quinta-feira, 23 de novembro de 2017

DITADURA MUNDIAL DA OLIGARQUIA FINANCEIRA


José Paulo

CAMINHOS DO BRASIL


No presente está a chave interpretativa do passado. Para tal coisa é necessário que a forma do presente esteja suficientemente desenvolvida como efeito das lutas de diversas espécies. No presente, a forma principal de luta sobredetermina a leitura do passado e do fantasma do futuro lacaniano.

Trata-se da luta da ditadura mundial da oligarquia financeira na política brasileira 2017-2018.

A nossa unidade nacional foi uma obra da monarquia liberal-absolutista de d. Pedro II e da monarquia constitucional parlamentar-liberal, com poder moderador, de d. Pedro II. A unidade nacional não faz pendant com a interiorização do desenvolvimento capitalista industrial do século XIX europeu. As lutas da unidade nacional não são lutas de classes; são lutas do poder monárquico centralizador contra os movimentos provinciais locais separatistas em todo o Brasil. No Sul, o separatismo descambou para a forma de luta republicana sem chegar a se constituir em uma revolução democrático-burguesa. A sociedade do Sul do país não se constituía como uma sociedade burguesa.

A tradição brasileira significa a falta de luta de classes como centro gramatical da revolução burguesa. A derrubada da sociedade escravagista e da monarquia é feita por lutas que, talvez, na aparência da semblância sejam luta de classe. Marxistas como Nelson Werneck Sodré interpretaram o Brasil como o conceito de luta de classe fazendo uma história da aparência da semblância da realidade dos fatos.

À luta de classes da modernidade corresponde a luta ideológica no domínio da cultura burguesa. Pode-se cavar o mais fundo no território da cultura, e não encontraremos a luta de classe na filosofia ou alta ideologia. O Brasil não tem filosofia nacional (alta ideologia burguesa nacional) até os dias atuais. Há uma produção escrita e professoral em filosofia que não se constituiu como uma alta ideologia nacional onde os homens realizam suas lutas até o fim. Nunca tivemos no Brasil luta de classes na teoria.

Entre nós, o marxismo se encaixa como um artefato simbólico substitutivo da filosofia burguesa nacional. Daí o caráter nacionalista do nosso marxismo e sua natureza revolucionária democrático-burguesa. O marxismo é a ideologia nacional da revolução democrático-burguesa. O leitor pode conferir minhas afirmações lendo o livro de Caio Prado Jr. A revolução brasileira.

No entanto, as lutas democrático-burguesa marxistas se transmutaram em lutas revolucionárias armadas contra o Estado militar-liberal 1964 e o Estado militar-fascista 1968. Trata-se de um esboço de luta de classe, entre nós. A Revolução cubana-castrista, a ideologia militar guevarista, a ideologia militar maoísta e outras passaram a guiar a esquerda constituída nas capitais do Sudeste por uma legião de universitários e estudantes pré-universitários rebeldes da era de aquários. O Estado-militar-fascista derrotou a esquerda e acumulou assim potência para permanecer de 1964 até o início da década de 1980.

As lutas que dissolveram o Estado militar-fascista podem ser consideradas como lutas de massas de uma revolução democrático-burguesa? No sentido da revolução democrático-burguesa do livro El asalto a la razon, a nossa revolução democrático-burguesa de massas se faz contra um Estado militar absolutista-fascista. É verdade que a classe média carioca e paulista foi a força dirigente de massas da revolução que destruiu o Estado absolutista 1968. Porém, o comando intelectual e moral da revolução se encontrava nas mãos de forças do compromisso do burguês urbano ilustrado (Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, FHC) com a oligarquia citadina (Sarney, Maluf) - que trai os generais fascistas.

A revolução democrático-burguesa de massas tomou um rumo especial com a morte de Tancredo Neves e o acontecimento (um golpe de Estado bonapartista-prussiano) que levou Sarney a se tornar presidente da República em 1985. O governo Sarney é o governo autocrático da via prussiana - revolução burguesa-oligárquica pelo alto do PMDB [Lukács: 41) – que desacelerou a revolução burguesa de massas, mas não pode evitar a Assembleia Constituinte e a Constituição 1988.

A Constituição 1988 é um efeito da combinação da revolução democrática burguesa de massas com a via prussiana. Então, temos uma Constituição analítica no lugar da tradicional americana Constituição sintética.

A Constituição 1988 é um discurso virtual como efeito das lutas de massas e dos interesses burgueses e oligárquicos. A tela gramatical da Constituição continha uma vontade de potência de sua atualização como revolução capitalista? constituintes como Delfim Neto representavam uma fração burguesa carioca-paulista que desejava a revolução capitalista liberal antes da via prussiana do neoliberalismo do globalismo da década de 1990.

Todavia, a força dirigente de massas da classe média teve como objetivo construir um Estado nacional de massas se ligando a tradição do getulismo da década de 1930. Trata-se de um Estado de direitos das massas. Marxista burguês da USP, Francisco Weffort criou um conceito de combate (no campo da luta ideológica) para esse Estado. Ele o designou como Estado corporativista de profissões da classe média. Weffort sempre pugnou abertamente a destruição do Estado supracitado.   A era Lula desterrou a sociologia burguesa neoliberal niilista uspiana de Weffort. Na era Lula, as massas multiculturalistas passaram a habitar o Estado constitucional 1988, imprimindo ao Estado de massas 1988-getulista uma legitimidade acima de qualquer suspeita.

Então, aconteceu, em 2004, Dilma Roussef!

Em 2004, Dilma Roussef foi reeleita como efeito, em parte, da revolução multiculturalista que tinha chegado a se constituir como cultura política de massa da sociedade do espetáculo carioca. Dilma derrotou na eleição o PSDB neoliberal bonapartista do mineiro Aécio Neves (sobrinho gramatical de Tancredo Neves). Ela o derrotou atacando, sem meias palavras, o programa e as ideias práticas neoliberais de Aécio. E quando acabou de assumir, de novo, a presidência, chamou um homem da banca internacional para dirigir a política pública econômica. Dilma mentiu para se eleger e traiu as massas sujeito gramatical grau zero neoliberal.  

O intelectual-banqueiro fez o governo de Dilma dar uma guinada, no território da ideologia econômica, de 180 graus: do desenvolvimentismo a Keynes (do marxista Guido Mantega) para o niilista neoliberalismo do globalismo da década de 1990. Uma nova etapa de lutas econômicas (no terreno ideológico e na prática política) se iniciaram com o governo Dilma neoliberal.

Trata-se de um período de grande confusão na ideologia e na política ampla, pois, o multiculturalismo passou a fazer pendant com o niilismo do neoliberalismo do globalismo provincianizado. A TV Globo é a cultura política de massa que se manifesta como uma instituição povoada de clamorosas contradições provindas da mistura de neoliberalismo com multiculturalismo. A propósito, pensando melhor, A TV Globo possuiu uma ideologia niilista que engloba o neoliberalismo (destruição do Estado nação das massas gramaticais 1988) e o multiculturalismo: uso do lugar de fala Mulher ou “Negro” para dissolver a ideia e o sentimento gilbertiano (Gilberto Freyre) de um povo nacionalmente mestiço.  

A política da TV Globo tem duas faces niilista (como Janus): a multiculturalista para o lugar de fala Mulher ou “Negro” e a neoliberal provincianamente do globalismo para a elite econômica paulista (e o capital de commodities do Centro-Oeste) e a classe política sediada em Brasília.
                                                                                    II

Em 2013, um movimento de massas heterogêneo socialmente tomou a rua no Rio, em São Paulo, e em inúmeras capitais do país. A TV Globo não deixou que tal movimento se desenvolvesse atacando-o como refém de vândalos. A TV Globo foi orientada pelo gramático ideológico do governo Dilma a combater a ferro e fogo as massas de uma revolução gramatical popular democrático-burguesa no século XXI. O gramático de Dilma se chama Sérgio Cabra, em 2013, governador do estado do Rio de Janeiro.

Sérgio Cabral foi um alvo tático das massas e muitas ideias reacionárias surgiram no cérebro aturdido de Sérgio para lutar contra as massas. O grupo gramatical palaciano do PT considerou que o desenvolvimento do movimento 2013 era uma revolução democrático-burguesa que assinalava o fim da era do bolivariano no Brasil. Para poupar o leitor de detalhes capazes de desviar sua atenção da linha principal gramatical do equilíbrio de forças, relembro a lei contra o terrorismo das massas feita por um conluio do governo Dilma com o governo do PMDB do RIO e o PMDB (e quase todos os partidos no Congresso nacional) que era – e ainda é - a força dirigente na Câmara e no Senado. O texto da lei teve o dedo sujo ideológico do PSDB.

A luta do compromisso de interesse autocrático da via prussiana do PMDB-Sarney voltou à ribalta como uma transação pelo alto com o PT de Dilma Rousseff e o Grupo Globo, da família carioca de Roberto Marinho. Pela primeira vez na era da Constituição 1988, a possibilidade de um regime autocrático fez sonhar, e delirar, o cérebro patológico (no terreno da ideologia política) de Dilma Rousseff (e Sérgio Cabral).

O sonho autocrático de Sérgio Cabral era um sonho de transformar o Rio no Brasil. Sérgio havia instalado no Rio uma organização criminosa sociológica (que o judiciário transformou em organização criminosa policial) fazendo a junção do lumpesinato criminal dos de cima com os de baixo. Cabral encontra-se encarcerado em uma prisão construído em seu próprio governo.

Neste interregno, Dilma foi deposta, assumindo a presidência seu vice Michel Temer.

Sérgio queria Brasília idêntica ao Kriminostat-Rio. Tal equilíbrio de forças abriu as comportas para os ataques ao Estado de direitos das massas agora sem a legitimação dada pelo multiculturalismo da cultura de massa da sociedade do espetáculo carioca. As lutas do lugar de fala Mulher ou “Negro” (lugar de fala preto) agora são lutas aliadas ao niilismo do neoliberalismo do provinciano globalismo da década de 1990.

O Brasil passou a fazer parte das lutas de classes do gramático Estado negro (AntiEstado) da ditadura mundial do capitalismo financeiro. O capital fictício mundial resolveu tomar as rédeas da política brasileira concorrendo na eleição presidencial 2018 com candidato próprio: o rico banqueiro internacional (ministro da economia do governo Michel Temer) Henrique Meirelles. Trata-se de um sujeito muito simpático, afável, civilizado. Mas a outra faze dele, sua política eleitoral, é uma luta capitalista niilista neoliberal do globalismo que tem como alvo o Estado nacional de massas.

Henrique Meirelles é a personificação vampiresca do niilismo local do burguês neoliberal do globalismo. Ele atraiu as instituições multilaterais (Banco Mundial) como aliadas de sua luta eleitoral e ideológica. Caro leitor, o nosso país encontra-se agora mergulhado no território das lutas da classe da oligarquia financeira mundial. No Brasil, como cabeça-de-ponte da ditadura mundial do capital financeiro temos a burguesia industrial paulista, a burguesia comercial do Rio (e das capitais mais importantes) e o poderoso, mas decadente, relutante, fraco dos ossos e músculos das pernas, capital de commodities.

Na tela gramatical política nacional, o governo Michel Temer é um simples efeito da ditadura mundial em tela. O PMDB é o partido dominante - na cena política – dessa famigerada ditadura mundial. Porém, a luta de tal ditadura mundial encontra uma pálida resistência na Câmara e, principalmente, no Senado, ambos entranhados em Brasília. 

Hoje, o país vive sob o signo das lutas de classes do gramático ditatorial mundial capital financeiro. O objetivo deste gramático negro é duplo: dissolução final da ideia e do sentimento de povo nacional brasileiro; destruição do Estado nacional de direitos das massas gramaticais da Constituição 1988.

A luta da ditadura mundial já deixa entrever a tática de destruição do resto de revolução democrático-burguesa na nossa política ampla. Trata-se de destruir a moral e a auto estima da poderosa classe simbólica pública que batalha nas lutas de governar o país. A ditadura ler as eleições 2018 mais como um entrave a seu domínio, no Brasil, do que como uma oportunidade real de tomar o poder do país com um golpe de sorte eleitoral.

Bolsonaro se oferece para ser o candidato vitorioso da ditadura mundial e como possível representante presidencial dela no Brasil. Lula entrou mudo e saiu calado. A política representativa é um domínio gramatical do imprevisível, mesmo se ela se encontra sob o tacão de poderosas linhas de força gramatical dos donos do poder mundial...

LUKÁCS, Georg. El asalto a la razon. Barcelona: Grijalbo, 1972

                                                                   ADENDO
       

A STÁSIS DA MULHER AMERICANA
A questão do assédio sexual na América (homem branco e mulher branca) caminha para se tornar uma espécie de stásis?
A rebelião das mulheres americanas contra o homem ariano, protestante, poderoso ou não no domínio do habitus sexual pode se transformar em uma guerra civil aberta e consistente primeiro no terreno da cultura depois no terreno da ordem jurídico-policial e finalmente na política como tal.
É possível importar este ACONTECIMENTO revolucionário e revolucionador da vida americana para outros continentes, povos e países?

a TV Globo luta, diariamente, para importar as americanas guerra civil racial (negros versus arianos) e a guerra civil sexual da mulher contra o homem.                                                    

                 

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