sábado, 11 de junho de 2016

CIVILIZAÇÃO, BARBÁRIE, ARCAICO


Marx pensou a história como história da physis no planeta Terra (história da natureza em intercessão com a história da espécie humana). Não precisa ser um notável ambientalista para imaginar que as chances para a espécie humana perdurar eram mínimas.

A physis criou a espécie humana como uma máquina de guerra sexual. Esta é a definição do arcaico. O macho é a máquina de guerra sexual de violência contra a fêmea e esta é a máquina de guerra sexual de reprodução da espécie.  Não se trata de teologismo, pois, a physis é Deus como RSIcp (Real/Simbólico/Imaginário/cultura política).

O arcaico é habitus sexual em primeiro lugar como tela gramatical sexual antes da gramática. A tela gramatical sexual tem como axioma gramatical a violência sexual do macho sobre a fêmea. Sadismo e masoquismo já são um efeito do habitus como tela sexual arcaica. A sociedade primitiva se define por transformar a tela sexual arcaica em uma tela sexual primitiva cujo axioma da violência (sempre sexual gramatical) é dirigido para o inimigo tribal. A máquina de guerra sexual psicopática torna-se um evento exterior à sociedade tribal.

A civilização e a barbárie constituem duas superfícies sem descontinuidade desde os primórdios da “civilização arcaica”. Nesta, a tela sexual arcaica agencia a trans-subjetividade da violência “homem contra a Mulher no mundo-da-vida como barbárie em uma era de nascimento do Estado: Urstaat. Este estabelece uma tela gramatical sexual articulada por um poder sagrado: tela sexual divina.

A violência sexual do Urstaat sobre a população gera o gozo masoquista sagrado que faz pendant com a segurança e um cotidiano que começa a transbordar o reino da necessidade. O Urstaat é um Estado hidráulico e criador de povos e da máquina de guerra sexual cultural política. Assim, nasce a tela gramatical sexual cultural política e o desejo humano como tal historial.

A tela gramatical sexual do Ocidente surge como tela bissexual na cultura política grega e romana. Tal tela dá origem ao homem como significante ético articulado na amizade do amor homossexual. Na cultura política ocidental da antiguidade, surge uma tela sexual política cujo problema consiste em governar a si para governar os outros. É a era na qual a política não significa falta de imaginação, como na política burguesa.  Havia estupro cotidiano na antiguidade?

Na Idade Média, a tela sexual é bárbara, pois, a tela sexual medieval é a liberdade da sociedade dos guerreiros para a realização da satisfação de seus desejos sexuais fazendo pendant com o instinto de morte. Trata-se de uma cultura política que trans-subjetiva o instinto de morte como suplemento do habitus da máquina de guerra psicopática sexual. No lado avesso da barbárie medieval dos guerreiros, encontra-se a Igreja e uma sociedade de direitos. No século XII nasce a tela gramatical sexual musical da sociedade das grandes cortes. Trata-se do culto da Dama! Assim, a civilização expande seu domínio na cultura política europeia.

Depois, o Estado absolutista, a cultura política liberal clássica e a modernidade constituem-se como motor histérico da civilização moderna que é reduzida no século XIX a falta de imaginação na política representativa da tela sexual burguesa. A civilização passa a ser sinônimo de uma vida prosaica vulgarmente utilitária. Para a mulher, isso significa que o sexo prosaico é o fato sexual de que os burgueses não estupram suas mulheres cotidianamente, e também Madame Bovary - o bovarismo como condição da ex-sistência da mulher para fora do prosaico vulgar da vida amorosa burguesa. Quanto ao burguês, ele inventa a amante (e a prostituta) como instituição econômica, privada da vida burguesa: privatismo da mulher.   

No século XX, a tela sexual guerreira bárbara moderna utiliza o Estado-nação para realizar a satisfação sexual do instinto de morte em duas grandes guerras mundiais. Dezena de milhões de jovens da civilização ocidental (e asiática) são consumidos pela cultura política econômica sexual da “parte maldita”. A tela sexual havia se transformado na tela gramatical sexual do capital mundial. Agora, a máquina de guerra psicopática é uma produção em massas sujeito zero civilizatório do capital mundial.

Depois da II Guerra Mundial, o capital inventa para a cultura política mundial a era do homo simulacrum. Este significa que a máquina de guerra psicopática arcaica só pode ex-sistir como simulacro de simulação. A tela sexual cinematográfica (e depois a tela eletrônica) ex-sistem como uma superfície povoada pela máquina psicopática ficcional: sublimação.
Como Hegel previu, o Ocidente deslizou para a América. Esta é um híbrido de civilização e barbárie que evita a tela sexual arcaica? O capital eletrônico mundial é o agente que quer conter o arcaico na tela eletrônica (ou cinematográfica). Porém, a tela sexual arcaica irrompe na sociedade americana através do estupro como habitus dos jovens universitários e oficiais das Forças Armadas, uns estuprando as jovens universitárias e os outros as jovens oficiais. Trata-se de uma verdadeira epidemia para a nação-civilização americana.

Na era moderna, civilização significa processo de trans-subjetivação nacional. Mas não podemos esquecer o passado americano bárbaro articulado como trans-subjetivação colonial, que a política americana tentou foracluir a partir do século XIX. Mas como Freud mostrou o passado é tela sexual que redefini o presente junto com as forças do futuro: significante freudiano sobredeterminação!

O Brasil não é a América, jamais foi América, jamais foi uma Nação, logo uma civilização. Escritores inventaram narrativas que se trans-subjetivadas pelas massas intelectuais significaria uma revolução no mundo-da-vida do costume e habitus brasileiros e também na cultura política da tela sexual política. Penso em Machado de Assis, Euclides da Cunha, Lima Barreto, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Guimarães Rosa e o nosso dramaturgo freudiano Nélson Rodrigues.  

A conclusão é óbvia. O Brasil sempre foi trans-subjetivamente colonial com semblância civilizada gerada por discursos da comunidade das letras e, principalmente, da comunidade jurídica, e pela civilização material. O capital eletrônico não é um discurso que funciona como semblância civilizatória, pois, ele é um autor bárbaro da nossa barbárie. Porém, o capital eletrônico se vê, por um surto narcísico permanente, como processo civilizatório. A sociedade do espetáculo eletrônico é um espelho bárbaro da barbárie brasileira.

A evidência atual disso é a tentativa do Grupo Globo de criar uma ideologia cultural política do estupro baseado no axioma – “excetuando os jornalistas homens do Grupo Globo, todo homem brasileiro é estuprador”. Trata-se de uma estratégia visando tornar o governo Temer refém da família robertomarinho pelo silogismo eletrônico: todo homem brasileiro é estuprador, Temer é homem, logo Temer (e seu governo de homens) é um estuprador!

O estupro no Brasil não é uma realidade cultural. Ele não é uma ideologia cultural política masculina. Ele é do domínio do costume/habitus. Ele é uma coisa do mundo-da-vida da máquina de guerra psicótica, ou melhor, da máquina de guerra sexual psicopática. Ele significa a soberania da tela sexual gramatical arcaica na história e na cultura política do mundo-da-vida.

O Grupo Globo está tentando transformar tal realidade dos fatos em uma ideologia cultural política. Se obtivesse êxito, a tela sexual arcaica se tornaria um motor histérico de destituição dos homens como atores privilegiados da cultura política intelectual e também da política brasileira. De fato, são as jornalistas mulheres que dominam o Grupo Globo (através da GloboNews) não a família robertomarinho. Esta família é apenas um instrumento útil dócil e irresponsável para a instalação entre nós de uma ditadura sexual manifesta do arcaico na sociedade de significantes brasileira colonial.               
  
    
   
                      

        

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