sexta-feira, 13 de setembro de 2024

psicanálise barroca/ciência política materialista

 

José Paulo 

 

 

O campo científico é um domínio feudal. Barões da psicanálise se consideram proprietários do campo freudo/lacaniano. Professores paulistanas educados por Newton da Costa aparecem como proprietários feudais da lógica paraconsistente. Assim, a ciência política materialista é dialética, tal como ela aparece em Platão, Aristóteles, Hegel, Marx e Engels, Lenin, Lukacs, Gramsci e Mao Zedung. Eles desenvolveram a dialética dos fenômenos no campo político estrutural e conjuntural. Eles pensaram o Estado como fenômeno dialético na história da civilização policiada no Ocidente e Ásia.  

A dialética é uma gramática da plurivocidade de Estado lógico na civilização política. Ele se contrapõe à barbárie dom infralógico e do supralógico, fenômenos que voam abaixo ou acima do Estado lógico de entendimento dos jogos de caligrafia:

“’Isto [este conjunto constituído por um cachimbo em estilo caligráfico e por um texto desenhado] ‘não é’ [é incompatível com... ] ‘um cachimbo’ [este elemento misto que depende ao mesmo tempo do discurso e da imagem, e cujo jogo, verbal e visual, do Caligrama, queria fazer surgir o ambíguo ser]”. (Foucault: 32).

O ser do fenômeno (Barbaras; 1991) no campo político imagem textualizada de caligrafia de Magritte, eis o que interessa á psicanálise da ciência política que tem como objeto a comunidade psíquica. Esta é aparelho psíquico de Estado e plurivocidade de tela gramatical ou de gosto. A religião é uma estrutura de dominação ideológica no cérebro? Na comunidade psíquica do indivíduo e da multidão de rua? Sim! (Marx. 1974: 335; Engels: 203). A comunidade psíquica é um conceito científico que parte da tradição freudiana e vai além. Assim, a comunidade psíquica é aparelho psíquico (Freud) de Estado e tela gramatical ou de gosto (Hegel: 27, 47) na gramática hegeliana. A comunidade psíquica como aparelho de hegemonia [para o indivíduo e a multidão] do Estado barroco moderno aparece no século XVII. (Benjamin: 80). Assim, a gramática da estrutura de dominação/hegemonia aparece nessa conjuntura barroca. Recentemente uma outra gramática de dominação ideológica apareceu no Brasil:

“Um relevante fenômeno político na política mundial é a aliança da televisão com as Igrejas e as máfias capitalistas que controlam o futebol mundial. Trata-se do uso político das massas apolíticas religiosas e futebolísticas. Tais massas ocupam as cidades em situações como a Jornada Mundial da Juventude, em protestos evangélicos contra os direitos das minorias, em jogos de campeonato locais, nacionais, regionais e mundiais em um contraponto com as multidões políticas”. (Bandeira da Silveira. 2017: “Notas sobre a política mundial, parte 4).

Em 2024, o fenômeno supracitado aparece como parte da gramática da estrutura de dominação ideológica de Estado feudal, mafioso na comunidade psíquica, em muitos países. Houve uma internacionalização desse Estado mafioso bets e, assim, a internacionalização da comunidade psíquica mafiosa dos jogos de azar bets. 

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A comunidade psíquica do indivíduo e da multidão no campo visível e invisível mantém uma ideia d ser de Estado de entendimento que suporta uma articulação original do sensível e do sentido. A comunidade psíquica tem no aparelho de Estado sua legislação penal e poder de governo., segundo o princípio de realidade. E tem na tela de juízo, de gosto, o funcionamento segundo o princípio de prazer. São dis aspectos em contradição: o aparelho como aspecto dominante e a tla como aspecto dominado. A forma d governo da comunidade psíquica se estabelece pelo equilíbrio de força entre dominante e dominado, realidade e prazer. 

A psicanálise é a plurivocidade de gramática que articula e agencia o campo político da comunidade psíquica. A forma de governo é a gramática da estrutura de dominação/hegemonia que enfrenta a guerra feudal dos espectros ideológicos que procuram mudar a forma de governo. A forma de governo tirânica tem como fantasia estoica como fantástico, fantasma, que não é a fantasia real que consiste na modificação da alma produzida por um objeto real, que se manifesta a si mesma e a sua coisa: 

“’O fantástico é uma atração ao ar, uma modificação da alma que não é produzida por nenhum objeto da fantasia: é algo como o que sucede com aquele que luta com a sombra e lança a mão no vazio; porque a fantasia responde a um objeto da mesma; porém o fantástico não responde a nenhum objeto” (Elorduy: 36).

O fantasma não tem objeto na comunidade psíquica do indivíduo. A fantasia é um objeto real/externo, da realidade do campo político fora do indivíduo; a fantasia existe na comunidade psíquíca da multidão. A forma de governo do fantasma é virtual e a forma de governo da fantasia é atual em uma conjuntura ideológica e/ou gramatical.      

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O conceito puro de comum idade psíquica s desenvolve na aplicação de situações da realidade dos fatos empíricos no campo político histórico. Falo agora de uma comunidade psíquica governamental com o ministro dos Direitos Humanos como dramatis personae (Barthes: 44) no governo de Lula.

O ministro negro foi acusado pelo governo de assédio sexual a uma ministra negra [irmã da mártir Marielle Franco] e foi demitido sumariamente, sem direito à defesa. O presidente do STF diz que ele teria amplo direito de defesa e só então o tribunal faria justiça. A comunidade psíquica governamental em extensão inclui a imprensa de papel, audiovisual tradicional e Youtube, e as redes sociais digitais. Ataques ao ministro vieram de todos os lados e partes desde a grande imprensa à pequena imprensa lulista e/ou petista. A prática política dessa comunidade psíquica em tela fabricou uma imagem do ministro dos direitos humanos como um homem negro violador dos direitos individuais da mulher. Uma ONG feminista informou que o ministro havia assediado muitas mulheres. O bolsonaristas/fascistas falaram em mais de 500 mulheres.  

O movimento negro fala da violência sexual do senhor branco contra as jovens mulher negra durante a escravidão. Essa imagem cara a comunidade psíquica do negro foi a causa da guerra feudal por imagens que a grande imprensa ariana fez contra o ministro negro. Um antagonismo apareceu entre a comunidade psíquica da mulher e a comunidade psíquica do homem negro. Ora, a comunidade psíquica governamental e seus jornalistas fizeram da gramática da mulher a ideologia dominante do governo do PT. Uma deputada negra do PT substituiu o ministro negro que nunca foi do PT. Essa triste história biográfica ocorreu porque o governo quer fazer uma reforma ministerial e age maquiavelicamente.

A comunidade psíquica negra ainda não teve um hegemonikón ou eu político estoico (Elorduy: 26) que instaurasse a comunidade do negro como prática política no campo político conjuntural de 1988. O ministro é advogado e professor em São Paulo. um homem de grande eloquência que criou o conceito de <racismo estrutural> que parecia ser um instrumento intelectual da prática política do negro, quem sabe, para a eleição presidencial de 2026.

O affaire em causa faz da comunidade psíquica um fenômeno do visível e do invisível do campo político do ser do Estado lulista, o caso aparece como uma ideia do ser que permite pensar uma articulação do sensível e do sentido. (Barbaras: 17). O sensível foi vivido nas redes socais digitais como novela na qual há herói, vilão e violação da fêmea. O sentido se constitui na relação do tirano com o intelectual (Strauss: 38), tirano que tem a seu dispor a tecnologia do poder de governo e a gramática barroca da mulher como ideológica dominante do jornalismo. O problema da fé perceptiva da comunidade psíquica aparece em carne, osso e banho de sangue.

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Merleau-Ponty:

“Assim, parece que se abolem as antinomias da fé perceptiva; é bem verdade que per4cebemos a própria coisa, já que a coisa nada mais é do que aquilo que percebemos, não, porém, pelo poder oculto de nossos olhos: eles não são mais sujeito da visão, passaram para o n úmero de coisas vistas, e o que chamamos visão faz parte da potencia de pensar que atesta que esta aparência respondeu, segundo uma regra, aos movimentos dos olhos. A percepção é o pensamento de perceber quando é plena ou atual”. (Merleau-Ponty: 38-39).

Na ilusão de sujeito, o ver a coisa ou fenômenos é obra do intelectual como indivíduo, pessoa. Na ciência política materialista, o ver é aquele do gramatico do aparelho de contrahegemonia. Assim, o ex-ministro negro Silvio Almeida ocupara a posição de gramatico da COMUNIDADE PSIQUICA LINGUISTICA do negro. Silvio se tornou o gramático de fabricação de uma concepção política de mundo do dominado em uma contradição antagônica com o dominante branco burguês carioca e paulista, defensores da gramática ideológica falsa consciência de Gilberto Freyre da <democracia racial:

“Se, pois, atinge a própria coisa, é preciso dizer, sem contradição que é inteiramente um feito nosso e, de uma ponta à outra, como todos os nossos pensamentos. Aberta sobre a própria coisa, não deixa de ser menos nossa, porquanto a coisa é, doravante, o que pensamos ver – cogitatum ou noema. Não sai mais do círculo de nossos pensamentos do que a imaginação, também, ela pensamento de ver, mas pensamento que não procura o exercício, à prova, a plenitude, que se presume, portanto, a si mesma e só se pensa pela metade. Assim, o real se transforma no correlativo do pensamento, e o imaginário é3, no interior do mesmo domínio, o círculo estreito dos objetos ou fantasmas que não possuem consistência alguma, lugar próprio, desaparecendo ao sol do pensamento como vapores da manhã, não consistindo, entre o pensamento e o que ele pensa, mais do que em uma fina camada de impensado”;. 9Merleau-Ponty: 39).

A estrutura de dominação do dominante ariano transformou em vapores da manhã [os delírios vaporosos machadianos}, em fantasia real estoica do Negro colonial violador de mulher branca senhorial mudando a imagem verdadeira textualizada de Silvio como o gramática mestiça afro-brasileira do dominado.  O aparelho de hegemonia branco lançou Silvio para a superfície reprofunda heteróclita do monstro colonial. Trata-se de muda\r a fé perceptiva do próprio negro contra o negro de sucesso na universidade da elite paulista e na profissão liberal de advogado e de abalar a fé perceptiva em um gramatico mestiço afro-brasileiro do campo da democracia barroca da Constituição de 1988:

“A reflexão guarda tudo da da fé perceptiva: a convicção de que há qualquer coisa, que há mundo, a ideia de verdade, a ideia verdadeira dada. Simplesmente, essa bárbara convicção de ir ás próprias coisas – incompatível com o fato da ilusão – ela a reduz ao que pretende dizer ou significa converte-a em sua verdade, descobrindo aí a adequação e o consentimento do pensamento ao pensamento, a transparência do que penso pra mim que o penso. A existência bruta e prévia do mundo que acreditava encontrar já ali, abrindo os olhos, é apenas o símbolo de um ser que é para si logo que é, porque todo o seu ser é aparecer e, portanto, aparecer-se – e que se chama espirito”.(Merleau-Ponty: 39).

A concepção política brutalista (Souriau: 281) de mundo do dominante branco e seus aliados intelectuais assalariados governamentais negros ou mestiços procurou desintegrar a imagem textualizada do Silvio do conceito de <racismo estrutural>, conceito eidético que define a relação entre dominante ariano e as classes baixas populares mestiças afro-brasileiro da guerra barroca e da revolução barroca:

“Graças à conversão reflexionante, que só deixa subsistir diante do sujeito puro ideados, cogitata ou noemas, saímos, enfim, dos equívocos da fé perceptiva, que paradoxalmente, nos assegurava levar-nos ás próprias coisas, dando-nos acesso a elas por meio do corpo, que, portanto, nos abria para o mundo, fechando-nos na série de nossos acontecimentos privados”. (Merleau-Ponty: 39).

A estrutura de dominação da fé perceptiva da comunidade psíquica linguística do dominante branco quer persuadir a comunidade psíquica linguística negra que ela não é essa comunidade., poi, a comunidade linguística só existe na realidade pública do campo político do Estado  de entendimento dos jogos lúdicos de caligrafia: ao negro e negras reserva-se a pura vida privada:

“De agora em diante, tudo parece claro, a mistura de dogmatismo e de ceticismo, as convicções enevoadas da fé perceptiva são postas em dúvida, não mais creio ver com meus olhos coisas exteriores a mim que as vejo; são exteriores apenas ao meu corpo, não ao meu pensamento, que sobrevoa a ambos [...] entre fantasmas sem consistência e pensamentos confusos; não se pensa um pensamento de fora: por definição, o pensamento só se se pensa intrinsicamente”. (Merleau-Ponty: 39-40).

O pensamento imanente é a gramática que deve ser reconhecida e seguida:

“Poder-se-ia esboçar um quadro da ‘gramática normativa’ que opera espontaneamente em toda a sociedade determinada na medida em que ela tende a unificar-se, seja como território, seja como cultura, isto é, na medida que nela existe uma classe dirigente cuja função seja reconhecida e seguida”. (Gramsci. 1968: 169; 1977: 2342-43).

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Há uma analogia verossímil entre o gramático e o oráculo na experiencia política:

“Se a experiencia analítica se acha implicada, por receber seus títulos de nobreza do mito freudiano, é justamente por preservar a contundência da enunciação do oráculo e, eu diria ainda, porque a interpretação permanece sempre nesse mesmo nível. Ela só é verdadeira por seus efeitos, tal como o oráculo. A interpretação não é submetida à prova de uma verdade que se decida por sim ou não, mas desencadeia a verdade como tal. Só é verdadeira na medida em que é verdadeiramente seguida”. (Lacan. S. 18: 13).

O gramático pode se encontra na posição do auspício no campo político das relações técnicas de produção cibernéticas e suas telas cibernéticas:

Depois em chegando a Tarento, Sila oferece sacrifício aos deuses; vê na parte superior do fígado do bezerro, a imagem de cintilante coroa de ouro. Então, o auspicie Postúmio lhe explicou que a coroa significava insigne vitória e o mandou comer, sozinho, as entranhas do bezerro. Dali a pouco, um dos escravos de cer4to Lúcio Pôncio gritou, em tom de presságio:<sou mensageiro de Belona; a vitória é tua, Sila>. Em seguida, acrescentou que o Capitólio pegara fogo. Disse-o e no mesmo instante saiu do acampamento. No dia seguinte voltou mais espiritado, gritando que o Capitólio ardera. Realmente, o Capitólio fora presa de chamas. Para qualquer demônio isso era fácil de antever e anunciar com a máxima celeridade possível”. (St Agostinho. V. 1: 100-101).

St Agostinho crê na realidade sensível e na força de direito do auspício que diz ser do campo heteróclito da vida política da antiguidade.  Não seria uma fantasia estoico então um objeto real, externo, do campo político, mas um objeto natural da vida romana.

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O texto em seguida é do meu livro “Crítica da dialética barroca:

“O gramático-observador da cena política se encontra a uma certa distância da experiencia política. Todavia, a política é expressa conforme olhares mergulhados em situações concretas diversas, como já dito. O marxismo fala em olhares determinados pelas classes sociais do gramático-observador. Este pode também se encontrar mergulhado em uma situação concreta religiosa ou em um país etc.  

O olhar do observador é determinado, relativamente, pela situação concreta na qual, enfim, ele está imerso. Porém, o olhar do gramático-gramático é um olhar que implica o conhecimento das relações da tela com a experiencia dos fatos e artefatos.

O gramático pode ser o autor:

‘Um sábio autor, que encerra o máximo de realidade no mínimo de possível volumes. (Leibniz: 80).

A tela gramatical é um campo de força. A tela dá aos gramáticos a força deles:

‘É muito difícil distinguir as ações de Deus das ações das criaturas, pois há quem creia que Deus faz tudo, enquanto outros imaginam que conserva apenas a força que deu as criaturas’. (Leibniz: 82).

Um gramático político só pode começar por criação da tela e terminar por aniquilação de si pela própria tela gramatical:

‘que uma substância só poderá começar por criação, e só por aniquilamento perecer”. (Leibniz: 83).

Um gramático não se divide e em dois e dois não formam um; o número de gramáticos não aumenta nem diminui, embora possam se transformar:

‘não se dividir uma substância em duas, nem de duas se formar uma, e assim, naturalmente, o número de substâncias não aumenta ou diminui, embora frequentemente elas se transformem’. (Leibniz: 83).

A transformação do gramático pode ser ideológica ou gramatical”> (Bandeira da Silveira. 2023: cap 29, parte 3).      

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Padre Antônio Vieira foi o gramático da comunidade psíquica linguística jesuítica barroca. Sua presença sobre a cultura brasileira é enorme. Ele fez a gramática da Ave Maria barroca, gramática da Rosa mística, gramática do Rosário. O centro dom Bosco rezou o Rosário para Bolsonaro derrotar Lula na última eleição presidencial de 2022. O Centro dom Bosco é o rosário do século XX no campo política brasileiro.

Hoje, Maria Rosa aparece como aparelho de contrahegemonia da mulher. Ela é um fenômeno político importante na vida nacional. Assim, devemos falar da gramática de Maria:

“Para compreender a excelência, e alteza de qualquer Oração Vocal, nas mesmas vozes, ou palavras, de que é composta, se devem considerar três respeitos, ou três partes essenciais. O que se pede, a quem se pede, e por quem se pede: o quê, a quem, e por quem”. (Vieira: 43).

A tela verbal celestial jesuítica teve uma grande influencia na vida colonial. Ela chegou até a revolução guarani/jesuítica. (Lugon; Cap. 13). Ela gerou a gramática tupi-guarani que serviu para que o tupi se tornasse a língua geral da Colônia. Enfim, a comunidade psíquica linguística barroca foi parte das revoluções e guerras barrocas da história do Brasil.

O que se pede, a quem se pede, e por quem se pede. Se envia petição vocal a Jesus através de Maria, através da oração. Por quem se pede designa que o sujeito deve merecer a palavra da Ave Maria? Ora, o Rosário barroca fala de uma gramática de uma estrutura de dominação celestial:

“O Céu que vemos é o Céu da terra; o Céu onde está Deus é o Céu do Céu: Caelum Caeli Domino [SI 113, 24]. E isto é o que ponderava , e admirava Davi na voz da sua Oração: Voce mea ad Dominum clamavi, et exaudivit me de monte santo suo”. (Vieira: 45).

Maria é domina (Saraiva: 392-3), soberana na comunidade psíquica linguística barroca. Com Dominum, Maria é soberana, é proprietária da comunidade psíquica/linguística barroca. No Nordeste brasileiro colonial, Maria celestial é ersatz da Maria Madalena e, ao mesmo tempo, da Dona senhorial. O dominium de Maria Rosa barroca não é só para brancos senhores e senhoras; é um dominium para todos. Maria rosa é o fenômeno barroco:

‘O que é o fenômeno? Isso pode se anunciado formalmente aqui. Toda experiência – como o experimentar enquanto o que experimenta – pode ‘ser assumido no fenômeno, isto é, pode tornar-se questionável”.

“(1) Pelo <que> originário, o que é experimentado nele (conteúdo)”.

“(2) Pelo <como> originário, em que é experimentado (referência)”.

(3) Pelo <como> originário, no qual o sentido referencial é realizado (realização).”

“Essas três direções de sentido [sentido de conteúdo, de referência e de realização] não estão colocadas simplesmente umas ao lado das outras. <Fenômeno> é uma totalidade de sentido segundo essas três direções. A <fenomenologia>, que é a explicação desta totalidade de sentido , fornece o logos, dos fenômenos, logos em sentido de verbum internum (não no sentido de logicização”. (Heidegger.  2010: 58)

A gramática de Maria é o fenômeno celestial, fenômeno atemporal, ele é eidos, algo transcendental; assim, a comunidade psíquica linguística barroca se torna o universal da história da civilização política. A <fenomenologia> é gramática da tela verbum internum de sentido barroco da Ave Maria.  Orar o Rosario é uma porta aberta para a comunidade psíquica linguística barroca Tupi-Guarani, fenômeno que evoca a Semana de Arte Moderna de 1922:

‘Tupy, or not tupy that is the question”. (Teles:353).

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Há uma analogia possível entre o deus barroco e o deserto de Guimarães Rosa:

“Deus por Sua imensidade está em toda a parte, e não só conosco, senão em nós em qualquer lugar onde estivermos. Logo não é necessário invocar4 a Deus enquanto está no Céu, pois também O temos na terra; quanto mais que invocá-Lo no Céu parece que é afastarmos a Deus de nós, e orar de longe; quando fora mais conveniente, e mais conforme ao afeto da devoção fazê-lo de perto”. (Vieira: 46).

Rosa:

“Os gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniões... O sertão está em toda parte”. (Rosa:11).

Rosa fala do <sertão> é a superfície reprofunda do campo heteróclito em um contraponto ao espaço celestial de anjos, santos e arcanjos?

Digo:

‘O <Sertão> é o campo político do molecular, um buraco de minhoca da travessia das cr4iaturas da meia-noite, seres sem lei, sem nação, sem rei. O herói Riobaldo-narrador é uma criatura da meia-noite da linhagem de Caim? O Sertão de Rosa é um campo heteróclito? Os personagens do romance são monstruosos?”.

“Herói é a queda da realidade do gótico sertanejo no campo político barroco de treva e alumiação possível”. (Bandeira da Silveira. 2024: 26).

Vieira:

‘Digo que não é diferente o nosso ditame, senão o mesmo, que o de David. E porquê? Porque quanto o que ora se põe mais longe de Deus, tanto a sua Oração chega mais perto Dele. Põe-se a Oração, e o que ora diante de Deus . como  em duas balanças; e quanto o que ora mais se abate, e fica mais longe, tanto a Oração mais sobe, e chega mais perto; ele mais longe por reverência, e ela mais perto por aceitação “. (Vieira: 46).

Deus é o Outro na tela verbum internum. Orar perto da tela é sinal de não sujeição ao Um. A prática política do orar barroco deve ser feita na comunidade psíquica linguística a uma certa distância da tela gramatical transcendental. A prática política do orar gótico é um elevar-se para se aproximar do Céu dos céus. Ora, não se deve olhar nos olhos do Um. (Vieira:46). Por quê? O monarca feudal era um ersatz do Um e o presidente da república nas Américas é um ersatz de monarca feudal. O dizer santo [Lacan diz que o santo católico é barroco} é um dizer a partir do qual não se olha no olho do Um:

“’O que trago hoje para pregar , e o que haveis de ouvir’ (diz São Pedro Crisólogo) ‘é um caso, de que pasmam os anjos, de que assombra o Céu, de que tem medo a terra, de que se estremecem as carnes; é um caso, que não cabe nos ouvidos, que não alcançam os entendimentos, que não tem ombros para o suportar toda a máquina das criaturas, e que eu me não atrevo a dizer, nem posso calar’: Dicere non audeo, tacere non possum”. (Vieira: 48).

A tela gramatical transcendental parte do pressuposto saber celestial de que ela deve habitar uma região do cérebro humano. Considerando que a secularização moderna se mostrou indefesa diante da religião no século XXI, então, a que se discutir a tela religiosa na fcomunidade psíquica linguística das nações e povos e do Estado de entendimento dos jogos de caligrafia da quase quarta década do século XXI.      

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O leitor pode desconfiar que a aporia Lula/Sílvio Almeida é uma experiência de poder governamental subjetiva. Sigo a narrativa de Heidegger sobre como é o fenômeno. O fenômeno da guerra feudal experienciada como espetáculo digital por Lula e Silvio:

“A única diferença que fazemos entre o egóico e o não egóico é a seguinte: ‘O egóico é e tem o não egóico; o não egóico é meramente e não tem’ [...] Enquanto o egóico tem algo, pode tomar como ponto de partida para a situação aqui mesmo, pois o que é tido parece dar-se objetivamente”. (Heidegger. 2010: 82).

Lula é o egóico proprietário feudal do Estado governamental, do poder de governo. Silvio não é proprietário, é um sem propriedade do poder de governo. Esta é a situação da comunidade psíquica linguística governamental? Onde Silvio ocupava uma posição em um sentido estático/?

Heidegger:

“Na linguagem corrente, <situação> possui o sentido de estático em si; este sentido secundário deve ser eliminado. Igualmente, uma concepção <dinâmica> desconhece a situação na qual se concebe o complexo fenomenal como um fluir e fala-se de fluxo de fenômenos [...] O tempo da vida fática deve ser conquistado do complexo realizador da própria vida fática e, a partir dali, deve-se definir o caráter estático ou dinâmico da situação”. (Heidegger. 2010: 82).

A situação da gramática dos fenômenos de governo torna instável a posição de Silvio, e a dinâmica é a de sua queda no abismo do cancelamento do poder de governo e seus aparelhos ideológicos:

“Nós apreendemos a situação de modo puramente formal como unidade de uma pluralidade. O que perfaz sua unidade permanece indefinido, contudo, a situação não é uma região homogênea de relações. A estrutura da situação não transcorre em uma ou mais dimensões, mas de uma maneira totalmente diversa. Já o princípio de uma consideração fenomenológica como ordinária, e a tentativa de uma descrição temática fracassam diante do fenômeno mesmo. Deve-se voltar sempre de novo ao ponto de partida. O ponto de partida deve ser tomado a partir da relação de pertença do egóico. Pois o que é tido parece dar-se sempre como o que se ode caracterizar objetivamente: relação das pessoas com Paulo diante dele é tal como ele a tem”. (heidegger. 2010: 82).

O pondo de partida da situação da aporia é o poder de governo manejado pelo presidente da república. Poder de governo que pertence ao egóico. O egóico não é o hegemonikón estoico ou eu político como aparelho de hegemonia de um Estado de entendimento dos jogos de caligrafia. O egóico é um poder do brutalismo presidencialista. Há força de direito, referencialidade dos jogos feudais de guerra governamental, ancoragem na realidade política. Lula é a personificação em carne e osso da ditadura lulista.; Silvio um habitante do campo da ditadura do general Golbery do Estado militar liberal/mercantilista de 1964. Porém, Silvio aparece como possibilidade de ser carne e osso do campo democrático da Constituição de 1988 na eleição presidencial de 2026. No campo da ditadura fascista um certo Pablo Marçal já se apesenta como candidato do campo ditatorial-1964. Se Lula e Bolsonaro são o velho século XX, Silvio e Marçal já são o século XXI.      

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O Evangelho barroco do Rosário fala do tirano como do campo heteróclito da superfície reprofunda do campo político universa:

“Um Rei houve no mundo tão soberbo, e tão louco, que tudo isto quis para si. Quis a exaltação de seu nome, fazendo-se chamar Deus; quis a dilatação de seu Reino, tratando de o estender por todo o mundo; quis a execução universal de sua vontade, mandando que ela só, e nenhuma outra fosse obedecida. Já sabeis que falo de Nabucodonosor, mais que bruto quando entrou neste pensamento, que quando pastava no campo”. (Vieira: 53).

A forma de governo do presidencialismo americano gera um ersatz de Nabucodonosor?  Um presidente com formas ideológicas no cérebro do século XX e um Estado feudal territorial nuclear é a expressão da ditadura nas relações internacionais. O tirano cai em tentação de desejo de poder estatal infinito como sua afecção soberana; e Deus permite?

“E diz nomeadamente o apóstolo neste caso que Deus é fiel: Fidelis deus est; porque o contrário seria espécie de engano, e meter-nos Deus na cilada para cairmos nela. É verdade, como nota o mesmo São Paulo, que a nossa luta nas tentações não é de home a homem, senão de homens de carne, e sangue contra o poder, a astúcia dos espíritos das trevas: Non est nobis colluctatio adversus caenem, et sanguinem, sed adversus Principes, et Potestates tenebrarum barum contra spiritualia nequitiae [ Ef 6, , 12]. Mas para que possamos sair vencedores em uma guerra tão desigual, vede como iguala Deus os partidos, lhes modera a eles o excesso das forças, e as mede com as nossas”. (Vieira: 57-8).

O campo político do evangelho barroco é povoado por anjos e demônios e homens extraordinários em guerra feudal infinita?

Veira:

“Lutou com Jacó aquele Anjo, o qual Orígenes, e outros querem que fosse Anjo mau; mas pelo q1ue toca às tentações, tanto importa ser anjo, como Demônio, porque não são os mais feios os que mais tentam. O que faz ao nosso caso é que sendo Jacó homem, e o Anjo, com quem lutava, espírito, como pôde ser que pudesse resistir, e prevalecer contra ele? Muitos mil homens não têm parelha nas forças com um só Anjo, como se viu no exército dos Assírios, em que um só Anjo em uma noite matou mais de cento e oitenta mil homens. Pois se as forças de Jacó eram tão inferiores ás do Anjo, como lutou ele tão forte, e porfiadamente, e o apertou de tal sorte, que finalmente o venceu? A razão é: porque não permitiu Deus ao Anjo que usasse de todas as suas forças naturais, que tinha, mas somente em tal medida, e proporção, que Jacó com as suas lhe pudesse resistir, e prevalecer. Isto mesmo é o que diz São Paulo; non patietur vos tentari, supra id quod potestis”. (Vieira: 58).

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O Deus barroco é o poder com fenômeno incondicionado na relação de Deus com o homem, mulher, criança. É um poder ao qual o homem envia petições:

“Passando a segunda parte do nosso discurso, vejamos agora como a mesma voz, ou Oração Vocal do Rosário, não é menos alta, e altíssima pela alteza das petições, que nela fazemos. As do Padre-nosso, antes de chegar a Ave-Maria (em que fazemos uma só), são sete; e as três por onde começamos (para que as ponderemos por junto) muito notáveis. A primeira, Sanctifecetur nomen tuum, em que pedimos a Deus a santificação de Seu nome; a segunda, Adveniat Regnum tuum, em que pedimos a propagação universal do Seu Reino; a terceira, Fiat voluntas tua, sicut in Caelo, et in terra, em que pedimos a execução da Sua vontade tão inteiramente na terra, como no Céu. Mas estas petições, se bem se consideram, parece que o não são. Quem pede a Deus (como bem argui aqui São Gregório Nisseno) ou pede remédios de suas necessidades, ou o socorro de seus trabalhos, ou o aumento e conservação de seus bens, ou outra coisa, e para si. Mas nestas petições nada é nosso, nem nos pertence a nós; tudo é do mesmo dEus aquém pedimos: Nomem tuum, ‘o teu nome’.; ‘Regnum tuum’, ‘o Teu Reino’, ‘Voluntas tua’, a ‘Tua vontade’. Pois se tudo é Seu, e não nosso, se tudo pertence a Deus, e não a nós; porque Lho pedimos a Ele? Porque esta é a alteza altíssima da Oração Vocal do Rosário: Extollens vocem. O mais alto ponto, a que se pode levantar, e subir a oração humana, não é pedir a Deus para nós, é pedir a Deus para Deus”. (Vieira: 51-2).

A mulher ora a Maria para estabelecer o poder incondicionado de Deus sobre homens, mulheres e crianças. O poder de Deus que define a propriedade de tudo como sendo de Deus. Ora! para que o poder de Deus seja o fenômeno como o glorioso:

“porque a Oração perfeita, e perfeitíssima não é pedirmos nós para nós, é pedirmos a Deus para Deus. Pedirmos nós para nós é procurar os nossos interesses; pedirmos a Deus para Deus é solicitar a Sua glóris. E isto é o que fazemos nas primeiras três petições do Rosário. Se dizemos: Sanctificeteur; para a glória de Deus: Nomen tuum; se dizemos Adveniat; para a glória de Deus outra vez: Regnum tuum; se dizemos Fiat; para a glória de Deus do mesmo modo: Voluntas tua”. (Vieira: 52).                   

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O apóstolo Paulo estabeleceu a gramática do evangelho seguida pelo evangelho barroco da comunidade psíquica linguística luso-barroca nas Américas:

“Portanto, veremos como Paulo tem a comunidade em Tessalônica e como é isso. Ligaremos isso a um determinado momento do relato histórico-objetivo: [...] pela relação de Paulo com <poucos> que <se colocaram> a seu lado (...) [e alguns deles chegaram a convencer-se e se juntaram a Paulo]. Mantém-se esta relação histórico-objetivo ao voltar-se em direção à <situação>, e de modo é expressa a escrita da epístola? Nesta condição da comunidade (de alguns) também Paulo está incluído. Os tessalonicenses, aqueles que passaram a estar ao seu lado, Ele se coexperiencia a si mesmo necessariamente através deles”. (Heidegger. 2010: 83).

Paulo é o modelo universal da constituição do gramatico como ter-se-tornado gramático pela repetição gramatical de forma ideológica fundante de uma comunidade psíquica linguística:

“Nós colocamos formalmente a condição da relação de Paulo com os que se <colocaram ao seu lado>. Paulo experiencia os tessalonicenses através de duas determinações: 1) ele experiencia seu ter-se-tornado [Gewordensein]; 2) experiencia também que eles têm um saber do seu ter-se-tornado. Isto significa: seu ter-se-tornado é também um ter-se-tornado de Paulo. E por seu ter-se-tornado, Paulo é também conjuntamente atingido. A mostra concreta a partir da epístola é muito fácil. No curso da primeira Epístola aos Tessalonicenses chama a atenção o uso repetido de: 1) [ter-se-tornado] etc.; [sabeis], [lembrais} etc.. E seguindo, a repetição da mesma palavra parece superficial, mas devemos concebê-la na compreensão histórico-realizadora como uma tendência que não deixa de aflorar como motivo. Isso é algo distinto do que a repetição de um acontecimento natural”. (Heidegger. 2010: 83).

Trata-se de estabelecer tradição sagrada virtual no cérebro da comunidade psíquica linguística atemporal:

“O ter-se-tornado não é, pois, um acontecimento qualquer na vida, mas é coexperienciado continuamente de modo que seu ser no agora é seu ter-se-tornado. Seu ter-se-tornado é seu ser no agora presente. Podemos aprender isso de maneira mais precisa determinando melhor o ter-se-tornado. Pode-se explicitar este sentido a partir da epístola mesma? (Heidegger. 2010: 84).

O evangelho (Lacan. SW. 20: 32-33) revela o Marx ter-se-tornado o gramatico de um Estado que já não é um Estado tal como o conhecemos:

“O ter-se-tornado é entendido de tal modo que, ao aceitar, os que aceitam entram num nexo efetivo com Deus”.

“A passagem principal que aclara o contexto é 1,9-10. Trata-se de uma virada radical absoluta, de modo mais adequado, um voltar-se para Deus e um afastar-se dos ídolos. O absoluto voltar-se para dentro do sentido realizador da vida fática explicita-se em duas direções: [servindo} e {esperando}, um caminhar diante de Deus e em persistir”. (Heidegger. 2010; 84).

O ter-se-tornado gramático de uma comunidade psíquica linguística faz da Tela verbal/transcendental narrativa a realidade virtual de todo e qualquer campo político atemporal de uma comunidade psíquica linguística.        

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O Evangelho de Marx é o ter-se-tornado o gramático da comunidade psíquica linguística da espécie humana. O gramático do evangelho é autocriação da relação da tradição com uma nova gramática. A tradição é a plurivocidade de gramática como espectros ideológicos do passado no cérebro do homem:

“Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas pesa como Chumbo no cérebro dos vivos”. (Marx. 1974: 335).

Marx:

“De maneira idêntica, o principiante que aprende um novo idioma traduz sempre as palavras deste idioma para sua língua natal; mas, só quando puder manejá-lo sem apelar para o passado e esquecer sua própria língua no emprego da nova, terá assimilado o espírito desta última e poderá produzir livremente nela”. (Marx. 1974: 335).

Espírito da língua nova do século XXI é a tela verbal narrativa dos fenômenos da atualidade de uma nova conjuntura histórica.       

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Max Weber fez a gramática sociológica do gramático religioso. Trata-se de uma prática política religiosa exercida por homens em uma comunidade psíquica linguística de mulheres, crianças e homens:

“pode-se designar-se com o nome de <sacerdote> aos funcionários profissionais que influem nos <deuses> mediante a adoração, em oposição aos brujos, quem graças a meios mágicos, exercem uma coerção sobre os <demônios>, os conjuram. O conceito de sacerdote de um bom número de grandes religiões, inclusive a cristã, compreende precisamen te a qualificação mágica. Ou se chama <sacerdote> aos funcionários de uma <empresa> permanente, organizada segundo regras, para influir nos deuses, frente à apelação de caso em caso que se faz do mago. [...]. Ou se considera como decisivo no conceito de sacerdote o fato de que os funcionários, sejam hereditários ou colocados individualmente, estão a serviço ativo de uma associação, seja da classe que for, isto é, que são seus órgãos ou funcionários e suas práticas beneficiam a seus membros, não como no caso dos magos que exercem uma profissão livre”. (Weber: 345).

O sacerdote é um gramatico religioso de uma estrutura e dominação ideológica do homem. Ele é parte do aparelho de hegemonia de um Estado lógico religioso (Weber; 346), Estado cujo poder político é a racionalização das concepções políticas de mundo metafísicas. Seu poder político advém da tela verbal narrativa/metafísica da comunidade psíquica linguística de mulheres, crianças e homens.   

 O gramático religioso teve seu poder político abalado pela secularização da modernidade. No entanto, com o Estado feudal territorial, a comunidade religiosa emergiu do real da sociedade feudal de direitos religiosos do dominado na cena política das Américas:

“A melhor maneira de poder abarcar s diversas possibilidades de distinção, distinções que nunca são perfeitas, será considerar como nota essencial a adscrição de um círculo especial de pessoas a um culto regular, vinculado a certas normas, a certo tempo e lugar, e referido a determinada comunidade. Não há sacerdócio sem culto, porém, há  culto  sem um sacerdócio especial: assim na China onde os órgãos do Estado e o pater familiae cuidam do culto aos deuses reconhecidos oficialmente e aos espíritos dos antepassados”. (Weber: 346).

Cuidar dos espíritos do passado é cuidar das formas ideológicas espectrais na atualidade, é manter a continuidade entre passado, presente e futuro, dos espíritos dos que ainda vão nascer? Esse é o sentido de uma gramática de um horizonte, de espectros ideológicos do futuro.

O sacerdote é uma prática política de um Estado feudal de direitos do estamento religioso à mais-valia pública do Estado lacaniano feudal na terceira década do século XXI.

 

 

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