Os economistas são escravos de
uma filosofia política econômica economicista. Há um Marx que estabeleceu tal
filosofia como epistemologia política militar. O que significa isso? O
econômico (capitalista) determina militarmente a política; o econômico explica militarmente a política.
É inegável o poder do capital na
articulação da Ordem Mundial, do sistema mundial. Se o capital não se
reproduzir de um modo ampliado no planeta, o sistema mundial se tornará
anárquico. Mas o que é a reprodução ampliada do capital?
A história da cultura política
universal é aquela do governo das máquinas de guerra nietzschianas. A diferença
básica entre máquinas de guerra freudiana e nietzschiana talvez se deva ao fato
que a primeira ex-iste na cultura política universal atual como máquina
dissipativa e a outra como máquina da governametalidade. São dois significantes
literários técnicos (peixes) ainda no fundo do mar da sociedade de
significantes do século XXI. Nosso século está apenas começando!
Penso uma periodização da
história cultural política mundial começando no pós-II Guerra Mundial. Esta
significou a autodissolução do campo de poder mundial, da Ordem Mundial
guerreira da I Guerra até a II Guerra. Trata-se de uma era onde a máquina
nietzschiana reinou sozinha. A máquina nietzschiana aplicou uma força
extraordinária (inimaginável para os padrões de violência da cultura política
universal) para criar uma Nova Ordem Mundial. O Estado-Nação moderno se
transformou no Urstaat nômade fazendo a guerra no planeta. No final desta
conjuntura cultural política Stalin e Hitler se enfrentaram em Moscou e Hitler
foi derrotado.
No Ocidente europeu, a América se
transformou no Império do capital corporativo transnacional. Tratou-se de um
Império nacional como o fenômeno tardio da era do Estado-Nação moderno. Isso foi
no lado direito. No avesso, a URSS estabeleceu (junto com os EUA) a Nova Ordem
Mundial. O símbolo transdialético materialista desta foi (é ainda) a Guerra
Fria como equilíbrio do terror atômico. A física do século XX é a filosofia
política econômica dessa Ordem Mundial.
No Ocidente, o sistema se
articulou com um bloco-no-poder com semblância economicista. Parecia que o
capital na posição hegemônica em tal bloco era o capital definido pelo Marx
economicista: capital produtivo ou capital fictício. Isso é um ponto de
discussão.
Hoje sabemos que o capital
hegemônico era o capital corporativo eletrônico transnacional. Celso Furtado
estabeleceu que a reprodução ampliada do capital não se reduzia a simples
reprodução econômica fática. A reprodução ampliada do capital é cultural
política. A reprodução da economia faz pendant com a reprodução cultural
política da Ordem Mundial. A Ordem Mundial articulada na década de 1960 é a
Ordem Mundial Eletrônica, Trata-se da Ordem do capital corporativo eletrônico
transnacional cujo significante-mestre foi o Império Americano. No
bloco-no-poder mundial, o capital eletrônico havia conquistado a hegemonia.
No século XXI, tal Ordem Mundial
Eletrônica é o velho que não quer morrer para que uma nova Ordem Mundial do
Capital articule um sistema político universal. Uma era só se autodissolve
quando todas as suas possibilidades de ex-istência técnica se tornaram fumos
machadianos (Machado de Assis).
A crise mundial é a crise do
velho que não quer morrer e do jovem que não quer reinar ainda. O planeta caminha
para a dominação do capital corporativo mundial digital cujo símbolo cultural
político atual é o computador de bolso que todo jovem (da periferia também) o
tem como se ele fosse uma prótese de seu corpo humano.
Há uma luta agônica cultural
política entre o capital eletrônico e o capital digital pela hegemonia do
bloco-no-pode mundial. Fenômenos estranhos fazem parte desta transdialética quântica
universal. Um dos aspectos mais
estranhos da teoria quântica é que é impossível saber certas coisas
simultaneamente, como o momento e a posição de uma partícula - conhecer uma
dessas propriedades afeta a precisão com que você pode conhecer a outra. Isto é
conhecido como o Princípio da Incerteza de Heisenberg, em homenagem ao físico
alemão Werner Heisenberg, que o enunciou nos anos 1920. Outro aspecto estranho
é o fenômeno da não-localidade, que se mostra no bem conhecido entrelaçamento
quântico. Quando duas partículas ficam entrelaçadas, elas se comportam como se
estivessem coordenadas entre si, como se estivessem "trocando
informações" à distância, de uma forma totalmente estranha à intuição
clássica sobre partículas fisicamente separadas.
A lógica quântica parece ser
articuladora da crise mundial do século XXI. O capital eletrônico e o capital
digital parecem ser as duas partículas cultural políticas quânticas supracitadas. Estudar
o capital eletrônico (sua posição e momento cultural político) afeta a precisão
de conhecer o capital digital. Estou pensando o problema da hegemonia no
bloco-no-poder mundial. Há também o entrelaçamento quântico cultural político
dessas espécies de capital. Logo, há uma filosofia política econômica quântica
articulando a crise mundial. Isso é a crise mundial enquanto crise da
reprodução ampliada cultural política do capital mundial.
A crise brasileira é a
condensação, parcial, da crise quântica mundial. Um fenômeno estranho dessa
crise é a emergência de um espaço público procedural estranho (quântico) no
qual o capital eletrônico e o capital digital se apresentam como superfícies em
choque. A prática das ações da classe política tem obedecido à reação quântica
do capital eletrônico que quer subtrair do espaço público procedural estranho a
trans-subjetivação digitalis. A classe política chegou a aprovar uma “lei
antiterrorista” para destruir o mundo político digitalis.
Hoje, a classe política se tornou
o governo brasileiro. Se conseguir governar a economia fática, a classe
política retoma o curso natural cultural político interrompido com o campo de
poder bolivariano. Porém, tal curso não é um curso singular como quer a velha
filosofia política econômica brasileira. Tal curso é aquele sobredeterminado
pela linha de força da hegemonia do capital digital mundial. A solução da crise
brasileira significa a integração do território existencial nacional ao processo
de trans-subjetivação do capital digitalis mundial. Como isso se fará nesse
início de século XXI?
O Brasil precisa se autofundar
como Nação trans-subjetiva digitalis. Isso é o caminho para a solução da crise
da lógica da representação que ameaça transformar em poeira bíblica a nossa
classe política (e as da América- Latina). Os significantes que estão saindo do
fundo do mar para a superfície da sociedade de significantes são: Nação Digital/
Estado Nacional Digital/Burocracia Digital/ Instituições digitais generalizadas.
Reino da técnica digital!
Há um esforço a ser concentrado
nas transformações de instituições articuladas pelo campo de poder bolivariana.
O novo campo de poder digitalis é o único que pode substituir o campo de poder
bolivariano. Pensar ao contrário significa levar o país rumo ao aprofundamento
da atual crise brasileira que é, em essência, o esgotamento do campo de poder
governado por máquinas dissipativas bolivarianas em uma era de autodesmontagem delas.
A saída da crise é a construção
de um campo de poder nacional digital trans-subjetivo democrático liberal.
Trata-se, portanto, de transformar as regras da Constituição 1988 em princípios
de uma filosofia política econômica digitalis que suprassuma a filosofia
política econômica quântica! O mundo cultural político precisa de uma outra
física!
Heidegger estabeleceu o axioma
cultural político para uma era que começa no século XX sob o reinado da técnica
na política mundial. Isso ocorreu com Ordem Mundial da tela eletrônica. No
século XXI, o caminho técnico cultural político é a tela eletrônica tornar-se
uma tela digital.
Não vou mais cansar o leitor com
minha prosa-poética!
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