
burguesia dos países desenvolvidos. Sub significa substituta. Assim como não
existe capital marxista na América Latina e sim subcapital.
Em São Paulo existe um subcapital
industrial urbano em decomposição. Parece que o subcapital de commodities resiste
às tempestades da economia “nacional” e internacional. A lógica do
desmoronamento do subcapital urbano paulista é a causa da discussão dos
economistas sobre o modelo econômico lulista que desviou uma parte do excedente
para as massas populares, criação de novas universidades estatais, financiamento
de determinadas empresas, desprezo pelo sistema industrial. Os economistas
sub-burgueses dizem que o modelo lulista é ancorado no Estado e não tem
preocupação com a economia privada (industrial, urbana, paulista). A partir de
2008, o ministro da economia Guido Mantega apostou na economia do consumo do
mercado interno. Ele acreditava que o consumo ia ser o motor de um crescimento
industrial. Deu como os burros n’água!
Com a aceleração do
desmoronamento da civilização subindustrial, a expectativa de crescimento foi
para as calendas gregas. Frente ao aprofundamento da crise brasileira, as
instituições intelectuais do capital fictício mundial passaram a agir sobre o
governo. A ação destas instituições pode provocar a argentinização do ano 2001 da
economia brasileira. A economia
brasileira é parte do sistema capitalista mundial. Ela é a 7°economia mundial.
Quando Dilma Rousseff apontou o
caminho da REVOLUÇÃO SUB-BURGUESA, ela provocou a passagem para um outro estágio
da conjuntura. Para a sub-burguesia, a confusão acabou. A questão agora é se
Dilma Rousseff pode chefiar a revolução sub-burguesa. Trata-se de uma revolução
que vai submeter o Estado à sociedade civil burguesa. A ação revolucionária
sub-burguesa de Dilma Rousseff é o ponto de não-retorno de um revolução
sub-burguesa que vai suspender a lógica do simulacro de simulação na política.
O problema é que esta revolução espera que a parte sacrificada do país aceite
passivamente a sua destruição em nome do quê?
A revolução tem que destruir o
Estado atual, e reconstruí-lo como um Estado subcapitalista. O ensaio geral
desta revolução foi feito por Fernando Collor no início da década de 1990.
Acabou em impeachment. Hoje, existem forças supermotivadas para fazer tal
revolução. O subcapital industrial paulista, o Grupo Globo, partes da
comunidade jurídica, partidos como o PSDB, o PMDB e outros. O capitalismo de
commodities é a retaguarda da revolução. Estas forças do bloco-no-poder querem
retirar do governo o monopólio do uso do excedente. O capitalismo de
commodities é acumulação de excedente com um mínimo de acumulação técnica.
Portanto, na hegemonia do bloco-no-poder, este subcapitalismo rural-urbano
significa a aprofundamento da barbárie. Trata-se de uma repetição da economia
colonial diferente, não-lúdica, não-sedutora.
O subcapital industrial paulista
já começou a discutir (seus intelectuais orgânicos) o novo modelo industrial de
São Paulo. As ideias ainda são escassas, mas a autorreflexão e simbolização da
sub-burguesia apontam para uma nova articulação teoria/prática que será o motor
da revolução sub-burguesa paulista/carioca. O PCPT vai fisicalisar (homologia
com analisar) a nova conjuntura na medida em que os fatos e os artefatos se
apresentarem. A serpente está preste a sair do ovo. Pode ser a kundaline?
TEORIA DA DEPENDÊNCIA/MARXISMO
VELHO
O modo de produção oligárquico de
ideias no Brasil faz do país uma colônia cultural. Basta observar o marxismo
brasileiro que trabalha com a teoria da dependência. Existe uma bibliografia
que começa com o “Dependência de desenvolvimento na América Latina”, de
Fernando Henrique Cardoso e Enzo Falleto (1970). Dependência significava o
capitalismo industrial dependente e associado na América Latina. O brilhante
livro de Celso Furtado “Criatividade e dependência na civilização industrial”
(1978) faz da dependência industrial um conceito planetário. O problema é que a
dependência é uma relação econômica entre países. Trata-se de história
territorial. O livro de Octávio Ianni “A era do globalismo” contém a concepção
de uma história (des)territorializada. Trata-se de uma história na qual o
território (países) constitui o aspecto secundário da dialética história. No
aspecto principal encontra-se o capital corporativo mundial que passa a ser
soberano economicamente na economia internacional a partir da década de 1990,
como mostrei no meu livro “Capitalismo Corporativo Mundial”.
Antes do capital corporativo
mundial, o capital corporativo transnacional (Celso Furtado) iniciou a
(des)territorialização. Mas ele foi um instrumento para a soberania do império
americano como império do capital corporativo transnacional. Ainda estávamos na
história territorial.
O fim da URSS é o ponto de
inflexão na passagem da soberania econômica do capital corporativo
transnacional para o capital corporativo mundial. A desintegração da URSS foi o
motor da (des)territorialização da economia internacional. O fim da URSS
significou também o fim do império americano do capital corporativo
transnacional. Usando um velho marxismo, jovens marxistas brasileiros continuam
a falar em imperialismo americano como fato principal na história mundial. As
piscinas deles não estão cheias de ratos, mas as ideias deles não correspondem
aos fatos.
Assim como o imperialismo é
história territorial, a DEPENDÊNCIA é história territorial e uma linguagem
ideológica oca na relação ideia/fenômeno da atual história mundial. A
dependência significa subcapital industrial dependente e associado. Vamos falar
de fatos. Não é esta dependência que está em desintegração no Brasil (e na
América Latina)? O subcapital industrial paulista não está vivendo sob o tacão
da lógica do desmoronamento econômica? Isto não é a essência da CRISE
BRASILEIRA? Por quê?
A história (des)territorializada
é também uma história (des)territorializante. Trata-se da lógica do
desmoronamento da história territorial industrial, da história do subcapital
industrial. Sub significa ersatz: substituto. O subcapital é o ersatz do
capital industrial do centro do capitalismo mundial. Ele é a cópia do modelo;
ele é, portanto, um simulacro de simulação do capital marxista industrial.
Sendo assim, ele é parte da cultura política intelectual witz.
Como o capital industrial não é
mais territorial (ele não é mais um servo dos países ocidentais), sua lógica
global significa (des)territorialização da civilização industrial. Tal lógica
do desmoronamento da soberania do território (dos países) é a causa da
desintegração da indústria no Brasil (e na Argentina). Os economistas
brasileiros divididos pelo partidarismo PT versus PSDB buscam a explicação da
desintegração do subcapital industrial paulista (e brasileiro, em geral) na
política errada da Era Lula. Trata-se de uma interpretação da realidade
brasileira bolorenta que já era caduca na década de 1990. Este fato é a prova
que o Brasil (que ensaiou sair da sua condição de colônia cultural com Fernando
Henrique Cardoso, Celso Furtado e Octávio Ianni) voltou a sua condição de
colônia cultural.
Praticado por jovens marxistas,
um marxismo velho aprofunda a condição colonial cultural do Brasil e da América
Latina. Como ele sobrevive na universidade estatal? Ele é parte da produção oligárquica
de ideias. Com o bolivarianismo, tal marxismo velho se apoderou das redes de
poder oligárquicas intelectuais que controlam o subcapital público (excedente
nacional) que financia pesquisas e publicações. Tais redes dispõem de Editoras
oligárquicas marxistas (a principal é a Boitempo) e revistas (a principal é a
Piauí) e aparelhos como a FLACSO. Assim, uma parte do excedente público (e
privado) está servindo para alimentar este estamento oligárquico intelectual
marxista anacrônico no Brasil e na América Latina.
A crise global catastrófica do
bolivarianismo significará o desmoronamento do estamento oligárquico marxista
latino-americano? Se isto acontecer, então a região poderá, finalmente, iniciar
o debate sobre o ecomarxismo de Celso Furtado!
BAUDRILLARD/CULTURA MUNDIAL WITZ
Nietzsche se autodefiniu como o
martelo da filosofia. Baudrillard é o martelo da cultura ocidental pós Segunda
Guerra Mundial. Vou me explicar, pois se trata da dissolução da razão a partir
da própria razão!
“O 18 Brumário de Luís Bonaparte”
é o livro de Marx que trata da cultura witz na política francesa de 1848-1852.
Marx se espantou como uma biografia witz (Luís Bonaparte) pode destruir a
República Democrática e erguer um Império adorado pelos franceses. Luís é
grotesco, clown, bufão. Ou seja, na realidade do real da cultura política
intelectual francesa, ele é witz. Mas a cultura witz é capaz de destruir e
construir? Ela é a destruição criadora de Shumpeter? Precisamos desenvolver tal
contraconceito. O que falta no livro de Marx supracitado é o contraconceito de
comédia histórica. Desde Eurípides, a comédia é a revolução política estética da
alta cultura. A revolução do sobrinho de Napoleão Bonaparte é comédia histórica
na cultura política intelectual moderna. A biografia de Luís é o motor criativo
da comédia histórica. Assim, a França da segunda metade do século XIX evitou o
mergulho em profundidade na cultura do witz e desaguo na cultura política
intelectual europeia do Império e, finalmente, na revolução popular através da
comédia histórica “Comuna de Paris”. Marx não cometeu o erro crasso de dizer
que a Comuna era uma revolução proletária atoa!
A primeira metade do século XX
europeu é agenciado pela cultura do sério. As Guerras Mundiais são o apogeu do
sério na cultura política intelectual. A cultura não existe em um céu de
brigadeiro, pois ela, na era moderna do século XIX, tornou-se subsumida a
lógica da acumulação do capital industrial. O capital industrial nacional
significa um alto grau de octanagem (é importante lembrar que a potência está
diretamente ligada à taxa de compressão) como liberação de energia produtiva
econômica narcísica e liberação de energia como instinto de morte através do
Estado Nação. Depois da 2° Guerra, os Europeus resolveram criar a União
Europeia para mudar o tipo de metabolização da energia mítica (instinto de
morte e narcisismo) na cultura política intelectual. O diagnóstico dos
intelectuais europeus atribuiu aos Estado nacionais a responsabilidade da
destruição ciclópica da juventude europeia nas Guerras.
Baudrillard mostrou no
“Simulacres et simulation”(1981) que a cultura europeia havia se tornado um
simulacro de simulação. Traduzindo para a língua natural. Trata-se de fazer uma
coisa que não é real, parecer real e ser vivida como real! Trata-se do contraconceito
de hiper-realidade que ele bebeu em Erasmo de Roterdã. A decifração da história
europeia (e dos EUA) da conjuntura que começa no fim da 2° Guerra só foi
possível graças a cultura política intelectual neerlandesa. O “Elogia da
Loucura” é o livro de cabeceira da atual conjuntura histórica. Leitor, ainda
nos encontramos nesta conjuntura. Mas os primeiros passos para entrarmos em uma
nova conjuntura estão sendo dados no Japão, na Inglaterra e na Hungria! A
physika trata com os fenômenos culturais para além do bem e do mal!
A cultura do faz de conta de que
a coisa é real é o estabelecimento da União Europeia como lógica cultural do
faz de conta que a U.E é a forma democrática regional que vai substituir os
Estados-Nação. Por que a cultura política europeia universitária denega tal
fato? A cultura do simulacro de
simulação não cria o modelo sério. Para ela, tudo é cópia. O próprio modelo é
cópia. O livro “Diferença e Repetição”(1968) talvez seja um salto qualitativo
na exploração da lógica do simulacro! Parodiando Althusser, digo que só
realmente existe a cópia na atual cultura europeia (e americana). A cópia é o
fenômeno como cultura política intelectual espontânea. O problema é que a cópia
articula a cultura witz – o avesso do sério sem ser a comédia histórica.
A cultura europeia passou a
existir como um imaginário witz (Montesquieu/Freud) - um buraco negro
imaginário da realidade do real que traga o sério e o libera como witz. Esta é
a razão dos Estados europeus não chegaram à conclusão de como devem tratar a
bomba demográfica (Hiroshima islâmica) que está explodindo (e pode implodir a)
na Europa. O que pode implodir? a cultura witz do simulacro de simulação.
Anote-se o comportamento da Inglaterra (fechando suas fronteiras para os
refugiados, de um modo implacável, despótico nacional) e Victor Orban tratando
os refugiados como a peste mulçumana! Isto não é o retorno da cultura do sério
sem sedução ou como o avesso do lúdico? Mas ela é diferente da cultura do sério
da primeira metade do século XX.
A Inglaterra, a Hungria e o Japão
não são cultura do witz. E o Brasil, caro leitor?
OKRANA BRASILEIRA/CIÊNCIA DO REAL
“Representantes da comunidade
científica divulgaram uma carta aberta à presidente Dilma Rousseff hoje, se
posicionando contra uma possível fusão da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq). “Seria um desastre total”, disse ao Estado a
presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena
Nader”.
“A carta é assinada por oito
grande entidades do setor: SBPC, Academia Brasileira de Ciências (ABC), Academia
Nacional de Medicina (ANM), Associação Nacional de Entidades Promotoras de
Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), Associação Nacional de Pesquisa e
Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI), Associação Fórum Nacional de
Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (FORTEC), o Conselho
Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP), o Conselho
Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação
(CONSECTI)”.
Dilma Rousseff declarou que o enxugamento da
máquina pública significa uma medida para proteger os cientistas. A medida é a
fusão da Capes com o CNPq. É certo que isto atinge frontalmente a universidade
estatal, ou seja, seus cursos de pós-graduação. Com o fim do abono de
permanência, uma leva considerável de professores se aposentam. No Facebook,
professores jovens petistas (ironizam) duvidam que isso possa afetar a vida
universitária. Eles consideram os professores do abono profissionais obsoletos
que estão preocupados, apenas, em obter um ganho salarial extra para ser
incorporado à aposentadoria. Se as promessas do governo petista virar lei,
trata-se da repetição da era Collor. Ninguém se preocupou em saber o que
realmente foi a ERA COLLOR!
Collor não foi o ensaio geral da
revolução burguesa no Brasil? Entramos com Collor na era da cultura política
intelectual pós-modernista. Tal cultura significa um fazer crer que o real não
existe, que a revolução não é a revolução, que ela não é real. Trata-se da
subrrevolução. Sub significa ersatz, substituto do modelo (revolução europeia
ou americana). O hiper-real é a verdade de que o real é inexistente. Isto
significa um poder! Mas qual poder? Do capital! A origem deste poder
encontra-se na história europeia.
Primeiro, o poder do capital
mercantil precisou dissuadir as massas (camponesas e operárias) de que o princípio
da realidade da acumulação de capital era real como fonte de produção de
riqueza que ia fazer as nações progredirem. A economia política era ciência do
real, pois pensava (trabalhava) com o princípio da realidade do real. O valor
de uso era real como base para medir a produção da riqueza e o progresso das
nações.
Depois, o capital industrial
desterritorializou tal cultura política intelectual materialista. Então, o
princípio da realidade passou a ser o valor de troca da força de trabalho.
Trata-se do valor de troca de uma energia gasta no processo de produção de
mercadorias. Não vou aprofundar isto para não confundir o leitor! Então se dá o
extermínio de todo valor de uso como lógica de articulação da produção de
riqueza nacional, de toda equivalência real como progresso material da nação. A
cultura política intelectual do capital industrial é abstração das relações
materiais reais, desconexão da linguagem do capital da realidade do real,
desterritorialização das relações sociais concretas. O poder do capital
industrial é a causa da cultura política hiper-real ofensiva do simulacro em si.
Tal cultura diz que o real não é real, que ele é inexistente. Trata-se da
cultura do witz, do ersatz, do substituto, da simulação de que o real é
inexistente: pilhéria.
Então, a revolução burguesa feita
por Luís Bonaparte não é real, não é uma revolução burguesa. Luís ergueu o
Segundo Império sem lógica histórica, sem processo histórico. O que não estava
claro para Marx (que pensou a história política como a dialética da cultura do
sério versus a cultura witz, que ele erroneamente definiu como farsa em si) é a
transformação da cultura do wizt em comédia histórica. Esta é a revolução
burguesa francesa do século XIX. A biografia de Luís é a fonte do
desenvolvimento da comédia histórica francesa. Alguns marxistas preferem
chamá-la de contrarrevolução já que a revolução do século XIX era a revolução
proletária.
Fazer o real parecer que é irreal,
que a revolução não é real, eis o poder do capital de dissuasão das massas
atingidas pelos efeitos reais da revolução. Assim, a revolução torna-se witz, ou
seja, subrrevolução. Hoje, o Brasil encontra-se nesta fase. O poder do
subcapital é a dissuasão das massas trabalhadoras estatais de que a revolução
não é real para elas. Que os efeitos reais sobre as massas não são reais
enquanto fruto de uma revolução. Isto é a subrrevolução witz.
Ministro da Defesa, Jacques Wagner
disse: “os cientistas têm o direito de
reclamar, pois estamos em uma democracia”. O ministro diz que o real é a crise
econômica, esta é para ele uma questão de vida ou de morte para o país. Aqui,
ele brinca de Deus ao dizer qual é o princípio da realidade para as massas.
Para as massas, o provável ministro da Okrana brasileira é um hiper-realista do
simulacro de simulação que quer fazer crer que o hiper-real é o real. Dissuadir
as massas de que o princípio da realidade não significa que o poder do
PT/governo não é real, é irreal. O Hiper-real do simulacro de simulação simula que
PT/Dilma tem a posse de um poder inexistente – o poder petista nacional.
Senhores congressistas, o poder governamental já não existe mais. A única saída
é o agenciamento da cultura witz da subrrevolução que é uma revolução que não é
real para as massas. Como parte da Okrana brasileira (comunidade de informação
da cultura política intelectual sonhada pelo general do Golbery do Couto e
Silva), o Grupo Globo dissuade as massas que a revolução não é real.
A universidade estatal está em um
processo acelerado de desmoronamento, mas isto não é real. Observo na UFRJ que
as massas de professores creem que a revolução petista não é real. Claro, eles
nem imaginam (nas greves mais insensatas) o que é uma subrrevolução! Ela não é
real, é inexistente. Pois, para os professores, só existe a revolução!
Assim, os hiper-realistas do
simulacro de simulação fixam numa verossimilhança alucinante um real de onde
fugiu todo a lógica do sentido da realidade do real, toda a sedução, toda a
profundidade e a energia da representação. E, então, a Okrana brasileira pode
ser soberana na política do mundo-da-vida da rua e na política em si. A via
para o PT assaltar novamente o poder nacional em 2018 está sem pedra no
caminho. Jacques Wagner dorme o sono dos justos!
SIMBOLIZAÇÃO DA CRISE BRASILEIRA?
http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,bresser-pereira-atribui-a-lula-crise-economica,1762666
Um jornalista e dois economistas
parecem ter achado o caminho para a simbolização da crise brasileira voando em
um aeroplano rente ao chão. Voos baixos são fundamentais para a interpretação
da realidade dirigida à classe simbólica. Como observa Paul Krugman: “Agora temos candidatos presidenciais que
fazem com que Bush se pareça com Lincoln. Mas quem vai contar isso para o povo?”
Começo com o jornalista preferido
do PCPT Juan Arias. Ele é honesto, inteligente tem uma cultura letrada de bom
nível e quer dizer a verdade (possível no jornalismo) para as massas de
leitores: “Em meio ao redemoinho da crise que o país
atravessa, é possível vislumbrar algo que parece ser novo e poderia marcar as
próximas décadas: o Brasil está começando a deixar de caminhar para a esquerda
e sente uma certa fascinação por valores mais liberais e conservadores, de
centro, menos populistas ou nacionalistas e, paradoxalmente, mais modernos e globalizados”.
Este é o diagnóstico que parece feito em um diálogo manifesto com o PCPT (Grupo
do Facebook “Psicanálise, Cultura Política, Psicanálise”). Traduzindo Arias
para a linguagem do PCPT. Há forças no Brasil que querem integrar o país ao
capital corporativo mundial?
Arias diz: “Essa é a verdadeira
subversão que hoje começa a viver essa sociedade viva e rica, que está
aprendendo a dizer “não”. E, como defendia o escritor e ganhador do Nobel de
Literatura José Saramago, às vezes o “não” da rebelião é muito mais construtivo
do que o “sim, senhor” da resignação ou da apatia.
A rebelião não tem cor política.
Saramago era de esquerda,
comunista”.
Rebelião com subversão da
sociedade é um eufemismo para revolução burguesa do capital corporativo mundial
no Brasil. Por quê Juan Arias não cita o PCPT como fonte de seu brilhante
artigo? Porque isto seria admitir que a cultura política intelectual da
internet está no debate, em pé de igualdade, com o jornalismo e a cultura
eletrônica. Leitor, há não uma luta para ocupar o lugar hegemônico na cultura
brasileira entre o jornalismo (papel, rádio e televisão) e a internet?
Delfim Neto é, provavelmente, o
maior Q.I. da classe simbólica brasileira. Na década de 1980 do governo Sarney,
ele disse que era preciso uma revolução capitalista (verdadeira, real) no
Brasil. Ele foi a fonte intelectual da revolução burguesa de Fernando Collor de
Mello que acabou em impeachment. Delfim é um leitor do PCPT? Defini em uma
postagem do PCPT a subrrevolução de Dilma Rousseff como a kundalini: “a cobra
mítica que morde o próprio rabo”. A kundaline é um símbolo da cultura witz!
Trata-se da revolução burguesa que se autointerpreta como revolução que não é
real: revolução inexistente. Ele
equivocadamente interpreta a situação atual como uma tragédia: “A tragédia, na
verdade, foi 2014, porque ela usou um axioma da política, que diz que ‘o
primeiro dever do poder é continuar poder”. Celso Furtado e Mário Henrique
Simonsen conheciam teoria estética e história suficiente para ler o PCPT corretamente.
Não se pode ter tudo.
Nosso marxista burguês Bresser
Pereira diz que a crise brasileira está ancorada em um problema cambial: “De acordo com ele, o governo Lula recebeu uma
taxa de câmbio que, a preços de hoje, colocada a inflação brasileira e tirada a
americana, de R$ 6,50 por dólar, nominalmente era R$ 3,55, e entregou para
Dilma Rousseff a R$ 2,00. ‘Isso criou um desestímulo violento à indústria
brasileira e nós vimos o que aconteceu com a apreciação cambial’.
“Em cima disso, disse o ex-ministro,
houve uma perda da confiança dos empresários. ‘À custa disso também houve o
esgotamento do grau de endividamento das famílias de forma que estamos aqui
numa crise aguda. Nosso PIB vai cair 2,7% neste ano e recuará 1,5% no ano que
vem’, observou Bresser-Pereira. No entanto, o ex-ministro se queixou do fato de
que mesmo com o problema cambial, o foco agora estar só sobre o fiscal”.
Bresser não é um leitor do PCPT.
A luta do PCPT é por uma revolução na linguagem econômica da periferia do
capitalismo. A linguagem natural do modelo (Europa) é constituída por
significantes como capital, burguesia etc. A linguagem natural da periferia
dependente é constituída por contrasignificantes como subcapital, sub-burguesia etc. A crise
econômica não é a crise do capital industrial paulista. Trata-se da crise do
subcapital industrial paulista. Tem uma postagem no PCPT sobre isso com a
bandeira de São Paulo.
O marxismo burguês pré-diluviano
de Bresser não pode ver que a história brasileira deve ser lida como produção do
contemporâneo não evolutivo. Trata-se da dialética hegeliana (e do jovem Marx)
Estado versus sociedade civil burguesa. A subida ao poder nacional de Lula/PT
tem um preço a pagar. Agora Mefistófeles resolveu, pessoalmente, cobrar. O
Estado petista/lulista destruí a parte industrial do subcapital paulista
causando uma crise urbana inimaginável para a cidade de São Paulo. Uma aliança
de classe sob a hegemonia do resto do subcapital industrial paulista - entre a
pequena burguesia paulista (classe média para o jornalismo), o subcapital
comercial, o subcapital bancário e a classe simbólica - articulou uma
autointerpretação da cultura política intelectual paulista difundida pelo Grupo
Globo para as massas de todo o país. Tal autointerpretação diz que a destruição
do Estado petista é o caminho para a restauração completa do subcapital
industrial paulista. Esta interpretação é um modelo cultural que faz da luta de
classes uma luta pelo controle e uso do excedente nacional nas mãos do Estado. O
excedente público é definido como o motor da acumulação do capital. Trata-se
obviamente de um pensamento mágico marxista, pois a acumulação não é concebida
a partir da lógica da acumulação industrial do capitalismo corporativo mundial.
Ela é concebida como acumulação autárquica “nacional”, como acumulação do
subcapital do engenho de cana-de-açúcar. O marxismo burguês de Bresser Pereira
é apenas o marxismo do subcapital do Engenho.
A SOCIOLOGIA DA CLASSE
SIMBÓLICA/BOURDIEU
A sociologia marxista das formas
simbólicas de Bourdieu tem uma série de conceitos suficientes (capítulo I do
livro “O Poder simbólico”) para dar início a passagem do marxismo das formas
simbólicas para a physika sociológica historial das formas simbólicas. Trata-se
de usar Bourdieu para desenvolver o modelo cultural de análise de conjuntura
estabelecido por Marx no livro “O 18 Brumário de Luís Bonaparte”.
A partir da divisão entre o
trabalho manual e o trabalho intelectual em Marx, Gramsci desenvolveu o tema da
classe dirigente constituída pelos intelectuais. Em Marx só existe a classe
dominantes e seus representantes: políticos e ideólogos. Em Gramsci políticos e
ideólogos constituem a classe dirigente. Este conceito ele bebeu na teoria das
elites italiana: Pareto e Mosca. Em Bourdieu, encontramos o conceito de classe
simbólica em estado prático(Althusser) : “corpo de especialistas em
concorrência pelo monopólio da produção cultural legítima”. Tal classe existe
através e uma atividade que envolve as produções simbólicas como instrumentos
de dominação.
A cadeia de significantes que
articulam e articulam-se à classe simbólica incluem: poder simbólico, luta
simbólica, violência simbólica, comunicação, ideologia e mito, doxa e
ortodoxia, capital simbólico, relação de força e lógica do sentido, símbolo,
discurso, cultura (política) dominante.
“O poder simbólico é um poder de
construção da realidade que tende a estabelecer uma ordem gnoseológica: o
sentido imediato do mundo”. Trata-se do que Durkheim chamou de o conformismo
lógico, quer dizer, “uma concepção homogênea do tempo, do espaço, do número, da
causa, que torna possível a concordância entre as inteligências”. A esta
definição global do poder simbólico podemos acrescentar uma concepção mais
restrita. A classe simbólica implica um campo de produção especializado como
condição para a aparecimento de uma luta entre a ortodoxia e a heterodoxia as
quais têm em comum o distinguirem-se da doxa, quer dizer do indiscutido.
Husserl estabeleceu a experiência dóxica do mundo – e, em particular, do mundo
social – quer dizer, a experiência do mundo social como evidente (taken for
granted, nas palavras de Shütz). A cultura política pode ser intelectualmente
espontânea (dóxica), ou intelectualmente especializada: ortodóxica e
heterodoxa.
Os sistemas simbólicos devem a
sua força ao fato de as relações de forças que neles se exprimem só se
manifestarem neles ao articularem-se como lógica do sentido. Mas isto é a
estrutura. O poder simbólico é o poder de constituir o dado pela enunciação, de
fazer ver e fazer crer, de confirmar ou de transformar a visão de mundo e,
deste modo, a ação sobre o mundo, portanto, o mundo. Trata-se do poder quase
mítico que permite obter o equivalente daquilo que é obtido pela força física
ou econômica. Trata-se de um poder de mobilização das massas, de agenciamento
delas, de sugestão (como o poder do fascismo alemão) das massas etc. Tal poder
só se exerce se for reconhecido, isto é, ignorado como arbitrário (despótico),
metabolizado como um fenômeno necessário, obrigatório. A classe simbólica se
define por deter o poder simbólico. Na linguagem da physika tal poder só existe
em uma cultura política intelectual determinada em uma conjuntura historial político-simbólica.
Bourdieu define violência
simbólica pela função política dos “sistemas simbólicos” como instrumentos de
imposição ou de legitimação da dominação de um a classe sobre outra dando o
reforço da sua própria força às relações de força que as fundamentam e
contribuindo assim, segundo a expressão de Marx Weber, para a “domesticação dos
dominados”. Na physika marxista, a violência simbólica é o poder de coação
simbólica exercido pela classe simbólica – através da linguagem - sobre as
massas em uma determinada conjuntura simbólica. (Não se trata de um poder que
usa o poder da verdade; verdades que chamamos de autoevidentes , compelem a
mente, e essa coerção, embora não necessite de nenhuma violência para ser eficiente é mais forte que a persuasão e
discussão) A violência simbólica só é
possível se ela for um artefato de uma cultura (política intelectual) dominante,
como sublinha Bourdieu. Chegamos assim a subdivisão da classe dirigente em
classe política e classe simbólica dominante. Esta detém os meios de produção e
de circulação matérias e espirituais que permitem que sua autointerpretação da
realidade se torne a interpretação do mundo das massas em uma determinada
conjuntura simbólica. Em outras postagens mostraremos como esta rede conceitual
se transforma em interpretação da conjuntura política-simbólica.
PHYSIKA DO CAPITAL
A economia política é o
território cultural da linguagem moderna do capital. A língua do capital
moderno é o inglês. Ricardo pode ser o ponto da linguagem conceitual natural do
capital industrial. A epistemologia do capital é davidricardiana. O capital em
Ricardo é um significante/ coisa e assim o é para toda a ciência econômica
universitária. Com Marx, o capital torna-se relação social de produção
capitalista. Classes sociais (sociologia do capital) antagônicas são os
aspectos da relação social que existe como dialética materialista do capital
industrial. Isto é uma contraepistemologia que faz do capital um
contrasignificante construído no livro “O Capital” como contraconceito. Este
define o capital constituído/instituído como luta de classes. O objeto da luta
é a produção do excedente privado.
O capital só ex-iste na
reprodução ampliada do capital. Fora dela, ele é uma relação social definida
pela lógica do desmoronamento. No “Manifesto do Partido Comunista”, Marx
escreveu: “Devido ao rápido aperfeiçoamento dos instrumentos de produção e o
constante progresso dos meios de comunicação, a burguesia arrasta para a
torrente da civilização mesmos as nações mais bárbaras. Os baixos preços de
seus produtos são a artilharia pesada que destrói todas as muralhas da China e
obriga a capitularem os bárbaros mais tenazmente hostis aos estrangeiros. Sob
pena de morte, ela obriga todas as nações adotarem o modo burguês de produção,
constrange-as a abraçar o que ela chama de civilização, isto é, a se tornarem
burguesas. Em uma palavra, cria um mundo a sua imagem e semelhança”. A burguesia
é um demiurgo na filosofia do SUJEITO de Marx. Isto é o marxismo que não é a
physika marxista.
O essencial do texto supracitado
de Marx é o significante civilização burguesa. Se este se transformar em
civilização do capital industrial, entramos na physika? O capital é reprodução
ampliada econômica e reprodução cultural ampliada. Ou seja, reprodução da
civilização industrial que alcança as Américas nos EUA no século XIX. Esta
investigação está apenas começando. A reprodução cultural do capital significa a
exportação da linguagem europeia natural do capital. Neste sentido, os EUA é
uma colônia cultural europeia do capital industrial. Os EUA inventaram uma
linguagem política através das revoluções, principalmente da revolução da
Independência. Mas a linguagem econômica é a linguagem do capital do modelo
(Europa). Uma história do capital industrial nos EUA ainda está por ser feita
através da contraepistemologia da physika. No entanto, na segunda década do
século XX, os EUA inventaram o capital corporativo transnacional e uma nova
linguagem natural do capital industrial. Infelizmente no Brasil, esta discussão
é considerada uma platitude.
A reprodução cultural da
linguagem do capital na América Latina (e no Brasil) está na cultura
intelectual e na cultura política intelectual. Neste continente cultural,
usa-se a mesma linguagem econômica do modelo: burguesia, capital etc. A
história da cultura política econômica é idêntica à do modelo: mimese. Uma
modificação da linguagem foi feita pelo acréscimo de adjetivos ao substantivo
capital: capital dependente e associado etc. A reprodução cultural do capital
industrial continuou viva através da permanência do substantivo: capital
dependente, burguesia dependente etc. Com a crise do capital industrial
dependente, há um curto-circuito na linguagem econômica europeia. A physika da
economia política trabalha com este curto-circuito para mostra qual é a
linguagem natural da cópia: subcapital, subburguesia, subproletariado etc.. Sub
significa substituto (ersatz) do modelo. Em Freud ersatz significa o substituto
do modelo de gozo sexual: o gozo sexual carnal. Trata-se de substituir o gozo
sexual carnal pelo gozo sexual espiritual das artes, religião no processo de
sublimação. Por homologia, há o gozo sexual carnal do capital e o gozo sexual
espiritual do subcapital. Este articula e articula-se como um estado de
patologia sexual permanente da periferia do subcapital industrial como colônia
cultural.
No essencial, a physika historial
contradefini o capital como reprodução econômica ampliada do capital em junção
com a reprodução cultural ampliada do capital. O caminho para sair do estado
patológico do colonialismo cultural é a metabolização e simbolização da
linguagem natural da cópia: subcapital, sub-burguesia, subproletariado. Mas
isto já é a revolução da Nação mestiça. A nação mestiça é o contraconceito
construído no livro Casa-Grande e Senzala de Gilberto Freyre, de 1934. A Nação
mestiça não é uma invenção dos franceses como divulga o Grupo Globo no seu
programa sobre os grandes intelectuais ocidentais: europeus ou
norte-americanos!
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
Amanhã (24/09/2015) será votado
na Câmara o Projeto-Lei 3772/12. Ele acaba com o Estatuto do Desarmamento (lei
10826). A bancada da bala é o motor de tal armamento da classe média urbana das
grandes cidades. Tal engenharia política significa que a bancada da bala
representa os interesses da indústria de armas brasileira e do mercado de
segurança (Clóvis Brigagão. O mercado de segurança). Os últimos episódios de vandalismo
de menores negros e mestiços estão ligados a votação da lei do armamento da
população? Por que o Estado do Rio de Janeiro não consegue controlar tais distúrbios?
A comunidade de informação e contrainformação deste Estado (incluído a Polícia
Militar) controlou eficazmente os movimentos de massas dos últimos anos.
Trata-se de uma polícia eficaz no controle de multidões. Então por que não
consegue controlar estas redes do jovem lumpesinato quase criminal carioca. Há
uma coincidência significativa. Neste momento no qual Dilma Rousseff quer
enxugar a máquina do Estado, o governador do Rio luta para aumentar o contingente
da Polícia Militar com reverberação no país inteiro.
O problema maior da lei do
armamento da classe média urbana é que ela amplia e intensifica a guerra
molecular do lumpesinato criminal e não-criminal. A classe média está sendo
armada para entrar na guerra molecular que o Grupo Globo diz que não existe,
que não é real. A Globo News passou ontem e hoje durante o dia inteiro uma
inglesa chorando desesperada na praia de Copacabana depois de ter sido
assaltada. Os professores da escola de comunicação dizem que isto é a lógica da
sociedade espetáculo que o Grupo Globo aplica com rigor. Eles não entendem, não
querem ver (não querem por vício de profissão) que tal imagem está sendo usada -
na micro-conjuntura político-simbólica da aprovação da lei do armamento - para
criar uma maioria na Câmara para a provação de tal lei.
O Grupo Globo interpreta a
conjuntura para as massas e para os políticos. Ele é parte da Comunidade de
informação e contrainformação que foi idealizada no movimento que desfechou o
golpe de Estado de 1964 (esta discussão ainda vai começar). O Grupo Globo foi o
instrumento da ditadura militar na cultura política eletrônica intelectual. A
comunidade de informação é a Okhrana brasileira idealizada pela ESG/IPES/IBAD.
O “gênio da raça” que a concebeu como o antigo SNI (Serviço Nacional de
Segurança) foi o general Golbery do Couto e Silva, o bruxo da ditadura militar
que fez Leonel Brizola chorar em frente às câmeras de televisão.
Hoje, a OKHRANA é constituída por
um número desconhecido de redes de poder formal e informal, privada e estatal,
legal (ABIN) e criminosa que vigia seus inimigos inclusive nos prédios de moradia
das grandes cidades. Eles contam inclusive com especialistas de várias áreas
(interseção com a classe simbólica especificamente intelectual). Se ela já tem
psicanalistas em suas redes de poder e informação, isso significa que o Brasil
ficou um pouco semelhante à URSS da psiquiatria que encarcerava os dissidentes
com o diagnóstico de loucura. Só que a Okhrana brasileira é mais sútil em uma
era que a psiquiatria está contida. Hoje parece que ela usa psicanalistas
ligados a um determinado partido-máquina de guerra freudiana totalitário. AH,
Esqueci! Não existe nem partido-máquina de guerra, nem totalitarismo, nem
Okhrana!
PARLAMENTO/IMPEACHMANT/LOUCURA
Como toda história intelectual, a
psicanálise acabou como uma Torre de Babel: o povo de Deus da classe simbólica
espalhado pelo mundo falando várias línguas. A antropologia tem mil conceitos
de cultura; a sociologia tem mil conceitos de instituição; a psicanálise tem
mil conceitos de loucura. Nesta feira/festa conceitual, o infeliz que quiser
refletir sobre a loucura tem que entrar no labirinto da loucura conceitual da
psicanálise.
Para a discussão que nos
interessa, a paranoia é o modelo paradigmático da loucura. Freud diz que ela é
um modo de expressão lógico e uma ação intelectual próxima do raciocínio
“normal”. A paranoia é uma defesa contra a homossexualidade e um investimento
de desejo homossexual. O caso teórico Schreber mostrou para Freud que o conhecimento
delirante que o louco tem de si mesmo talvez seja tão verdadeiro quanto o
conhecimento racional construído pelo clínico para explicar a loucura. A
diferença está no fato de que este último se reveste de um estatuto teórico (e
tem uma rejeição de investimento homossexual). O estatuto teórico de qualquer
cultura intelectual define-se pela epistemologia política (teoria da ciência
como unidade teoria/prática), estrutura conceitual e plêiade de significantes
estruturais, significantes formais. Na cultura intelectual em si, trata-se da
unidade teoria/prática-teórica
A cultura intelectual é a unidade
teoria/prática-teórica com a ausência de prática efetiva. Em Freud, a teoria
freudiana tem como prática a clínica freudiana: prática-teórica. Trata-se de um
simulacro de simulação de prática como concebeu Lacan com seu discurso do
analista. Lacan era fascinado pela lógica do discurso paranoico a ponto de
achar que o tratamento psicanalítico devia assemelhar-se a uma paranoia
dirigida. Trata-se do discurso do analista como paraíso artificial do
psicótico. Lacan foi um grande physiko do século XX e um psicótico mitigado amigo
dos psicóticos.
Lacan andou até o meio da ponte
na passagem da cultura intelectual para a cultura política intelectual. Em
Lacan, o campo freudiano lida com artefatos psicanalíticos e significantes. A
physika freudiana atravessa a ponte e chega ao outro lado da montanha: a
cultura política intelectual. Trata-se da unidade teoria/prática na qual a
prática está realmente presente. Nesta unidade, o conceito torna-se
contraconceito que pesca contrasignificantes (fatos/artefatos) e faz laço
cultural com a realidade do real!
Na câmara nacional dos deputados,
o impeachment está na ordem do dia. Como ele não é da cultura do sério (ele é
da cultura do witz), trata-se de um delírio discursivo paranoico? Ele é um
discurso construído sem estrutura conceitual. Ele é um modo de fazer política
como investimento homossexual (instituições com maioria de homens guardam um
componente homossexual forte e consistente) e, ao mesmo tempo, uma defesa
contra a homossexualidade dos senhores congressistas. Os deputados fazem de
conta (simulam) que seus discursos são baseados em fatos e que fazem laço com a
realidade. Com efeito, eles evitam que as sessões se transformem em orgias homossexuais
discursivas pela representação de interesses. A lógica do interesse segura a
homossexualidade do grande homem presidente da câmara (é assim que ele se vê em
seu delírio de grandeza paranoico?) na medida em que ele pauta seu
comportamento fugidio, fugaz, em relação ao impeachment pela troca de cargos no
aparelho de Estado (ministérios, etc.). Qual é a unidade teoria/prática da
câmara dos deputados? Ausência de teoria e um simulacro de simulação de prática
política: cultura política witz.
A economia política de David
Ricardo é a teoria do capital-coisa (prática coisificante). A teoria de Marx é
a teoria de uma prática, ou seja, da revolução do capital moderno como relação
social de produção. A política pode ser prática como simulacro de simulação (cultura
witz) ou prática revolucionária como cultura do sério (tragédia histórica ou
tragédia política) ou como comédia histórica. Estamos em pleno reino da cultura
política intelectual. A physika é o avesso do discurso paranoico e o modo mais
seguro de atravessar a ponte da cultura witz pós-modernista.
EPISTEMOLOGIA POLÍTICA DA CULTURA
BRASILEIRA
A epistemologia política é a
teoria da unidade teoria/prática como ciência ou de um ersatz (peça
sobressalente) de ciência. A cultura eletrônica é um ersatz de ciência. O
território existencial dela é a classe simbólica que detém o poder simbólico de
interpretar o mundo. O território “central” da classe simbólica é a cultura
política eletrônica que autointerpreta a realidade do país para as massas
nacionais. A physika da sociologia da classe simbólica não deve ser
desenvolvida na universidade a partir da obra de Bourdieu para estudar tal
poder simbólico?
No Brasil, o Grupo Globo é o
cérebro da classe simbólica por deter o poder simbólico de autointerpretar a
realidade brasileira para as massas nacionais. Qual é a teoria do Grupo-Globo?
Quem a faz? A OKHRANA dos jornalistas bolivarianos faz a teoria do Grupo Globo.
O coração desta produção teórica é o programa do jornalista bolivariano (o
bolivarianismo é o último populismo latino americano de esquerda) Mário Sérgio
Conti. No programa (25/09/2015), ele entrevista a cineasta paulista bolivariana
Anna Muylaert que está com um filme que foi escolhido pela OKHRNA para
representar o Brasil no Oscar. Até as crianças de dez anos sabem que a escolha é
feita pela classe simbólica bolivariana. Não conheço a cineastas e, portanto,
não sei se ela é um inocente útil de ocasião ou um quadro destacado da classe
simbólica bolivariana. Como ela parece ser muito sagaz, a última hipótese é a
mais verossímil.
Conti faz a cineastas dizer que
as personagens do seu filme “Que horas ela volta?” não representam classes
sociais. (O filme é parte do imaginário witz da cultura brasileira que quer
tragar o significante classe social?) A fala de Conti/Anna é um sinal de que a
OKHRANA baixou um decreto para fazer desaparecer da cultura brasileira o
significante classe social. Por que Conti – um intelectual da velha escola do
jornalismo marxista - está envolvido com esta engenharia cultural? Por que a
OKHRANA chegou à conclusão que deve banir a linguagem marxista (e a sociologia
marxista) da cultura brasileira? Ela quer fazer um cerco à internet e à
universidade tornando-as um Gueto de Varsóvia cultural?
A Okhrana é a comunidade de
informação, contrainformação e desinformação soberana na política brasileira e
na nossa cultura política intelectual. Ela age sobre a cultura através de dois
mecanismos do imaginário da realidade cultural. O imaginário deve ser entendido
como o buraco negro da realidade cultural que traga matéria cultural (Marx) e
artefatos espirituais (Hegel). O imaginário witz traga a cultura séria e a
devolve como witz (piada).
A foraclusão (Lacan) é o outro
mecanismo do imaginário, mas de um imaginário psicótico. Trata-se de um
mecanismo específico da psicose cultural através do qual se produz a rejeição
de um significante fundamental para fora do universo simbólico da realidade
cultural. O significante não é integrado ao inconsciente nietzschiano
(político) como recalque e retorna sob a forma alucinatório na realidade do
real. Trata-se da hipercultura na qual o significante real é apresentado como
irreal, inexistente, principalmente pela cultura política intelectual
eletrônica.
O marxismo é um significante real
na cultura brasileira através da linguagem da classe social. Durante décadas, a
cultura integrou este significante ao inconsciente político da cultura
brasileira. Hoje, começou uma operação para foracluir tal significante. A
coincidência significativa (Jung) está no fato de que o velho marxismo (um
cadáver textual, discursivo) deixou de ser útil à classe dirigente (junção da
classe política com a classe simbólica) enquanto, por outro lado, emergiu o
ecomarxismo (physika marxista), no PCPT. Em outras postagens do PCPT voltaremos
a autoirterpretação da classe simbólica e de seu poder simbólico concreto
(empírico): a OKHRANA! Mário Sérgio Conte nos ajudará na pesca dos peixes da
lagoa bolivariana!
SOCIOLOGIA DA CLASSE SIMBÓLICA:
Rock in Rio.
O Rock in Rio é um congresso
musical cuja língua é o inglês. Os entrevistadores brasileiros dos músicos
falam um português claudicante. Eles se comunicam com desenvoltura em inglês.
Trata-se de um festival de música que parece querer remeter o público para a
cultura musical anglo-americana da era do império americano. Este império
americano foi o império do capital corporativo transnacional. Esta época foi o
apogeu da língua inglesa como língua mundial do capital corporativo
transnacional.
A crise da realidade chinesa
significa a possibilidade de uma nova revolução cultural neste país que terá
que criar uma nova espécie de capital que falará mandarim, para não caminhar
para uma decadência civilizatória. Não vi nenhuma banda de música chinesa no
congresso musical do Rio.
O Rock in Rio é um artefato
simbólico de uma fração da classe simbólica mundial. Esta teve um expansão
ampliada extraordinária na segunda década do século XX como reprodução ampliada
cultural do capital corporativo transnacional.
A classe simbólica se define por
deter poder simbólico, poder de interpretar a realidade para as massas. Ela é
parte da classe dirigente em junção com a classe política. A musica não é algo
que serve apenas para emocionar as massas como forma de entretenimento ou como
uma fonte de felicidade. Os fascistas alemães estabeleceram uma unidade
orgânica/estética entre a música e o totalitarismo na política como espetáculo.
A lógica estrutural de tal fato cultural foi copiado pela sociedade do
espetáculo da cultura eletrônica capitalista. O poder simbólico tem potência
para estabelecer pela estética a ligação ente política e campo dos afetos do
inconsciente político capitalista. Hoje, a música é parte da hegemonia cultural
e política do capital corporativo mundial sobre as massas ao estabelecer o laço
social com o campo dos afetos (emoções) delas. Tais problemas constituem-se
como problemas da nova sociologia da classe simbólica.
A cultura não é um quadrado; pode
ser um poliedro. Falando das árvores da floresta, a música das "Rainhas da
Idade da Pedra" californiana e do Nightwish é a voz do seer.
CÂMARA DOS DEPUTADOS e STF:
CONTARREVOLUÇÃO E REVOLUÇÃO
O parecer do relator do projeto
de lei que cria o Estatuto da Família, deputado federal Diego Garcia (PHS-PR),
define a família como a união entre homem e mulher por meio de casamento ou
união estável, ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto com os
filhos. O texto dispõe sobre os direitos da família e as diretrizes das
políticas públicas voltadas para atender a entidade familiar em áreas como
saúde, segurança e educação. De autoria do deputado Anderson Ferreira (PR-PE),
a proposta tramita na casa desde 2013. STF reconhece união estável de
homossexuais. Decisão do CNJ obriga cartórios a fazer casamento homossexual.
Decisão do STF inspirou regra sobre casamento gay, diz ministro
A ausência de autorreflexão na
cultura brasileira sobre o nosso Estado é um sinthoma do quanto, ente nós, a
dominação política tem uma estrutura cultural tradicional. O Estado é
constituído por três poderes (Legislativo, Executivo, Judiciário) regidos pela
constituição de 1988. Até a sociologia universitária já metabolizou o conceito
de poder como relação de forças. O poder não é uma coisa que um sujeito detém,
como crê o ministro do STF Dias Toffoli. As relações de forças existem nas
redes de poder cujo território existencial pode ser, ou a comunidade no
mundo-da-vida, ou os aparelhos de Estado (executivo, judiciário, legislativo),
ou as instituições econômicas etc. Relação de forças significa que a sociedade
e o Estado são o território existencial de alianças (diálogo) ou do confronto
das forças em tela.
Grego do marxismo ocidental,
Nicos Poulantzas definiu o aparelho (Estado) como condensação de relações de
forças. Mesmo com toda a sua ilustração, o STF ainda não metabolizou tal
conceito de Estado. Ele ainda crê que o Estado é uma coisa!
O parlamento é o território
existencial do combate entre as forças da sociedade. Ele deveria aparecer para
a sociedade como um aparelho que condensa as relações de forças. A TV Câmara
mostra isso diariamente. Em um choque político-simbólico com o STF (que
condensa as relações de forças assumindo decisões favoráveis ao casamento
homossexual), a Câmara dos deputados faz um ataque fulminante ao movimento gay.
A cultura eletrônica apresenta o choque entre o STF e a Câmara como algo banal
da realidade política prosaica. Esta cultura faz a interpretação da política
para as massas nacionais. Ela não apresenta o projeto dos deputados federais
Diego Garcia (PHS-PR) e Anderson Ferreira (PR-PE) como um projeto de uma força
da sociedade na política. Tal força é conhecida como bancada cristã no
Congresso. O presidente da Câmara é um membro de tal bancada.
Camadas de linguagens constituem
a realidade. A cultura eletrônica apresenta para as massas apenas a linguagem
prosaica que ela banaliza, conscientemente. Hanna Arendt diria que se trata da
banalização do mal, da desgraça. A cultura eletrônica retrata o mundo como um
museu de horrores. O seu símbolo é os cristãos incendiando Roma e atribuindo a
autoria do incêndio ao imperador psicótico Nero. Este símbolo resume a lógica
da sociedade do espetáculo. Mas ela não é capaz de dizer que enquanto a Câmara
incendeia Roma, o STF tenta apagar o incêndio da polis. A revolução não é
sinônimo de violência; ela pode instalar a paz na sociedade.
Em uma outra camada de linguagem,
Eduardo Cunha (presidente da Câmara dos deputados nacionais) incendeia a polis
com a contrarrevolução. E o STF é a revolução das minorias. Trata-se de um
choque da política mundial envolvendo duas visões de mundo que disputam a
conceituação jurídica da família. Este choque é um abalo sísmico de grande
magnitude no campo simbólico mundial. Trata-se de um choque traumático entre o
cristianismo (mais o Islã) com o secularismo: tradição versus modernismos. É um
choque entre forças universais que são vontades políticas que disputam a
hegemonia (e a soberania) na cultura política intelectual mundial.
Há uma luta simbólica entre o
PCPT e o Grupo Globo envolvendo a definição do conceito de política na cultura
brasileira. Para o segundo, a política é uma atividade prosaica, banal,
tediosa, ignóbil, materialista vulgar. O Grupo Globo apresenta os políticos
como seres abjetos preocupados exclusivamente com seus interesses pessoais
mesquinhos. O PCPT não nega esta dimensão da linguagem privatista da política.
Mas para o PCPT, a política é também a revolução e a contrarrevolução como
forças universais. Para o PCPT, a política está em conceituação material e espiritual
no planeta. O Brasil é um elo fraco desta conceituação para a contrarrevolução.
Não se pode mais ignorar que o
choque simbólico entre o PCPT e o Grupo Globo envolve, basicamente, dois
territórios existenciais: a INTERNET E A TELEVISÃO. O projeto de lei da Câmara
para punir quem fala dos políticos na internet é mais uma ação nefasta da
contrarrevolução que o próprio Grupo Globo condena. Vejam! A política não é ou
preto ou branco!
FREUD/NIETZSCHE
O sexo está no centro tático do
campo de pensamento freudiano enquanto contrasignificante da história freudiana
ou história do homem. Então, Lacan fez a fórmula NÃO EXISTE RELAÇÃO SEXUAL. Ou
seja, o sexo não faz laço social. Este é o conceito negativo de sexo. Na
physika freudiana, o sexo é o motor que desfaz o laço social na história
biográfica dos indivíduos ou dos povos. Este é o contraconceito positivo de
sexo.
Marx estabeleceu o conceito
instrumental de aparelho (de Estado). O aparelho é o instrumento da violência
na luta de classes. Freud pôs em conceituação o significante aparelho psíquico.
Na sociologia alemã, Norbert Elias usou este conceito para criar uma sociologia
eclética em uma interseção com o freudismo, no segundo volume do livro “ O
Processo civilizador”. Podemos partir de Elias para continuar o desenvolvimento
da physika sociológica!
O aparelho psíquico é constituído
pelos eu/supereu/id. Em 1923, Freud estabelece o aparelho psíquico como um
campo de forças. Uma nova conjuntura epistemológica política aponta para a
constituição da physika freudiana. Nesta conjuntura, o id é o inconsciente
freudiano como coisa em si. Eu/supereu/id se definem como instâncias
(territórios) e agir. O agir significa que eles são forças em confronto,
diálogo, conciliação, spaltung. Elias definiu o indivíduo como partes de si
contra partes de si, antes de Michel Foucault. Trata-se de um aparelho psíquico
dialético e materialista. Portanto, o aparelho psíquico é um campo de guerra,
ele é a guerra permanente. A biografia individual pode encontrar a paz com a
ajuda da cultura política intelectual.
O mundo em Freud se define pelo
princípio de realidade. Este é um poder de coerção (físico ou simbólico) sobre
a biografia do indivíduo. Como autointerpretação da realidade, a cultura
política intelectual pode ficar do lado da biografia para instalar a paz no
aparelho psíquico. O eu existe e funciona pelo princípio do prazer em choque
como o princípio de realidade. Ele também vive sob a vigilância etc. e a
coerção psíquica do supereu. Este é um subaparelho de Estado psíquico. Trata-se
de um ersatz do aparelho de Estado marxista. A cultura política intelectual
pode servir ao eu em sua luta contra o supereu para encontrar a paz!
O psicanalista trabalha apenas
com o inconsciente freudiano na teoria e na clínica. Ele desconsidera que
Nietzsche criou uma teoria das pulsões e o inconsciente político (inconsciente
nietzschiano). Ao trabalhar longamente com o niilismo, Nietzsche concebeu o
contraconceito de inconsciente político. O Niilismo é um contrasignificante do
inconsciente político. Ele está associado ao instinto de morte voltado contra a
cultura, em geral. Também o ceticismo é outro contrasignificante do
inconsciente nietzschiano. Niilimo e ceticismo aparecem como formas da cultura política
intelectual europeia clara e distintamente na era moderna. O ceticismo é,
naturalmente, associado na cultura intelectual a Descartes. Na cultura política
intelectual, o ceticismo é uma força do modernismo contra a tradição cristã
soberana na Europa no início da era moderna. Sobre o niilismo, “O homem
revoltado” de Albert Camus marcou minha juventude intelectual e
existencialmente.
Após a fundação do inconsciente
nietzschiano, dois contrasignificantes se juntam aos supracitados formando os
quatro cavaleiros do apocalipse. São eles, o pessoalismo (Oliveira Vianna,
Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda) e o witz. O pessoalismo é a força
privatista da cultura política e da política. Aristóteles fez a teoria dele no
seu livro “Política”.
O witz remete para o imaginário
como buraco negro de Montesquieu (que traga energia do país) associado ao
conceito de witz freudiano. Tal imaginário witz é uma dimensão da realidade da
cultura política intelectual. Em Lacan, ele é o imaginário do discurso da universidade.
O witz se define por ser o avesso do sério sem ser a comédia histórica. O
imaginário absorve o sério e o devolve como witz.
O psicanalista é o Saci Pererê,
pois se apoia apenas em uma perna, a perna do inconsciente freudiano. Se
tivesse bom senso, ele se apoiaria nas duas pernas: inconsciente freudiano e
inconsciente nietzschiano. Qual a relação entre tais inconscientes. Trata-se de
superfícies da banda de Moebius, isto é, de superfícies contínuas. Não há
descontinuidade neste espaço. Em outras postagens veremos o agir desta
estrutura de pensamento da physika freudiana em diferentes conjunturas.
O psicanalista tem o hábito reflexo
de identificar delírio psicótico e alta paródia do witz!
CULTURA ELETRÔNICA: COMPULSÃO À
REPETIÇÃO
“Clinicamente, é a compulsão de
certos indivíduos a repetir situações aflitivas e até mesmo penosas durante o
curso de suas vidas, sem reconhecer sua própria participação em ocasionar tais
incidentes ou o relacionamento das situações atuais com experiências passadas”.
(Moore, B.E.; Fine, B.F. Termos e Conceitos psicanalíticos; Ed. Artes Médicas,
PA, 1972).
“Na elaboração teórica que Freud
lhe dá, a compulsão à repetição é considerada um fator autônomo. Irredutível em
última análise a uma dinâmica conflitual onde não interviesse senão o
funcionamento conjugado do princípio do prazer e do princípio de realidade. Ela
é referida fundamentalmente ao caráter mais geral das pulsões: a sua
característica conservadora. (Laplanche e Pontalis).
A compulsão à repetição é um
significante do inconsciente freudiano. Há consenso sobre isso. Ela é uma
estrutura pulsional que age sobre a biografia individual do homo sacer. Isto é
a epistemologia do freudismo - a ideologia liberal freudiana que cai da cadeia
dos significantes freudianos como objeto a. A ideologia articula o mundo a
partir do objeto a. Tal fenômeno pode ser exportado para a cultura política? O
objeto a é homólogo ao desastre econômico. O conceito de crise econômica (Marx)
significa a compulsão á repetição do desastre econômico do capital! Trata-se da
queda do capital na história conjuntural como objeto a!
Enquanto Príncipe simbólico
eletrônico em desmoronamento pelo agir da internet (força cultural digital), a
cultura política intelectual eletrônica brasileira condensada no Grupo Globo
usa o mecanismo da compulsão à repetição?
A ciência moderna estabeleceu a
unilateralidade epistemológica política na solução dos problemas científicos
como compulsão à repetição. Trata-se da repetição da tradição (paradigma) no
percurso da pesquisa científica. Claro que este é um modelo de ciência moderna.
O campo científico pode ser definido pelo conflito entre paradigmas que buscam
ocupar o lugar hegemônico na cultura política intelectual científica mundial
como modelo epistêmico. Portanto, a ciência importa do inconsciente freudiano a
compulsão à repetição inscrevendo-a na cultura política intelectual do capital.
O capital é a prática da teoria (ciência moderna). Trata-se da compulsão à
repetição como contrasignificante do inconsciente político do capital
(inconsciente nietzschiano).
A televisão é um ersatz de
ciência moderna? Ela usa o mecanismo da compulsão à repetição na interpelação,
no agenciamento, na sugestão e na sedução das massas de receptores? Vamos nos
ater a alguns fatos midiáticos. Todo dia o vídiojornal seleciona imagens e
palavras que transforma a violência em fato eletrônico. Trata-se da compulsão à
repetição da vídioviolência. Todo santo dia, a tv apresenta compulsivamente os
desastres naturais ou artificiais como fatos eletrônicos. Isto liga a cultura
eletrônica ao inconsciente político do capital. A violência e o desastre são
parte da economia política do capital, do inconsciente político do capital.
Exemplo: a crise econômica mundial é um desastre do modelo cultural soberano do
capital sobre a economia política mundial dos países. O imaginário do capital
absorve a energia dos países (desastre) e a transforma em cultura witz.
Trata-se do buraco negro kapital. Só é possível interpretar o significante país
como witz da cultura política intelectual do capital. A saída é o comunismo?
A história da URSS a transformou
em um imaginário witz que tragou a utopia comunista e a transformou em witz. No
Brasil, o PT abriu um imaginário witz que tragou o significante esquerda
latino-americana; o transformou em witz. Hoje, Zizek é o filósofo comunista
como witz ideológico mundial. Não se trata do riso da direita quando ela cria
uma caricatura de Zizek na internet, como clown comunista. Trata-se de um
fenômeno objetivo/intersubjetivo da cultura política intelectual mundial.
O imaginário witz do capital
também age na internet. O fundamental é o leitor compreender que a cultura
política intelectual é constituída por um campo de forças na qual em um polo
está o capital e na extremidade oposta está o indivíduo como força-biográfica.
Michel Foucault viu este indivíduo (sujeito) apenas como resistência ao poder
do capital. Agora, trata-se de olhar – se apoiando no ombro de Foucault – a
biografia-força como um fenômeno que condensa o quadro global das relações de
forças mundiais. Entre o capital e a biografia, encontra-se um mundo de
fenômenos subjetivos e objetivos que existem na geoistória da cultura política
intelectual mundial. Esta se define, em última instância, como tempo-espaço
onde se confrontam, se conciliam, se sincretizam a razão do capital, o
inconsciente político do capital e a força biográfica dos indivíduos.
A physika historial mostrará este
campo de forças mundial abrindo-se para uma nova conjuntura epistêmica
política. Com efeito, o PCPT já vem fazendo isso! Pelo menos está tentando
fazer isso no deserto - povoado pelo niilismo e o ceticismo - da cultura
brasileira!
GOTA D’ÁGUA BOHRIANA DA POLÍTICA
MUNDIAL
“Bohr descobriu que durante a
fissão de um átomo de urânio desprendia-se uma enorme quantidade de energia e
reparou então que se tratava de uma nova fonte energética de elevadíssimas
potencialidades.
Em 1934, publicou o livro “Atomic
Theory and the Description of Nature”, que foi reeditado em 1961. Em janeiro de
1937, Bohr participou na Quinta Conferência de Física Teórica, em Washington,
na qual defendeu a interpretação de L. Meitner e Otto R. Frisch, também do
Instituto de Copenhaga, para a fissão do urânio. Segundo esta interpretação, um
núcleo atômico de massa instável era como uma gota de água que se rompe”.
"Um ano depois de se ter
refugiado em Inglaterra, devido à ocupação nazi da Dinamarca, Bohr mudou-se
para os Estados Unidos, onde ocupou o cargo de consultor do laboratório de
energia atômica de Los Alamos. Neste laboratório, alguns cientistas iniciavam a
construção da bomba atômica. Bohr, compreendendo a gravidade da situação e o
perigo que essa bomba poderia representar para a humanidade, dirigiu-se a
Churchill e Roosevelt, num apelo à sua responsabilidade de chefes de Estado,
tentando evitar a construção da bomba atômica".
"Em 1950, Bohr escreveu a
“Carta Aberta” às Nações Unidas em defesa da preservação da paz, por ele
considerada como condição indispensável para a liberdade de pensamento e de
pesquisa.”
A física é uma cultura política
intelectual de autointerpretação da physis cuja prática em extensão incluem a
guerra e a paz. A prática definida por Marx restringe-se à revolução na unidade
teoria (ciência moderna) e prática (capital industrial). O capital industrial é
a revolução burguesa permanente. O capital industrial em extensão incluiu a
guerra e a paz. O capital industrial militar mundial (complexo
industrial-militar) é a prova de que a guerra faz parte da lógica da reprodução
ampliada do capital.
Lênin concebeu o capital
financeiro internacional (oligarquia financeira internacional) como motor da
Primeira Guerra Mundial. O capital fictício é um ersatz de capital produtivo.
Este é real (sério) e o outro é fictício (witz) - simulacro de simulação do
capital em si: ersatz econômico. Este ersatz econômico é uma prótese? O capital
prótese é um ersatz necessário para o funcionamento do capitalismo mundial.
O capital fictício é a fonte do
witz político que associado ao niilismo europeu atualizaram o inconsciente
político mundial, no século XX. O inconsciente político dissipou dezenas de
milhões de jovens europeus. O inconsciente político pode se constituir em uma
prática ou em um agir fatal. Na Primeira Guerra Mundial, o imaginário político
witz do capital fictício internacional transformou milhões de cadáveres de
jovens europeus em witz grotesco. Através desse recurso estético, a cultura
política intelectual européia metabolizou os cadáveres de Goya. O modelo
cultural político-estético witz de autointerpretação da realidade da Primeira
Guerra conservou a energia mítica intacta (instinto de morte e narcisismo) em
uma magnitude ciclópica. Tal energia foi liberada para a realização da Segunda
Guerra Mundial.
O capital produtivo pode também
ser a fonte do imaginário político witz em determinadas conjunturas mundiais
como a conjuntura atual do capital corporativo mundial que transformou os
países em witz econômico.
O capital produtivo (capital
monopolista de Estado) articulou a cultura política intelectual econômica do
sério através da física atômica (teoria). Tal cultura definiu uma conjuntura
histórica que começa em Hiroshima. Esta é a prática que dissipou em um átimo de
segundo dezenas de milhares de vidas japonesas, pondo um fim à Segunda Guerra
mundial. Tal prática se transformou na phantasieren latente da política mundial
com o fim da URSS. Ela foi integrada ao inconsciente político mundial; ela foi
recalcada; ela pode ser o retorno do recalcado!
A autodestruição psicótica do
planeta pelas máquinas de guerra freudianas ainda tem no arsenal nuclear um
artefato potencial real. A física quântica de Bohr continua sendo um atractor
estranho (o sistema flutua para sempre entre vários estados de um modo que não
é aleatório, nem é fixo, nem oscilatório, mas sim uma flutuação contínua
caótica) da política mundial. Este atractor estranho é o fantasma do futuro,
uma gota d’água bohriana que vem do futuro. Ao contrário da vontade política de
Bohr, a física quântica é a guerra nuclear como modelo cultural da fhantasieren
teórica (razão metapsicológica) de uma prática-fantasma do futuro.
Sobre a conjuntura atual trata-se
de descobrir qual é o fenômeno homólogo à gota d'água bohriana na realidade
mundial cuja fissão pode liberar energia real capaz de alterar a inércia da
política mundial. Trata-se de pescar o fenômeno que pode retirar a política
mundial do domínio lógico do simulacro de simulação sobre o agir da classe
dirigente: classe política e classe simbólica.
Parece que um passo à frente foi
dado para ligar a episteme política da physis à epistema política da cultura!
Um vulcão de apreensões multifacetadas. A dialética já não mais te comporta JPB. A única saída e a instância quântica.
ResponderExcluirUma energia explosiva, invejável.