domingo, 19 de agosto de 2018

ELEIÇÃO 2018 E PETRÓLEO


josé paulo 



A economia mundial fóssil encontra-se no comando das economias dos países produtores e consumidores de energia petrolífera. A contradição econômica entre países produtores e países consumidores de energia fóssil vai estabelecer o território objetivo das relações internacionais como lutas e conflitos da primeira metade do século XXI.

As reservas de petróleo são um dado geoestratégico da história universal do mundo contemporâneo. Os países petrolíferos ocupam um lugar privilegiado na política mundial da atualidade.  O Brasil aparece como um dos países com reservas petrolíferas a serem exploradas pelas corporações capitalistas mundiais. O futuro econômico do Brasil parece ser o de uma nação mercantil neocolonial de commodities fóssil.

O que se disputa nas eleições 2008 é a posse do poder político (governo composto pela presidência da República e o Congresso nacional) que irá governar a nação petrolífera e/ou fóssil.

O Brasil não tem partidos políticos, e sim poderosas facções políticas. A eleição petrolífera é o espaço de uma luta (e conflitos velados), onde o controle do poder político significa aprofundamento do “privatismo capitalista” desenfreado e desordenado (privatização sem limite dos recursos naturais, econômicos e humanos).      

A luta das facções políticas que pretendia reservar a renda da extração do petróleo para setores sociais (do Estado social) torna o Estado social um alvo da geopolítica da luta faccional no Brasil. A geopolítica privatista capitalista petrolífera nacionalizada significa uma geopolítica capitalista no lugar da geopolítica do Estado-nação.

A contradição principal geopolítica não é mais a expansão das fronteiras geográficas dos Estado-nações. A contradição principal é aquela entre a apropriação e uso da renda do petróleo pelas facções política, econômica, dos mass media e o uso da renda petrolífera para a construção de uma sociedade nacional, que exige um Estado ampliado com investimento em escola, universidade, cultura, saúde do povo, engenharia de infraestrutura para exploração e consumo de água e esgoto e comunicação via transportes etc.

Convenientemente, as poderosas facções políticas eleitorais não debatem a questão do petróleo relacionando-o à construção da sociedade nacional. Não debatem o problema da desindustrialização nacional. Este tema é muito difícil de ser abordado claramente considerando o nível cultural e consciência do eleitor brasileiro?

A gramática do regime de acumulação capitalista mundial estabeleceu a desindustrialização dos países como Brasil, Argentina, México, EUA, Europa etc. e a revolução industrial do século XXI em países como China e Índia. China e Índia são dois imensos consumidores de petróleo pelo andar da carruagem da economia mundial da atualidade.

Porém, Donald Trump resolveu mudar tal geoeconomia com a tentativa atabalhoada de reindustrialização da América. Obama já pôs os EUA como um dos grandes produtores de petróleo. OS EUA não dependem mais, de um modo absoluto, da OPEP para o seu abastecimento industrial e de consumo da sociedade. De qualquer modo, a política industrial de Trump faz dos EUA um consumidor ávido de petróleo fora do poder da OPEP. Assim, o Brasil entra na narrativa americana como produtor de petróleo geoestratégico para os EUA. Recentemente, a facção americana do setor de defesa veio ao Brasil para estabelecer laços gramaticais com facções política, econômica e dos mass media que controlam o poder brasileiro.

A China já faz uma política de amizade com o Brasil através do capitalismo de commodities brasileiro. Ela precisará do capital brasileiro de commodities petrolífero. Ela tem uma amizade estreita com a Venezuela petrolífera e, por consequência, é um país que sustenta o bolivariano Maduro no equilíbrio global de forças que inclui Rússia, Europa ocidental e EUA.

O Brasil será a Venezuela do amanhã! A China aposta suas cartas no bolivariano brasileiro (que pragmaticamente professa, na realidade oculta aos olhos do público, uma ideologia pró-chinesa). O vice da chapa do PT é do PCdoB que tem um passado de linhagem ideológica pró-China. A eleição brasileira faz parte do equilíbrio global de forças geoestratégico desenvolvendo as contradições entre China e EUA.

Graças à gramática caipira dos nossos mass media, aa gramática das relações de forças internacionais não são nacionalizadas no espaço da cultura brasileira. No entanto, as nossas poderosas facções políticas capitalistas neocolonias possuem um saber geoestratégico sobre a gramática das relações internacionais, que elas ocultam da população. No espaço da cultura, as facções políticas dos mass media fazem o trabalho de manter o povo (classes médias e classes subalternas) na mais negra miséria de saber geoestratégico - que tem como objeto a gramática das relações  internacionais.

O fenômeno brasileiro (e latino americano) supracitado põe e repõe o problema do desenvolvimento desigual no espaço da cultura nas Américas. O capitalismo neocolonial latino existe em um grau de civilização e consciência (relações entre nações culturais) abaixo do Canadá e EUA. Com o monopólio do domínio da cultura nas mãos das poderosas facções culturais dos mass media, o Brasil (Argentina, México etc.) é submetido ao poder da ideologia da classe dominante predatória, com suas facções políticas da direita e da esquerda.

O limite da natureza para o privatismo do capitalismo neocolonial, praticamente, não existe no Brasil. Os ambientalistas lutam para impor limites e são assassinados como moscas no coco do cavalo do bandido. O limite econômico para a acumulação de capital neocolonial se perde no horizonte dos próximos 50 anos. O limite social já está sendo preparado para o deslocamento de sua fronteira com o estabelecimento do Estado neoliberal pelo Congresso neoliberal e neocolonial bárbaro nas eleições 2018!

O Brasil encontra-se sob o domínio de uma plurivocidade de facção (na economia, política, cultura, no direito e mundo-da-vida) que detém autotelicamente o poder brasileiro. O teatro privilegiado para se entender a dominação do Brasil pela plurivocidade de facção é o funcionamento do Senado federal.

Antes de tudo, não se trata de uma instituição, ideologicamente, nacional. Como uma escola de política para o eleitor, o Senado inexiste. Ele persiste no ser da política da sociedade nacional como uma escola para a cooptação dos senadores para a vida das facções políticas.  

O Senado se debruça sobre questões insignificantes, como rotina, do ponto de vista da vida nacional (por exemplo, aprovação de nomes de embaixadores, cônsules e membros da alta burocracia estatal) e questões municipalistas de interesses eleitoreiros dos senadores.

A radiografia da política brasileira não é mais aquela do conflito e conciliação ou transação, somente. Ela é aquela do desaparecimento do partido político no comando da política e a emergência das poderosas facções (da política, da economia, da cultura, do direito, do mundo-da-vida) no comando da vida brasileira em geral.  
   
                 
         

      


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