José Paulo
Falar de Euclides da Cunha quase
na terceira década do século XXI pode parecer um prazer de lidar com o passado
da literatura brasileira. Hoje, há uma distância em relação a década de 1990
época na qual vários livros sobre Euclides foram publicados nas boas editoras
do país.
O livro de Luís Costa Lima “Terra
ignota” se apresenta como uma leitura original de “Os sertões”. O livro fala
dos significantes europeus que produziram efeitos na narrativa euclidiana como
raça, evolucionismo, romantismo, caráter, história natural dos povos, inferioridade
do mestiço, superioridade do ariano, civilização tropical, nacionalismo e poder
que se traduz pela afirmação do sertanejo como essência do Brasil. (Lima: 23).
Euclides pega às avessas a
linguagem europeia usada pelos dominantes n Brasil?
O Brasil é mestiço no litoral,
sertão e na Amazônia. O Brasil mestiço se tornou a ideologia da mestiçagem em
Gilberto Freyre. Em Euclides, temos a teologia da mestiçagem, pois a mestiçagem
do sertão é um mal menor que a mestiçagem degrada e degradante do litoral. A
teologia de Euclides é o falar da mestiçagem.
Em Lima Barreto, o negrismo não
chega a se constituir em ideologia. Mas este é o desejo de Lima, um mestiço enganado
do litoral.
Em Euclides, o poder nacional tem
ancoragem no real da biologia das raças e sub-raças. Porém, o poder é quase percebido como um campo de estratégia
e táticas. O poder racial ariano é quase
visto como uma estratégia dos dominantes no território da linguagem visando
estabelecer a carga valorativa superior (branco) e inferior (mestiço) e negro.
Na obra de Oliveira Vianna, o poder racial ariano como estratégia de dominação
é um momento alto da nossa literatura sociológica e da ciência política
conservadora.
Oliveira Vianna se autofabrica,
no terreno da ideologia, como um escritor no avesso da gramática euclidiana.
Gramática (Euclides) e ideologia (Vianna) são os pares da cultura brasileira no
inconsciente do século XX. O problema da metabolização artificial da linguagem
política e das instituições políticas (formas políticas) europeias pelo Brasil
é um campo de interpretação desenvolvido por Oliveira Vianna copiado da
gramática euclidiana. A distinção entre Brasil real Brasil legal é euclidiana, como assinala
Luiz Costa Lima, na página 44. Euclidianamente, Vianna mostra que existe, entre
nós, uma linguagem política brasileiríssima ignorada pelos dominantes que tem o
domínio do uso da língua portuguesa falada no Brasil. O atual ministro da
Educação parodia a ideologia vianniana ao falar de uma filosofia brasileira
nacionalista. O ministro colombiano da Educação no Brasil é mais brasileiro que
o próprio brasileiro.
Uma acusação a Euclides é aquela
que diz estar o discurso euclidiano preso em um <cipoal de teorias>.
Um brilhante especialista em literatura brasileira, Luiz Costa Lima não pensa o
discurso euclidiano como uma gramática fazendo pendant com uma teologia. (Lima:
45-46). O marxista carioca universitário Lima pensa Euclides a partir da
crítica das ideologias literárias. (Aliás, a crítica da ideologia da cultura
brasileira de Gilberto Freyre encontra-se no notável livro do marxista universitário
paulista Carlos Guilherme Mota. [Mota: 54]). A ideologia é uma estratégia de
ocultação da realidade que não encontra guarida em Euclides.
A visão substancialista da
essência mitológica da raça sertaneja é um ponto fraco no discurso euclidiano
(Lima:54-56), sem sobressalto. Contudo, a gramática das máquinas de guerra
(entradas e bandeiras, exército republicano, Arraial de Canudo jagunço, índio)
aparece em um clarão, gerando um acréscimo de força irrevogável, inesperado, ao
evangelho euclidiano:
“Ostentando como outros
dominadores do solo um feudalismo achamboado – que o levava a transmudar em
vassalos os foreiros humildes e em servos os tapuias mansos – o bandeirante
atingindo aquelas paragens, e havendo conseguido o seu ideal de riqueza e
poderio, aliviava-se na mesma função integradora ao seu tenaz e humilde
adversário, o padre. É que a metrópole, no norte, secundava, sem vacilar, os
esforços deste último. Firmar-se desde muito o princípio de combater o índio com o próprio índio, de sorte que cada
aldeamento de catecúmenos era um reduto ante as incursões dos silvícolas soltos
e indomáveis” [grifo meu]. (Euclides da Cunha. 2002: 71).
Com a era do lulismo, a gramática
da mestiçagem foi substituída pelo negrismo do multiculturalismo. Em 2019, uma
paródia do dominante ariano se estabelece como uma estratégia de dominação:
“o sistema do direito e o campo
judiciário são o veículo permanente de relações de dominação, de técnicas de
sujeição polimorfas. O direito, é preciso examiná-lo, creio eu, não sob o
aspecto de uma legitimidade a ser fixada, mas sob o aspecto dos procedimentos
de sujeição que ele põe em prática. Logo a questão, para mim, é o
curto-circuitar ou evitar esse problema, central para o direito, da soberania e
da obediência, e fazer que apareça, no lugar da soberania e da obediência, o
problema da dominação e da sujeição”. (Foucault. 1999: 32).
A gramática domina através de
estratégia e táticas. O livro “Os sertões” é parte de uma estratégia para criar
o poder nacional como sertanejo: poder nacional essencialmente mestiço. A
captura da gramática mestiça euclidiana pela ABL ariana é uma notável página de
nossa vida cultural nacional. Hoje, a ABL se deixou levar pelo tempo
multiculturalista.
II
Na gênese do tempo
multiculturalista, temos o intelectual petista uspiano Roberto Ventura com seu <negrismo>
confessado no livro do gramático da mestiçagem Euclides da Cunha. O
abolicionismo é descrito pela ótica do negrismo:
“Os festejos no Rio de Janeiro
tiveram, como ponto alto, o grande desfile organizado pela imprensa no domingo,
20 de maio. Todos os grupos das elites ou das camadas urbanas estiveram
representados: jornais, e revistas, repartições públicas, clubes, sociedades e
associações profissionais, escolas e colégios. Os únicos ausentes da festa eram
o ex-escravos, cuja libertação era comemorada”. (Ventura: 62).
Roberto Ventura deu início a
criação da imagem de Euclides da Cunha como uma máquina psicopática cabocla. Como
membro da subraça mestiça, Euclides não metaboliza bem a instituição europeia:
“Mas a disciplina da escola, com
horários rígidos para as aulas e os estudos, atormentava Euclides, que não se
adaptava aos rigores da vida na caserna. Em agosto, três meses antes de seu
protesto ao ministro da guerra, revela, em algumas notas escritas em um
caderno, seu embate para conter o gênio explosivo”. (Ventura: 65,71).
Estudei no Colégio Militar do Rio
de Janeiro. Pela visão de Roberto Ventura., havia no CM uma multidão de máquina
de guerra explosiva. A revolta dos estudantes do CM levou o Primeiro Exército a
trocar o diretor do CM por um general linha-dura da ditadura militar em 1971.
Ventura explica a Proclamação da
República pelas máquinas de guerras juvenis da espécie euclidiana, mestiças:
“Não seria questão de dias, mas
de alguns meses, cerca de onze, até a proclamação da República tão sonhada por
Euclides e seus colegas da Escola Militar. E os cadetes e os jovens oficiais
iriam participar dos acontecimentos que levaram ao golpe do Exército em 15 de
novembro do ano seguinte, 1889”. (Ventura: 76).
A natureza violenta de Euclides
foi redirecionada para a atividade de propaganda republicana:
“Euclides estreou na imprensa diária
com artigos de propaganda, em que atacava o imperador e a família real e pregava
a necessidade de revolução política”. (Ventura: 78).
O marxista universitário Ventura
cria esse retrato de um Euclides como máquina de guerra de propaganda
leninista. O imaginário russo da revolução bolchevique povoa a escrita de
Roberto. A máquina psicopática Euclides da Cunha foi atraída, como jornalista,
pela imaginação olfativa de odor de sangue, para a Guerra de Canudos. (Ventura:
105).
Euclides foi escolhido para ser o
objeto de debate de uma Flipe recente. A televisão anunciou o acontecimento
levando especialistas que se referiam basicamente ao conflito de Euclides com
Ana de Assis, sua esposa. Em Ventura, a imagem de um Euclides violento no lar é
irrevogavelmente mestiça:
“É provável que sua situação
desconfortável no Exército, agravada com a prisão do sogro e as cartas à Gazeta
de Notícias, trouxesse a Euclides, de temperamento nervoso, uma enorme
irritação que explodia em disputas domésticas”. (Ventura: 129).
Roberto
diz que Euclides era um poço racial, sem fundo, de preconceitos urbanos do
Sudeste:
“Euclides teve, sem dúvida, uma
visão negativa de Canudos, que tomou como ‘urbs monstruosa’, comunidade
primitiva e até promíscua. Tal viés, se deveu, em parte, ao contato com uma
cidade semidestruída pelos bombardeios e pelas privações da guerra. Foi tributário
ainda de sua formação científica, que combinava evolucionismo e positivismo, e
dos preconceitos raciais próprios à sua época, que traziam a crença na
inferioridade dos grupos não-branco”. (Ventura: 172-173).
O livro de Roberto Ventura é um
banho de água fria jogada na imaginação do leitor desejoso de enfrentar a árdua
leitura do “Os sertões”:
“Traçou, em Os sertões, paralelos entre os dois lados do conflito, mergulhados
no mesmo fanatismo e misticismo: entre o soldado e o jagunço, entre o litoral e
o sertão, entre a República e Canudos. Para ele, o coronel Moreira César,
comandante da 3°expedição, líder epiléptico dos jacobinos, é tão
‘desequilibrado’ quanto Conselheiro, o messias delirante: ambos refletiriam a
‘instabilidade’ dos primórdios da República. Mostrou como os soldados traziam,
no peito, o retrato do marechal Floriano Peixoto, cuja memória saudavam com o
mesmo entusiasmo doentio com que os jagunços bradavam pelo Bom Jesus”.
(Ventura: 199).
III
A sagaz e culta romancista Nélida
Piñon faz a apresentação do livro do historiador americano Robert M. Levine O sertão prometido. O massacre de Canudos.,
especialista em história cultural e política brasileira, falecido em 2003.
Com sua imaginação incandescente,
Nélida atrai o leitor para a leitura de Euclides:
“Um expressivo contingente de
deserdados que, desprezados pelas novas elites formadas no litoral sob impulso
de uma economia emergente, aderiram aos acampamentos de inspiração
sebastianista e milenarista, estranha aliança de religião e lenda cujos
líderes, em nome de um ideal quase teológico, pretendiam restaurar o espírito
das peregrinações que outrora partiam
ao encontro da Terra Santa. Desta forma poderiam viver façanhas cujos resíduos
emocionantes guardavam no poço da memória genética e no substrato das
narrativas orais, enquanto lhes prometiam um estatuto cívico que o cotidiano
político brasileiro sempre lhes negara”. (Levine: 12).
O livro de Levine é um texto
universitário de um brasilianista. Texto de um época na qual a América patrocinava
com vultosos capitais (da Fundação Ford) a investigação universitária tendo
como objeto o Brasil (e a América- Latina).
A Fundação Ford fez um
investimento para introduzir no Brasil o multiculturalismo como negrismo. Mudar
a grafia imagética de um Brasil mestiço para um país onde predomina o negro foi
uma estratégia do Departamento de Estado dos EUA. O livro de Levine ajudou a
fazer um mapa de um Brasil que não era negro:
“Aterrado pelo fantasma de uma
revolta rural, Euclides narrava os sucessos do conflito de Canudos como se
estivesse em jogo uma batalha das forças da civilização contra as das trevas. Canudos
o atormentava. Embora considerasse os habitantes – mestiços da comunidade do
Conselheiro - como atávicos e hostis ao progresso, admirava-lhes a tenacidade e
a força corporal. Essa referência à força física dos sertanejos tocava num
ponto nevrálgico, já que em 1890 a população brasileira se compunha de 15 por
cento de negros e 40 porcento de mestiços ou mulatos”. (Levine: 25).
O mestiço é visto por Levine como
a força prática intelectual que afeta o campo do simbólico e do imaginário:
“Porém, como lembra E. Bradford
Burns, o próprio Euclides era um mestiço. A exemplo de Raimundo Nina Rodrigues,
Machado de Assis, Lima Barreto e outros escritores e intelectuais mestiços que
moldaram a auto-imagem brasileira durante e após a virada do século, ele se
recusava a admitir que suas próprias descobertas contradissessem o argumento
central de sua visão depreciativa do
legado da miscigenação”. (Levine: 24-25).
O pensador conservador Oliveira
Vianna diz em um de seus livros que a contradição simbólica principal, entre
nós, é aquela entre mestiço versus ariano.
O historiador americano procura tecer
uma linguagem objetiva que se torne hegemônica e invada a vida cultural e
política brasileira. Assim, o problema da instalação de uma ordem autoritária
brasileira no lugar da ordem democrática tem sua gênese historial na relação da
República militarista (ariana na gramática dos dominantes) com Canudos (mestiço):
“O choque provocado pelo conflito
de Canudos e o medo de que a rebelião se espalhasse pelas cidades brasileiras
levou os políticos a reforçar os sistemas de controle social e a rejeitar as
reformas que pudessem levar o país a uma democracia expressiva”. (Levine: 26).
Aliás, é instigante comparar a
linguagem europeia do mestiço Euclides com a linguagem carismática popular do
Bom Jesus fazendo parelha com o antagonismo da linguagem dos dominantes com a linguagem
dos dominados. Nélida Piñon diz:
“Na avaliação do historiador, o
conflito de Canudos tem como origem imediata a República recém-inaugurada sem a
participação popular. O novo sistema político, além de privar o povo da
presença do Imperador, impunha-lhe um vocabulário permeado de uma modernidade
que ameaçava desestabilizar a realidade conhecida e agravar ainda mais a
situação de penúria há muito estabelecido no país”. (Levine: 12).
O domínio do uso do português
falado no Brasil como estratégia de conquista e invasão da cultura e da vida
prática popular põe e repõe o problema mais geral da relação entre povos. Euclides
aborda tal problema abertamente:
“As últimas páginas de H. Spencer
são um diluente do esplêndido rigorismo das suas mais sólidas teorias. O filósofo
que se abalançou a traduzir o desdobramento evolutivo das sociedades numa fórmula
tão concisa e fulgurante quanto à fórmula analítica em que Lagrange fundiu toda
a mecânica racional – acabou num lastimável desalento. A seu parecer, a
civilização desfecha na barbaria.
Depois de presidir ao triunfo das
ciências e de caracterizar os seus reflexos criadores nas maiores maravilhas
das indústrias – assombrou-se à última hora, salteando-o de espantos, o sombrio
alvorecer crepuscular do novo século. E contemplando em toda parte, de par com
a desorientação científica, um extravagante renascimento da atividade militar e
um imperialismo que denuncia a tendência das nacionalidades robustas a firmarem
a hegemonia política – rematou uma vida que toda ela foi um hino ao progresso,
confessando que assistia à decadência universal.
Exagerou.
Mas há um fato incontestável: o
pendor atual e irresistível das raças fortes para o domínio, não pela espada, efêmeras
vitórias ou conquistas territoriais – mas pela infiltração poderosa do seu gênio
e da sua atividade”. (Euclides da Cunha.1995: 213).
Roberto Levine (e a Fundação
Ford) é esta infiltração a qual Euclides se refere. O texto universitário do americanismo
não é um acontecimento diletante. Ele é parte de uma estratégia de articulação da
hegemonia envolvendo povos ou raças (forte e fraca) na terminologia de Euclides.
Henry Kissinger organizou a instalação
das ditaduras militares na América Latina dando continuidade (em especial no Brasil)
ao trabalho político de seu general-espião Wernon Walters. Seu cinismo criou um texto abjeto, mas de
grande atualidade:
“Durante a guerra fria a maior
parte das nações da América latina eram dirigidas por governos autoritários,
largamente militarizados, comprometidos com o controle estatal de suas
economias. Nos meados dos anos 80 a América Latina viu-se livre da sua
paralisia econômica e começou a avançar com uma unanimidade notável em direção
à democracia e à economia de mercado. O Brasil, a Argentina e o Chile
abandonaram os governos militares a favor de um regime democrático. A América
Central terminou as suas guerras civis. Falida devido a empréstimos pouco
inteligentes, a América Latina submeteu-se à disciplina financeira. Em quase toda
a parte as economias dominadas pelo Estado foram progressivamente abertas às
forças de mercado”. (Kissinger: 726).
Kissinger é aquele representante
da raça forte nas Américas que domina as raças fracas desse continente em
conluio com os dominantes nativos.
Para Euclides, os dominantes
nativos se constituem em uma estrambótica força de ocupação em seu próprio
país:
“Fora absurdo atribuí-los à
República, numa época em que a preexcelência das formas de governo é assunto
relegado aos donaires da palavra e à brilhante frivolidade dos torneios acadêmicos.
Atribuímo-lo ao artificialismo de um aparelho governamental feito de afogadilho
e sem a medida preliminar dos elementos próprios da nossa vida. Um código
orgânico, como qualquer outra construção intelectual, surge naturalmente da
observação consciente dos materiais objetivos do meio que ele procura definir –
e para o caso especial do Brasil exige ainda medidas que contrapesem ou equilibrem
a nossa evidente fragilidade de raça ainda incompleta., com a integridade
absorvente das raças já constituídas”. (Euclides da Cunha. 1995: 213).
Euclides pensava um República mestiça
brasileira que gramaticalizasse (antropofagicamente) as instituições política, e
da sociedade civil (burguesa) europeias. Como negar nossa fraqueza na história
econômica capitalista industrial moderna da época de Euclides da Cunha. Hoje, a
Ásia capitalista industrial tomou o lugar da Europa?
EUCLIDES DA CUNHA. Obra Completa.
V. 1. RJ: Nova Aguilar, 1995
EUCLIDES DA Cunha. Os sertões.
SP: Nova Cultural, 2002
FOUCAULT, Michel. Em defesa da
sociedade. SP: Martins Fontes, 1999
KISSINGER, Henry. Diplomacia. Lisboa:
Gradiva, 1994
LEVINE, Robert M. O sertão
prometido. O massacre de Canudos. SP: EDUSP, 1995
LIMA, Luiz Costa. Terra ignota. A
construção de Os Sertões. RJ: Civilização Brasileira, 1996
MOTA, Carlos Guilherme. Ideologia
da cultura brasileira. SP: Ática, 1977
VENTURA, Roberto. Euclides da
Cunha. SP: Companhia das Letras, 2003
Nenhum comentário:
Postar um comentário