sexta-feira, 15 de setembro de 2017

NOTAS SOBRE AS ELEIÇÕES DE 2018

José Paulo

A linguagem da ciência política pertence a um mundo privado (o mundo do cientista político) que deseja a segurança pessoal. Por isso, o cientista político evita o relato do jornalista dos fatos criminosos da república. O cientista político não sabe tratar com a realidade dos fatos de uma república criminosa:  república societas sceleris.

A república democrática 1988 se tornou uma república societas sceleris relatada cotidianamente pelo jornalista graças à ação da Procuradoria Geral da República de Rodrigo Janot. O agir democrático da justiça da equidade de Janot faz do combate à corrupção moderna um meio para a construção da democracia 2019. Isto é o sentido da PGR Janot.

Em 18/09/2017 acaba a gestão democrática Janot e começa uma gestão de um aliado do governo Temer. Jornalistas experientes falam de uma mudança no sentido do combate à corrupção. Eles dizem que o combate à corrupção se tornaria uma gramática em narrativa lógica autocrática. Não usam o significante autocrático, é claro.

O fundamental é que a mudança na PGR (e no comando da Polícia Governamental) significa uma mudança na conjuntura política criminosa. O fato é que a política de combate à corrupção vai adquirir outro sentido. Ela, ou se torna uma política jurídico-policial do ciclo criminoso da política que serve à eleição de 2018, ou ela se torna uma política estrito sensu autocrática de destruição da democracia 2019.

Tendo origem nos partidos PT/PMDB, o regime 1988 adquiriu a forma de um ciclo criminoso da política ou república societas sceleris. O ciclo criminoso da política tem como sujeitos gramaticais ativos a maioria absoluta do Congresso nacional, o governo central formal que governa o governo do invisível e frações do judiciário no TSE, por exemplo. A organização criminosa sociológica é o modelo normativo do ciclo criminoso que alcança a televisão, a internet, o rádio, a imprensa, a multidão de espectadores, leitores e massas de rua. Trata-se de uma organização sociológica criminosa cultural de massa: república societas sceleris.

A alteração na conjuntura política não se dá com o fim do combate à corrupção e sim com a mudança do sentido sociológico desta luta policial-jurídica. O combate à corrupção será realizado em um sentido autocrático (sútil para a fé perceptiva das massas anticorrupção) que a tela gramatical autocrática (visual, acústica e de papel) tornará digestível para as massas. A tela gramatical autocrática será o agir estratégico da mentira, da simulação e da dissimulação sobre o verdadeiro sentido do combate à corrupção neste subciclo final do ciclo da política criminosa da democracia 2003.

Assistimos à alteração do agir democrático baseado na justiça da equidade de Janot para um agir autocrático baseado na justiça oligárquica: fazer o bem ao amigo, prejudicar o outros sujeitos gramaticais.

A novela colombiana O Senhor do Tráfico é vista religiosamente pelos integrantes da república societas sceleris. A novela apresenta didaticamente as táticas de Pablo Escobar para escapar do Estado colombiano. Por exemplo, Escobar entregava (para o bloque de búsqueda constituído pelo exército, elite policial e judiciária, DEA e CIA) membros da cúpula do Cartel de Medellín conhecidos como os extraditáveis para os EUA.

Ao entregar os extraditáveis menores, Pablo ganhava tempo para transformar as cidades colombianas em um cenário de guerra política “atômica”. Claro que os chefes políticos do ciclo criminoso da política atual não possuem a genialidade de pensamento geopolítico da guerra urbana de Pablo Escobar. No entanto, são feitos com a mesma matéria ontológica criminosa do Cartel de Medellín. Escobar deixou a Colômbia de joelhos antes de ser derrotado e executado pelo bloque de búsqueda.

Nas Américas, Pablo é o inventor do governo do invisível que governava o governo visível formal central colombiano. O governador Pezão não usa táticas pablianas? Os bombeiros cariocas não são os extraditáveis de Pezão? 

Sobre a eleição de 2018, note-se a formação de um bloco histórico eleitoral neoliberal com São Paulo e a cidade carioca disputando a articulação hegemônica de tal política. São Paulo tem o governador Geraldo Alckmin, FHC, o partido PSDB, o capital de commodities, o empresariado da sociedade pós-capitalista paulista, intelectuais a granel.
Granel
Substantivo masculino
1.
Mar. carga (cereais, carvão, líquidos etc.) transportada nos porões dos navios mercantes sem embalagem ou acondicionamento especial, sem marca de identificação ou contagem de unidades.

O intelectual líquido é o intelectual do bloco histórico neoliberal. O bloco histórico em tela tem sua organização criminosa sociológica intelectual de cultura de massa (internet, televisão, rádio, imprensa, revistas de papel...). Ele é um projeto da nova direita da sociedade pós-capitalista de continuação do ciclo criminoso da democracia 2003 para 2019. Ele é a destruição do projeto democracia 2019.

A TV Globo quer fazer o chefe do bloco histórico neoliberal. Alckmin é o sapo barbudo na goela dos jornalistas (e família Marinho) do Grupo Globo autocrático do ciclo criminoso da política 2003.

A velha esquerda da sociedade do trabalho manual tem Lula como candidato sub judice. A elite do poder neoliberal criminosa (prestem atenção: é crime sociológico, não é crime do código penal  ou civil) tem que fazer o cálculo certo pois Lula é o candidato que pode disputar contra Jair Bolsonaro a vaga no 2° Turno da eleição presidencial. A primeira vaga parece estar garantida para o bloco neoliberal unificado como elite do poder. Trata-se da unificação de todas as oligarquias federal e regional, central e local.

Bolsonaro é a solução de força que a jovem cultura de massa da internet apregoa cotidianamente.  A causa dessa solução de força é a desintegração do espaço urbano pela guerra urbana lumpesinal dos de baixo contra a polícia. 

Lula é a solução do bolivariano como uma nova pele. Ao invés de apelar para o usa da força militar para resolver guerras moleculares dos de baixo (urbana e rural), Lula faz uso da emoção eivada de esperança em Brasil potência dos BRICS. A nova conjuntura mundial de crescimento econômico pode vir ao encontro de seu discurso “neopopulista”.

Quem o bloco histórico vai escolher para derrotar: Bolsonaro ou o Lula sub judice?

A onda Bolsonaro está na internet e na população ordeira de trabalhadores, famílias dos grandes centros urbanos atormentados, horrorizados com a guerra urbana entre a polícia e o ciclo criminoso lumpesinal dos de baixo.

A sociedade brasileira é a sociedade dos 50% de opinião de que bandido bom é bandido morto. E 78% da população são contra a legalização do aborto. Na repressão dos costumes, o fascismo de um MBL ganha terreno com ataques fulminantes na internet e na rua (multidão fascista alemã da sociedade pós-capitalista) contra a liberdade expressão, em geral. Transforma a face conservadora sexual da sociedade das famílias em política da cultura de massa fascista. Este caldo de cultura estará presente nas eleições de 2018 em uma intensidade ainda não vista pelos brasileiros.

Eu disse que era só uma nota...

Sobre a democracia 2019                       e também mais ainda
     

    

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