segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Aparelho de hegemonia - Estado quid juris/Estado quid facti

 

José Paulo 

 

O Estado lacaniano pode ser tomado como objeto da ciência política materialista, paraconsistente, por excelência:

“A classe dos notáveis exercia o poder administrativo do Estado lacaniano. Tal evento consiste na transformação da mais-valia privada em pública. A arquitetura, as artes plásticas, estradas, epitáfios etc. fazem do Estado lacaniano – um artefato político público-privado.”. (Bandeira da Silveira. 2022ª: cap. 12).

O que seria o aparelho de hegemonia do Estado lacaniano?

Lacan:

“Comecemos por distinguir o que chamarei, nesta ocasião, de as duas faces do saber – a face articulada e esse saber-fazer, tão aparentado ao saber animal, mas que no escravo não está absolutamente desprovido desse aparelho que faz dele uma rede de linguagem articuladas. Trata-se de perceber que isso, a segunda camada, o aparelho articulado, pode ser transmitido, o que quer dizer transmitido do bolso do escravo ao do senhor – se é que havia bolsos naquela época”. (Lacan. S. 17: 21).

Bem. o aparelho de hegemonia é um aparelho de redes de linguagem articulado:

“Está aí todo esforço de deslindamento do que se chama episteme. É uma palavra engraçada, não sei se vocês alguma vez refletiram bem sobre ela – colocar-se em boa posição, é em suma a mesma palavra que verstehen. Trata-se de encontrar a posição que permita que o saber se torne um saber de senhor. A função da episteme especificada como saber transmissível – remetam-se aos diálogos de Platão- é sempre tomada por inteiro das técnicas artesanais, quer dizer, dos servos. O que está em questão é extrair sua essência para que esse saber se torne um saber de senhor”. (Lacan. S. 17: 21).  

O aparelho de hegemonia é uma posição de senhor, do dominante, no Estado lacaniano. A episteme é a gramática da filosofia como ersatz da mitologia no campo político da imagem textualizada da Grécia antiga:

“Se a experiência analítica se acha implicada, por receber seus títulos de nobreza do mito edipiano, é justamente por preservar a contundência da enunciação do oráculo e, eu diria ainda, porque a interpretação permanece sempre nesse mesmo nível. Ela só é verdadeira por suas consequências, tal como o oráculo. A interpretação não é submetida à prova de uma verdade que se decida por sim ou não, mas desencadeia a verdade como tal. Só é verdadeira na medida em que é verdadeiramente seguida”. (Lacan. S. 18: 13).

O aparelho de hegemonia é criação de gramática a ser reconhecida e seguida. O conceito formal de aparelho de hegemonia é de Gramsci:

“Poder-se-ia esboçar um quadro de ‘gramática normativa’ que opera espontaneamente em toda sociedade determinada na medida em que ela tende a unificar-se, seja como território, seja como cultura, isto é, na medida em que nela existe uma classe dirigente cuja função seja reconhecida e seguida”. (Gramsci. 1968: 169).

Como é a estrutura e funcionamento do aparelho de hegemonia platônico?

Philonenko esclarece o funcionamento da gramática platônica transmissível para as massas:

“Enfin les mythes allégoriques seraient essentiellement des mythes fonctionnels; en ceux-ci Platon délelopperait des images propres à faire entendre as doctrine et, plutôt que de mythes, conviendrait de parler de symboles. Citons avec Frutiger: le mythe de Protagoras, celui de Cigales, de Teuth, de Gigés et allégorie de la Caverne, sans oublier, le mythe du Politique. Comme symboles fonctionnels, comme images fictives, (la cosmologie du Timée) et bien entendu aux mythes eschatologiques. C’est que – voilá la mailleure raison – ils sont susceptibles d’une justification conceptualle à l’intérieur de la dialectique”. (Philonenko: 48).    

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À tela cibernética corresponde um campo político digital e seu Estado virtual. Existe um campo de ideologias virtuais? O campo de ideologias da civilização política ocidental funciona por espectros ideológicos da tela metafísica. O Espectro homem (Marx e Engels: 179; Derrida. 1993:231) funda o campo de conhecimento do aparelho de hegemonia de Estado da antiguidade à época moderna. Marx e Engels fizeram a crítica da crítica da gramática do homem:

“Agora podemos descobrir o porquê de San Max intitula toda a primeira parte de sua obra ‘O Homem’ e apresenta toda sua história de magia, espectros e contos de cavalarias como a história ‘do homem’. As ideias e pensamentos dos homens eram, naturalmente, ideias e pensamentos acerca de si mesmos e de suas relações, a consciência que se formavam de si mesmos, dos homens, pois não era somente a consciência da persona individual, senão do indivíduo em conexão com toda a sociedade e da sociedade toda em que vivem. As condições, independentes deles mesmos, dentro das quais produziam sua vida, as formas necessárias de intercambio com elas relacionadas e as correspondentes relações pessoais e sociais tinham que revestir necessariamente, na medida em que se expressavam em pensamentos, a forma de condições e relações necessárias ideais, isto é, cobrar a expressão na consciência como determinações emanadas do conceito de homem, da essência humana, da natureza do homem, emanadas do homem mesmo. O que os homens eram, o que eram suas relações, aparecia na consciência como representação do homem, de seu modo de ser ou de suas mais precisas determinações conceituais. Uma vez que os ideólogos haviam dado por pressuposto que as ideias e os pensamentos dominavam toda a história anterior, que a história até então, uma vez que se havia imaginado que as relações reais se haviam ajustado sempre ao homem e a suas relações ideais, isto é, às determinações conceituais; uma vez que haviam convertido, em geral, a história da consciência dos homens a cerca de si mesmos no fundamento de sua história real , nada era mais fácil que designar a história da consciência, das ideias, do sagrado, das representações estabelecidas a história ‘do homem’ e fazer passar esta de contrabando como a história real”. (Marx e Engels: 211-12).

A tela cibernética acabou com a ilusão de significação de que a história real do campo digital e seu Estado virtual se expressa em um campo de ideologias tendo o fantasma do homem como referente. O problema é que o campo político cibernético cria e recria suas próprias formas de governo digitais do Estado virtual mundial. Há aqueles como Donald Trump e o juiz Barroso do STF, que querem desintegrar a gramática do campo político virtual e regressar para o século XX.

Paul de Man fez a história do espectro ideológico homem em Rousseau:

“O páthos dessas frases, sejam elas expressões de terror ou afirmação de exaltação profética, origina-se da indeterminação referencial da metáfora ‘homem’. o ‘quadro vivo’ antropológico é de fato uma ficção, intrigada diante de seu próprio significado suspenso. Ele retrata as paixões humanas [medo, piedade, amor, liberdade], mas todas essas paixões têm, por definição, a estrutura que se ilude a si mesma, familiar para nós a partir do ‘Segundo Discurso’, e que obriga ao desenvolvimento da narrativa de sua desconstrução”. Man: 224-25). 

As paixões têm como fonte da subjetividade as afecções da alma/corpo. O Estado virtual da audiência digital se dirige as afecções do ser humano digital do ente no campo político da tela cibernética. Como o homem e Deus não existem {existem como espectros ideológicos}, o campo das ideologias cibernéticas funcionam com outros espectros ainda não tornados visíveis pela ciência política materialista paraconsistente.   Outros fantasmas ideológicos regem a vida daqueles que vivem no campo das ideologias virtuais digitais:

“Assim como o ‘homem’, o ‘amor’ é uma figura que desfigura, uma metáfora que confere a ilusão de significado próprio a uma estrutura semântica suspensa e aberta. Na linguagem ingenuamente referencial das afeições, isso transforma o amor na sempre repetida quimera, no monstro de sua própria aberração, sempre orientado para o futuro de suas repetições, uma vez que o desfazimento da ilusão apena aguça a incerteza que criou a ilusão, em primeiro lugar”. (Man: 225). 

Uma forma de governo virtual interpela outros espectros como o ódio e a ira santa. Os espectros ideológicos de ira e de ódio se realizam sem ilusão de significado - ao contrário de amor e homem:

“Nessa mesma linguagem afetiva, o erro referencial é chamado de desejo, cuja voz pode ser ouvida ao longo de todos os escritos de Rousseau: ‘Tal é a nulidade de minhas quimeras que, se todos os meus sonhos se tivessem transformados em realidades, eu ainda permaneceria insatisfeito. Teria continuado a sonhar, a imaginar, a desejar. Encontrei em mim mesmo um inexplicável vazio que nada poderia ter preenchido, uma necessidade do coração na direção de um outro grau de preenchimento, o qual não pude conceber, mas pelo qual, no entanto, me sentia atraído’. (‘Cartas a Malescherbes’, em Ouevres completes, 1: 1140). O segundo prefácio diz o mesmo em termos levemente mais técnico, através do estabelecimento do elo com a dicção figurativa: ‘O amor é uma mera ilusão: ele cria, por assim dizer, outro Universo para si; rodeia-se de objetos que não existem ou que receberam sua existência unicamente do amor; e uma vez que afirma todos os seus sentimentos por meio de imagens, sua linguagem é sempre figurativa’ (2;46)”. (Man: 225).

Tendo como fonte pulsional a afecção, uma gramática do espectro ideológico existe pelo figurativo da imagem alegórica. Assim, o coração é alegoria de afecção da ilusão ideológica. transformar o sonho ideológico em realidade não é a satisfação de um desejo. Se a vida é sonho ideológico, o indivíduo e a multidão estarão sempre insatisfeitos. Na globalização cibernética, se constitui um Estado virtual cuja relação com a riqueza das nações é insaciável. Uma acumulação de riqueza monetária incomparável com a acumulação da riqueza nas mãos da burguesia nacional cria e recria personagens rousseaunianos da insatisfação infinita. Elon Musk é o exemplar mais acabada dessa espécie de personalidade virtual.

O Estado cibernético cria e recria suas próprias formas de governo virtual alegóricas. O elemento comum dessas formas de governos é a tirania como alegoria do rei, do soberano digital:

“Não é necessário grande prova de atenção ou de reflexão para perceber que há uma diferença essencial entre a tirania tal como os clássicos analisam e a tirania de nosso tempo. A tirania de hoje, ao contrário da tirania clássica, dispõe da <tecnologia> e da <ideologia>. De um modo mais geral, ela pressupõe a existência da <ciência>, isto é, de uma interpretação particular da ciência ou de uma certa ciência. Inversamente, a tirania clássica, ao contrário da tirania moderna, encontra-se em face dela, de fato ou virtualmente, como uma ciência que não tem por finalidade a <conquista da natureza>, que não quer ser nem vulgarizada nem generalizada”. (Strauss: 38).

A ciência de hoje se tornou capital cultural como propriedade de uma pequena burguesia do general intellect gramatical:

“Com  o general intelecto, o trabalho vai além da luta de classe em sua contradição com o capital, pois, o capital é subsumido ao trabalho na produção de riqueza nacional: subsunção cientifica do capital ao trabalho. Trata-se da derrota da burguesia pelo trabalho”. 9Bandeira da Silveira. 2022: cap. 9).  

A pequena burguesia do general intellect se tornou também a classe social a partir da qual as formas de governo virtual são fabricadas. Tudo leva a crer, que ela, inclusive é uma força histórica considerável na fabricação e conservação do Estado burguês-virtual mafioso. Tal fato ergue. inapelavelmente, o problema do Estado de Entendimento, ou como categoria ou conceito ontológico, ou como conceito ôntico na história da civilização política. (Heidegger: 144).

 Kant tem uma tábua de categorias muito útil para se pensar o Estado de Entendimento.         

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As categorias de relação e modalidade (Kant. 1970: 280). Da relação, há a reciprocidade, isto é, ação recíproca entre agente e paciente. Tomo o Estado como agente e a sociedade como paciente. Como conceito ontológico na civilização política temos o Estado lacaniano que assume formas de conceitos ónticos no Ocidente como Estado grego, romano, medieval e moderno. Na civilização asiática temos o Estado confucionista, por exemplo. Ainda como Estado ontico moderno temos o Estado burguês e na China do século XX o Estado feudal colonialista.

A modalidade é a outra categoria que opera como o par necessidade e contingência. Como o Estado lacaniano se define em relação à riqueza como mais-valia pública, ele é um Estado necessário. O Estado burguês [definido como aparelho de Estado e poder de Estado (Balibar:94)) é um Estado contingente. 

A categoria kantiana problematiza os conceitos da ciência política materialista/dialética de Lenin da gramática da análise concreta da situação concreta:

“Il va de soi qu’étant sur la base économique, la révolution en Russie est nécessairement une révolution bourgeoisie. Cette thèse du marxisme est absolument irréfutable. On ne droit jamais l’oublier, et elle doit être appliquée à tous les problèmes économiques et politiques de la révolution russe”. (Lenine. V. 3: 20).

Os conceitos leninistas são conceitos do aparelho de contra-hegemonia de Marx, Engels e do partido socialdemocrata europeu. Revolução burguesa é um conceito ideológico conjuntural da época do capital capitalista. Não se trata de uma categoria gramatical da civilização política. Tanto assim que com “As Teses de abril de 2017, Lenin alterou o primado da revolução burguesa para revolução proletária em uma Rússia dominada por um esdruxulo Estado feudal-burguês com uma forma de governo liberal política:   

“Mais il savoir l’appliquer. Pour savoir ce que signifie exactement cette vérirté quand elle est appliquée à tel ou tel problème, il est indispensable de procéder à une analyse concrète de la situation et des intérets des différentes classes. Chez les social-démocrates de droit, qui ont Plékhanov à leur tête, on reencontre três souvent  le mode de raisonnement inverse; quand ils se trouvent confrontés à une problème concret, ils ont tendence á croire qu’il suffit de développer logiquement cette vérité génerale sur le caractère essentiel de notre révolution pour trouver la réponse [...] ses gens en arrivent à conclure que le rôle dirigeant dans la révolution revient á la <bourgeoisie>, et que les socialistes doivent soutenir les libéraux. Marx aurait sans doute repris á leur props ces mots de Heine, qu’il avait déjà cités: ‘J’ai semé des dents de dragon, et j’ai récolté des puces’”. (Lenine. V. 3: 20).

Lenin fala de uma gramática com a política no comando da sociedade classes, uma invenção de sua ciência política dialética contra o economicismo da socialdemocracia russa. O Estado é o agente necessário e a sociedade o paciente contingente, em uma Rússia com um Estado tzarista feudal poderoso e uma sociedade de classe urbanas gelatinosa, infralógica.

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Há plurivocidade de Estado no aparelho de Estado; há plurivocidade de Estado na tela do celular; há plurivocidade de Estado kantiano:

‘O entendimento é a faculdade das regras”. (Kant. 2009: 106).

O Estado-lógico de entendimento é um conceito ontológico da ciência política de Estado na história da civilização política:

“O entendimento, o juízo e a razão são divisões das faculdades superiores do conhecimento que correspondem, exatamente, ao plano da construção lógica geral. Essa ciência trata, portanto, em sua analítica, de conceitos, juízos e raciocínios, comumente compreendidos, de acordo com as funções e a ordem dessas faculdades do espírito, sob a dominação de entendimento”. (Kant. 2009: 105).

O Estado é o espírito da lei, é tela gramatical do Quid juris e, também é aparelho de Estado quid facti. (Kant. 2009: 77). O Estado quid juris é estabelecido como Constituição. Opero com a Constituição de 1988 brasileira, por ser um artefato original. O Estado quid juris é aquele da Constituição-88 no campo político conjuntural que começa em 1988. Ainda estamos nele, apesar de toda a destruição da Constituição promovida pelos parlamentos do regime de 1988, isto é, pelo Estado facti/88.

A história da conjuntura-88 é aquela contradição entre o Estado quid juris barroco e o Estado quid facti grotesco:

“o barroco tem como critério operativo a dobra, ‘em toda sua compreensão e sua extensão: dobra segundo a dobra’ (Deleuze, p. 47). Na arquitetura, pintura, música, poesia e filosofia, haveria uma ‘linha’ barroca definida pela dobra, por uma inflexão in finita, inteligível como, por exemplo, uma cisão que ‘relança um pelo outro os termos cindidos’ – entre exterior e interior, alto e baixo, matéria e força”.

O Estado barroco quid juris-88 vive a contradição como o Estado quid facti grotesco, este como simulacro de simulação (Baudrillard.1981: 177) de Estado quid juris da oligarquia política rural:

“O grotesco, entretanto, não vige no empenho de restauração da razão clássica, como a música barroca, que resolve por acoedes, harmoniosamente, as dissonâncias ou as divergências melódicas. Não se pauta ademais por uma moral que oriente a consciência na direção do progresso ou que encontre razões para afirmar como ‘melhor’ o mundo criado pelo Deus cristão”. (Sodré: 108).

John Rawls descortinou o Estado lógico de Entendimento barroco/iluminista kantiano. O Estado constitucional-88 é, virtualmente, um Estado quid juris barroco/iluminista:

“Se Kant tivesse morrido em meados da década de 1760 ou na de 1770, talvez ainda fosse conhecido pelos historiadores da filosofia como figura menor, embora interessante, e muito influenciado por Leibniz. A razão para tratarmos de Leibniz é que, embora Kant tenha ido além dessas influências e desenvolvido suas próprias teorias, permanece o fato de que as ideias de Leibniz, com frequência, conformam a doutrina madura e Kant de maneira surpreendente e sútil”. (Rawls. 2005: 121-22; Bandeira da Silveira. 2024:380).

O Estado quid juris-88 é uma obra-de-arte barroco/iluminista kantiana, que o parlamento do Estado quid facti grotesco procurou rasgar até a obra constitucional-88 deixar de ser o Estado barroco/iluminista do dominado. O Estado empírico-88 estabeleceu um campo heteróclito com o Estado burguês mafioso de exceção contingente, Estado não deduzível da realidade transcendental como o conceito ontológico Estado lacaniano:

“Eu a diferencio da dedução empírica, que mostra a maneira como um conceito foi adquirido mediante experiencia e reflexão sobre ela [...]”. (Kant. 2009: 78).    

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Na tela lógica kantiana do entendimento, há o aparelho de Estado virtual quid juris ontológico e o aparelho de Estado territorial quid facti empírico. O primeiro aparelho detém o monopólio legítimo racional da coerção pública da legislação penal; o segundo aparelho usa a violência ilegitimamente, de modo infralógico sobre as classes baixas periodicamente; o juiz Flávio Dino do STF é o comandante da pratica política lógica do Estado quid juris; o governador de São Paulo é o chefe do Estado quid facti da direita em todo o território nacional.

A coação do aparelho de Estado se transformou com o Estado virtual mundial das relações técnicas de produção cibernéticas. Uma violência grotesca das redes de poder cibernéticas do aparelho de Estado facti virtual pode ser catastrófica para os países. Elon Musk aparece como o chefe do Estado virtual facti mundial, Ele confronta países que ele considera que não têm soberania estatal, com o Brasil. Musk é um efeito da revolução mafiosa da classe dominante virtual facti. Há também uma revolução mafiosa das classes baixas de países subdesenvolvidos. O subdesenvolvimento é uma força empírica , força quis facti de criação e recriação do campo subpolítico heteróclito. Tanto a revolução mafiosa pelo alto como a revolução mafiosa dos de baixo criam e reproduzem um campo diabólico (Godin:732) na formação social virtual e na formação social territorial.    

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Hegel fala do ser do Étant (Heidegger. 1953:98):

“Lorsque la philosophie peint as grisaille dans la grisaille, une manifestation de l avie achève de vieillir. On ne peut pas la rajeunir avec du gris sur du gris, mais seulement la connaître. Ce n’est qu’ua début du crépuscule qur la chouette de Minerve prend son vol”. (Hegel. 1940: 45) 

A relação entre narrativa e ficção torna possível o texto como ser do étant do campo político:

“Enquanto construção imaginária, o relato de ficção implica a criação de mundos, parecidos ou não com a realidade efetiva, porém, em qualquer caso, mundos alternativos ao mundo objetivo, sustentados na realidade [interna ou externa], e cuja existência torna possível o texto”. (Domingues:29).

O aparelho de contrahegemonia usa a imaginação intuitiva da narrativa de ficção para fabricar a verdade como estrutura de ficção (Lacan. S. 16: 186) da realidade do campo político textual. Na soberania popular, a relação entre representante e representado tem sua verdade como estrutura de ficção:

 “Como no uso jurídico da linguagem os interesses são mais ou menos idênticos com a vontade, presumindo-se que aquilo que um indivíduo <quer> é do seu interesse, acredita-se encontrar a essência da representação no fato de a vontade do representante ser a vontade do representado, acredita-se que o representante através da sua atuação, não realiza a sua própria vontade, mas a vontade do representado. Isto é pura ficção”. (Kelsen: 315).

Com a soberania da audiência do digital, a relação entre representante e representado se mostra diferente daquela relação da soberania popular. Esta é ficção de uma cultura política existente na relação representante e representado, isto é, é ficção amorosa, ou seja, futuro de uma ilusão. A ficção digital estabelece a relação entre o aparecer digital do representante como o campo das afecções do representado: ódio, ira santa, <pulsão de morte grotesca> etc. Assim, a democracia da soberania popular é determinada não pela cultura política e sim pelas relações técnicas de produção cibernéticas no Estado virtual/territorial do dominado digital. Obama diz que políticos e algoritmos mafiosos são extremante perigosos para a vida da democracia. A Inteligência artificial mafiosa é a arma do Estado burguês virtual mafioso contra a liberdade de competição na política democrática eleitoral. Assim, o campo político se torna ditadura eletiva, pois, as classes dominantes só podem decidir quem irá governar, de quatro em quatro anos. através do voto. O campo político é materialista e paraconsistente inapelavelmente.

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Fredric Jameson lançou uma luz lunar na prática política pós-modernista:

“Mas não é menos verdadeiro que ‘micropolítica’, que corresponde à emergência de uma grande variedade de práticas políticas de pequenos grupos, sem base em classe social, é um fenômeno profundamente pós-moderno, ou então a palavra não tem nenhum significado que se preze”. (Jameson: 322).

Comparados às classes socais, os pequenos grupos identitários introduzem a relação entre direito positivo e direito natural no Estado pós-modernista feudal do dominado:

“Socrate, dit-on, fut le premier à faire redescendre sur terre la philosophie; le premier, il la fit enquêter sur la vie et les usages, les choses bonnes et les choses mauvaises. En somme, c’est lui qui aurait été le fondadeur d la philosohie politique. Dans la mesure où cette assertion est exate, il est à la origine de tout la tradition du droit naturel. Par doctrine classique du droit naturel, on peut entendre la doctrine qui fut créée par Socrate et développée par Platon, Aristote, ls Stoiciens et les théologiens Chrétiens [spécialement sain Thomas d’Aquin]. Il faut la distinguer de la doctrine moderne du droit naturel qui apparut au cours du VII° siècle”. (Strauss: 115).

Engels e Marx transformaram o direito natural em uma forma ideológica como espectro cerebral da prática política, então:

“O pluralismo é, então, a ideologia de grupos, um conjunto de representações fantasmáticas que triangulam três pseudoconceitos fundamentais: democracia, mídia e mercado. Essa ideologia não pode, todavia, ser modelada e analisada de forma adequada, a menos que se perceba que suas condições de possibilidade são mudanças sociais reais [nas quais os ‘grupos’ desempenham agora um papel mais significativo] e sem que se marque e especifique a determinação histórica do próprio conceito ideológico de grupo [bem diferente daquele do período de Freud ou de LeBon, por exemplo, e muito menos do conceito revolucionário mais antigo de ‘malta’]. O problema, como disse Marx, é que ‘o sujeito [...] é dado, tanto na realidade quanto na mente, e que, portanto, as categorias expressam formas de ser, determinações da existência – e, ás vezes, apenas aspectos individuais – dessa sociedade, desse sujeito, e, desse modo, até do ponto de vista científico, ele não começa de jeito nenhum no momento em que é discutido pela primeira vez como tal”. (Jameson: 323).     

A prática política pós-modernista é aquela do Estado na TV, cinema americano, vídeo experimental. Com o fim da época pós-modernista uma revolução mafiosa virtual tomou conta da cena política mundial. Assim, um hegemonikon mafioso [personificado por Elon Musk] tenta gerir o Estado territorial/digitalizado:

“Durkheim fala do Estado como prática de conhecimento:

‘Quando o Estado pensa e decide, não cabe dizer que é a sociedade que pensa e se decide por ele, e sim que ele pensa e decide por ela’. (Durkheim: 46).

Ora Elon Musk não é a sociedade do capital capitalista contra Estado nacional territorial, como pensam os cientistas políticos universitários e jornalistas. Ele é o governo de um Estado revolucionário mafioso virtual das relações técnicas de produção cibernéticas:

“Durkheim diz que o Estado tem vida psíquica. Aí temos uma analogia provável com a gramática do estoicismo:

‘[...] hegemonikon e eu são coisa idêntica’. (Elorduy:26).

“O Estado pode funcionar como hegemonikon ou eu político no campo político/estético. Ele pode ser, ou eu clássico scmittiano, ou o eu filósofo-rei, eu cesarista”. (Bandeira da Silveira. 2012b: cap. 4).

Elon Musk é considerado um gênio nos EUA e Canadá. Ele parece se encontrar muito próximo do filosofo-rei [César digital] do Estado virtual feudal mafioso da atualidade.

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Donald Trump quer desintegrar a gramática do campo político americano. Sua aliança com Elon Musk indica que Trump quer acoplar o Estado territorial burguês estadunidense ao Estado virtual feudal de Musk. Assim, Musk leva uma vantagem sobre o governo territorial, pois, o problema da lógica da prática política virtual cibernética é ininteligível para a ciência política universitária. Para começar a ver o problema lógico, a prática política virtual digital é agência ou sistema?

Jameson;

“Mas talvez essa alternativa – agência ou sistema – seja apenas o velho dilema do marxismo – voluntarismo ou determinismo – envolto em um novo material teórico. Penso que se trata exatamente disso, mas esse dilema não é exclusivamente marxista, nem seu reaparecimento é especialmente humilhante ou vergonhosos para a tradição marxista, uma vez que os limites conceituais que são assim desvelados parecem mais próximos dos limites kantianos da mente humana”. (Jameson: 329).

A prática política virtual é sistema cibernético ou agenciamento digital? Qual o grau de voluntarismo ou determinismo nela. A prática política virtual existe nos limites kantianos da mente humana, ou seja, no cérebro humano? A gramática do cérebro é ditatorial [determinismo] ou democrática [voluntarismo da forma de governo] como prática política?

Edgar Morin:

“o mais extraordinário é constatar que o cérebro, que nos prece ser o governante autocrático do organismo, é, como diz Von Foerster, um  <órgão democrático>> não há um centro de comando, mas uma federação de regiões cada uma das quais dispõe de sua relativa autonomia. Tudo se produz e se decide por <assembleias> de neurônios> (Morin: 88).

Jameson:

No próprio Kant, claramente, tal ‘versão anterior’ é dada pela suposição e coexistência dos dois mundos paralelos dos númenos e dos fenômenos, que rigorosamente parecem ocupar o mesmo espaço, mas dos quais (como as ondas ou as partículas) apenas um pode ser ‘intentado’ pela mente em um dado momento. Assim, em Kant, a liberdade e a causalidade encenam uma dialética totalmente comparável a essa de agência e sistema, ou – nos termos de sua versão prática e política ou ideológica – voluntarismo versus determinismo. Pois o mundo fenomenal em Kant é ‘determinado, pelo menos na medida em que nele as leis da causalidade reinam supremas e não admitem nenhuma exceção. E a própria liberdade não seria exatamente uma exceção, uma vez que evoca um tipo de inteligibilidade completamente diferente e simplesmente não é computada no interior do sistema causal, nem mesmo como uma inversão ou negação deste último”. (Jameson: 329).

Liberdade e determinismo são os dois aspectos do campo materialista paraconsistente na prática política. O século do barroco é aquele da fabricação da prática política moderna. O Estado mercantilista barroco encontra-se como um modelo de prática política que é compulsão à repetição para além da época moderna:   

“’A segunda face da questão, de uma importância ainda maior, deve ser buscada nas necessidades da navegação...No mar, especialmente, a determinação das coordenadas geográficas, a determinação do ‘ponto’ é fundamental e sem ela nenhuma viagem longe das costas pode ser empreendida com alguma segurança. Se a determinação da latitude é facilitada pela observação do Sol ou da Polar, a observação da longitude é muito mais difícil’...Ela ‘exige o conhecimento da hora de um meridiano de origem. Essa hora, portanto, é preciso levá-la consigo, é preciso conservá-la precisamente. É preciso, portanto, possuir um ‘guarda-tempo’ no qual se possa confiar’. ‘Os dois problemas da medida e da conservação do tempo estão naturalmente ligados de maneira íntima. O primeiro foi resolvido por Galileu e Huygens utilizando o pêndulo. O segundo, especialmente mais difícil... recebeu uma solução perfeita – pelo menos em princípio – pela invenção, devida a Huygens, do sistema balancim-espiral”. (Koyré: 284).

O problema consiste na relação das relações técnicas de produção como tempo no Estado mercantilista/barroco, que, através do capital mercantil criou e recriou do modo de produção escravista/colonial nas Américas do ouro e da prata. Tal navegação está na origem da acumulação ´primitiva de capital europeu que é uma etapa para a produção e recriação do capital capitalista do século XIX. O modo de produção capitalista é a sociedade burguesa como sistema no comando da economia, política e cultura. O sistema do capital criou [em um determinismo causal do capital] a sociedade classes sociais e o Estado burguês como aparelho de Estado e poder de Estado.    

Um outro problema do tempo político universal barroco é aquele do campo político pacífico territorial do Estado mercantilista barroco, que não pode ser o tempo louco shakespeariano: <The time is out of joint> (Derrida: 42)):

“De toutes les périodes de l’histoire européenne qui furent divisées ou déchirées au plus profond d’elles-mêmes, le baroque est la seule qui soit tombée dans une époque de domination absolue du christianieme. La voie médiévale de la révolte qu’était l’hérésie lui état barrée; en partie parce que le christianisme affirmait avec force son autorité, mais surtout parce que le ferveur d’une nouvelle volonté séculière ne pouvait s’exprimer, si peu que ce fût, dans les nuances hétérodoxes de la doctrine ou de la morale. Puisque de cette façon n ila revolte, n ila soumission ne pouvaient se réaliser dans la religion, les forces de l’époque se concentrèrent sur une révolution totale du contenu existentiel de la vie, tout en gardant les formes de l’osthodoxie de l’Eglise”. (Benjamin: 80).      

 O Aparelho de hegemonia cristão do Estado barroco significa a pacificação do campo político do Estado mercantilista da civilização política europeia pós-medieval.   

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Edgar Morin criou o conceito materialista paraconsistente de cérebro. Ele fala das gramáticas do cérebro que se desenvolvem na história da civilização política de milênios:

“Pode, pois, dizer-se que os múltiplos modos de conhecimento e de conhecimento por analogia são inerentes a toda a atividade cognitiva e a todo o pensamento. Mais ainda: o espírito não se limita a servir-se de analogia; o fim da prática cognitiva é <simular> o real percebido construindo um analogon mental [a representação], e simular o real, concebido elaborando um analogon ideal [teoria]. Nestas condições, a analogia, que nos aparece no início e no termo do conhecimento, é ao mesmo tempo o seu meio e o seu fim”. (Morin: 140).

O Estado lógico disputa a soberania [nas gramáticas do cérebro] no campo político cerebral com o Estado analógico narrativo:

“Enfim, o pensamento humano impõe às percepções e aos discursos a alternativa lógica permanente do verdadeiro e do falso. É com a linguagem que aparece e funciona sem parar o machado lógico inexorável da contradição, sempre pronto para eliminar as analogias impertinentes, e que, justamente, faz falta ao funcionamento analógico do pensamento. Correlativamente, o princípio da identidade obriga-nos a distinguir, ou mesmo a disjuntar o que não é semelhante, e não idêntico. Mais, amplamente, introduzindo as suas exigências de coerência no pensamento, a lógica ou desfaz a analogia ou a arregimenta no raciocínio”. (Morin: 140-141).

O campo político das gramáticas do cérebro acolhe o semelhante, o dissemelhante e a contradição, o heterogêneo, o heteróclito, o gótico, o barroco, o grotesco na sua forma ideológica/democrática de governo. A monarquia parlamentarista constitucional virtual/territorial é a Forma de Estado das gramáticas do cérebro humano. O cérebro não é um campo político anárquico, ele necessita do Um para funcionar. (Narbonne: 62-63).

“Assim, os princípios/regras que organizam o conhecimento humano instituem, ao nível cerebral e ao nível mental/espiritual, uma dialógica cooperativa digital/analógica. Esta dupla dialógica é de natureza complexa, isto é, as relações entre por um lado o digital e o lógico, e por outro lado o analógico, são não só, complementares, mas também concorrentes a antagonistas”. (Morin: 41).

Espectros ideológicos dos jogos caligráficos de Matisse (Foucault:31, 34, 35) são o passado do século XX que pesam como chumbo no cérebro dos vivos na terceira década do século XXI:

“Os homens fazem sua história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos. (Marx. 1974: 335).

Marx fez o conceito de gramática de modo claro, cristalino:

“De maneira idêntica, o principiante que aprende um novo idioma traduz sempre as palavras deste idioma para sua língua natal; mas só quando puder manejá-lo sem apelar para o passado e esquecer a própria língua no emprego da nova, terá assimilado o espírito desta última e poderá criar e recriar, produzir e reproduzir, livremente nela”. (Marx. 1974: 335).  

Os homens e mulheres do século XXI traduzem o campo política textual desse século pelas formas ideológicas cerebraias do século XX. Eles traduzem as gramáticas realmente existentes do século XXI a partir das formas ideológicas do século XX. Gramaticalizar o <espírito> da língua do século XXI significa se navegar nas telas gramaticais [e em suas formas ideológicas] do além da época posmodernista. 

 

 

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