José Paulo
O psicótico tem qual espécie de
gozo? Não se trata de um gozo que faz emenda entre o simbólico (discurso,
escrita, gramática) e o real? Qual real? Real da realidade dos fatos? O que é
um fato?
A ment-alidade enquanto mente é
um fato; trata-se da sentimentalidade própria do FALASSER (inconsciente); o nó
faz o fato? O inconsciente faz o fato? Só há fato pelo fato de o falasser o
dizer. Não há outros fatos senão aqueles que o falasser reconhece como tais
dizendo-os. Só há fato pelo artifício. E é um fato que ele (falasser) mente,
isto é, instaura falsos fatos e os reconhece, porque tem mentalidade, isto é,
amor-próprio. (Lacan. S. 23:63-64.
O falasser diz por meios
materiais ou dispositivos de fala? Política, imprensa, mass media, ´mundo cyber,
Estado de polícia são todos meios de dizer do falasser? Todos têm mentalidade,
a sentimentalidade próprio do falasser -, a mentalidade, uma vez que eles sentem,
sentem seu fardo – a ment-alidade enquanto mente é um fato. (Lacan. S. 23: 63) Só há fato pelo artifício. E é um
fato que ele (falasser) mente, isto é, instaura falsos fatos e os reconhece,
porque tem mentalidade, isto é, amor-próprio.
Não há uma história natural no estabelecimento do fato.
O saber inconsciente se mostra na
forma do sintoma na análise. Ele pode emergir selvaticamente na vida prática?
Buscar o sentido através do exposto ao longo de seu sintoma, eis o objeto de
resposta do analista ao exposto do paciente. O analista ensina ao paciente como
emendar, fazer emenda entre o sinthoma e o real parasita do gozo. O analista torna o gozo possível que é a
mesma coisa que ouvir um sentido (Lacan. S.23:70-71).
A psicanálise em gramática econômica ouve o
sentido produzido pela máquina gramática da realidade realmente existente.
Suturas e mendas é o que se trata
na análise das instancias RSI separadas. Encontrar um sentido implica saber
qual é o nó, e emenda-lo bem, graças ao artifício. [O que é o artifício?]. O RSI
no sintoma é carência da relação sexual. Ela toma uma forma. Pode ser o exílio
em sua própria pátria como não relação sexual. O sintoma é feito de crença
(Lacan. S. 23: 67). Crer numa raça é um sintoma associado ao povo
alemão do nazismo, ao dizer do inconsciente de Hitler, do falasser hitlerista. Crer numa raça já foi um signo científico, inclusive. Com o
nazismo derrotado o signo deixou de ser matéria para a consciência nacional?
Falar do racismo como supremacia
política é falar da loucura de um povo? Como se configurou uma gramática RSI
com o sintoma supremacia ariana na política mundial? O problema é que Lacan (e
Freud) só admite falar do inconsciente de Joyce? O discurso é sempre o discurso
de um indivíduo qualquer? Não mesmo! Lacan fala do inconsciente do discurso (Lacan. S.
16: 68); portanto não se trata mais de um inconsciente particular qualquer, mas do ato de fala particular do inconsciente de Hitler .Aliás, Lacan fala do
discurso do capitalista; não se trata de um capitalista singular, mas do
capitalista tal como encontra-se no dizer do falasser de Marx: discurso do capitalista (Lacan. 2003: 519) fazendo pendant
com a realidade capitalista e o sujeito capitalista. (S. 16: 38). “Só ex-sistem
discursos”. (2003: 539). Chegamos no falasser do dito do discurso capitalista: Mehwert (mais-valia) e plus-de-jouir ou Mehrlust.
O dize do inconsciente de Marx estabeleceu o capitalismo como fato. O capitalismo é um artifício ou artefato de um ato de fala do falasser de Marx.
II
O sujeito é efeito do discurso. (Lacan.
S. 16: 47). O capitalista é o efeito do discurso capitalista como
personificação do capital.
O discurso capitalista faz pendant com o falasser da sociedade industrial capitalista que surge no século XIX europeu.
Hoje, o Ocidente não tem mais sociedade industrial capitalista no comando da
economia, política e cultura. Ela deslizou para a Ásia. O discurso capitalista faz pendant com o falasser de uma gramática capitalista industrial asiática?
O discurso capitalista não produz
o advento do real? O discurso político faz isso antes do discurso capitalista:
“Mas ao entrar o discurso
político – atente-se para isso – no avatar, produziu-se o advento do real, a
alunissagem, aliás, sem que o filósofo que há em todos, por intermédio do
jornal, se comovesse com isso, a não ser vagamente”. (Lacan. 2003: 235).
O que é o discurso político em
Lacan? Alunissagem! Falar da alunissagem, e também do sujeito político como
efeito do discurso político. Qual é a categoria do discurso político
equivalente [será homólogo?] a
mais-valia e mais-de-gozar? É o morrer
de vergonha (Lacan. S. 17: 209-212).
O sujeito é efeito do discurso e
ele constitui um certo número de significações (Lacan. S. 16: 13) advindas de
um signo como o signo morrer de vergonha. (Lacan. S. 17: 209). Um sujeito é
aquilo que pode ser representado por um significante para outro significante. O
sujeito não pode reunir-se em seu representante de significante sem que se
produza, na identidade, uma perda, propriamente chamada objeto a.
Marx decifrou a realidade econômica, ou seja, o sujeito do valor de troca representado
perante o valor de uso. É nessa brecha que se produz e cai a chamada
mais-valia. O que importa para o discurso em geral é a perda. Já não idêntico a
si mesmo, daí em diante o sujeito não goza mais. Perde-se alguma coisa que se
chama o mais-de-gozar. Ele é estritamente correlato à entrada em jogo do que
determina, a partir de então, tudo o que acontece com o pensamento.
A gramática da história economia capitalista
industrial perdida faz do pensamento ocidental algo que não pensa mais; o
sujeito ocidental não goza mais. Pensar é ter prazer.
III
Não é diferente no sintoma. Que é
ele senão a maior facilidade da conduta do sujeito em torno desse algo que
chamamos de mais-gozar, mas ao qual é incapaz de dar um nome. A menos que se
faça seu percurso, ele não pode proceder a nada que dependa não ´só de suas
relações com seus semelhantes, mas também de sua relação mais profunda, da
relação que chamamos vital. Aqui as relações e configurações econômicas são
muito mais propícias do que as que se ofereceram a Freud, provenientes da
termodinâmica. (Lacan.
S. 16: 21).
O sujeito capitalista encontra-se
na sociedade industrial capitalista; ele encontra-se no comando da economia,
política e cultura. Qual a relação do sujeito capitalista com o discurso
político? Qual a relação do signo morrer de vergonha com o sujeito como certo
número de significações econômicas? Como alunissagem, o discurso político
moderno adquire autonomia absoluta em relação à história da economia
capitalista industrial?
Alunissagem consiste no ato de
pousar uma nave espacial em um satélite natural (na Lua, de maneira especial).
Incluem-se nesta categoria tanto os pousos tripulados quanto não tripulados
(missões robóticas). Pousar é articular um certo número de significações para a
persistência do ser do sujeito na sociedade capitalista que provenha a política
como sentido da gramática RSI com sinthoma. Sobre a política não tripulada por
humanos e sim por robôs, a era cyber dá um outro sentido político ao
significado do dicionário alunissagem. Aliás, alunissagem pode ser pousar no
real da política? No lado escuro da Lua?
A alunissagem é um efeito do
signo morrer de vergonha degradado em significante político. A política deixa
de ser produção de signo quando da sua degenerescência em significante “ser
para a morte”. Ser para a morte diz sobre a finitude da política moderna se ela
é o contrário de alunissagem. Se ela é voar do Ocidente para o Oriente, pois, a
história econômica industrial capitalista voou para a Ásia.
Lacan diz:
“Mais de uma coisa no mundo é
passível do efeito do significante. Tudo o que está no mundo só se torna fato,
propriamente, quando com ele se articula o significante. Nunca jamais surge
sujeito algum até que o fato seja dito”. (Lacan. S. 16: 65).
O sujeito capitalista é um dizer
do Marx para o Ocidente. O sujeito capitalista asiático é um dizer da
psicanálise em gramática econômica? Há uma alunissagem do discurso político na
Ásia? A política japonesa é uma alunissagem do signo morrer de vergonha? Ela
evita o significante ser para a morte? Uma cadeia da gramática RSI com sinthoma
(Lacan. S. 23: 89) é a bússola da política japonesa para evitar o significante
ser para a morte da nação moderna?
Qual é a perda (homologia com a
mais-valia ou mais-de-gozar) na política? O que é o objeto a, ou seja, o objeto de desejo na política que se perde? Na
política antiga é a perda do desejo morrer de vergonha. Na política moderna, a perda
é própria participação direta na política; perda da política tout court na soberania popular como
signo da perda política moderna. O morrer de vergonha é recalcado como objeto
de desejo. Então, o que é o advento do real como alunissagem?
A representação política toma o
lugar da política tout court. A
representação é o recalcamento do morrer
de vergonha. Aliás, a representação política não é o morrer de vergonha caso o
político não resolva os problemas nacionais? aí governar é impossível.
A sociedade industrial capitalista
no comando da política faz do Estado burguês o comitê central da burguesia. A
política é a política de uma classe social. Surge o dominante na política que
representa a sociedade industrial capitalista ao contrário da politeia onde não
tem dominante. A política se define como dominação capitalista sobre as massas
gramaticalizadas pelo discurso do
capitalista; é o signo maior do governar é impossível; pelo menos os gregos da politeia tentaram encontrar sentido no governar com a construção do imaginário morrer de vergonha.
O que se perde? O prazer da
política. A política é também a perda do mais-de-gozar. Quem extrai o mais-gozar
da vontade da soberania popular? O
burguês na pele do político. A política representativa é a política burguesa
como perda de desejo do proletariado pela política. O proletariado é o fantasma
da revolução social, uma espécie de aversão sexual à política representativa
burguesa. A linguagem do proletariado é o sintoma da perda de desejo da classe
operária pela política representativa: ditadura burguesa, ditadura do
proletariado. Em 1871, a Comuna de Paris aparece como signo da ditadura do
proletariado:
“O triunfo de Paris sobre o
agressor prussiano teria sido o triunfo do operário francês sobre o capitalista
francês e seus parasitas dentro do Estado. Nesse conflito entre o dever
nacional e o interesse de classe, o governo da defesa nacional não vacilou um
instante em converter-se num governo de traição nacional”. (Marx.1975: 180).
O burguês não morre de vergonha
por trair a nação francesa com os prussianos. Entre o dever nacional e o
interesse de classe, o interesse de classe define a gramática burguesa
europeia. A luta de classes suprassume a luta entre nações. O burguês é o
sujeito como efeito do discurso capitalista cuja gramática é a exploração do
trabalhador assalariado na extração da mais-valia e do mais-de-gozar. então, o trabalhador se entrega à guerra de classes.
O estado de guerra de classes é o
real impossível de ser suportado pela sociedade industrial capitalista. Com a
ciência como parte da força produtiva, a mais-valia relativa acresce
produtividade e abre a porta para os cuidados com a população operária mais
pobre, começando com redistribuição de renda. A boa vontade econômica do
dominante tem uma contrapartida na política representativa dando ensejo ao
aparecimento dos partidos políticos europeus socialistas de massas da sociedade
salarial. A Europa da sociedade capitalista industrial se pacifica em uma civilização
burguesa? Ao contrário, a revolução social não deixa de ser um signo utópico e na Alemanha
ela é sufocada em banho de sangue já no século XX.
O signo morrer de vergonha da
política faz a alunissagem no burguês como morrer de vergonha do fim do
capitalismo suplantado pelo comunismo da URSS, instalado pela revolução
bolchevique. O morrer de vergonha em tela passa a ser um signo da gramática
burguesa no centro do capitalismo europeu. Na periferia, um ersatz de burguês
se define por não ter vergonha por conviver com economia não-capitalista em uma mesma região geoeconomica como
no caso do MERCOSUL, no século XXI.
O morrer de vergonha de ser
substituído pelo comunismo se transforma
em estratégia de acabar com a sociedade industrial capitalista e sua luta de
classes no Ocidente, deslocando a fronteira do capitalismo corporativo mundial industrial para a Ásia. A estratégia da China de sintetização de socialismo e
capitalismo somada a estratégia neomercantilista asiática em curso
(confederação de Estados asiáticos fortes economicamente) deslancha em uma
sociedade industrial do capitalismo corporativo mundial reterritorializado na
Ásia.
O Ocidente perdeu a sociedade
industrial capitalista e vai junto sua política representativa com o
presidencialismo em colapso na América e o parlamentarismo em colapso na Europa
desenvolvida. A ilusão de que falamos de fenômenos resilientes turva a percepção
ocidental da perda da gramática da história da sociedade industrial moderna e
sua política representativa.
A gramática da cadeia RSI
determina um certo número de encaixes. Esses campos são lugares nos quais se
colocarmos o dedo, ficamos agarrados. A cadeia real, simbólico, imaginário
fazem o nó da sociedade industrial capitalista com política representativa;
assim determinou-se um certo número de
encaixes nos quais os povos ocidentais puseram o dedo e ficaram agarrados. Vivemos
um tempo ocidental de desnodamento da gramática RSI moderna industrial
capitalista e sua política representativa democrática.
O desnodamento da gramática RSI
moderna aparece como sintoma das falas impostas. Escutar a linguagem moderna
como uma torção de voz reduz o significante ao que ele é:um equívoco. (Lacan.
S.23: 92). A fala da gramática em
colapso é um parasita, uma excrescência de falas impostas onde o segredo da
gramática como elemento da separação público privado desaparece. É o mundo da
transparência absoluta ou telepatia onde as pessoas não têm segredos. O
telepata é o rhetor percipio que sabe
o que acontece com as pessoas sobre as quais ele não tinha mais informação que
qualquer um. (Lacan. S. 23: 93). O telepata usa signos, declarações na
atmosfera da tela gramatical da comunicação como sintoma de uma escrita em
colapso que faz com que não haja mais identidade fonatória. A fala se decompõe
ao se impor como tal, a saber, em uma deformação acerca da qual permanece
ambíguo saber se é o caso de se livrar do parasita falador; ou se deixar
invadir pela polifonia da fala.
O fenômeno em tela expressa a
carência do pai ocidental. Em Hegel e Gramsci, o pai articula-se como dominação
e articulação da hegemonia. A polifonia da fala desarticula permanentemente o
fenômeno supracitado.
Fazer emenda entre o simbólico e
o real, fazer emenda entre seu sintoma e o real parasita do gozo; tornar o gozo
possível é a mesma coisa que ouvir um sentido. Encontrar o sentido implica
saber qual é o nó, e emendá-lo bem. Tal prática é uma ciência da psicanálise em
gramática econômica. Assim, é possível tomar um caminho que não seja o da
polifonia da fala. ((Lacan. S. 23: 70-71).
IV
O Real se define por não ter
sentido algum. Só é verdadeiro o que tem sentido. (Lacan. S. 23: 112). O
verdadeiro é fruto da interpretação:
“A interpretação não é submetida
à prova de uma verdade que se decida por sim ou não, mas desencadeia a verdade
como tal. Só é verdadeira na medida em que é verdadeiramente seguida”. (Lacan,
S. 18: 13).
A interpretação verdadeira
seguida por quem? Antes de qualquer coisa, o capitalismo (assim como o
comunismo de Marx) é uma interpretação seguida por massas de homens, mulheres e
crianças aos borbotões. O capitalismo faz sentido como modo de produção
especificamente capitalista ou história econômica da sociedade industrial
capitalista. A forma política representativa moderna faz sentido com o pendant
do discurso capitalista descoberto em Marx. Desfeito o nó da gramática capitalista RSI,
dissolve-se o discurso do capitalista.
Há uma sociedade do capitalismo
corporativo mundial industrial na Ásia. Ela é a realidade fática de um sistema
no qual não persiste no ser da sociedade asiática o discurso da burocracia como
discurso do mestre moderno; discurso que se especifica por ser não saber-de-tudo, e sim tudo saber. (Lacan. S. !7:34). O sistema não tem
necessidade de sentido. (Lacan. S. 17: 14). O sistema não precisa ser
verdadeiro ou verdadeiramente seguido pelas massas, pois ele não faz pendant
com o só é verdadeiro o que faz sentido para as massas gramaticalizáveis pela
verdade de uma interpretação.
A sociedade capitalista
industrial asiática não é a repetição da história econômica do capitalismo
ocidental. O capitalismo corporativo mundial é a descoberta de uma outra
história econômica capitalista industrial. Qual a relação entre a história do
capitalismo industrial e as formas políticas asiáticas?
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EDIPO EM COLAPSO
Creio com Freud no sujeito
edipianizado, o sujeito como efeito de uma ordem edipiana, ordem trágica:
sujeito trágico. A políteia é uma continuação no território político da ordem
do Édipo, do trágico na versão da cultura do sério. Morrer de vergonha por não
ter condições de resolver os problemas da polis é da ordem do trágico, é algo
sério.
A ordem do trágico gira em torno
da castração, do recalque do desejo pela mãe, pois tais coisas falam do tirano.
Castrar o soberano e recalcar o tirano são equivalentes. A política tout court
se funda pela aversão sexual ao tirano no lugar do pai.
Na política moderna, o tirano é
recalcado por significantes como representação política e soberania popular.
Tomando um atalho! O moderno americano faz do presidente da república um pai
que não é um tirano no imaginário político nacional. Aliás, o presidencialismo
em colapso é equivalente ao Édipo em colapso. Os efeitos patológicos desse
colapso são tratados pela indústria psiquiátrica farmacêutica e os hospitais
psiquiátricos camuflado de clínicas terapêuticas.
O Édipo em colapso apresenta
fenômenos para além do psiquismo individual. Todo o movimento do
multiculturalismo (mulher, negro, LGBT no comando da cultura e da política) é
imediatamente reterritorialização da
ordem política no solo do Édipo em colapso. Tal fenômeno faz vertigem. Daí
vemos gays querendo edipianizar formando legalmente família - papai, mama,
filhinho.
A política representativa perdeu
o recurso da edipianização em segundo grau, edipianização como processo
sublimatório da civilização ocidental moderna. Agora, é um Deus nos acuda na sociedade
narcose inventada por Freud e realizada pela economia das drogas ilegais e
legais.
As formas políticas do Édipo
encontram-se em colapso. A civilização da ordem do Édipo em colapso não é um
fato de uma história natural. Trata-se de uma história de artifícios ou
estratégias de anedipianização. Se a liberdade é a realização da satisfação dos
desejos para além da ordem do Édipo, o século XX e XXI se caracterizam por
construir estratégias para tornar a liberdade O fundamento da vida ocidental.
Marx considerava que a liberdade em tela ´só poderia acontecer em uma sociedade
do modo de produção comunista moderno. Mas quanta a liberdade temos pressa,
não?
Antes, a anatomia era o destino.
Agora, as drogas são o destino!
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A mulher não faz sentido para
Joyce. (Lacan. S. 23: 112). A mulher não faz sentido para o homem, pois ela é
não-toda, por permanecer estranha, por não fazer sentido para o homem. A mulher
é um conjunto. Um conjunto de mulheres engendra, em cada caso, lalíngua (socius
como inconsciente), seguindo a história de uma língua que se decompunha, no
caso, o latim.
O homem é portador da ideia de
significante. Essa ideia, na lalíngue, tem seu suporte na sintaxe. Lalíngue é gramática
como continuação por outros meios dos equívocos da sintaxe. O significante é
onde se emenda com um nó a gramática RSI com sinthoma, ou seja, com falso furo
no RSI: “é o falo que tem o papel de verificar que o falso furo é real.
Na medida em que o sintoma faz um
falso furo com o simbólico, há uma práxis qualquer; alguma coisa proveniente do
dizer, da a arte-dizer, para deslizar junto ao ardor. (Lacan. S.23: 114). O único
real que verifica o que quer que seja é o falo, pois, ele é o suporte da função
do significante, ele que cria o significado.
A lalíngue capitalista asiática será
uma invenção de um conjunto de mulheres. O homem asiático como portador do
significante capitalismo corporativo mundial cyber remete para a gramática RSI
determinada pela lalíngue, onde o único real que verifica a realidade do
capitalismo em tela é o falo, sem vínculo direto com a ordem edipiana em colapso.
A mulher como sinthoma do homem
asiático faz um falso furo com o simbólico, e aí surge uma práxis, uma
arte-dizer a gramática do mundo cyber capitalista da contemporaneidade. O falo
é o único real que verifica a realidade dos fatos, pois, ele é o suporte da
função do significante que engendra o significado; é claro que o falasser asiático
instaurará pelo dizer os fatos que rearticularão a realidade do sujeito do
mundo ocidental. Trata-se de gramaticalizar o falasser em questão nas nossas
próprias línguas ou gramáticas em economia psicanalítica.
O presidencialismo em colapso e
também o parlamentarismo em colapso aparecem como efeito da dissolução da lalíngue
ocidental, ou seja, Édipo em colapso. Porém, a mulher é como o diabo do romantismo alemão
que inventa o homem como portador do significante no colapso do latim:
“MEFISTÓFELES
Sou parcela do além,
Força que cria o mal e também faz o bem!
FAUSTO
Que dizes com palavras dúbias,
meu herói?
MEFISTÓFELES
Eu sou aquele gênio que nega o
que destrói!
E o faço com razão; a obra da
Criação
Caminha com vagar para a destruição.
Seria bem melhor se nada fosse
criado.
Por isso, tudo aquilo o que
chamas pecado,
Ou também ‘destruição’, ou simplesmente
‘o mal’
Constitui meu elemento eleito e
natural”. (Goethe: 59-60).
GOETHE, J.W. Fausto & Werther.
SP: Nova Cultural, 2002
LACAN, Jacques. Outros Escritos.
RJ: Jorge Zahar Editor, 2003
Lacan, Jacques. Le Séminaire. Livre
XVII. L’envers de la psychanalyse. Paris: Seuil, 1991
LACAN, Jacques. O Seminário. Livro
18. De um discurso que não fosse semblante. RJ: Zahar, 2009
LACAN, Jacques. O Seminário. Livro
23. O sinthoma. RJ: Zahar, 2007
MARX. E Engels. Textos. V. 1. SP:
Edições Sociais, 1975