sábado, 3 de dezembro de 2016

DE MACHADO DE ASSIS AO DISCURSO DO POLÍTICO FURTA-COR

José Paulo Bandeira 

À Harold Bloom – machadiano/freudiano cum Shakespeare  

                                                                I
A classe senatorial caipira-urbana nega publicamente que conhece a narrativa do Partido Comunista Lacaniano. Quando as professoras Bila Sorj e Heloísa Buarque de Holanda iniciaram sua guerra prática contra mim na UFRJ (para me tornar um pária na comunidade universitária do Sudeste e no jornalismo brasileiro), elas não tinham como saber a consequência de seu agir infame como fantasma do futuro. Bila e Heloisa Buarque de Hollanda me transformaram em TARGET permanente do CRIMINOSTAT ASIÁTICO mundial.   

Não se tratava de emulação acadêmica ou de um problema de vaidade desmedida, ou inveja sexual por causa da projeção do meu trabalho acadêmico na UFRJ. Tratava-se, verdadeiramente, de aversão sexual gramatical atávica universal em narração burguesa caipira-urbana. Pois, Bila e Heloísa são mulheres de um branco translúcido, enquanto sou claramente clarificado, em suma, um mestiço oriundo de uma família pobre decaída do Nordeste que foi buscar refúgio (para escapar da guerra gramatical sem quartel promovida pela da máquina de guerra do Diabo colonial clã bandeira) em Belém do Pará, onde obteve um pouco de paz, felicidade e reconhecimento público. 

Belém se tornou o jardim das delícias de minha família exilada em seu próprio território da gramatica em narração da subjetividade territorial nordestina.   
Aos 10 anos de idade embarquei - com mala e cuia – para o Rio.
                                                                   II

A sociedade dos ricos Rio/SP usou seus intelectuais para destruir na memória brasileira o discurso do mestiço de Gilberto Freyre e o discurso do ariano de Oliveira Vianna. Tal capitulo da nossa história cultural, infelizmente ainda não encontrou seu historiador mestiço (os intelectuais mestiços mais apaixonados e envolvidos no combate à sociedade ariana dos ricos se veem como negros) capaz de narrar com sons e fúria essa nossa era infame (narrada por uma transestética ariana que apresenta o mestiço como personagem grotesco vulgar.  

O leitor brasileiro é um refém da gramática em narração ariana dos ricos. Talvez, o leitor americano, também, não metabolize facilmente a razão gramatical transdialética da guerra da sociedade ariana contra a sociedade mestiça. Então, cito Oliveira Vianna:
“Na família senhorial domina exclusivamente o elemento branco. Os preconceitos de raça e os sentimentos de fidalguia, então reinantes, o demonstram. Surgem mais tarde contingentes superiores, oriundos do cruzamento de branco com índio: nos ancestrais de muitas famílias da época das ‘bandeiras’ figuram cruzados mamelucos. O que não impede que, nas ideias, nos sentimentos, nos costumes desse grupo superior, as tradições arianas prevaleçam.
Esse grupo se caracteriza pelo extremo desenvolvimento da solidariedade parental”. (Vianna: 65). 

A gramática em narração ariana viannista é verdadeiramente seca em sua honestidade clara e distinta:
“Dessa feição varonil e aventureira do contingente luso resulta a predominância numérica do mameluco e do mulato sobre os três tipos originários e sobre o subtipo cafuso. Este, devido à repulsão (aversão sexual) do índio pela negra, não tem grande proliferação ao sul. O tipo diferencial dominante é o mameluco, que se faz, nos primeiros séculos, base da população colonial (...). Essa classe de cruzados, de formação puramente nacional, é uma força nova, que aparece na história colonial e reage poderosamente sobre toda a organização social dominante. Transformando os quadros da sociedade rural, imprime-lhe uma fisionomia nova e inédita. (Vianna: 69). 

Oliveira fala da sociedade mestiça como sendo a verdadeira sociedade nacional, assim como o fez o maravilhoso sociólogo recifense Gilberto Freyre. A sociedade ariana burguesa carioca e paulista alimentam um ódio ariano (contra esses dois heróis intelectuais) que passa dos avós para os netos. 
A sociedade ariana carioca/paulista se vê assim: 
“Como nos centros de formação, guardam nelas os mesmos desdéns pela mestiçagem, a mesma cultura aristocrática de sentimento, as mesmas vaidades de fidalguia, o mesmo orgulho sombrio (...) Esse ambiente de preconceitos aristocráticos exerce, aliás, sobre a integridade moral desses caudilhos, bem como sobre a sua pureza étnica, um papel principal e eficientíssimo de tutela e resguardo – o que vai ter sobre a nossa evolução nacional uma influência inestimável”. (Idem:94).

A tela gramatical em narrativa língua franca colonial mostra que a ideia de Oliveira Vianna de uma sociedade ariana aristocrática em um antagonismo puramente de negação da sociedade mestiça pode ser a semblância do discurso do ariano (Freyre. 1975: 305), pois, no território da língua nacional, predomina uma língua mestiça, como diz com simplicidade e beleza a tradutora do romance do personagem Harry Potter e criadora do novo discurso da mestiçagem do século XXI:
“ A longo prazo tais migrações também terão contribuído para a disseminação de uma língua franca ou geral de base tupi por todo o território colonial, e para sua persistência até o século XVIII, quando um decreto de dom José, rei de Portugal, proibiu seu uso”. (Wyler: 31).

 Na década de 1930, Gilberto Freyre trabalhou com esta ideia que vem do discurso do político colonial. (Freyre. 1975:149-150).   

Lia mostra que a língua em um território de um campo de poder/gramática em narração colonial de uma disputa pela articulação hegemônica transdialética entre a sociedade ariana luso-brasileira e a sociedade mestiça nacional: 
“ O terceiro decreto, de 21 de março de 1828, extingue o lugar de tradutor do Conselho do Almirantado criado por uma lei portuguesa de 1793, ‘pois há algum tempo os processos já tramitam desde as instâncias inferiores m português’. O decreto sinaliza assim a crescente hegemonia do português sobre o latim como idioma administrativo nacional”. (Idem: 43). 

A passagem da hegemonia da língua franca mestiça de gramática tupi para o domínio absoluto do idioma português começa na década de 1820 do século XIX:
“ Até quase a segunda metade do século XX a tradução escrita teve predominantemente o caráter de exercício acadêmico ou prazeroso e de ocupação temporária para as elites intelectualizadas. Concorreram para construir e prolongar tal situação, além da consolidação tardia do português como língua nacional (1823), as políticas aplicadas no Brasil pela metrópole portuguesa com relação à educação e à imprensa”. (Wyler: 51).      

Gilberto Freyre provou que o nosso idioma português é a expressão de uma gramática em narração de uma sociedade gramatical mestiça que significa, a gramática da hegemonia da sociedade mestiça nacional sobre a sociedade ariana do eixo sudeste (Rio/SP) sul no mundo-da-vida. No território da política nacional, este fato linguístico é algo soterrado na memória nacional da política da sociedade burguesa dos ricos associados Rio/SP.

Primeiro, Gilberto pensa a gramática da sociedade em sintonia com a intuição (fantasia do lacaniana do futuro) do autor de um certo Código do Bom-Tom:  
“A outros tormentos esteve obrigada a criança branca – e até a preta ou mulata, quando criada pelas iaiás das casas-grandes.   ‘ A sociedade tem também sua grammatica’, escreveu em 1845 o autor de certo Código do Bom-Tom que alcançou grande voga entre os barões e viscondes do Império. Os quais para tomarem ares de Europeu, não só deram para forrar os tetos das casas-grandes – até então de telha-vã – como para adotar regras de bom-tom francesas e inglesas nas criações dos filhos. E adotá-las com exageros e excessos”. (Freyre. 1975: 420).

gramatica brasileira em narração gilbertiana (Freyre. 1975: 537, 334-335) é a articulação de uma tela gramatical teológica da sociedade nacional (fantasia lacaniana do futuro) em narração mestiça.  
Nosso herói intelectual de Apipucos é talvez o primeiro a intuir a língua portuguesa como o território subjetivo nacional de uma língua mestiça contra a qual se estabelece a guerra ariana da sociedade aristocrática imperial como política gramatical para purificá-la. A língua luso brasileira é um fenômeno mestiço gerado no espetáculo vivo gramatical do cotidiano do mundo-da-vida palco de guerrilhas gramaticais envolvendo mães negras, mucamas, meninos e meninas senhoriais, moças arianas de casa-grande:   
“ Quando os negros foram maiores inimigos que o clima dos ss e dos rr, maiores corruptores da língua no sentido da lassidão e do langor. Mães negras e mucamas, aliadas aos meninos, às meninas, às moças brancas das casas-grandes, criaram um português diverso do hirto e gramatical que os jesuítas tentaram ensinar aos meninos índios e semibrancos, alunos de seus colégios; do português reinol que os padres tiveram o sonho vão de conservar no Brasil”. (Freyre. 1975: 332).

No Brasil colonial, a linguagem infantil era um território da subjetividade territorial do engenho-de-cana-de-açúcar em guerra gramatical permanente:
“A linguagem infantil também aqui se amoleceu ao contato da criança com a ama negra. Algumas palavras, ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas pelos portugueses, se amaciaram no Brasil por influência da boca africana.  Da boca africana aliada ao clima – outro corruptor das línguas europeias, na fervura por que passaram na América tropical e subtropical (...)
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida: machucou-as, tirou-lhes as espinhas, os ossos, as durezas, só deixando para a boca do menino branco as sílabas moles. Daí esse português de menino que no norte do Brasil, principalmente, é uma das falas mais doces deste mundo. Sem rr nem ss; as sílabas finais moles; palavras que só faltam desmanchar na boca. A linguagem infantil brasileira, e mesmo a portuguesa, tem um sabor quase africano: cacápipibumbumtemtémnenémtatá, papápapatolili, mimi, au-aubambanhococôdindinho, bimbinha. Amolecimento que se deu em grande parte pela ação junto ao filho do senhor branco. Os nomes próprio foram os que mais se amaciaram, perdendo a solenidade, dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos. As Antônias ficaram Dondons, Toninhas, Totonhas; as Teresas, Tetés, os Manuéis, Nezinhos, Mandus, Manés; os Franciscos, Chico, Chiquinho, Chicó; os Pedros, Pepés; os Albertos, Benbetos, Betinhos. Isso sem falarmos das Iaiás, dos Ioiôs, das Sinhás, das Manus, Calus, Bembens, Dedés, Marocas, Nonocas, Gêges. 
E não só a língua infantil se abrandou desse jeito, mas a linguagem em geral, a fala séria, solene, de gente grande, toda ela sofreu no Brasil ao contato do senhor com o escravo, um amolecimento de resultados às vezes deliciosos para os ouvidos”.  (Freyre. 1975: 331-332).            

O desejo sexual universal gilbertiano faz pendant com tela gramatical em narrativa língua brasileira mestiça gilbertina em articulação hegemônica da sociedade gramatical nacional como um campo de poder infantil/gramática narrativa quase desejo sexual africano - doce, serrpenteante, de sabor quase africano, amolecida.              

A corrupção da gramática indo-europeia como tal não é o sujeito gramatical hobbesiano da nossa história como centro gramatical do nosso EVANGELHO da mestiçagem Casa-Grande e Senzala?
O Evangelho teológico mestiço é a gramática em narração da paz no território da gramática geral da subjetividade territorial nacional que articula o território da subjetivide territorial nacional - em guerra permanente. .   
                                                                           III

No século XIX, houve o estabelecimento de uma guerra gramatical no território da sociedade política das belas-letras, da alta cultura em geral. O leitor pode saborear tal guerra gramatical começando nos tomos 3°, 4° e 5° do História da literatura brasileira(Editora José Olympio, 1954), de Silvio Romero; no v. 2 do Formação da literatura brasileira (Editora Livraria Martins e Itatiaia, 1981), de Antônio Candido; nos vols. 1 e 2 do História da inteligência brasileira (Editora Cultrix, 1977), de Wilson Martins; no História da literatura brasileira (Civilização brasileira, 1969), de Nelson Werneck Sodré. 

A guerra gramatical da era do Império brasileiro tinha como motor a articulação da língua portuguesa necessária a fabricação de uma tela gramatical em narrativa teológica nacional.

Os intelectuais da sociedade nacional aristocrática buscavam na atmosfera das guerras civis historiais teológicas provinciais estabelecer a hegemonia do idioma bragantino colonial no território da subjetividade territorial nacional luso-brasileira. Tratava-se de derrotar o bloco-de poder gramatical colonial das meninas e meninos e das moças da casa-grande em aliança com mucamas, cozinheiras do serviço da escravidão doméstica do lar senhorial.

No século XIX, tal guerra gramatical em narrativa transdialética se fazia com outros atores gramaticais shakespearianos. Agora, o dominante não era o padre jesuíta, e sim o estrato superior intelectual da sociedade aristocrática de Pedro I e Pedro II. O arianismo dessa sociedade aristocrática combatia a sociedade mestiça na disputa da articulação da hegemonia na tela gramatical em narrativa de um português luso-brasileiro. Do oligarca rico senatorial José de Alencar até Machado de Assis, a hegemonia pertenceu ao arianismo imperial. 

Com Machado aconteceu algo extraordinário. 

Ele teve a ideia do golpe de Estado literário contra a hegemonia da gramática ariana mais luso do que brasileira. Machado foi filho de uma mulher mestiça para negra e de um ariano. Até hoje, os especialistas em literatura brasileira não entenderam que Machado não fazia literatura – para as suas 5 leitoras - como tal, e sim o discurso do literato, portanto, uma espécie de discurso do político no território da subjetividade territorial nacional da alta cultura transliteraria. 

Aja paciência!

No final do século XIX, um golpe de Estado gramatical ocorreu contra a hegemonia do discurso do literato machadiano. Uma era de golpes e contras golpes. Falemos do contragolpe do discurso do literário à ditadura dos gramáticos bragantina.  

No Os Sertões, Euclides da Cunha esboçou o que seria a tela gramatical em narrativa tranliterária mestiça (Rabello: 146). E ao enfrentar em sua imaginação com a fantasia lacaniana ditadura dos gramáticos (Idem: 167) teve um surto gramatical psicótico. Ele fugiu do Rio e viajou durantes semanas pelo interior de São Paulo só com a roupa do corpo, se alimentando em lares caipiras caridoso de pequenas cidades. 

A ditadura dos gramáticos é o discurso do gramático ariano despótico oriental. Tal ditadura despótica infernizou a vida dos nossos romancistas até a revolta gramatical da Semana de Arte Moderna, em 1922, com Oswald de Andrade e Mário de Andrade. Oswald chega a esboçar uma gramática em narração antropofágica em seus Manifestos modernistas: Manifesto da poesia Pau-Brasil (1924) e Manifesto antropofágico (1928).

Oswald pensa a gramática da sociedade como Freyre:
“Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.
Uma consciência participante, uma rítmica religiosa”. (Teles:354). 

Na tela gramatical, o artigo gramatical teológico é o fenômeno linguístico que revela na articulação hegemônica do território da subjetividade territorial gramatical nacional o substantivo masculino como sujeito gramatical preciso. Por exemplo, urbano é o sujeito gramatical viver na polis como cidadão. Se Brasil jamais experimentou a gramática teológica antropofágica.   

A Semana de 1922, é uma tentativa de revolução gramatical modernista contra a ditadura dos gramáticos no palco do Municipal. Uma clara visão de que se tratava de um combate (kampf) gramatical teológico em narrativa modernista mestiça com a ditadura dos gramáticos bragantinos da velha sociedade civil literária luso-brasileira ariana pode ser lida abaixo:
“ Como era prevista, a pateada perturbou o sarau, especialmente, à hora das ‘ilustrações’, ou seja, o momento em que, apresentados por Menotti del Picchia, eram reveladas a prosa e a poesia modernas, declamadas ou lidas pelos autores. Mário de Andrade confessa que não sabe como teve coragem para dizer versos diante de uma vaia tão bulhenta que não escutava, no palco, o que Paulo Prado lhe gritava da primeira fila das poltronas. O poema ‘Os Sapos’, de Manuel Bandeira, que ridicularizava o Parnasianismo, mormente o pós-parnasianismo, foi declamado por Ronald de Carvalho ‘sob os aplausos, os assobios, a gritaria de ‘foi não foi’ da maioria do público’. Ronald, aliás, disse também versos de Ribeiro Couto e Plínio Salgado. Oswald de Andrade leu trechos de Os Condenados. Agenor Barbosa obteve aplausos com o poema ‘Os Pássaros de Aço’, sobre o avião, mas Sérgio Milliet falou sob o acompanhamento de relinchos e miados”. (Bosi: 383). 

A guerra gramatical era vivida na tela gramatical ariana em narrativa teológica da sociedade burguesa paulista.         

A Semana de 1922 foi um claro confronto gramatical transliterário entre os intelectuais da sociedade ariana luso-brasileiros burguesa dos ricos paulistas e a primeira revolução gramatical modernista mestiça.

A tela gramatical em narrativa língua portuguesa da sociedade nacional tinha como parte visível da sociedade nacional o discurso transliterário do burguês da sociedade do rico paulista (pois, domina os meios de produção material (grandes editoras, revistas, grandes jornais etc.) fazia pendant dialético com a cultura dominada e, portanto, invisível do mundo-da-vida da sociedade nacional mestiça. 

A gramática em narração transdialética sociedade rica ariana e sociedade mestiça foi apresentada por Oliveira Vianna:
“Os mestiços inferiores – os que, por virtude de regressões atávicas, não tem capacidade de ascensão nem desejo de operar essa ascensão – estes, sim, é que ficam dentro do seu tipo miscigênio. Na composição do nosso caráter coletivo entram, mas apenas como força revulsiva e perturbadora. Nunca, porém, como força aplicada a uma função superior: como elemento de síntese, coordenação, direção.
Essa função superior cabe aos arianos puros, com o concurso dos mestiços superiores e já arianizados. São estes os que, de posse dos aparelhos de disciplina e de educação, dominam essa turba informe e pululante de mestiços inferiores e, mantendo-a, pela compressão policial social e jurídica, dentro das normas da moral ariana, a vão afeiçoando, lentamente, à mentalidade da raça branca”. (Vianna: 109). 

A obra de Oliveira Vianna é um trabalho magnífico da fabricação da tela gramatical em narrativa teológica nacional do antagonismo gramatical sociedade ariana versus sociedade mestiça.      
                                                                           IV

 A tática de Bila Sorj e Heloísa Buarque tinha como causa o fato de meu trabalho universitário já ser o discurso do político lacaniano comunista. Bila é uma socióloga feminista conservadoramente burguesa e Heloisa sempre foi uma intelectual orgânica, brilhante do americanismo, festejadíssima, da sociedade burguesa dos ricos associados carioca articulada pela hegemonia das famílias Robertomarinho mais a família rentista hiper-rica Moreira Sales (que tem complexo de Médici, pois, financia as artes burguesas (e uma esquerda chique) como a família Médici fazia na Itália do Renascimento).

A guerra gramatical prática que o bando teológico Bila/Heloísa fizeram a mim é um efeito da dialética sociedade ariana versus sociedade mestiça pobre. O efeito sobre josé paulo bandeira consistiu no sujeito gramatical nietzschiano ENJEITADO:
“ Que significa ‘enjeitado’? Antes de tudo fisiologicamente: não mais politicamente. A mais insalubre espécie de homens na Europa (em todas as classes) é o chão desse niilismo. Ela sentirá a crença no eterno retorno como uma maldição, e sentirá que quem é atingido por ela não recua mais diante de nenhuma ação: não se extinguir passivamente, mas fazer extinguir-se tudo aquilo que é nesse grau sem sentido e alvo; se bem que haja apenas um espasmo, um cego furor na compreensão de que tudo esteve aí desde eternidades – inclusive este momento de niilismo e prazer de destruição. – O valor de uma tal crise é que ela purifica, que ela condensa os elementos aparentados e os faz corromperem-se uns aos outros, que ela encaminha os homens de maneiras de pensar opostas a tarefas comuns – trazendo também à luz, entre eles, os mais fracos, mais inseguros, e assim põe em marcha uma ordenação hierárquica das forças, do ponto de vista da saúde: reconhecendo mandantes como mandantes, obedientes como obedientes. Naturalmente, à margem de todas as ordenações sociais vigentes.
Quais são os que se demonstrarão os mais fortes? Os mais comedidos. Aqueles que não necessitam de artigos de fé extremados. Aqueles que não somente admitem mas amam uma boa parte do acaso, de insensatez, aqueles que podem pensar no homem com um significativo comedimento de seu valor, sem com isso tornarem-se pequenos e fracos; os mais ricos de saúde, os que estão à altura do maior dos malheurs e por isso não têm medo dos malheurs – seres humanos que estão seguros de sua potência e que representam, com consciente orgulho, a força alcançada do homem.
Como um tal homem pensaria no eterno retorno? (Nietzsche: 435-436).

A escola de ideia do discurso do político furta-cor faz da gramática em narração homo ideologicus ariano do eterno retorno um alvo a ser autodissolvido na atmosfera da tela gramatical em narração teológica transdialética mundial. 
              
O ENJEITADO é um efeito do eterno retorno de uma situação de forças burguesa colonial, de uma ordenação hierárquica de forças da dominação da sociedade dos ricos associados Rio/SP. Este efeito significa que os intelectuais da tela gramatical em narrativa teológica burguesa se utilizam abertamente, normalmente, de minhas ideias e estruturas gramaticais de pensamento (em geral de modo distorcido) clandestinamente sem jamais mencionar meu nome ou o do discurso do político Partido Comunista Lacaniano. Isso só pode ser coisa de beócio caipira-urbano.  

Assim, o enjeitado – nesse estranho espaço público procedural burguês, histérico, oligárquico,   é aquele que jamais será NOMEADO como rhetor percipio (“intelectual hegemônico gramsciano”) da tela gramatical em narrativa discurso do político comunista lacaniano, ou em sua forma-partido do século XXI: Partido Comunista Lacaniano.

É claro que o efeito sobre a vida cultural, política e econômica é a afirmação de que o domínio da sociedade dos ricos associados burgueses Rio/SP põe repõe o país sempre na trilha do discurso do histérico oligárquico burguês colonial. O que significa?

A dominação desse discurso do histérico boqueia a vida cultural política econômica intelectual como articulação de hegemonia. Não há um centro hegemônico, onde o rhetorpercipio atue costurando a plurivocidade da gramática em narração teológica da política nacional. 

No Brasil, todo indivíduo burguês, de classe média, e até pessoas do povão, definem sua identidade subjetiva gramatical como sujeito autônomo de pensamento e criador de ideia. Há essa crença de que em cada um desses cérebros brasileiros nascem ideias aos borbotões. 

Entre nós, existiram várias escolas de pensamento e 3 escolas de ideia, até onde eu conseguir investigar. A 3° escola de ideia é o discurso do político comunista lacaniano transdialético. A primeira escola é a do discurso do político brasileiro em literatura (discurso do literato) estabelecida por Machado de Assis e desenvolvida por Euclides da Cunha, Lima Barreto, Oswald de Andrade e Mário de Andrade. Hoje o discurso do literato ex-siste no território da gramática subjetividade territorial nacional da gramática em narração romancismo de Nélida Piñon, até onde eu conseguir explorar tal território. 

A segunda escola de ideia é a do discurso do político brasileiro em sociologia: discurso do sociólogo. No lado direito Oliveira Vianna e Gilberto Freyre consistem no rethor percipio desse discurso. No lado avesso, o rhetor percipio é Florestan Fernandes e Octávio Ianni. 

A consistência da escola de ideia (no real onde se forma o seer das regiões do ente da tela gramatical em narração) significa a ex-sistência do discurso do político furta-cor. A escola de ideia surge e continua a ex-sistir no território da gramática da subjetividade territorial nacional se uma vontade de potência gramatical em narração se estabelece como discurso do político furta-cor na história universal como articulação hegemônica da nação fundada na vontade de potência de um rhetor percipio encarnado como Partido em filosofia gramatical em narração teológica. 

A escola de ideia visa a fundação de uma Nação. Porém, ela precisa ser metabolizada por dois sujeitos gramaticais – ator hobbesiano gramatical: massas simbólicas e instituições pública e privada nacionais. Estes dois sujeitos gramaticais fazendo pendant com a tela gramatical em narração nacional constituem a condição de possibilidade para que a razão gramatical do discurso do político furta-cor venha ser metabolizado pela multidão hobbesiano gramatical nacional em um campo de poder hobbesiano/gramática em narração [discurso do político] mundial.           

A gramática em narração histérica, oligárquica, burguesa articulou a vida do país durante séculos até saturar e virar em si um processo de autodissolução das redes de significantes vivos que articulam a regularidade, a normalidade do mundo-da-vida econômica ao mundo-da-vida da política; e da vida cultural. 

O Brasil de dezembro de 2016 é uma plurivocidade de desejos sexuais fascistas teológicos de golpes de Estado e de projetos mambembes de instalação de ditaduras fascistas do século XXI. O fenômeno mais poderoso é a reunião de forças da sociedade burguesa dos ricos associados Rio/São Paulo (cum o capital de commodities) em torno do CRIMINOSTAT asiático mundial. 

ÀS 23:00 de ontem (01/12/2016) o jornalista bolivariano do comitê central gramatical teológico do PT (Partido dos Trabalhadores), em uma entrevista com Fernando Henrique Cardoso, na GloboNews (canal de televisão carioca, cujo dono é a família Robertomarinho) começou o programa propondo o golpe de Estado no governo Temer e a instalação de um DITADURA FASCISTA TEOLÓGICA ASIÁTICA. 

FHC é a mais vaidosa mixórdia de vida intelectual acadêmica exuberante com vida política burguesa exitosa. Lula e o PT sabem disso e agora lançam em público este delírio psicótico teológico de transformar FHC (metabolizado pela sociedade liberal de esquerda americana como o liberal democrata brasileiro) em o ditador do livro comunista fascista do século XX - O Outono do Patriarca.   
                                                                        V
O discurso do sociólogo é uma espécie de discurso do político brasileiro furta-cor com o rhetor percipio Gilberto Freyre. 

Como Gilberto pensaria a crise nacional de hoje?

Ele tentaria estabelecer a Krisis da tela gramatical em narração sociológica/teológica da revolução.  Estou com a imaginação gramatical acelerada, descontrolada?

O leitor pode estudar a opus Magnum do barroco mineiro da sociologia de Apipucos na escola de ideia - Sociologia. Investigar, especialmente, na Parte V, o item 6. Sociologia da cultura. Nela, o leitor sem preconceito será possuído por espanto genuíno diante das páginas que tratam da tela gramatical em narração da revolução. 

Deixo o leitor com uma joia furta-cor de Apipucos gilbertiana:
“ Aqui poderíamos insistir no assunto para lembrar que a nenhuma Sociologia especial o estudo das revoluções como processo de competição ou de conflito social interessa de modo tão particular como à Sociologia da cultura, inclusive a subdivisão de que agora nos ocupamos: a Sociologia da religião. Pois várias das revoluções culturais que constam da História como movimento de caráter ostensivamente teológico têm sido revoluções menos religiosas que político-econômicas: a chamada Reforma luterana, por exemplo; e o estudo de sua substância pede antes economistas do que teólogos. Seja, porém, qual for a sua substância ou seu conteúdo ideológico ou sentimental, sua forma e seu processo são estudos de competência do sociólogo. O mesmo é certo, aliás, de perturbações da vida econômica, em particular, e de social, em geral, que importam em revoluções: a inflação, por exemplo; ou a brasileiríssima ‘valorização’: ‘valorização do café’, ‘valorização da borracha’, ‘valorização do açúcar’ – processo que acreditamos ter sido o primeiro a salientar que é invenção ou criação brasileira, imitada ou adotada depois por vários povos modernos. São expressões – a inflação, deflação, ‘valorização’ – de processos sociais; de competição ou de dominação”. (Freyre. 1967: 538). 

Gilberto começou, aliás, a ter ideia sobre a tela gramatical em narrativa econômica abrindo uma clareira para a investigação do discurso do político em narrativa econômica brasileira. Trata-se do discurso do economista. Se tal gramatica em narração econômica consiste em ser o seer da nossa realidade dos fatos. 

O discurso do economista tem o rhetor percipio Caio Prado Júnior fazendo pendant com o sertanejo Celso Furtado e a escola heterodoxa de economia da PUC/Rio, das décadas de 1980 e 1990.               
    
                     

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. SP: Cultrix, 1995
FREYRE, Gilberto. Casa-Grande e Senzala. RJ:  José Olympio, 1975
FREYRE, Gilberto. Sociologia. Introdução ao estudo dos seus princípios. RJ: José Olympio, 4° Edição, 1967  
NIETZSCHE. Os Pensadores. Obras Incompletas. SP: Nova Cultural, 1999
TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda Europeia e modernismo brasileiro. Apresentação e críticas dos principais manifestos vanguardistas. Com documentos da Vanguarda Portuguesa. RJ: Record, 1987
RABELLO, Sylvio. Euclides da Cunha. Rio: Civilização Brasileira, 1966
VIANNA, Oliveira. Populações meridionais do Brasil. Populações do Centro-Sul. v. 1. Niterói: EDUUF, 1987  

WYLER, Lia. Línguas, poetas e bacharéis. Uma Crônica da tradução no Brasil. RJ: Rocco, 2003 

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