sexta-feira, 14 de julho de 2017

DA CRISE POLÍTICA MAJESTAS EM LATIM

José Paulo   


DA CRISE POLÍTICA DA SOBERANIA POPULAR
A crise brasileira vai adquirindo a forma de uma crise especificamente política? A crise econômica parece afetar a política colocando-a em crise? A economia dá provas de uma vontade de potência no sentido de se descolar da crise política? OS ricos burgueses querem abandonar a ideologia gramatical economicista da economia no comando da política? Querem deixar a política para os governantes governarem a política?

Ainda é cedo para saber as respostas a estas interrogações. A ideologia gramatical dos ricos burgueses está sob o comando dos rentistas (oligarquia financeira transnacional) e eles usam a cultura de massas da televisão e da imprensa para fazer política atrelada à economia do capital fictício transnacional. Este quer saber se o país pode continuar a pagar os juros da dívida nacional para a oligarquia financeira burocrática mundial. Por causa deste contexto de redes gramaticais lógicas da economia em junção com a sociedade e política não podemos falar de uma CRISE NACIONAL. A crise é transnacional.

No entanto, o território continua habitado e possuído por uma forma de Estado fazendo pendant com uma forma de governo. Tal fato cultural é imprescritível, inamovível nessa entrada do século XXI. Orientado por um método apropriado precisamos saber se a nossa crise é de Estado, ou de governo ou de Estado em junção com governo.

A nossa forma de Estado está dita no Preâmbulo da Constituição 1988: Estado Democrático. Trata-se, portanto, de um Estado popular na classificação de J. Bodin e muitos outros cientistas gramaticais da política.

A forma do Estado se define pela sede ocupada pela majestas ou soberania popular representativa. O poder majestas é aquele que dar e anula as leis para todos. Como a Câmara dos deputados representa tal soberania popular, ela é a sede poder soberano representativo. Assim, o Estado é definido como Estado popular representativo. A gramática da sede da soberania popular representativa caracteriza o significante gramatical Estado.

No atual período político, o país atravessa uma reforma da sociedade do trabalho fazendo junção com a reforma da sociedade da previdência social. Tal reforma é um dar leis e um anular leis: poder majestas. A reforma passa necessariamente pela Câmara dos deputados em um momento no qual o senado abdica de seu poder revisor de dá leis e anular leis. Como é claro para os senadores, o senado não é a casa, por excelência, de representação da soberania popular, não é a sede do poder soberano representativo.

No entanto, a causa da reforma está na iniciativa do executivo, da presidência da “República”. Aqui entramos no problema da forma de governo do Estado popular representativo. A forma de governo é o exercício governamental da forma de Estado. A junção governo e Estado define a formação brasileira política Estado popular soberano presidencialista.

O que é o soberano no Brasil?

O governo do Estado popular representativo se define pela espécie de classe política soberana na sede da soberania. Qual espécie de classe política nos governa? O Estado popular (democrático) pode ter um governo aristocráticos se a riqueza pública for distribuída para a nobreza pelo Príncipe (monarca ou presidente senhorial). Este é o Brasil do século XIX.

No Brasil do século XXI pós-1988, a riqueza pública é distribuída para os ricos políticos em conluio com os ricos privados? Quem são os políticos brasileiros em 2017?
É nossa uma elite no poder congressual (classe política bonapartista neoamericana) de ricos oligarcas. Então, o Estado é popular oligárquico. Porém, a forma de governar é presidencialismo de coalizão. O que significa tal significante político?

Trata-se de um exercício de governar o Estado pelo conluio do privatismo (apropriação normal ou ilegal da riqueza pública) da forma de governo presidencialista com a forma de Estado popular oligárquica. A formação política transnacional é um Estado popular oligárquico presidencialista senhorial.

A crise transnacional brasileira remete para a crise do Estado popular representativo oligárquico senhorial presidencialista. Trata-se da crise que alcança a cultura política popular-oligárquica como majestas. Se a crise econômica significa 14 milhões de desempregados, então, ela é uma crise econômica que afeta a soberania popular ao transformar um conjunto de cidadãos em sem pátria econômica nas cidades gramaticais industriais e do setor de serviço.

A crise econômica caminha na direção de tornar apátrida uma parcela do trabalhador do conhecimento (classe simbólica pública), se a leitura economicista do modo de produção flexível neoliberal do diabo oligárquico financeiro mundial orientar seus exércitos transnacionais e nacionais na tarefa de destruir o Estado-gerente do trabalho do conhecimento público. Se o diabo rentista mundial exigir o desmantelamento do Estado social da terceira idade e da saúde pública (como exemplo de sua política diabólica neoliberal cruel mundial para o terceiro mundo no centro e na periferia) aí o país entrará em uma situação que nos remeterá para o século XVI.

No século XVI, os intelectuais debatiam se em situações como a nossa os súditos têm o direito de sublevar-se ou de matar o tirano (classe política). Ou se somente é lícita a resistência passiva eleitoral. No século XVI, os absolutistas dizem:
“Impossível não obedecer em matéria que vá contra a lei de Deus (e a natureza humana da política passiva), fugir, esconder-se, aparar os golpes resignadamente, preferir a própria morte a atentar contra a vida ou a honra do monarca, por mais cruel e pior tirano que ele seja”.

Leitor, esta é a leitura que a classe política brasileira faz da política em geral e da política em uma era de crise desbragadamente, demasiadamente, cruel com os seus súditos da soberania popular representativa.                               
  

         

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