quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

gramática de sentido, técnica, governo, capital/IA

 

José Paulo 

 

A gramática de sentido do campo da prática política dos paradoxos, aporias e contradições regem a história:

“O paradoxo deste puro devir, com a sua capacidade de furtar-se ao presente, é a identidade infinita: identidade infinita dos dois sentidos ao mesmo tempo, do futuro e do passado, da véspera e do amanhã, do mais e do menos, do demasiado e do insuficiente, do ativo e do passivo, da causa e do efeito. (Deleuze. 1974: 2).

Das inversões de sentido do crescer e do diminuir e “da causa e do efeito: ser punido antes de ter cometido a falta, gritar antes de machucar, servir antes de repartir”. Crescer e diminuir é uma constante da prática política, pois, o jogo gramatical e ideológico delas age sobre o crescimento e diminuição da potentia do aparelho de Estado na prática política. A não inversão de sentido do aparelho de Estado de causa e efeito é um pressuposto básico da concepção política de mundo do aparelho de Estado penal constitucional. Ser punido antes de ter cometido o crime é uma sublógica de sentido do aparelho de Estado de países subdesenvolvidos em relação à população dos de baixo. Assim:

“O paradoxo é, em primeiro lugar, o que destrói o bom senso como sentido único, mas, em seguida, o que destrói o senso comum como designação de identidades fixas”. (Deleuze. 1974: 3).

O campo dá prática política pode ter inversões dos dois sentidos da civilização/barbárie, sistema/revolução. O novo fascismo mundial faz essa inversão ao procurar criar um sistema do revolucionar, um governo do revolucionar o Estado. Assim, ele destrói o bom senso do aparelho de Estado como sentido único constitucional  e desintegra o senso comum da prática política como designação de identidades fixadas dos efeitos <incorporais> na prática política constitucional e leis ordinárias. 

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Na inversão do modo de ser psíquico hiberbato da tela gramatical de sentido da prática política, a anástrofe articula e faz funcionar a pratica política como inversão da ordem gramatical do sintagma no fenômeno político. Assim, altera-se a sintaxe da tela gramatical e, portanto, da prática política. Por exemplo, a barbárie toma o lugar da civilização assim como a anarquia toma o lugar do aparelho de Estado constitucional. No subdesenvolvimento, a ordem na tela gramatical tem a barbárie, isto é, a anarquia do aparelho de Estado como direito natural do mais forte; inversão entre o direito constitucional e o direito natural.

Bem:

“Esta maneira de ser se encontra de alguma forma no limite, na superfície de ser e não pode mudar sua natureza; ela não é a bem dizer nem ativa nem passiva, pois passividade suporia uma natureza corporal que sofre uma ação. Ela é pura e simplesmente um resultado, um efeito não classificável entre os seres...(Os Estoicos distinguem) radicalmente, o que ninguém tinha feito antes deles, dois planos de ser: de um lado, o ser profundo e real, a força; de outro, o plano dos fatos, que se produzem na superfície do ser e instituem uma plurivocidade infinita de seres incorporais”. (Deleuze. 1974: 6).

Os fenômenos da tela gramatical narrativa da prática política podem  ser seres incorporais, como a multidão disponível para a política. Sem corpo, eles não participam da prática política dos corpos:

“No entanto, o que há de mais íntimo, de mais essencial ao corpo do que acontecimentos como crescer, diminuir, ser cortado? O que querem dizer os Estoicos quando opõem à espessura dos corpos estes acontecimentos incorporais que se dariam somente na superfície, como um vapor nos campos (menos até que um vapor, pois um vapor ´é um corpo)? O que há nos corpos, na profundidade dos corpos, são mistura: um corpo penetra outro e coexiste com ele em todas as partes, como a gota de vinho no mar ou o fogo no ferro”. (Deleuze. 1974: 6).

Os corpos políticos se misturam na prática política da democracia constitucional. A teologia amigo versus inimigo não estrutura a prática política:

‘Toda contraposição religiosa, moral, econômica, étnica ou outra transforma-se numa contraposição política, se tiver força suficiente para agrupar objetivamente os homens em amigos e inimigos”. (Schmitt;63).

Há a inversão do modo de ser psíquico hiperbato da prática política, na tela verbal narrativa, por exemplo, da democracia constitucional em anarquia política; isso é realizada pelo novo fascismo que usa a anarquia como estratégia e táticas de tomada do poder e conservação do governo. A figura de linguagem é da ordem do discurso político, mas, e, sobretudo, ao que me interessa, da prática política de uma tela gramatical narrativa de conjuntura. A inversão gramatical determina e define a mudança da gramática dos dois sentidos sintagmáticos, da formação da oração da tela gramatical, simultâneos, de conjuntura da história e não da retórica.  

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A relação entre relações técnicas de produção e gramática da lógica de sentido tem dois sentidos, simultâneos: Estado constitucional e anarquia. Freud fala da gramática de sentido da anarquia instrumentalizada pelos Estados mercantilistas e colonialistas do homem europeu civilizado - que levou à Primeira Guerra Mundial. O homem europeu vivendo segundo o princípio de prazer e falsa perversão é um modo de ser psíquico do homo homoni lupus:

“O elemento de verdade por trás disso tudo, elemento que as pessoas estão dispostas a repudiar, é que os homens não são criaturas gentis que desejam ser amadas e que, no máximo, podem defender-se quando atacadas; ao contrário, são criaturas entre cujos dotes instintivos deve-se levar em conta uma poderosa quota de agressividade. Em resultado disso, o seu próximo é, para eles, não apenas um ajudante potencial ou um objeto de prazer carnal, mas também alguém que os tenta a satisfazer sobre ele a sua agressividade, a explorar sua capacidade de trabalho sem compensação, utilizá-lo sexualmente sem o seu consentimento, apoderar-se de suas posses, humilhá-lo, causar-lhe sofrimento, torturá-lo e matá-lo: <Homo homoni lupus>. (Freud: 133).

O estado de anarquia, no meu Freud, faz pendant como o estado de natureza de Hobbes. A lógica é a do direito natural do mais forte – falso perverso - que usa o outro segundo seu prazer e objeto do falso perversão. No entanto, em Hobbes, o estado de anarquia acaba com o Estado; em Freud, o próprio aparelho de Estado participa do estado de anarquia do europeu civilizado; assim, dois sentidos aparecem articulando e fazendo funcionar o próprio Estado europeu: civilização e barbárie ou pólemos: guerra entre povos europeus.  

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Em Hobbes, a barbárie aparece como estado de natureza em um contraponto com o Estado da civilização; a barbárie é o estado de natureza com estado de anarquia do direito natural do mais forte sobre o dominado; a civilização da justiça e injustiça requer o aparelho de Estado penal que faz pendant com a gramática da propriedade:

“Portanto, para que as palavras <justo> e <injusto> possam ter lugar, é necessária uma espécie de poder coercitivo, capaz de obrigar igualmente os homens ao cumprimento de seus pactos, mediante o terror de algum castigo que seja superior ao benefício que esperam tirar do rompimento do pacto, e capaz de fortalecer aquela propriedade que os homens adquirem por contrato mútuo, como recompensa do direito universal a que renunciaram. E não pode haver tal poder antes de erigir-se um Estado. O mesmo pode deduzir-se também da definição comum da justiça nas Escolas, pois nelas se diz que a justiça é a vontade constante de dar a cada um o que é seu. Por tanto, onde não há o <seu>, isto é, não há propriedade não pode haver injustiça. E onde não foi estabelecido um poder coercitivo, isto é, onde não há Estado, não há propriedade, pois todos os homens têm direito a todas as coisas. Portanto, onde não há Estado nada pode ser injusto. De modo que a natureza da justiça consiste no cumprimento dos pactos válidos, mas a validade dos pactos só começa com a instituição de um poder civil suficiente para obrigar os homens a cumpri-los, e é também só aí que começa a haver propriedade”. (Hobbes: 90).

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Propriedade territorial aponta para a técnica na história da civilização; a propriedade virtual encontra-se acima do Estado territorial; na modernidade, há a autonomia relativa da prática política em relação às relações técnicas de produção territoriais; com as relações técnicas de produção virtuais/IA, a mediação e reflexão que faz a passagem em ato das relações técnicas para a prática política se torna inoperante. Heidegger pode ajudar nesse problema:

“A técnica só é dominada de um modo tal que lhe é dado espaço até mesmo no aparentemente não técnico (isto significa aqui maquinal); o poder da <organização> é escravo da técnica e <domina> esta última, assim como o escravo liga o senhor a si próprio através da plena submissão”. (Heidegger: 155).

 O poder da organização da prática política, isto é, a gramática de sentido lógico da prática política é escrava da técnica e, ao mesmo tempo domina esta última; a inversão lógica dos dois sentidos liga a prática política à técnica como senhor através da plena submissão. O capital feudal_IA é a técnica como senhor da prática política na medida em que o IA se institui como poder tutelar da classe política do homem. A tela gramatical/IA da prática política foi antecipada por alguma gramática do homem?

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A gramática de sentido da lógica da proposição associa-se às imagens textuais:

“A designação opera pela associação das próprias palavras com imagens particulares que, devem ‘representar’ o estado de coisas: entre todas aquelas que são associadas à palavra, tal ou tal palavra `s proposição, é preciso escolher, selecionar as que correspondem ao complexo dado”. (Deleuze: 13).

O complexo dado é o texto de Tocqueville sobre um poder tutelar da prática política do futuro da América, visto da primeira metade do século 19. Ora, esse pode tutelar virtual parece corresponder a realidade da gramática de sentido lógico da proposição capital feudal/IA:

“Observei, durante minha temporada nos Estados Unidos, que uma situação social semelhante à dos americanos poderia oferecer singulares facilidades à implantação do despotismo e mostrei, ao regressar à Europa, como a maior parte dos nossos príncipes já se tinham servido das ideias, dos sentimentos e das necessidades que essa mesma situação social fazia surgir, para estender a esfera do eu poder”. (Tocqueville: 431).

A imagem textual sobre o futuro não encontra realidade na história do homem nos EUA ou Europa nos séculos 19 e 20. Ela encontra sua realidade virtual no capital feudal-IA do século 21:

“Jamais se viu, nos séculos passados, soberano tão absoluto e tão poderoso que tenha tentado administrar sozinho e sem recorrer a poderes secundários, todas as partes de um grande império; nem sequer um tentou submeter indistintamente todos os seus súditos aos detalhes de uma norma uniforme, nem desceu até junto de cada um deles, para regê-lo e conduzi-lo”. (Tocqueville: 431-32).

O poder tutelar do capital feudal/IA vai além do cesarismo do capital feudal cibernético, fenômeno político, ainda, da civilização do homem:

“Sabemos que, na época dos Césares, os diferentes povos que viviam no mundo romano tinham ainda conservado costumes e hábito diversos; embora sujeitas ao mesmo monarca, a maior parte das províncias era administrada separadamente; eram cheias de municipalidades poderosas e ativas e embora todo o governo do império estivesse concentrado apenas nas mãos do imperador; e ele continuasse sempre, quando necessário, árbitro de todas as coisas, os detalhes da vida social e da existência individual fugiam ao controle dele (...); muitas vezes , ao imperador, ocorre-lhe abusar desse poder para arbitrariamente tirar de um cidadão os bens ou a vida; a sua tirania pesava prodigiosamente sobre alguns,, mas não se estendia sobre um grande número; prendia-se a alguns objetivos maiores e esquecia o resto; era violenta e contida”. (Tocqueville: 432)

Ao contrário, o domínio do capital feudal/IA seria o grau zero da estrutura de dominação territorial sobre o homem? Como gramática do Estado territorial, a propriedade hobbesiana daria lugar à propriedade de um despotismo virtual:

“Parece que, se o despotismo viesse a se estabelecer nas nações democráticas de hoje, teria outras características. Seria mais amplo e mais brando, e degradaria os homens sem atormentá-los”. (Tocqueville: 432).

 A gramática de sentido da lógica da proposição despotismo democrático/IA faria da falsa perversão a condição natural da espécie humana:

“Os governos democráticos, poderão tornar-se violentos e cruéis em certos momentos de grande efervescência e grandes perigos; mas essas crises serão passageiras (...), na austeridade em que se mantêm quase todos, no vício como na virtude, não temo que encontrem em seus chefes tiranos, mas antes tutores”. (Tocqueville:433).

A gramática de sentido do poder tutelar/IA não é tirania ou despotismo, é um fenômeno inédito sem nome ainda:

“Procuro descobrir sob que traços novos o despotismo poderia ser produzido no mundo; vejo uma multidão inumerável de homens semelhantes e iguais, que sem descanso se voltam sobre si mesmos, à procura de pequenos e vulgares prazeres, com os quais enchem a alma. Cada um deles, afastado dos demais, é como que estranho ao destino de todos os outros; seus filhos e seus amigos particulares para ele constituem toda a espécie humana; quanto ao restante dos seus concidadãos, está ao lado deles, mas não os vê; toca-os e não os sente; existe apenas em si e para si mesmo, e, se ainda lhe resta uma família, pode-se ao menos dizer que não mais tem pátria”. (Tocqueville:434).

Os EUA permitiram a Tocqueville imaginar uma gramática de sentido da lógica da proposição virtual do futuro do domínio do capital feudal/IA - na paródia de democracia do poder tutelar do capital sobre a prática política dos homens e mulheres:

“Acima destes, eleva-se um poder imenso e tutelar, que se encarrega sozinho de garantir o seu prazer e velar sobre a sua sorte. É absoluto, minucioso, regular, previdente e brando. Lembraria mesmo o pátrio poder, se, como este, tivesse por objeto preparar os homens para a idade viril; mas, ao contrário, só procura fixá-los irrevogavelmente na infância; agrada-lhe que os cidadãos se rejubilem, desde que não pensem senão em rejubilar-se. Trabalha de bom grado para a sua felicidade, mas deseja ser o seu único agente e árbitro; provê e assegura as suas necessidades, facilita os seus prazeres, conduz os seus principais negócios, dirige a sua indústria (...)”. (Tocqueville:434).

O novo fascismo crê que pode se tornar a prática política territorial do poder tutelar virtual do capital feudal/IA. Daí Donald Trump e Elon Muske falarem da verdadeira liberdade da democracia fascista na posse presidencial de Trump em janeiro de 2025.   

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Qual a relação entre sentido e gramática? A práxis de produção de sentido é da ordem do sensível ou da linguagem?

“A questão evoluiu. Sabe-se o que é a sensação e, por conseguinte, não se ignora o que são os dados da vista, do ouvido e sabe distinguir-se o som e o sentido; o exemplo alegado, que prova a possibilidade de isolar a sensação, é <a língua dos bárbaros>. Porém, talvez por associação de ideias, se o raciocínio se inverter, se distinguirmos a língua e a sensação, a gramática levar-nos-á ao sentido sem ensinar o que é sensação”. (Philonenko: 150).

A tela gramatical plástica narrativa da lógica de sentido pode ser extraída de Wittgenstein:

“E quem pinta não deveria pintar algo – e quem pinta algo, não pinta nada real? – Sim, o que é objeto do pintar: a figura do homem (por exemplo) ou o homem representado pela figura?”

“519. Diríamos: uma ordem é uma imagem da ação, que foi executada segundo a ordem; mas é também uma imagem da ação, que deve ser executada segundo ela”.

“520. “’Mesmo quando se concebe a frase como imagem de um estado de coisas possível e se diz que ela mostra a possibilidade do estado de coisas, então, no melhor dos casos, a frase pode fazer o que faz uma imagem pintada ou plástica, ou um filme; e ela, em todo caso, não pode colocar o que não se dá. Portanto, depende inteiramente de nossa gramática o que é (logicamente) dito possível e o que não é, - a saber, o que ela autoriza?” (Wittgenstein: 148).

A tela gramatical autoriza a lógica de sentido como fé nas imagens do estado de coisas, fé na prática política dos fenômenos. Ora, o governo é o centro de gravidade da práxis política de criação e recriação da lógica de sentido como fé da multidão na tela gramatical; a antítese disso é a anarquia subpolítica

 “Le philosohie n’aurait-il pas le droit de s’élever au-dessus de la foi qui régit la gramaire? Tous nos rspect aux governantes; mais ne serait-il pas temps pour la philosophie d’abjurer la foi des gouvernantes? (Nietzsche: 54).

O poder tutelar do capital feudal-IA permite a filosofia d’abjurer la foi des dirigeantes, renunciar à fé na classe dirigente?   

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Quais são os efeitos prováveis da renúncia das massas à fé na imagem da classe dirigente? Pode cair na anarquia da subpolítica? Ou o poder tutelar do capital feudal/IA faz a subsunção da anarquia de sentido da classe política:

“Poder-se-ia esboçar um quadro de gramática normativa que opera espontaneamente em toda a sociedade determinada na medida em que ela tende a unificar-se, seja como território, seja como cultura, isto é, na medida em que exista uma classe dirigente cuja função seja reconhecida e seguida”. (Gramsci).

A classe dirigente territorial e cultural se define como práxis política de criação de sentido como imagem da fé no governo pelas massas. Antes, a cultura política do senso comum e do bom senso [como tela plástica gramatical narrativa lógica de sentido] fazia a mediação entre o sentido da práxis governamental e as massas. Com a globalização liberal, a cultura política das nações foi desintegrada. Hoje, a tela midiática se apoderou da relação do governo com as massas, estas sem senso comum ou bom senso; a anarquia de sentido impera nas massas:

“O número de ‘gramáticas espontâneas’ ou ‘imanentes’ é incalculável: poder-se-ia dizer, teoricamente, que cada pessoa tem sua própria gramática”. (Gramsci).

Aqui se encontra a caracterização da anarquia de sentido gramatical; é como se existisse mil lógicas de sentido na prática política; assim, a fé na gramática governamental é substituída pela fé na imagem das gramáticas pessoas. A fé na imagem da classe dirigente inexiste:

“Todavia, ao lado desta desintegração fática, deve-se sublinhar os movimentos unificadores, de maior ou menor amplitude, seja como região territorial, seja como <volume linguístico> As ‘gramáticas normativas’ escritas tendem a abarcar todo um território nacional unitário e todo o volume linguístico, a fim de criar um conformismo linguístico nacional unitário que, outrossim, coloca num plano mais elevado o <individualismo> expressivo, já que cria um esqueleto mais robusto e homogêneo para o organismo linguístico nacional, do qual cada indivíduo é o reflexo e o intérprete”> (sistema Taylor e autodidatismo)”. (Gramsci: 2343).

A propósito! No Brasil, o cosmopolitismo linguístico do inglês americano invadiu o território e cultura da língua nacional - cujo efeito é a anarquia linguística no uso do idioma português falado, entre nós.

Retomando o fio da meada. Donald Trump destina 500 bilhões de dólares para desenvolver a IA. Aí já se trata do capital feudal/IA de governo do mercantilismo/liberal interno; ele fala de restaurar a nação do americano, uma economia nacional do americano, ele quer um Estado mercantilista puro nas relações internacionais, como grande potência, para a segunda metade do século 21; ele e Elon Musk  se apresentam como junção do territorial com o virtual-IA; eles erguem uma tela gramatical de uma prática política que abala os alicerces da velha democracia eletiva de 200 anos; isso torna obsoleta a velha classe política do século 20? Como a globalização liberal desintegrou a nação e o Estado nacional, o nacionalismo [e o protecionismo] de Trump - o que é?

O que está em curso é uma etapa mais profunda, intensa, de mundialização do mercantilismo (Bandeira da Silveira; 2021) do capital feudal/IA?  

 

BANDEIRA DA SILVEIRA, José Paulo. mundialização do mercantilismo capitalista. EUA: amazon, 2021

DELEUZE, Gilles. Lógica do sentido. SP: Perspectiva, 1974

FREUD. Obras Completas. V. 21. Mal-estar da civilização. RJ: Imago, 1974

GRAMSCI, António. Quderni del Carcere. v. 3. Torino: Einaudi, 1977

HEIDEGGER, Martin. Nietzsche. Metafísica e niilismo. RJ: Relume Dumará, 2000

 HOBBES, Thomas. O Leviatã. SP: Abril Cultural, 1974      

NIETZSCHE. Par-delà bien et mal. Paris: Gallimard, 1971

PHILONENKO, Alexis. Licóes platónicas. Lisboa: Instituto Piaget, 1997zx

SCHMITT, Carl. O conceito do político. Petrópolis: Vozes, 1992

WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas. SP: Abril Cultura, 1975

TOCQUEVILLE, Alexis de. Dela démocratie en Amérique. V. 2. Paris: Gallimard, 1961

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