José Paulo
Um debate precário sobre o
sentido do governo-2019 fala da americanização do Brasil a partir de 2014. A
característica desse debate É o pouco conhecimento que os debatedores têm da
história brasileira republicana em uma época na qual a historiografia brasileira
universitária caminha tropegamente.
O debate supracitado não é capaz
de falar das forças associados reunidas sob o signo 2019. Ele se perde nas questões
da pauta moral, na substituição das questões econômicas por questões da cybermoral.
Antes do mundo cyber dominar, as lutas da mulher, negro e LGBT ganharam a cena
da política nos EUA e depois no Brasil de Lula. Mas isto não é aquilo que
define o nosso momento presente e futuro.
De fato, o governo 2019 vai
materializando sua narrativa antidireitos humanos. Essa narrativa pretende
atingir os índios (sociedades tribais) economicamente, enfraquecendo-os no que
diz respeito ao guarda-chuva protetor de leis que os protegem. A luta contra os
índios nada tem a ver com “guerra cultural”, um nome tirado da supremacia dos
mass media na cultura brasileira.
A luta do governo-2019 contra a
sociedade tribal é a luta secular da “produção” contra a “preservação”?
trata-se da luta dos interesses econômicos dominantes predatórios no campo (economia
de commodities do dominante devastadoramente lumpesinal) contra os índios e a
preservação da Floresta e outros domínios de reserva natural ecológicos do
país. Esta luta do “fazendeiro” contra o índio é parte da nossa história econômica
secular e é um signo sinistro integrado à narrativa eleitoral do atual governo.
Assim não há surpresa.
A segunda força aliada do governo
2019 advém de um furo no simbólico nacional. Trata-se do jornalismo da televisão carioca. Este
jornalismo sustenta a necessidade de destruição econômica e jurídica do Estado
brasileiro. Como os jovens dos 16 aos 40 anos não sabem o que é o Estado
brasileiro atual, é preciso falar sobre ele.
O Estado atual é o Estado-1988. Ele
é uma leitura constitucional1988 do Estado social getulista 1930. O Estado 1930
é uma máquina de exceção governamental que começa a construção do Brasil moderno
atribuindo direitos trabalhistas a sociedade salarial. Estava claro para
Getúlio que o Estado social precisava substitui a luta de classes, entre nós.
O Estado social-30 se tornou uma tradição
da política brasileira e evoluiu até o Estado social 1988 - que expandiu a
sociedade de direitos do dominado. O Brasil teve sua era dos direitos que
começa com o populismo getulista e se completa com os constituintes que nos
legaram a Constituição 1988.
Na Década de 1980, o Brasil
possui uma sociedade industrial capitalista e a luta de classes tinha um peso
considerável na política. Esta luta de classes ganhou expressão jurídica com a
Constituição 1988 na sociedade salarial de direitos.
O governo-2019 se constitui por
uma reunião de forças que tem como objetivo destruir o Estado social 1988. Assim,
ele é uma contrarrevolução, pois, um fenômeno dissolvente da Revolução 1930. Uma
força da destruição do Estado-1930 é a narrativa do jornalismo carioca da
televisão.
A narrativa do jornalismo do
Grupo Globo pela dissolução do Estado getulista começa com o patriarca dono
dessa empresa de comunicação de massa, o patriarca versado em um liberalismo econômico
infantil: Roberto Marinhos. Roberto esteve envolvido em todos os golpes de Estado
contra o populismo getulista até que seu esforço a mais ajudou a instalar o Estado
militar 1964, conhecida vulgarmente como “ditadura militar”.
A narrativa infantil neoliberal robertomarinho
guia o agir narrativo do jornalista dos mass media brasileiros da atualidade. Há
um alinhamento desse jornalismo infantil com as teses econômicos do
governo-2019 comandado pelo chicago boy ou banqueiro Paulo Guedes. Não estou
fazendo julgamento ideológico e sim falando
da realidade dos fatos econômicos.
A outra força do governo-2019 é o
Exército brasileiro representado por uma plêiade de generais no comando do
aparelho econômico de Estado. Para ser delicado, posso dizer que esse clã
militar é da tribo do general neoliberal Castelo Branco. Para surpresa geral,
os generais no governo são do partido neoliberal de Paulo Guedes, ma non troppo.
Na Reforma da Previdência, Paulo
Guedes prepõe aos generais que eles percam os anéis para não perder os dedos. O
partido neoliberal parece ter como necessário mostrar consistência evitando uma
Reforma da Previdência baseada em uma justiça oligárquica: fazer o bem ao amigo, prejudicar os outros.
A unidade das forças 2019
encontra-se na narrativa de destruição do Estado populista 30/1988. É o tempo
da contrarrevolução-30. É a nossa história que tem como superfície dominante a
economia do país na produção da contemporaneidade.
A narrativa do dominante 2019
parece ser economicista em vários aspectos. Falo agora do aspecto principal da
contradição principal.
Qual é a contradição cadente no
Brasil? Trata-se da contradição entre o Estado legal 1988 e a desenvolta e,
aparentemente, irrevogável societas sceleris.
A societas sceleris significa a
substituição da política (como ciência de resolução de problemas nacionais e locais)
por um equilíbrio de poder entre a própria societas sceleris e o Estado
brasileiro. Hoje, o equilíbrio de poder pende favoravelmente ao Estado
brasileiro 1988. No entanto com a destruição
do Estado do legislador 1988, a societas sceleris terá o peso maior na balança
de poder. Situação desesperadora?
Temos uma imagem já completa do
que vai acontecer com o Brasil. Trata-se do destino funesto da Venezuela. Este
país é hoje um Estado sustentado em dois pilares. O primeiro é o Exército; o outro
é a societas sceleris. Esclarecendo. A junção dos dois pilares supracitados criou
um Estado negro venezuelano como fenômeno de territorialização do criminostat, de Paul Virilio. Não estou
falando nenhuma novidade, pois venho mostrando tal acontecimento na última
década.
Fora da universidade, pude escrever
mais livremente sobre o destino que nos aguarda na terceira-década do século
XXI. Mas é impressionante como uma reunião de forças negras venezuelanas
parecem estar decidindo sobre a espécie de mundo no qual iremos viver em breve.
Um importante secretário de
Estado guedista 2019 fala de demitir massas de funcionários do Estado
concursados. Como já mostrei tal fala é parte do presidencialismo em colapso.
Este faz, agora, uma espécie de dança negra para exorcizar as leis nacionais.
Com um poder judiciário eclipsado, o Estado negro venezuelano vai plantando suas
garras afiadas na vida nacional de todos nós.
O Brasil é a Venezuela do amanhã?
Há mais de um caminho para se chegar a Venezuela.
Quase esqueci! Através dos desfiles das escolas de samba no Sambódromo, o Grupo Globo faz parte de uma rede cultural com ligação com o Estado negro venezuelano no Rio.
Há mais de um caminho para se chegar a Venezuela.
Quase esqueci! Através dos desfiles das escolas de samba no Sambódromo, o Grupo Globo faz parte de uma rede cultural com ligação com o Estado negro venezuelano no Rio.
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