terça-feira, 23 de maio de 2017

NOTA SOBRE O TIRANO DONALD TRUMP

José Paulo
                                                    SOBRE A TIRANIA DA AMÉRICA 

Na sociologia de Weber é bem desenvolvido a ideia da ciência pela separação entre fato e valor, descrição e ideologia. A descrição dos fatos isola o julgamento de valor da situação ou objeto de conhecimento. Esta é uma ideia forte para evitar que a loucura se aposse do discurso, da intertextualidade, da ciência moderna.

Na antiguidade, julgar na descrição e pela descrição eram considerados procedimentos necessários para a gramaticalização lógica do campo de poder; na Grécia, o saber faz pendant com a política enquanto na era moderna o conhecimento científico adquire um absoluta autonomia e relação ao território da política tirânica.

Julgar o regime tirânico implicava em julgar o tirano, como faz Platão, ao descrever o governo julgando a alma da biografia do tirano. Na era moderna, o sujeito biográfico é quase reduzido a pó como na fórmula de Lacan: o sujeito é efeito do significante. O significante-mestre é aquele do discurso do maître (tirano) que, realmente, reduz o sujeito individual ou coletivo a quase nada.

Se o sujeito gramatical em narração lógica é o efeito da disciplina moral do autogoverno fundada em costumes, hábitos e crenças que modela a estrutura do Estado e a biografia dos cidadãos, então o sujeito é o efeito da gramática em narração lógica da sociedade do autogoverno que não se confunde com a tirania da maioria, com a bajulação da soberania do povo eleitor (DEMOCRACIA REPRESENTATIVA DESPÓTICA); o sujeito gramatical autogoverno é o anverso do sujeito gramatical sgrammaticatura tirano do regime tirânico como tal ou do regime tirânico democrático.  

Como julgar a tirania da democracia em diferentes situações políticas e países?

A eleição de Donald Trump se fez no clima político de que se estava elegendo o homem tirânico, o tirano do discurso do maître lacaniano. Trump seria o efeito do Sgmt (Significante mestre gramatical tirânico) e, portanto, o sujeito gramatical grau impolítico zero da liberdade liberal. Ele seria o sujeito tirânico impolítico da sociedade democrática americana despótica. O comportamento pessoal de Donald no agir político peca pelo excesso de impolítica. Tocqueville já havia previsto esse tipo de situação para a América em um futuro remoto!      

No entanto, não foram ao valores, costumes, hábitos e crenças de um autogoverno da América que pôs Donald Trump em seu lugar de presidente liberal de uma República Federativa democrática-liberal. Foram os próprios atores hobbesianos (e as instituições) do campo de poder mundial liberal e democrático, em especial, os atores americanos kantianos, que estão desossando o Trump fascista alemão, o nosso cânone de grã-tirano-mor criado no século XX e sobre o qual Donald tentou uma reinvenção.  

Não é a imprensa democrata que está pondo Donald nos trilhos de uma política interna e internacional civili liberal. Como Churchill, Tocqueville tinha pouco apreço (um certo desprezo) pela liberdade de imprensa, pois, o jornalismo industrialis (conforme afirma Raymond Aron) tende a cometer abusos, sendo difícil que não se corrompa e degenere em licenciosidade, quando serve a seu senhor (Master): o discurso do político do capitalista ou algo equivalente a este fenômeno em sociedades oligárquicas da era da modernidade moderna na América Latina, por exemplo.

O julgamento descritivo do tirano da antiguidade encontra-se bem detalhado no A República (Platão) e em outros textos da antiguidade. O tirano da antiguidade é um sujeito gramatical intertextual das várias escolas da filosofia, da metafísica e da teologia de Aristóteles. Sua alma é negra assim como é negra a “polis” que ele governa como o UM absoluto da paixão intemperante e desejos delirantes nefastos de um poder arbitrário no uso de violência simbólica e real sem limite sobre o indivíduo e a coletividade. A tirania da antiguidade é o grau zero do sujeito gramatical biografia individual ou coletiva. Então é o grau zero gramatical da polis como cidade-Estado das massas lumpesinais ou do homem livre e normal

No De la Tyrannie, Leo Strauss diz que há uma diferença cabalmente essencial entre a tirania tal como gramaticalizada pelos clássicos da Antiguidade e aquela de nosso tempo. A tirania da atualidade de Leo Strauss, ao contrário da antiga, dispõe de “tecnologia” (técnica industrial) e ideologia gramatical industrialis. Ela é a tirania do inconsciente de um discurso do político do capitalista topologicamente matematizável lacanianamente: LALANGUE.          

Falando de uma maneira mais genérica, a nossa tirania pressupõe a existência da ciência sem alma (sem julgamento descritivo do agir do tirano). Pressupõe a posse de uma interpretação (ou leitura) particular da ciência ou de uma certa sociologia da ciência weberiana, onde o tirano não é julgado pelo valor descritivo de seu agir. A classe simbólica é um esteio científico do tirano moderno!  

A tirania moderna weberiana não está sujeita à gramaticalização do inconsciente do discurso do político do tirano. Os americanos jamais saberão por que o legitimado capitalista Donald Trump quer ser o TIRANO DA AMÉRICA no século XXI, principalmente, depois de um reinado longo de um presidente mestiço- negro democrata.   

O sujeito gramatical sgrammaticatura tirano do século XXI da América é o efeito de qual Sgm? Ela é o efeito (Strauss) do povo ser subtraído da percepção sensível e, portanto, coibido, na prática cotidiana de julgar descritivamente o agir do tirano na política representativa e na política real.

O povo americano, fica assim deslegitimado pela sociologia da ciência moderna de julgar o agir tirânico do governo que bloqueia a gramaticalização dos valores (desejos delirantes violentos psicóticos) do inconsciente do discurso do político do tirano.

A sociologia do julgamento do fato pelo fato explica todas as tiranias da história do século XX (Os Estados fundados sobre o conservadorismo e o autoritarismo das massas, a necessidade para a classe dominante de ditaduras como efeito das lutas de classes, ou seja, como defesa do poder e domínio de classe; encontra explicação científica para o totalitarismo, o autoritarismo... a supressão da liberdade como significante gramatical inessencial para a vida política e a vida política do mundo-da-vida. Enfim, a espécie de sociologia ou ciência weberiana do americanismo é o Sgmt que instala o sujeito tirânico Donald Trump.

A genealogia acadêmica do tirano de Leo Strauss pode, talvez, começar em Maquiavel, pois este AUTOR jogou na lata de lixo da história da cultura da política desde os clássicos da antiguidade a diferença entre Rei e Tirano, no caso da democracia presidencial, a distinção entre presidente liberal e presidente-tirano democrático que bajula a tirania religiosa da maioria que o elegeu.

Assim, chegamos a uma situação de total inversão na cultura da política da América fazendo pendant com seus costumes, hábitos, crença, leis liberais e religião. Neste continente político do americano, ao contrário da França, por exemplo, o espírito religioso sempre fez pendant como o espírito da liberdade. Na atual realidade do americano, o espírito religioso faz pendant com o avesso da liberdade, ou seja, com o espírito da tirania sem alma, sem almour pela liberdade.     

       

             

Nenhum comentário:

Postar um comentário