28/08/2016
Dois livros sobre o impeachment
de Fernando Collor de Mello tratam seriamente do acontecimento. O meu Física da história do Brasil contemporâneo
e o livro de Brasílio Sallum Jr. O
impeachment de Fernando Collor. Sociologia de uma crise.
O meu livro foi ignorado na
universidade e nas mídias. O livro de Brasílio teve ampla divulgação nas mídias
(incluindo a televisão e o rádio) e foi festejado na universidade (pública e
privada). Assim, Brasílio foi elevado à categoria de único especialista
científico autorizado a falar do impeachment de Collor. Por quê? Isso foi obra
do acaso ou da competência de Brasílio, e/ou da minha total incompetência em
tratar do objeto impeachment?
Meu livro é uma leitura do
acontecimento como golpe pombalino de Estado. Depois publiquei inúmeros textos
na internet mostrando que o crime de responsabilidade de Collor se baseava em
uma prova insignificante – a compra de um Fiat Elba com dinheiro oriundo da
sobra de campanha eleitoral presidencial de 1989.
Collor foi julgado pela lei do
impeachment 1079/50. Tal lei é um artefato ditatorial inscrito na Constituição
de 1946 visando dar uma roupagem jurídica para o golpe pombalino de Estado
branco em Getúlio Vargas, na recém constituída tela transgramatical populista/democrático.
Ela é a lei que consagra o
princípio de insignificância jurídica como ato jurídico para a deposição do
presidente da República. Basta o leitor consultar na internet a lei que verá
que ela faz do credo quia absurdum
(creio porque é absurdo) a transgramatica do impeachment. Getúlio derrotou tal
lei ditatorial, mas Collor se tornou a primeira vítima dela.
O meu livro é a articulação do
fato impeachment como artefato historial/formal golpe pombalino de Estado. Mas
até agora eu não tinha dado o point de capiton (ponto-de-estofo) para encerrar a
rede dos significantes que explicam o golpe. Farei isso mais adiante.
O livro de Brasílio não trata o
impeachment de Collor como golpe de Estado (ou revolução bolivariana de FHC/Lula/PSDB/PT).
Brasílio fez uma radiografia detalhada e exaustiva das forças envolvidas no
impeachment. Sua visão sincera de que houve crime de responsabilidade de Collor
é apenas um efeito do trans-sujeito da conjuntura Collor, que transformou
Fernando em cinzas políticas. Isso é o problema historial/formal do
impeachment. O trans-sujeito que surgiu no impeachment. Quem ou o que é ele?
O discurso de Brasílio é um
efeito do trans-sujeito luso/brasileiro absolutista. Daí seu sucesso midiático!
O PT também é um efeito do absolutismo do trans-sujeito luso-brasileiro em
autodissolução!
O trans-sujeito é uma forma de
poder (nacional ou mundial) que se articula através da subjetividade da
multidão como autor e da subjetividade do ator que personifica tal multidão. Na
conjuntura collor, ele se constitui como um trans-sujeito nacional envolvendo a
sociedade civil e a sociedade política. As massas na rua em todo o país foi o
autor. As instituições da sociedade civil e as instituições estatais (OAB, ABI,
Igreja católica, Igreja protestante, a igreja afro-brasileira em Salvador, a
comunidade jurídica, o STF, o vice-presidente da República, o grupo Globo e as
mídias em geral, etc.) foram atores na articulação de tal trans-sujeito.
Lenin diz que a verdade é o
verdadeiro metabolizado pelas massas, ou seja, a verdade do trans-sujeito. Portanto,
o impeachment de Collor era a verdade brasileira de 1992. Porém, tal
trans-sujeito não é parte por mil fios invisíveis da percepção sensível da
multidão ligada à uma memória cultural política econômica fazendo pendant com physis do povo
brasileiro? quais instituições da sociedade civil e da sociedade política
condensam tal memória? A universidade, a OAB, a ABI, a Igreja católica, a
comunidade jurídica como tal, governos?
A história do Brasil nação não
começa com d. Pedro I? A nação como objeto político não é o efeito da primeira
Constituição monárquica? Era para ser uma Constituição condensando o que
significava a soberania popular da década de 1820. Porém d. Pedro I fechou com
as tropas portuguesas a Assembleia Nacional Constituinte, rasgou a Constituição
que estava na iminência de ser aprovada e, em seguida, fez a Constituição liberal-absolutista
de 1924. Pedro I criou o Brasil Nação através de um golpe pombalino de Estado
(extraído do modelo político de simulacro de simulação liberal do Marquês de
Pombal do século XVIII).
Pedro I criou a política
brasileira a partir de uma lei da tela transgramatical luso-brasileira: o golpe
de Estado pombalino. Tal fenômeno é o abc do trans-sujeito luso/brasileiro. A política
como trans-sujeito luso/brasileiro significa que o Brasil é um crime
Constitucional monárquico.
A República não nasce brasileira.
Ela não foi o efeito de uma revolução burguesa (ou de uma revolução
oligárquica). Ela foi o efeito de um golpe pombalino de Estado. A Constituição
republicana é o efeito da cultura política econômica pombalina. A República é
um simulacro de simulação de república liberal. Já escrevi vários textos sobre
tal fenômeno. A REPÚBLICA BRASILEIRA É UMA REPÚBLICA LUSO-BRASILEIRA. Assim,
ela é um efeito do trans-sujeito criminoso luso/brasileiro. A República é um
crime Constitucional.
No livro Fenomenologia do Espirito, parte II, Editora Vozes, página 194,
Hegel diz que o trans-sujeito é um crime se se constitui em oposição àquela
efetividade universal instituída pela soberania popular (Assembleia Nacional Constituinte
de 1823, governo Collor). Ele perde a força de realidade transgramatical
criminosa se: “vem a tornar-se um outro mundo – outro direito, outra lei, e
outros costumes, produzidos em lugar dos presentes – quando o indivíduo (trans-sujeito) o faz de maneira
universal”. Pedro I não é um trans-sujeito universal. Sua expulsão da política
brasileira na década de 1830 se deve ao fato de que ele não personificava a
universalidade trans-sujeito luso/brasileiro. Seu filho d. Pedro II acabou por
personificar a universalidade trans-sujeito luso/brasileiro em uma Império que
foi um artefato simulacro de simulação de monarquia liberal/parlamentar.
O trans-sujeito república não
alcançou aquele caráter universal hegeliano. O uso do golpe pombalino de Estado
(frio ou quente, negro ou branco) passou a ser a Lei transgramatical da oligarquia
política republicana. A política republicana é feita de inúmeros atos
criminosos, ou seja, golpes pombalinos de Estado que preparam o terreno para a
instalação do Estado militar de 1964.
Há dúvida razoável se a ditadura
militar foi um crime historial/formal? Ela foi o efeito do trans-sujeito luso/brasileiro
multidão de classe média das grandes cidades, empresariado, oligarquia
política, OAB, ABI, Igreja católica, Grupo Globo e mais ainda. Ela se tornou
aquele fenômeno político universal hegeliano? Quase! Sua longa duração levanta
uma dúvida razoável.
O trans-sujeito luso/brasileiro
collorido (ou contracollorido) se tornou universal hegeliano? Ele se
transformou no trans-sujeito bolivariano com Fernando Henrique Cardoso, Lula, o
PSDB e o PT. Assim, o crime político contra Fernando Collor havia adquirido a
força de realidade transgramatical da universalidade hegeliana. Porém, a
divisão no trans-sujeito bolivariano (entre o PSDB e o PT) nos trouxe até o
impeachment atual da presidente Dilma Rousseff.
O PT que foi força dirigente no
impeachment de Collor (vejam o livro e Brasílio) quer provar que o impeachment
de Collor não foi um efeito do golpe pombalino do trans-sujeito nacional
luso/brasileiro. Houve um consenso oligárquico no impeachment de Collor
articulando a política pombalina da multidão na rua, a moral da oligarquia
política articulada pelo conceito de justiça oligárquica (tudo para os amigos,
aos inimigos a lei), o empresariado do capitalismo dependente e associado mais
o Congresso e o STF. Trata-se de um trans-sujeito como uno – trans-sujeito
luso/brasileiro absolutista/oligárquico! É a realização acabada do trans-sujeito d.
Pedro I.
O impeachment de Roussef abriu a
política para o surgimento do trans-sujeito luso/brasileiro esquizo. O país se
dividiu na rua, na comunidade jurídica, na Igreja e no Congresso. Porém, o
desejo sexual da maioria é a vontade de derrubar a senhora Dilma Rousseff. O
trans-sujeito esquizo atual significa que o território trans-subjetivo (para
que o golpe pombalino de Estado se transforme de crime político luso/brasileiro
em um universal hegeliano) passa pela solução da crise brasileira do
trans-sujeito bolivariano pelo governo Temer/PMDB/PSDB.
A crise brasileira é a crise do
trans-sujeito bolivariano industrial/urbano. Ela tem como causa clarividente a
passagem da política da tela transgramatical urbano/industrial-democrática/oligárquico
para a tela transgramatical caipira/urbana-democrática/oligárquico. O PT e o
PSDB são hoje partidos da tela transgramatical caipira/urbano. A elite política não gosta de se ver nesse
espelho da ciência transgramatical hobbesiana da política. Paciência! Sou
realmente um cientista. Não estou em busca de reconhecimento nem da classe
política ou da classe simbólica.
Meu ofício é mostrar a verdade
como o verdadeiro do trans-sujeito!
Penetramos na era do
trans-sujeito esquizo luso/brasileiro da tela transgramatical caipira/urbano
que se alinha com o sujeito esquizo do livro Casa-Grande e senzala (Editora José Olympio. 1975: 7). O século XXI será
gilbertiano?
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