O Brexit gerou uma crise na União
Europeia que não se transformou em uma crise política catastrófica para a
democracia parlamentar inglesa. Já a eleição presidencial da América é vivida
como uma crise política do sistema democrático.
O candidato Donald Trump não é o
candidato dos sonhos da elite republicana. A divisão do partido republicano pode
significar a derrota de Trump antes da largada na competição eleitoral pelo
poder nacional com o candidato democrata? O partido americano é o partido das
repúblicas estaduais ou estados. O federalismo americano é um campo de poder
efetivo partidário. O partido republicano surge na eleição como um artefato sem
unidade política em torno do chefe eleito na Convenção Partidária. Há um abismo intransponível entre o partido nacional condensado no chefe republicano e o
federalismo do partido?
A velha ciência política realista
define a prática democrática como luta pelo poder nacional e cargos estatais. Isso
pode ser o buraco negro da democracia, pois, significa, inevitavelmente, perda
de energia do regime e da nação. Tal luta pode, por exemplo, levar a
desorganização da economia nacional e da política, com é o caso atual do
Brasil. A definição de partido é parte do buraco negro, se partido é um grupo
cujos membros se propõe agir combinadamente na luta competitiva pelo poder
político, na concepção de Schumpeter de extração weberiana.
O buraco negro pode ser evitado
por um gerenciamento competente e sério do partido, da publicidade do partido,
das palavras de ordem e da tela gramatical musical capaz de tocar no afeto das
massas partidárias e das massas eleitorais. Isso é uma atividade racional do
partido. Outro aspecto essencial é a qualidade do chefe político que deve ser a
condensação da ideologia cultural política da parte nacional que o partido
personifica.
Um fenômeno mundial brasileiro
serve como exemplo. O PT tinha tal chefe político (Lula), um gerenciamento
sério do partido (José Dirceu), palavras de ordem claras para as massas
partidárias do bolivarianismo e uma tela gramatical musical adorável jamais
vista no continente americano. Mas o chefe cometeu um erro político que
empurrou o partido e o país para o buraco negro do desperdício de energia
nacional. Lula pôs na presidência por transferência de carisma sertanejo
mestiço um chefe político imbecil e parlapatão.
Tal chefe político acreditou que
o único objetivo do governo era pôr e repor o multiculturalismo no comando da
política e, que a economia seria fácil de ser conduzida a partir de seus toscos
conhecimentos da ciência econômica universitária paulista. Deu no que deu!
Agora o pais tem que se haver com
um sistema heteróclito, pois, sem tela gramatical partidária. O sistema
político é um federalismo partidária oriundo da tradição oligárquica brasileira
que tem como eixo o chefe político local. Porém, o país é uma República
Federalista de faz conta. Não há republicas estaduais americanas, e os estados
são ancilares à lógica de poder político na qual há um centro duro (governo
nacional) que condensa todo o poder político real do país. Se o poder nacional entra
em crise global, ou é a causa da crise econômica, os estados também se
inclinam na direção da crise das cidades.
Donald Trump é um chefe político
imbecil e parlapatão? Se ele é a imagem eletrônica do ditador demagogo (os
democratas dizem que ele é similar a Hitler), isso quer dizer que o eleitorado
americano, ao escolhê-lo, se põe no lugar do buraco negro da política
americana?
Trump é um capitalista, ele
significa a possibilidade da política americana como tela gramatical
capitalista. Ele é um capitalista imbecil? Os democratas dizem que sim! Pensar
na América como uma sociedade industrial do século XXI é uma imbecilidade? Isso
vai contra o globalismo econômico do Nafta. Mas o Nafta significa realmente o
globalismo a ser inventado?
Propor que a Europa compre o
serviço de segurança militar mundial do Estado americano é algo imbecil.
Transformar a Okhrana em parte da reprodução da economia real capitalista
mundial (Okhrana como lógica da mercadoria mundial) é uma imbecilidade? Trump é
a Dilma Rousseff americana?
Obama transformou o
multiculturalismo em um fenômeno político mundial. Hillary Clinton continua tal
política como um chefe político que é a costela do marido. Obama retirou os EUA
de uma crise econômica mundial que ainda deixa a Europa de quatro e faz da
China um continente sem rumo capitalista no século XXI. Quais são as propostas
econômicas de Hillary? O competente marido é a âncora que assegura que o navio
não vai ficar à deriva nas mãos da capitã.
Se há uma mínima possibilidade do
capitalismo realmente existente se encontrar em uma crise histórica, a questão
principal da eleição americana é a economia no comando da política. OS EUA
parecem mostrar, com Obama, um caminho para contornar a crise global do
capitalismo. Mas na cultura política econômica americana, há um choque entre o
Estado ariano e a política multiculturalista que alimenta o campo de poder
ditatorial com a guerra ariana contra os negros. Enquanto isso, a União
Europeia tornou-se o centro político continental da cultura política econômica
da miscigenação dos povos.
Tal contradição trans-subjetiva
cultural política EUA e União Europeia não é uma divisão no capitalismo mundial
que sobredetermina a política real e a economia real? Uma Hillary
multiculturalista é um projeto de ideologia cultural política econômica para o
capitalismo mundial que se choca com a ideologia da physis política biológica
da miscigenação. A Europa criou o mundo moderno e o capitalismo moderno. A
América recriou o capitalismo e, ao fazê-lo, pôs em crise a modernidade, como
viu claramente Baudrillard. Quem vai inventar o capitalismo do século XXI?
Hoje, o problema de uma nova
invenção do capitalismo mundial não é mais apenas um problema de economia real,
como acreditam os tolos economistas. Trata-se da invenção do capitalismo como
cultura política econômica e physis política do capital. O caminho da economia real é
aquele de um capitalismo que acredita que a classe operária não existe como
classe para si, e nem há a possibilidade de que este fenômeno seja reversível.
Trata-se da leitura historial pela física da irreversibilidade. A classe
governante capitalista usa ciência do real, usa física.
O mundo reversível e determinista
é o mundo da física do objeto real (coisas que constituem o mundo). Trata-se do
mundo de das Ding. A irreversibilidade e as probabilidades mostram-se relativas
às condições sob as quais o mundo quântico pode ser observado. O homem
consciente é o responsável pela produção irreversível dos fenômenos observáveis
que ele mede.
Ilya Prigogine e Isabelle
Stengers dizem que a noção de observação desempenha um papel central na
mecânica quântica, porque é ela que permite dar um sentido às probabilidades.
Trata-se de um elemento “subjetivista” introduzido na física. Na física
geopolítica, a observação é parte da trans-subjetivação da irreversibilidade e
das probabilidades como lógica de sentido da cultura política econômica mundial
e da physis do capital.
O capital mundial observa como
irreversível a luta de classes, pois, ela é um fenômeno que deixou de ex-sistir
com o fim da probabilidade de um mundo organizado pela ideologia cultural
política econômica, ou socialista, ou comunista. O capital mundial considera
que houve a autodissolução de tal probabilidade com o fim da URSS e o caminho
capitalista chinês pós-Mao Tse Tung.
Há uma passagem da primazia da
cultura política econômica sobre a política mundial para o quê?
Para o capital mundial um
proletariado ancilar do século XXI significa um fato da physis política do
capital, não mais um problema de cultura política econômica da sociedade de
classes.
O confronto entre o partido
republicano e o partido democrata nos EUA se faz no meio dessa tempestade
mundial observada pela física do capital e, modestamente, pela física
geopolítica lacaniana. A ciência do real está no comando da transição do
capitalismo rumo, ainda, ao desconhecido!
Donald Trump personifica a física
do capital mundial?
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