domingo, 19 de janeiro de 2025

natureza/política ao capital feudal-IA

 

José Paulo 

 

O aparelho de Estado como direito natural do mais forte faz a guerra à sociedade, guerra do dominante ao dominado. Que espécie de guerra? Trata-se da guerra da forma de governo do tirano que vem embalada no culto à personalidade do Príncipe como estratégia de anarquia para tomar o poder governamental e conservá-lo como gramática natural de sentido do direito do mais-forte, do homem forte, que de fato é a ratazana perversa tirânica.

A dialética como doçura na guerra civil contra anarquia do retórico e de seu amigo o tirano já é a filosofia do dialogo como aparelho de hegemonia que funda um Estado constitucional no cérebro do indivíduo e na prática política da cultura e na prática política da soberania do poder governamental.

A dialética é a ciência política que define a natureza do homem da alma e do corpo em uma tela verbal narrativa que corresponde ao espírito da Constituição que governa o mundo como teatro da política. A tela gramatical verbal narrativa habita a alma e o corpo do cérebro do indivíduo e do espírito constitucional da multidão disponível para a forma de governo da democracia constitucional – na atualidade. As virtudes como afecções como justiça e temperança podem ser parcela das práticas e práxis política que governam o mundo como plurivocidade de gramática de sentido.

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A ANTIGUIDADE conheceu o perverso na história política. A dialética da gramática de sentido de BEM jogou uma luz eterna sobre o perverso na prática política e na alma da multidão. O tirano e o retórico são os dois fenômenos da perversão para a dialética do Bem. Eles andam par a par na vida grega pública.

Qual a ligação do retor orador com o tirano. A retórica é a prática da lisonja do tirano, ou do Príncipe, na linguagem política já moderna. A lisonja é o instrumento de fazer o tirano tomar o poder ou conservar o poder. [Por exemplo, o uso da retórica política do jornalismo da TV Globo que propiciou a tomada do poder por Bolsonaro no Brasil].

Bolsonaro construiu uma biografia do tirano e com ela disputou a eleição que venceu. Ele exigia o <direito do mais forte> na prática política como retórica eleitoral elaborada pelos jornais de papel “Folha de São Paulo”, Estadão” e o “Globo”. Ora! A tirania na prática política não existiria sem a alma da multidão que sonha com o tirano no poder governamental.  A gramática de sentido da tirania precisa habitar o cérebro dos indivíduos que compõe uma multidão eleitoral; no cérebro, o indivíduo sonha com o direito do mais forte e faz parte da multidão capaz de exercer esse direito na prática política através do governo tirânico. Como multidão, uma classe média perversa do Sudeste foi a base social do governo tirânico de Bolsonaro.

Assim, nasceu o campo da subpolítica e do subgoverno de Bolsonaro. O essencial é que o tirano faça parar de funcionar o aparelho de Estado penal como gramática dialética do BEM! e ponha a anarquia tirânica como governo [a anarquia governamental é responsável pela morte de 300 mil pessoas na covid-19] e prática política do princípio de prazer na anárquica da relação líder/massa.

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Uma interpretação ainda virgem diz respeito a verdadeira gramática de sentido do significado de dáimon ou daimonion de Sócrates; a rigor, o daimonions são os sofistas e retóricos, os oradores são objeto de um culto como se fossem deuses ao alcance das mãos:

“Na sequência, depois dos deuses, o homem de senso prestará culto aos dáimons  e depois destes aos heróis após os quais virão os santuários privados legalmente dedicados às divindades ancestrais, e a seguir as honras prestadas aos pais vivos (...)’. (Platão. 2010:190).

O culto aos pais vivos significa patriarcalismo como desejam as feministas retóricas:

“pois é justo que lhe paguemos nossa dívida primordial e essencial, de todos os créditos o maior, e reconhecer que tudo que possuímos e temos pertence àqueles que nos geraram e educaram. De modo que devemos servi-los ao máximo de nossas forças – mediante nossa riqueza, nosso corpo e nossa alma- recompensando-os pelos empréstimos que nos fizeram, há muito, quando éramos crianças em cuidados e esforços que despenderam, e os amparando em sua velhice, que é quando mais necessitam de amparo. (Platão. 2010: 190-191).

A gramática dialética de sentido do BEM põe e repõe o velho sendo amparado pela família, pois, os gregos não consideravam esse cuidado como um problema do Estado lacaniano. Eles não viam o velho como um problema da gestão do Estado na medida em que não consideravam que a mais-valia pública, do Estado fiscal, deveria ser distribuída entre os velhos.

O orador como daimonion significa que ele é parte do aparelho de hegemonia de Estado:

“Todos nós, se assim agirmos e observarmos estas regras de vida, ganharemos sempre a devida recompensa dos deuses e de todos [os seres] mais poderosos do que nós mesmos, e passaremos a maior parte de nossas vidas desfrutando as esperanças da felicidade. No que diz respeito às obrigações com os filhos, os parentes, os amigos, os convidados, e todos esses deveres estabelecidos pelos deuses relativos à boa hospitalidade com os estrangeiros e todas as classes de pessoas, para essas obrigações cujo cumprimento segundo alei produzirá o encanto e o adorno de nossas existências, as consequências das próprias leis seja persuadindo, seja castigando mediante coerção e a justiça quando os costumes desafiam a persuasão – tornará (com a intercessão dos deuses) nosso Estado venturoso e próspero”. (Platão. 2010: 191).

A gramática de sentido do bem que guia o Estado significa a dialética da civilização contra a barbárie. O velho e as outras figuras supracitadas e as práticas protegidas pelo direito divino da mitologia são fenômenos aos cuidados da civilização grega.    

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A sofística e a filosofia existem como concepção política de mundo que estruturam e fazem funcionar o aparelho de Estado: como ou aparelho penal fático/natural, ou constitucional e aparelho de hegemonia de Estado:

“Existe uma coisa que se chama Natureza; a prova <que, em boa justiça>, aquele que vale mais deve vencer o que vale menos. Esta <lei da Natureza> mostra-se em todos os animais e no Homem. Segue-se que o mais é a força e o prazer que ela dá. Portanto: a vida fácil, a intemperança, a transgressão, quando são favorecidas, fazem a felicidade e a virtude. Todo o resto, fantasmagorias e convenções humanas, incluindo a filosofia, não passa de estupidez e nada”. (Philonenko: 114).      

A barbárie é o domínio - na prática política e no cérebro – do aparelho de Estado estruturado e funcionando pelo direito natural do mais forte, pelo princípio do prazer do tirano; a civilização é o domínio do aparelho de Estado funcionando pelo princípio da justiça constitucional associado ao aparelho de hegemonia de Estado. O direito natural do mais forte gera o estado de falsa perversão [transgressão] no cérebro e na prática política do soberano. A concepção política de mundo do aparelho de Estado pelo direito natural do mais forte faz da filosofia e da gramática do bem fantasmagorias, isto é, simulacros naturais:

“ – simulacros naturais, naturalistas, baseados na imagem, na imitação e no fingimento, harmoniosos, otimistas e que visam a restituição ou a instituição ideal de uma natureza à imagem de Deus”. (Baudrillard. 1981:177).

A natureza à imagem de Deus significa a natureza da tela gramatical narrativa, metafísica, hegemônica na plurivocidade de tela gramatical no cérebro e na prática política da antiguidade. O sofista e o filósofo habitam tal tela em uma guerra civil agônica sobre o presente, passado e futuro da civilização ocidental.

Da tela verbal sofística sai a naturalização do assassino político (tirano) e o fenômeno do esquecimento no cérebro e na história da prática política conjuntural, aquilo que os estruturalistas dialéticos chamaram de descontinuidade ou corte epistemológico na história: política, econômica e cultural.      

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Passado, esquecimento, assassino político, prática política do poder soberano, revolução constituem uma rede de significantes da história política civilização/barbárie. Nessa rede, a guerra civil gramatical, ideológica e de gosto modela a estrutura política dominante e dominado:

“Articular historicamente o passado não significa conhecê-lo <tal como ele foi efetivamente>. É muito mais apropriar-se de uma recordação que brilha no momento do perigo. Cabe ao materialismo histórico reter firmemente a imagem do passado tal como ela se impõe, sem que ele o saiba, ao sujeito histórico no momento do perigo. O perigo ameaça tanto a existência de tradição como aqueles que a recebem. Para ela como para eles, o perigo está em entregá-los como instrumentos à classe dominante. Em cada época é preciso tentar arrancar mais uma vez a tradição ao conformismo que quer apoderar-se dela. O Messias não vem apenas como um redentor; ele vem como o vencedor do anticristo. O dom de atiçar através do passado a chama da esperança pertence apenas ao historiógrafo perfeitamente convencido que diante do inimigo, e no caso deste vencer, nem sequer os mortos estarão em segurança. E este inimigo não tem cessado de vencer”. (Benjamin. 1992: 160).

O esquecimento do passado favorece ao assassino político, ao tirano. O esquecimento é um recurso estratégico que o dominante usa para não responder pelos crimes políticos de uma conjuntura e proteger os assassinos políticos a seu serviço. Um exemplo. A conjuntura de 1964-2024 foi, durante a ditadura militar (1964-1985) a pátria dos assassinos políticos assalariados do Estado militar. A lei da anistia do governo ditatorial teve a função de promover o esquecimento dos crimes públicos dessa tirania militar. A conjuntura 1988 se apresenta como o estado de esquecimento da prática subpolítica dos assassinos assalariados de Estado. Assim, uma ratazana perversa grotesca aparece evocando a facção silviofrota de assassinos políticos e golpistas militares dentro do golpismo militar em geral. A ratazana perversa grotesca e falso perverso assume o governo derrotando a esquerda. Inicia-se um período heteróclito, de fenômenos monstruosos como o subgoverno perverso falso de Bolsonaro. Depois, na eleição Lula versus Bolsonaro, este foi derrotado. Lula prometeu começar uma revolução governamental.      

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Benjamin;

“Existe um quadro de Klee que se intitula “Angelus Novus”. Representa um anjo que parece preparar-se para se afastar do local em que se mantém imóvel. Os seus olhos estão escancarados, a boca está aberta, as asas desfraldadas. Tal é o aspecto que necessariamente deve ter o anjo da história. O seu rosto está voltado para o passado, ali onde para nós parece haver uma cadeia de acontecimentos, ele vê apenas uma única e só catástrofe, que não para de amontoar ruinas sobre ruínas e as lança a seus pés. Ele quereria ficar, despertar os mortos e reunir os vencidos. Mas do Paraíso sopra uma tempestade que se apodera das suas asas, e é tão forte que o anjo não é capaz de voltar e fechá-las. Esta tempestade impele-o incessantemente pra o futuro ao qual volta as costas, enquanto diante dele e até ao céu se acumulam ruínas. Esta tempestade é aquilo a que nós chamamos progresso”. (Benjamin. 1992: 162).

O anjo da história é a revolução barroca, o anjo de Benjamin/Klee é barroco. Em 2025, já se pode ver a revolução barroca que parece querer fabricar o caminho do estabelecimento definitivo da democracia constitucional de 1988:

“A Constituição de 1988 pode ser lida como uma tela narrativa barroca ou Constituição analítico-dialética barroca. A revolução barroca dentro da ordem é o aprofundamento e desenvolvimento da democracia barroca do claro/escuro da Constituição de 1988!”. (Bandeira da Silveira. Outubro-novembro/2023: cap. 3).     

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A prática política democrática em repouso é a estagnação da revolução barroca no pântano. O juiz Flávio Dino apareceu como o anjo barroco da história do campo da democracia constitucional de 1988. Ele é a insurreição contra a ditadura cínica das emendas parlamentares corruptas do congresso, sob direção do Centrão, uma organização criminosa de partidos, segundo o código penal. A crise da prática política democrática consiste no fato de que o governo de Lula não é um poder governamental da revolução barroca pura. Lula fez um conluio com o Congresso corrupto na tática da  governamentalidade (Chevallier; 1996). Lula é a ordem democrática\ possível em oposição á anarquia política da tirania de Bolsonaro, do bolsonarismo e das massas tirânicas, base social do novo fascismo retórico.

O jornalismo retórico constitui o exército da tirania fascista:

“O que é um segredo que toda gente partilha? Talvez se pudesse sugerir duas ideias. A primeira é que, logicamente, segundo Platão muitos espíritos que se julgavam muito longe das opiniões de Protágoras, o deveriam ter seguido e alistar-se no seu exército. O grande segredo é que toda a gente, sem o saber, é discipula de Protágoras, talvez excepto os materialistas que apresentam um caso totalmente à parte; São estranhos a qualquer pensamento, mesmo que mau”. (Philonenko: 146).

Um Protágoras brasileiro é o professor retórico da USP Wladimir Safatle, que se apresenta como um falso filósofo. Ele faz a lisonja do bolsonarismo como um fenômeno ‘racional na irracionalidade política” , isto é, fenômeno de uma positividade possível:

‘É interessante observar que a influência de Protágoras foi grande entre os sábios. Paradoxal, demagogo, conseguiu, todavia, seduzir espíritos lúcidos. Platão faz dizer a Teodoro, o mestre de Teeteto: <Não admitirei que, pelas minhas próprias confissões, se refute Protágoras. > Esta confissão de Teodoro (que , é certo, também não quer refutar Sócrates) é da mais alta importância: testemunha da profundidade a que Protágoras penetrou nos <bons espíritos> não menos do que na multidão e justifica a linga refutação de Platão”. (Philonenko: 149).    

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O problema gramatical do indivíduo (que pode ser, ou pessoa, ou sujeito, ou práxis política) tem uma solução assim:

“Podemos dizer que ou é a palavra que cria cada indivíduo, ou é o silêncio que o nutre e produz”. (Kierkegaard:38).

A tela gramatical narrativa cria e recria o indivíduo [na pratica política do poder soberano] e o silencio da tela e do poder o alimenta de expectativa sobre o futuro e o produz como aparelho de Estado e capital. Qual a relação do indivíduo com a revolução?     

Hegel:

“uma modificação pela qual o indivíduo, como efetividade especial e como conteúdo peculiar, se opõe àquela efetividade universal”.

A insurreição do indivíduo peculiar, particular, no modo de ser psíquico singular, que se opõe à estrutura de dominação universal, será considerado um crime político:

“Essa oposição vem a tornar-se crime quando o indivíduo suprassume essa efetividade de uma maneira apenas singular; ou vem a tornar-se um outro mundo – outro direito, outra lei e outros costumes, produzidos em lugar dos presentes – quando o indivíduo o faz de maneira universal e, portanto, para todos”. (Hegel: 194).

A revolução barroca cria uma plurivocidade de gramática para o novo campo política da cultura e para o Estado:

“Cada tela gramatical contém sua definição de liberdade e verdade. Na tela metafísica, estar conforme a ordem teológica define a liberdade e a verdade dos gramáticos. O absoluto é a própria tela gramatical metafísica., definido assim por Hegel. o absoluto define que não há história pós-metafísica. O fim da história em Hegel, ´´e, por causa, o fim da tela gramatical metafísica”.

“Na gramática dialética de Pelreman, se deixar modelar pela tradição define uma tela gramatical não conforme o absoluto. Então, a gramática se move por concepção de valor que permite conhecer a superioridade de um quadro ou tela sobre outa telas. E se entende o porquê do abandono de uma tela e sua substituição por outra nova constitui uma decisão histórica razoável”. (Bandeira da Silveira. Janeiro/2023, cap. 39).

O pós-modernismo decretou a morte da revolução:

 “As atuais revoluções se inscrevem, todas elas, na fase imediatamente anterior do sistema. Todas se armam de uma ressurreição nostálgica do real sob todas as suas formas, ou melhor, simulacros de segunda ordem; dialética, valor de uso, transparência e finalidade de produção, ‘libertação’ do inconsciente, do sentido ‘reprimido’ (do significante ou do significado chamado desejo) etc. Todas essas libertações dão a si mesmas como conteúdo ideal s fantasmas que o sistema devorou em suas sucessivas revoluções e que são sutilmente ressuscitados por ele como fantasmas de revolução. Todas as libertações não passam de transição para a manipulação generalizada. A própria revolução nada mais deseja dizer ao estágio dos processos aleatórios de controle”. (Baudrillard. 1976:9).

A revolução barroca abre as comportas, como antessala, para a revolução do grotesco sublime, maranhense, do poeta Ferreira Gullar. 

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“O objeto real ou fantasia do poema <Bomba Suja> é o capital do a “Crítica da gramática do capital” (Bandeira da Silveira; 2021). Marx fez do brutalismo sua tela estética do capital. Gullar fez do grotesco a tela gramatical estética da crítica da crítica do capital subdesenvolvido latino-americano”. (Bandeira da Silveira. Janeiro/2024: cap. 14, parte 1).

O brutalismo é a anarquia do capital na prática política muito conhecido dos brasileiros do regime de 1988. Ora, o grotesco de Gullar é uma crítica da civilização do dominante:

“A civilização foi um esforço a mais para distinguir o corpo da classe dominante do corpo das classes dominadas: camponês e operário. Trabalho de distinção. A afecção repugnância é plantada no coração do campo do indivíduo dominante e no campo político da sociedade do dominante. Já Gullar retoma o senso comum da carnavalização popular do corpo do dominado”. (Bandeira da Silveira. Janeiro/2024: cap. 14, parte 2).

Uma civilização do dominado aparece com a China de Xi Jinping: civilização do asiático em um contraponto visível com a civilização do dominante ocidental. A civilização é a realidade da prática política da cultura como plurivocidade gramática e tela de gosto. Assim, mais ainda:

“A revolução grotesco/neoconcreta faz pendant com a revolução barroca dionisíaca. A poesia de Ferreira Gullar e a prática da multidão carnavalesca são as fontes da mitologia do campo político da cultura do futuro. É uma realidade virtual da gramática em português mais universal que o universal da metafísica europeia. [O eu de Gullar insaciável exprime-se em imagens mais vivas do que a própria vida]. a realidade mitológica é o elo de ligação do passado com o futro, da revolução dionisíaca do cônego Batista Campo do Boi-Bumba no poder com a revolução grotesco/neoconcreta”. (Bandeira da Silveira. Janeiro/2024: cap. 14, parte 3).

Segue:

“A revolução grotesco/neoconcreta afeta a gramática com a plantação da afecção no campo político, pois, ela invade-o com a carnavalização da língua na mesclagem de gramáticas (Kayser: 127-132) dos diversos povos – como no livro que funde o barroco dionisíaco e o grotesco/neoconcreto: “Casa-Grande e Senzala”. O corpo da língua da infância”. (Bandeira da Silveira. Janeiro/2024. Cap. 14, parte 3). 

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A revolução do grotesco/neoconcreto pode fabricar um aparelho de Estado como artefato da civilização do dominado:

‘Como legislação penal, o aparelho de Estado moderno é, também, jogos de gramática da cultura política...e não apenas violência pura, coerção violenta, pois, a legislação penal existe no campo simbólico, não é apenas a emergência do real do campo político na vida em geral”.

“Nietzche fala de um campo simbólico como governo da gramática sobre o filósofo, e, também, sobre a filosofia a partir da fé na tela gramatical da política; e, claro, por tabela, governo montado na fé do homem comum, do homem, mulher e criança na tela gramatical”.

“O aparelho de Estado é coerção violenta, mas coerção regida por uma tela gramatical/legislação penal. Esta pode existir como poder – ou cesarista/tirânico, ou oligárquico, ou democrático”. (Bandeira da Silveira. Julho/2024:415).

Entramos me uma transição na prática política da época do Estado mercantilista feudal, cibernético para uma época do Estado feudal-IA. O que é esse último Estado? O capital feudal-IA proverá a realidade de uma prática política-IA:

“O objeto desse texto consiste em estabelecer as relações complexas entre o Estado mercantilista e o Estado de exceção. O Estado fascista aparece como forma particular do regime do Estado burguês de exceção. Evita-se o weberianismo estruturalista parisiense que fala em <Estado capitalista> no lugar do Estado burguês. (Poulantzas. 1974: 7-8). O estruturalismo marxista recorre a Weber em vez de desenvolver a ciência política [materialista] de Marx, Engels, Lenin, Mao Zedung. Como ele é impossível ver o Estado confucionista/maoista paraconsistente como uma forma de Estado mercantilista normal. O Estado mercantilista de exceção cria e abre as comportas para o campo subpolítico heteróclito. O Estado confucionista/maoista luta para bloquear os fenômenos do campo heteróclito como constitutivo da gramática do campo político nacional. O subpolítico é a subsunção do campo político lógico ao infralógico ou, no melhor dos casos, paralógico incorreto (Newton da Costa. 2019: 20), que é o grua zero da tela gramatical lógica paraconsistente”.

“O Estado mercantilista é o fenômeno universal no campo da civilização política ocidental. O campo político em geral é paraconsistente”. (Bandeira da Silveira. Novembro/2024: 429).

O capital feudal-IA abolirá a gramática de sentido da prática política e, assim, o próprio campo político simbólico?

A gramática de sentido voa acima ou abaixo do radar da sensação:

“A questão evoluiu. Sabe-se o que é a sensação e, por conseguinte, não se ignora o que são os dados da vista, do ouvido e sabe distinguir-se o som e o sentido; o exemplo alegado, que prova a possibilidade de isolar a sensação, e a <língua dos bárbaros>. Porém, talvez por associação de ideias, se o raciocínio se inverter, se distinguirmos a língua e a sensação, a gramática levar-nos-á ao sentido sem ensinar o que é sensação”. (Philonenko: 150).

Qual será a forma de governo soberana provável do capital feudal-IA?

“O que ocupa ali o lugar que provisoriamente chamaremos de dominante, S2, que se especifica por ser, não saber-de-tudo, nós não chegamos aí, mas tudo saber. Entendam o que se afirma por não nada mais do que saber, e que se chama, na linguem corrente, burocracia”. (Lacan. S. 17: 34).

A sofistica é o saber-de-tudo sobre todas as coisas. O saber burocrático é o tudo saber sobre determinada coisa, saber do especialista:

“O fato de que o tudo-saber tenha passado para o lugar do senhor, eis o que, longe de esclarecer, torna um pouco mais opaco o que está em questão – isto é, a verdade. De onde sai isso, o fato de que haja nesse lugar um significante de senhor”. Pois este é precisamente o S2 do senhor, mostrando o cerne do que está em jogo na nova tirania d saber. Isto é o que torna impossível que nesse lugar, apareça, no curso do movimento histórico – como tínhamos, talvez, espe3rança, -, o que cabe à verdade”. (Lacan. S. 17: 34-35).     

O capital feudal-IA faz a junção do <saber-de-tudo> retórico com o <tudo saber>, armando uma estrutura de dominação de governo tirânico absolutista sobre a espécie humana?

 

BANDEIRA DA SILVEIRA, José Paulo. Crítica da dialética barroca. EUA: amazon. Janeiro/2023 

BANDEIRA DA SILVEIRA, José Paulo. Revolução barroca dentro da ordem. EUA: amazon, Outubro-novembro/2023

BANDEIRA DA SILVEIRA, José Paulo. Além da época posmoderna EUA: amazon, Fevereiro/2024

 BANDEIRA DA SILVEIRA, José Paulo. Ciência política materialista. EUA: amazon, Julho/2024

BANDEIRA DA SILVEIRA, José Paulo. Fernando Pessoa, civilização ou barbárie. EUA: amazon, Novembro/2024

BAUDRILLARD, Jean. L’échange symbolique et la mort. Paris: Gallimard, 1976

BAUDRILLARD, Jean. Simulacres et simulation. Paris: Galilée, 1981

BENJAMIN, Walter. Sobre arte, técnica, linguagem e política. Lisboa: Relógio d’Água, 1992

CHEVALIER (ORG). La gouvernabilité. Paris: PUF, 1996

HEGEL. Fenomenologia do espírito. Parte 1. Petrópolis: Vozes, 1992

KIERKEGAARD, S. A. O conceito de ironia constantemente referido a Sócrates. Petrópolis: vozes, 1991

LACAN, Jaques. Le Séminaire. Livre 17, L’envers de la psychanalyse. Paris: Seuil, 1991

PHILONENKO, Alexis. Lições platónicas. Lisboa: Instituto Piaget, 1997

PLATÃO. As leis. SP: Edipro, 2010 

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