sábado, 23 de fevereiro de 2019

GUERRA – QUESTÃO PRÁTICA DE ESTADO?



José Paulo

A intenção de fazer guerra a Venezuela foi anunciada por Donald Trump. A Venezuela já se tornou uma questão prática da política americana. Trump diz que a situação colapsada da Venezuela se deve ao socialismo do século XXI de Maduro.

Trump quer usar Maduro para fazer política interna. Ele diz que o partido democrata encontra-se dominado pelo socialismo e assim faz parelha com o socialismo de Maduro. O delírio psicótico da extrema-direita (América socialista) de Trump se ancora na realidade dos fatos ao internalizar a catástrofe venezuelana. Trata-se de um retorno à Guerra Fria?

A Guerra Fria foi um fenômeno de uma história natural do conflito EUA versus URSS. Hoje, Trump a recria como um delírio da história política artificial do século XXI.  

O governo brasileiro parece querer abrir um front contra a Venezuela no Norte do país? Por quê o faria?

Bolsonaro encontra-se em uma camisa de onze varas com acusações (na imprensa) de corrupção da família e de envolvimento da família em assassinato político. O conflito de Bolsonaro com o presidente de seu partido (PSL) conturbou a relação do governo com o Congresso. É possível usar a guerra para desfazer o imbróglio político que põe a imprensa e parte do Congresso contra Bolsonaro?

Seria útil Bolsonaro decretar a guerra contra Maduro? O objetivo estratégico da guerra seria a queda de Maduro. O cenário da guerra incluiria a invasão da Venezuela para derrubar Maduro ou a guerra perderia seu sentido. No entanto, o principal consistiria no governo poder usar o Art. 137 do estado de sítio.

II – Declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
O governo precisa solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio. Seria uma oportunidade de ouro para o governo construir um bloco formal parlamentar situacionista.

V – Busca e apreensão em domicilio.

A esquerda legal diz que o governo está usando a Okhrana (policia secreta) para levantar a identidade do maior número possível dos cidadãos de esquerda e comunistas sem partido. O inciso V é a porta aberta para uma repressão en massa da oposição ideológica e real ao governo de extrema-direita.  

VI – Intervenção nas empresas de serviços públicos.

Tal intervenção pode ser usada para desorganizar a burocracia estatal anti-governo promovendo um caça as bruxas.  

III – Restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, `prestação de informações e à liberdade imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei.

 Governo pode interpretar a lei autoritariamente e por um fim na liberdade expressão.
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas casas legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.

Se a liberdade de opinião dos parlamentares é vigiada pelos presidentes das Casas,  a liberdade de expressão no mundo cyber pode ser restringido pelo estado de exceção.

A guerra contra Maduro só acabaria com a deposição deste. O teatro da guerra é hoje ainda indeterminado. A guerra pode ter um tempo de duração que permita a Donald Trump usá-la para caracterizar seu delírio supracitado como factual para uso na eleição presidencial americana próxima. O governo brasileiro seria beneficiado por essa extensão da guerra, pois, governaria com o estado de exceção.

1° - o estado de sítio, no caso do artigo 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no caso do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.

O estado de exceção permanente não parece ser uma possibilidade para um governo com uma forte facção de generais no comando do aparelho de Estado e do poder de Estado?

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