segunda-feira, 4 de setembro de 2017

REAL E IRREAL NA POLÍTICA

José Paulo

A história do século XX é narrada a partir de um equívoco. Nunca existiu a II Guerra Mundial depois da I Guerra Mundial

O século XX teve a I Guerra Mundial convencional e a I Guerra Mundial atômica do americanismo nazista com Nagazaki

O século XXI pode acontecer como II Guerra Mundial atômica. A causa é o poder invisível nazista da sociedade pós-capitalista


A ausência de reflexão sobre a transmutação real da democracia liberal 1988 concorre para uma cegueira na percepção da crise 1988.

A democracia se define por ser o anverso da autocracia. Porém assim como a autocracia a democracia não escapa da corrupção econômica. Ao contrário da autocracia, a democracia fazendo pendant com o Estado liberal de direito possui liberdades fundamentais (expressão, opinião, reunião, associação...) usadas democraticamente para tornar a corrupção transparente para a sociedade e ao Estado democrático. A luta contra a corrupção é uma premissa de qualquer regime democrático.

Uma premissa virtual da democracia representativa é o procedimento seguinte: os que decidem (político) e os que elegem (eleitor) sejam colocados entre alternativas reais e postos em condições de poder escolher entre uma ou outra. Esta é uma regra da democracia procedimental, inclusive.
Em algum momento do curso político da passagem do século XX para o século XIX esta regra de ouro do real da realidade dos fatos parou de se inscrever no campo simbólico. Como este fenômeno aconteceu?

Trata-se de um fenômeno de cultura política procedimental gerado na democracia da América como o desenvolvimento da técnica eletrônica (televisão) e da técnica publicitária. Uma não existe sem a outra na sociedade pós-capitalista.

Na década de 1990, a economia torna-se um globalismo neoliberal quase digital. A junção da técnica eletrônica, com a técnica publicitária e a técnica digital articulam e articulam-se ao globalismo neoliberal econômico. Um fenômeno surge da interseção em tela: o homo informacionalis.
O choque na cultura mundial ocidental é o de fazer desaparecer a fronteira clara entre real e irreal. O real deixa de ser o lugar da verdade; na cultura, a opinião jornalística informacionalis toma o lugar da ciência, pois, não há mais verdade do verdadeiro da realidade real dos fatos. A rigor, o real deixa de ser um significante de orientação da percepção da realidade dos fatos, em geral.

O real e o irreal são substituídos pelo dispositivo de poder cultural simulacro de simulação. Aí, a televisão, a publicidade e o discurso do político simulam que se escolhe entre alternativas reais, principalmente na eleição presidencial. Este é o caso do Brasil com a primeira eleição presidencial em 1989. Fernando Collor foi eleito como um efeito da sociedade do simulacro de simulação. Para o eleitor, Collor dissimulou que era um candidato da democracia neoliberal. No governo, fez a experiência de um governo neoliberal e foi derrubado em (1990-1992). Em 1992, os grupos políticos do poder nem sonhavam com o governo democrático neoliberal, a não ser ex-ministros e notáveis economistas do Estado militar como Delfim Neto e Bulhões de Carvalho, por exemplo. No entanto, a democracia neoliberal caiu no início da década de 1990 como uma profecia no solo da nossa política tradicional. Hoje, o governo da democracia neoliberal de Michel Temer é uma linha de força de continuação do governo Collor dissolvido no ar da política do regime 1988.

Collor imaginou pôr o Brasil fazendo pendant com a política mundial. Ele foi festejado pelos líderes mundiais do neoliberalismo do regime do globalismo como a grande promessa de um líder da democracia neoliberal na periferia da sociedade mundial ocidental. Lembro ao leitor que nessa época ainda não havia a China potência mundial de hoje.

No século XXI, o desenvolvimento da internet significa, até agora, uma cultura política informacionalis fazendo pendant com a sociedade informacionalis pós-capitalista. A sociedade da internet também não põe e repõe a diferença entre real e irreal (simulacro de simulação do real) na cultura mundial. Não existe na internet o choque da verdade verdadeira a ser metabolizada pelas massas. Uma algaravia de falas e escritos universitários digitalis (que se ignoram) aprofundam a percepção de que o real é uma questão de opinião letrada ou iletrada. Neste mundo, o homo informacionalis dos novos saberes estatísticos reinam sem resistência na classe simbólica, na classe política e/ou nas massas sujeito grau zero da verdade verdadeira.

Como o eleitor e os políticos não precisam escolher entre discursos verdadeiros ou não, a escolha se faz a partir da empatia do eleitor com o político que melhor expresse em palavras e imagens o que o leitor quer ver e ouvir. No caos da realidade da percepção do eleitor, os dispositivos de poder informacionalis invadem o real do eleitor com o agir estratégico da mentira, da simulação, dissimulação, da sugestão e sedução, do homo informacionalis. Aí, a regra de ouro do eleitor escolher sobre alternativas reais inexiste na sociedade pós-capitalista onde a informação estratégica toma de assalto o lugar do discurso do político que tem como base de funcionamento a verdade verdadeira se dita para o sujeito grau zero desgramaticalizável.

O ciclo 1988 se encerra com a experiência do governo Temer de fazer acontecer o governo democrático neoliberal de Fernando Collor. Collor foi eleito. Temer se encontra no poder político graças a um golpe de Estado no TSE. No entanto, a ausência das massas na rua aponta para uma gramaticalização do real das massas pela ideologia gramatical democracia neoliberal. As massas se cansaram de ser um joguete da democracia do simulacro de simulação esquerda “versus” direita. As massas tomaram nojo por esta dialética política da ação estratégica do sistema político fundado na oposição mais retórica do que efetiva ente duas grandes máquinas de guerra política freudiana: PT e PSDB.

Não cabe a ninguém prever o que acontecerá com o poder político e a política na eleição de 2018 e a partir dela. O futuro a Deus pertence! No entanto, cabe dizer que a questão principal em pauta na eleição e na política derivada dela é se o Brasil vai eleger e construir a forma de governo permanente democracia neoliberal collorida.


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