sexta-feira, 21 de julho de 2017

DO ESTADO-GERENTE DA TERCEIRIZAÇÃO

José Paulo

                                     DO SEGUNDO MUNDO GERENTE

                                                
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (8) o projeto de lei 4330/2004, que regulamenta contratos de terceirização no mercado de trabalho. Agora, o projeto será encaminhado diretamente para votação no Senado.

O projeto tramita há 10 anos na Câmara e vem sendo discutido desde 2011 por deputados e representantes das centrais sindicais e dos sindicatos patronais. Ele prevê a contratação de serviços terceirizados para qualquer atividade, desde que a contratada esteja focada em uma atividade específica.

As normas atingem empresas privadas, empresas públicas, sociedades de economia mista, produtores rurais e profissionais liberais. O texto somente não se aplica à administração pública direta, autarquias e fundações.

Nos últimos tempos, temos notado e vivenciado diversas discussões a respeito da terceirização e sobre o que representa a aprovação da Lei 13.429/2017.
Lei no 6.019, de 3 de janeiro de 1974
Art. 3° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 31 de março de 2017; 196° da Independência e 129° da República.
MICHEL TEMER
Antonio Correia de Almeida
Eliseu Padilha
Este texto não substitui o publicado no DOU de 31.3.2017 - Edição extra.
                                                                          
                                                                      II

O Estado integral é a junção de sociedade civil com sociedade política, instituições privadas com instituições públicas, hegemonia e dominação.

A lei de terceirização é uma lei preparada no governo Geisel. Porém, ela se transformou em uma lei da CLASSE POLÍTICA que a aprimorou durante anos (projeto de lei 4330/2004). Ela entrou em vigor no fictício governo Temer em 31 de março de 2017. Do ponto de vista do debate sobre o Estado o essencial é: As normas atingem empresas privadas, empresas públicas, sociedades de economia mista, produtores rurais e profissionais liberais. O texto somente não se aplica à administração pública direta, autarquias e fundações.

Ementa e explicação da ementa
Ementa:
Dispõe sobre os contratos de terceirização e as relações de trabalho deles decorrentes.
Explicação da Ementa:
Regulamenta os contratos de terceirização e as relações de trabalho deles decorrentes.
Situação Atual Em tramitação
Relator atual:
Ricardo Ferraço
Último local:
13/07/2017 - Comissão de Assuntos Econômicos (Secretaria de Apoio à Comissão de Assuntos Econômicos)

Último estado:

13/07/2017 - MATÉRIA COM A RELATORIA

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer deve sancionar o projeto aprovado pela Câmara dos Deputados na semana passada e que permite a terceirização em todas as atividades das empresas privadas e no setor público, sem as salvaguardas para os trabalhadores. A ideia do governo era aguardar a aprovação de uma outra proposta — a toque de caixa — pelo Senado e que traz essas garantias para que os dois projetos fossem sancionados de forma conjunta, numa espécie de mix das normas. Mas, no encontro do presidente com empresários e banqueiros na última quinta-feira, Temer teria sido convencido de que essa estratégia traria insegurança jurídica porque há pontos divergentes entre os dois textos.

O governo Temer é o governo dos empresários e dos banqueiros. A CLASSE POLÍTICA é uma organização bonapartista do neoamericanismo com fortes ligações com a ideologia gramatical do globalismo financeiro rentista da década de 1990 em junção com a ideologia gramatical do Estado-gerente. Trata-se de um Estado que acaba com a fronteira entre o público e o privado. É o Estado comitê central da sociedade pós-capitalista do capital fictício, sistema financeiro rentista do globalismo neoliberal.  

Tal ideologia gramatical está concentrada no livro de Peter Drucker Sociedade pós-capitalista. A terceirização é uma tática do Estado-gerente para a desmontagem da bürokratie do Estado-nação. Da página 63 à página 65, P. Drucker explica a tática da terceirização: “A nação-Estado não irá desaparecer. Ela poderá permanecer como órgão político mais poderoso ainda por muito tempo, mas não mais será indispensável. Ela irá dividir cada vez mais seu poder com outros órgãos, outras instituições, outras entidades criadoras de política”. (Drucker: XIX).

O Estado-nação divide a política com o Estado-gerente da terceirização da organização bonapartista do neoamericanismo. O Estado-gerente pões a organização bonapartista do neoamericanismo para os países fracos no lugar do Estado-nação bürokratische. A história política do século XXI é aquela da relação estranha, entrelaçamento aversivo, choque e antagonismo entre o Estado-gerente e o Estado-nação bürokratische.

Depois da aprovação no Senado da Reforma Trabalhista, o relator Ricardo Ferraço se tornou a personificação antinação do Estado-gerente. Não é uma mera coincidência ele ser o relator na Comissão de Assuntos Econômicos (Secretaria de Apoio à Comissão de Assuntos Econômicos) da Ementa que regulamenta os contratos de emprego. O projeto de lei da terceirização aprovada pela Câmara muda a forma como se trata a contratação de trabalhadores por empresas terceirizadas. O projeto de lei flexibiliza a terceirização - quando uma empresa contrata trabalhadores por intermédio de uma terceira companhia - e regulamenta a prestação de serviços temporários.

O essencial é que a Classe Política tem em Ricardo Ferraço um relator com mãos de ferro e um orador (fraco) mas totalmente identificado com a destruição do Estado-nação brasileiro. A terceirização é a ideologia gramatical do globalismo do sistema financeira mundial que faz da história política uma história sem Estado-nação na era da sociedade pós-capitalista.

Na era em tela, o mundo será dividido entre os países com grandes Estados-nação (EUA, China, Alemanha, Japão e alguns outros) que tem a gramática do domínio do Estado-gerente submetida à lógica da NAÇÃO. O segundo mundo será aquele onde o Estado-gerente domina territórios nacionais desterritorializados pela gramática econômica em narrativa lógica abstrata do capital fictício (e rentista) como um fenômeno da sociedade pós-capitalista.

O capital fictício pós-capitalista tem seu Estado integral como junção do Estado-gerente com o kriminostat e a sociedade pós-capitalista das ilegalidades naturais econômicas. Esta nova formação econômica faz pendant com o regime político das ilegalidades dos de cima ligadas as ilegalidades dos de baixo.

As ilegalidades são um fenômeno que cria uma nova soberania? Trata-se da soberania de polícia (sociedade política de polícia). Nos encontramos diante de um fenômeno complexo que soma, historialmente, à soberania divina e à soberania popular (do povo-nação, especialmente) a soberania de polícia.

A soberania de polícia é um campo altamente complexo de uma plurivocida de estratégia e tática usadas por atores da política, da economia e da cultura de massa do Estado-gerente bonapartista do neoamericanismo para os fracos. Organizações culturais de massa da sociedade pós-capitalista são organizações bonapartista do neoamericanismo que fazem uma guerra de movimento orientadas pela ideologia do globalismo financeiro neoliberal da década de 1990.

Tal ideologia trata os países do segundo mundo gerencial como geografia da fome de juros da dívida pública. Tal gramática geoeconômica vê o segundo mundo como um depósito de homens como animal mortale voltados para a produção de juros da dívida pública administrada pelo Estado-gerente. Os indivíduos do segundo mundo não possuem cidadania econômica e por isso não tem direito ao Estado-nação previdência. Para os países da sociedade pós-capitalista do segundo mundo, o indivíduo é um ser para a mortalidade demográfica da política do Estado-gerente.

A soberania da sociedade de polícia é uma força política complexa onde habitam atores que lutam contra o Estado-nação (televisão) e contra as ilegalidades dominantes na política (poder jurídico). A televisão faz uma guerra de movimento com a tática de mostrar o fim do Estado-nação como se fosse um acontecimento no qual o próprio Estado-nação é o único responsável.

O jornalismo brasileiro e sua classe política são efeitos diretos do globalismo financeiro neoliberal e efeitos oblíquos dos Estados da sociedade pós-capitalista rentista: Estado-gerente e kriminostat. Enfim, da sociedade pós-capitalistas das ilegalidades econômicas dos ricos.

Em uma era na qual grandes Estados-nação correm para criar uma gramática em narração transdialética e retórica de reerguimento do Estado-nação, o Brasil mergulha no mar do Estado-nação, do kriminostat e da economia natural lumpesinal (ilegalidades econômicas dos de cima) que vai se apossando da cidade gramatical. A gasolina adulterada vendida nos postos de gasolina no Rio é o sinal do progresso da economia natural lumpesinal dos de cima que alcança um consumidor gramatical consumido pelas ilegalidades.

O roubo de cargas nas estradas que chegam ao Rio é outro sintoma do quanto a cidade gramatical pode chegar ao ponto de desabastecimento se a situação da pirataria urbana ampliada não parar de se inscrever na vida das rodovias. Tal economia natural lumpesinal é um fenômeno que faz pendant com a progressão do domínio territorial do kriminostat. Ocorre assim uma reterritorialização do território do trans-sujeito do segundo mundo desterritorilizado como nação e cidade gramatical.

A luta do poder judiciário pelo domínio da soberania de polícia se concentra na política do aqui e agora. Trata-se de uma luta da cultura política descritiva incapaz de atingir a verdadeira política que domina o segundo mundo no planeta. Veremos então um mundo divido entre os Estados-nação virtuais (que controlarem o Estado-gerente, o kriminostat e a economia das ilegalidades dos de cima) e o países do segundo mundo sob domínio descritivo do aqui e agora dos fenômenos supracitados.

O barulho de um concerto (conserto) no elevador me faz terminar este texto nesse ponto. Mas voltaremos a tais problemas em outros textos futuros!   

DRUCKER, Peter. Sociedade pós-capitalista. SP: Pioneira, 1993                    


    




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