sábado, 23 de dezembro de 2017

A POLÍTICA DE DONALD TRUMP

             
José Paulo

A INDIFERENÇA BRASILEIRA

O sistema cultural oligárquico brasileiro apresenta Trump como um estúpido, insolente, hiper- narcisista e burro político do capitalismo americano. Ao contrário, a política de Trump quer resgatar, dentro do possível, a diferença entre o dentro da América e o fora dela: sistema cultural do globalismo neoliberal.

A diferença entre o dentro e o fora definia as relações internacionais. O dentro é a realidade econômica, política e cultural da nação; o fora é as outras nações, povos e Estado-nações.
O globalismo neoliberal é o agir estratégico (mentir, simular, dissimular, sugestionar, enganar os povos, as nações, a burocracia estatal) para dissolver a diferença como rastro dos significantes dentro e fora (superfície/profundidade; essência e aparência da semblância). Dentro e fora, essência e aparência etc. são rasurados, foracluídos, apagados do sistema cultural oligárquico do trans-sujeito Terra. Trata-se do capitalismo que quer se livrar do Estado-nação e do trans-sujeito nação (e povos). Tudo passa a ser apenas aparência da semblância do significante globalismo neoliberal.  

A burguesia democrata americana e seu partido democrata aparecem como campeões deste agir estratégico supracitado. O sistema cultural oligárquico americano até Obama é o esforço para o triunfo do globalismo neoliberal. Contra a burguesia americana (democrata e republicana aristocrata), Trump conquista a burguesia republicana plebeia e toma o poder americano.

Dando murro em ponta de faca, Trump erraticamente, em um vai-e-vem agoniante, agonizante, em um comportamento dois passos à frente um atrás, avanços e recuos desesperados e incoerentemente inconsequentes, Donald Trump estabelece a política da diferença entre o dentro (a realidade do sistema cultural oligárquico americano e o fora: o sistema cultural oligárquico planetário.

A Grã-Bretanha é a continuação do discurso americano de Trump por outros meios, meios de uma ilha na Europa ocidental.

O Brasil (e toda a América Latina mais o México) se deixou invadir, sem a menor resistência, pelo globalismo do neoliberalismo do livro de Octávio Ianni? Ianni fala da desterritorialização e de uma certa territorialização da nação. Este fenômeno de territorialização da nação foi descontruído na teoria e na prática com o discurso da desterritorialização da nação e territorialização dela como sujeito gramatical latino-américa.

Trata-se do discurso do multiculturalismo latino-americano que atravessa FHC, Lula, PT, PMDB, PSDB, bloco b.b.b. (bala, boi, bíblia) parlamentar, jornais impressos, redes de rádios e de televisão, editoras como Companhia das Letras, BoiTempo e outras. Atravessa também o poder judicial/policial sobre o efeito da guerra civil racial e da guerra civil sexual.

Tal discurso em tela funcionou para arrastar o trans-sujeito nação (povo brasileiro) para o inferno da ausência de diferença entre o dentro e o fora, entre essência e aparência, entre superfície e profundidade. Por esta causa, a música brasileira, o folclore, a literatura nacional ou regional, todos eles perdem o lastro gramatical de sentido ou força de lei ou força de realidade.

Na televisão, os fenômenos supracitados são ocos de sentido nacional ou regional. Eles apenas servem para preencher a programação das emissoras como modo de distração do espectador; servem também para estabelecer carreiras profissionais de artistas.  

O Brasil desconhece o Brasil; o Brasil está perdido no inferno das reformas trabalhistas, previdenciária, política, eleitoral, tributária. Todas elas não fazem laço gramatical social, pois, são um efeito da política da indiferença entre nação (povo brasileiro, Estado-nação) e sistema cultural oligárquico planetário caindo em desuso globalismo neoliberal.

A democracia representativa brasileira pode vir-a-ser a última vítima da indiferença do nosso “sistema cultural oligárquico”?                       

         


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