quarta-feira, 5 de outubro de 2016

CRISE BRASILEIRA E IMPLOSÃO GRAMATICAL DOS DISCURSOS


Há 6 meses fiz um texto falando do desenvolvimento da implosão da gramática de sentido de 3 discursos sobre a política brasileira: discurso do político, discurso do universitário e discurso do jornalista.

Trata-se da gramática de sentido Cazuza:
“A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não pára”

Lamento tal fato.

Acabamos de passar para o segundo turno das eleições municipais de 2016. Trata-se de uma eleição organizada segunda uma legislação eleitoral que proibiu o financiamento empresarial da campanha dos partidos e candidatos, e restringiu o uso da televisão. Assim, campanha foi feita gastando sola de sapato e muita saliva para conquistar o eleitor. Os candidatos ficaram tête-à-tête com as massas populares em carne, osso, sangue e a sujeira das ruas da periferia dos grandes centros urbanos.     

Da velha ciência política, cientistas políticos profetizaram o fim da política (milenarismo político do discurso do universitário).

O discurso do jornalista agia sobre mentes e coração do eleitorado com a mensagem da corrupção alargada da política nacional. A Lava-Jato fornecia os fatos diários que corroboravam tal verdade jornalística que é a gramática de sentido de um niilismo patológico agramatical rotundo. Tal niilismo é a vontade de potência agramatical patológica de destruição da política nacional.  

Terminado o primeiro turno, o presidente Temer fala em uma rejeição global da classe política pelo eleitor. 38% de abstenções, votos nulos e votos em branco. A classe política como o “rejeitado” (Nietzsche) faz dela uma classe lumpesinal - os desterrados do território do trans-sujeito esquizo nacional regular.       

Deputados na Câmara nacional profetizam o dia do “juízo final” do Estado brasileiro ck(e da economia realmente ex-sistente) realmente ex-sistente.  

Contra tal discurso milenarista/niilista/ do rejeitado, a eleição elegeu um candidato rico da sociedade dos ricos associados paulista (PSDB). Ele se apresenta como self-made man (Self-made man é como os norte-americanos chamam as pessoas que conseguem subir na vida com o próprio esforço. É o indivíduo que "se fez sozinho", que "fez o próprio caminho". O primeiro self-made man da história foi o norte-americano John Davison Rockefeller (1839 - 1937), mais conhecido como Rockefeller).

A campanha de João Dória Rockefeller defendeu uma plataforma neoliberal extremistas, pregando a privatização do Estado brasileiro relmente existente na cidade de São Paulo. Foi eleito no primeiro turno prefeito de São Paulo. Ele fez questão de dizer que não tem ligação com a sociedade dos ricos associados paulista, sociedade filiada (pela memória cultural política econômica do modo de produção escravagista) às familias aristocráticas escravagistas do café.    

Não é um segredo que o prefeito atual do PT (da corrente marxista letrada da USP do desenvolvimento estatizante) fez um excelente governo.

Mesmo com todo o bombardeio, noite e dia, do jornalismo industrial (GloboNews e jornais de papel paulistas), Fernando Haddad ficou em segundo lugar derrotando a experiente Marta Suplicy e também a celebridade da mídia o evangélico Celso Russomano, que começou a campanha em primeiro lugar. Tratou-se de campanha na qual as forças nacionais da política laica e evangélica se enfrentaram em uma luta política com baixa taxa de violência simbólica. Princípio da esperança!  

As massas eleitorais paulistas derrubaram o milenarismo do discurso do universitário, o niilismo patológico do discurso do jornalista e a imaginação delirante do presidente da República realmente existente. Em São Paulo, a classe política não é o “enjeitado”.

O Rio viveu um fenômeno político extraordinário. Trata-se da nacionalização natural da política da politeia. A elaboração da política municipal significou (significa) a metabolização pelas massas eleitorais das correntes políticas nacionais. O bloco político parlamentar nacional B.B.B (bala, boi, bíblia) concorreu com dois candidatos: o filho civilizado do deputado nacional capitão Bolsonaro (candidato à eleição presidencial de 2018); o candidato evangélico do terrível tio paulista Bispo Macedo – o Marcelo ministro bolivariano do Governo Dilma. Refiro-me ao pastor brilhante da Igreja Universal do Reino de Deus Marcelo Crivella.

O PMDB fez um excelente governo na cidade e seu o governo estadual, finalmente, construiu o metrô até a Barra da Tijuca em meio à uma tempestade política que inclui o colapso das finanças do estado do Rio de Janeiro. Para completar o quadro sinistro e contrariando a deusa política Fortuna, o governador parece ter derrotado a physis biológica que dita seu destino: o governador saiu ileso de um câncer com alto poder de destruição.

O PMDB da cidade fez da Olimpíada de 2016 um sucesso internacional. O PMDB tem, provavelmente, o mais notável Secretário de Segurança Pública da história dessa profissão, nacionalmente. Ás vezes, imagino que o RIO não sabe que sabe a dívida imensa que acumulou com José Mariano Benincá Beltrame, ao longo de mais de uma década. Mas o pemedebismo não foi para o segundo turno.

O candidato do pemedebismo ficou em segundo lugar por ser, talvez, o candidato apresentado, na televisão mulher, sem perdão, como um espancador de mulher. Em uma era marcada pelo poderoso movimento da mulher na política do mundo-da-vida, os 16% de Pedro Paulo destituem o discurso do fim da política. Além disso, o Rio é uma cidade bolivariana. E o atual governo nacional do PMDB (na mente do eleitor bolivariano) é um usurpador do governo bolivariano de Dilma Rousseff. Trata-se de uma óbvia nacionalização, altamente positiva, da política da cidade.

Um partido linha auxiliar da esquerda petista bolivariana passou para o 2°Turno. O PSOL derrotou o PT/PCdoB da antiga e experiente política profissional das lutas comunistas, liberais e multiculturalistas bolivariana Jandira Feghali. Derrotou também a Rede de Marina Silva e seu candidato tarimbado na guerrilha parlamentar, combativo multiculturalista, o homem da Câmara dos deputados que destruiu Eduardo Cunha, abertamente.

Marcelo Freixo é o candidato bolivariano do PSOL no 2°Turno enfrentando Marcelo Crivella. Marcelo versus Marcelo. Mas ele é o candidato bolivariano após o dilúvio que mandou para as calendas gregas o bolivarianismo. Assim, ele é um candidato bolivariano sem o bolivarianismo. Talvez, ele personifique, no Rio, o surgimento nacional da esquerda legal após o fim do bolivariano. 

É verdade que se trata de um candidato ideológico. Em uma era transideológica mundial, a ideologia  política implodida como gramatica de sentido da realidade dos fatos políticos não é uma boa companheira. Marcelo (o evangélico) já deu sinais que vai explorar tal ponto fraco da possível futura esquerda legal.

Senhores, onde está, afinal, o fim da política?

O fim da política é um fato ficcional barato, chifrim milenarista, niilista patológico, derrotista que só anuncia a implosão da gramática de sentido do discurso do cientista, do discurso do jornalista e do discurso do PRESIDENTE do REGIME 1988. 

"Os cães ladram, a caravana passa!"

                 

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