O Estado é um fenômeno real
através da ação de seus funcionários burocráticos. Não se trata de um fato, e sim de um artefato. A tela gramatical original
do Estado brasileiro atual foi uma tela de papel (tela de Gutenberg). Tal
Estado foi feito de palavras escritas em livros e jornais. A Constituição de
1824 foi extraída dos livros de filosofia política que d. Pedro I leu na sua
juventude. O poder moderador é uma ideia do francês Benjamin Constant.
D. Pedro instalou o poder
pombalino, o golpe de Estado pombalino que ele aprendeu lendo os livros de história
de Portugal e através da memória cultural política de sua família em extensão,
pois, família real.
O poder pombalino é um fenômeno
que instalou a política como simulacro, como sabiam os políticos e escritores
do século XIX. Sabiam que a democracia imperial era apenas um simulacro
político pombalino. Mas nesse teatro do simulacro pombalino, os escritores e políticos se
comportavam como se a democracia fosse verdadeira. Se não era democracia, era o
quê?
Quando a República se instalou
através de um golpe de Estado pombalino, ela era claramente uma ditadura
militar com semblância liberal-oligárquica. Depois se tornou uma ditadura civil
oligárquica com semblância liberal. Em 1930, Vargas instalou um estado de
exceção fáctico após um golpe de Estado pombalino. A história de Getúlio é uma
história ditatorial populista. Getúlio foi a personificação da ditadura civil
brasileira populista.
A democracia populista era uma
ditadura de massas com semblância democrática. O primeiro presidente eleito foi
um general trans-subjetivamente ligado ao fascismo alemão. O final da
democracia populista foi um golpe militar pombalino de massas e a instalação de
uma ditadura militar com semblância neoliberal antes do neoliberalismo. Em
1968, a Junta Militar instalou uma ditadura militar puro sangue por um ano.
Depois, foi o desfile dos generais-presidentes (Médice, Geisel, Figueiredo) até
Tancredo Neves conduzir o país para fora do Estado militar. Tancredo morreu
antes de virar presidente, e José Sarney assumiu no seu lugar personificando
abertamente um simulacro de democracia luso-brasileira. Com Sarney, O Estado
luso-brasileiro saiu do armário da vovó.
Veio a era do regime 1988. Não se
sabe ainda como isso aconteceu, de onde Fernando Collor tirou o saber para pôr
o Estado luso-brasileiro em uma crise catastrófica. Talvez d. Fernando seja um
gênio político saído de uma garrafa. Aconteceu, então, uma reunião de todas as
forças luso-brasileiras mais o PT, o Lula sertanejo e as massas urbanas de
classe média contra a autodissolução do Estado luso-brasileiro. Collor foi
destronado e seu vice luso-brasileiro Itamar Franco se tornou presidente.
Quando Itamar chamou um caboclo
carioca-paulista para o comando da economia, ele talvez não tenha imaginado que
FHC criaria o bolivarianismo na política latino-americana antes de Hugo Chaves.
Se tivesse lido a sociologia política econômica de FHC, talvez Itamar pudesse
antever a era bolivariana brasileira.
Naturalmente, FHC passou o bastão
para Lula e o PT. Aí, o modelo oligarquia política híbrida bolivariana de FHC
(alternância no poder nacional PSDB/PT em aliança com a velha direita liberal
brasileira até os fim do tempo histórico) foi por água abaixo. Lula e o PT
resolveram governar o Estado luso-brasileiro visando a autodissolução dele. No
lugar deste poriam um Estado bolivariano multiculturalista de semblância
latino-americano.
A era Lula é aquela da
autodissolução do Estado luso-brasileiro que só pode ex-sistir na tela
gramatical eletrônica. Detendo o monopólio cultural político econômico da tela
eletrônica, o Grupo Globo se tornou multiculturalista e bolivariano, mas
gramaticalmente, essencialmente, neoliberal. Trata-se de uma corporação
capitalista eletrônica. A tela gramatical eletrônica neoliberal instalou a lógica
da ruína do Estado luso-brasileiro. Ela é o Estado luso-brasileiro em sua crise
final.
O impeachment levou ao poder
nacional um filho de imigrantes libaneses que chegaram ao Brasil na década de
1920, que se tornaram “paulistas”. Michel Temer não é a personificação do
caboclo paulista da gramática euclidiana. Com Temer, o poder nacional não é
mais luso-brasileiro. Temer é a aceleração cultural política econômica da crise
do Estado luso-brasileiro. Trata-se de uma solução lógica como continuação da
era bolivariana multiculturalista. Só que o poder nacional saiu das mãos da
mulher para as mãos do homem libanês com semblância de um discurso jurídico
liberal-democrático. Temer é um depositário da memória cultural política
econômica libanesa. Essa é a essência do homem na linha de força da cultura
política universal.
A tela gramatical eletrônica
atual é a condensação do Estado luso-brasileiro em dissolução. Não é preciso um
grande esforço para perceber que os atores (políticos e da classe simbólica)
estão aturdidos com o fim do Estado luso-brasileiro.
Já é possível ver a sombra do
imperador d. Pedro I rondando a velha capital do Império luso-brasileiro. Todos
os atores decisivos parecem estar possuídos pelo fantasma do imperador
pombalino. Em um país que não sabe o que é a democracia, a não ser como
simulacro pombalino, a ditadura parece ser o caminho natural.
A jovem geração de jornalistas não sabe o que
é ditadura, mas também não sabe o que é a democracia. Ela recebe os artefatos e o
discurso político dos governantes e os transformam em ficção da tela eletrônica,
ou de papel. Os jornalistas não sabem que governo só ex-siste na tela
eletrônica, assim como o Estado. Ditadura ou democracia só ex-sistem na tela gramatical eletrônica.
A juventude do nosso jornalismo
está sendo manipulada pelos nossos governantes. Porém, há duas espécies de
jornalistas. A primeira espécie segue a linha liberal espontânea da cultura
política universitária; a segunda é a linha dura (o jornalismo como continuação
da linha dura militar do Estado
militar por meios eletrônicos) do jornalismo eletrônico sempre pronta para
servir a instalação de uma prática ditatorial que vai salvar o país.
Hoje, a ditadura é um fenômeno
mundial (universal) que procura corpos políticos particulares (países). A
DITADURA TURCA é uma ditadura universal do século XXI. O fato dos EUA e União
Europeia não cortarem o mal turco pela raiz só é a prova de que a ditadura tem
o almor (alma + amor) da classe governante mundial e das massas, inclusive no
Ocidente.
Hoje, remar contra a corrente é
fazer a luta pela democracia nos países onde ex-siste democracia formal. A
jovem geração de jornalistas pode ser a vanguarda das lutas democráticas na
política mundial. Como democrata, ela é adorável.
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