sexta-feira, 8 de abril de 2016

NOVA CIÊNCIA POLÍTICA

  

DO CESARISMO AO TRANSCESARISMO
Com a entrada na era transaristocrática houve a aceleração da desterritorialização da nação. Tal processo teve como motor inicial o capital eletrônico corporativo mundial associado à cultura política freudiana americana que preparou o território existencial da trans-subjetivação sedutora das massas sujeito zero (MSØ) weberiano. A sedução trans-subjetiva substituiu a ética weberiana do capital (do capitalismo).
Com a entrada na cena mundial do capital corporativo mundial digital, a cultura política da sedução eletrônica se tornou insatisfatória no processo trans-subjetivo da hegemonia do capital mundial sobre as MSØ nacional. A desterritorialização da trans-subjetividade nacional das MSØ parecia o caminho lógica para o estabelecimento da hegemonia mundial do capital. Porém, o movimento efetivo do capital se constituiu como a assunção real das massas à cultura política lumpesinal mundial. Assim, a ética do capital foi trocada pelo phatos lumpesinal do capital.
Weber fala do capital como a ética da razão instrumental, como burocracia moderna ética. Então temos as teorias dos valores aristocráticos que, de algum modo, estavam associados a ideia ética do capitalista como personificação do capital. O Estado nacional era parte da trans-subjetivação aristocrática da cultura política mundial. O avesso de tal trans-subjetivação ética aristocrática do capital é a trans-subjetivação do capital como corrupção. O capitalista mundial passou a ser a personificação da corrupção do capital. Tal fenômeno foi exportado para a vida da classe política no século XXI.
Tal fenômeno é uma causa suficiente para abalar a reprodução ampliada do capital produtivo (que produz a riqueza) em uma escala planetária. AS formas especulativas do capital fictício digital (capital cassino) se estabelecem na adjunção à cultura política do dinheiro digital, concorrendo para a transição da cultura política da sedução eletrônica para a cultura política da sedução digitalis como modo de constituição da hegemonia no bloco-no-poder mundial. Tal fato levou a uma desterritorialização da nação como se fosse um fenômeno natural. E é! Trata-se de um fenômeno da physis do capital mundial inspirado na relação sociedade capitalista versus Estado americano.
A cultura política freudiana americana já é desterritorialização da trans-subjetivação nacional. A exportação dela para o mundo é a mais cabal prova disso.  Nessa era, os EUA começaram a enfrentar um fenômeno perturbador, ou seja, a cultura política lúmpen republicana (Tea Party) e o lúmpen fundamentalismo evangélico inscrito ora no mundo-da-vida, ora na política como tal.
O lúmpen cultural político é um significante criado por Marx que significa uma adjunção de estética com história na cultura política francesa bonapartista. O significante deslizou do mundo-da-vida artística (Paris bohème) para o mundo-da-política com Luís Bonaparte.  MSØ burguês vitoriano transformam-se em um fenômeno político trans-subjetivo ditatorial: a biografia grotesca/ditatorial de Luís associada à ditadura de Bonaparte. Se o bonapartismo é um fenômeno ditatorial ele é a condensação na cultura política moderna do cesarismo-  da cultura política cesarista universal. O cesarismo é lúmpen antes do lúpem bonapartista?      
“ César, Napoleão I, Napoleão II, Cromwell e outros. Compilar um catálogo de eventos históricos que culminem numa grande personalidade heroica” (Gramsci: 1619). O cesarismo exprime uma solução de “arbitral” confiada a uma grande personalidade histórica, de uma conjuntura cultural política caracterizada por um equilíbrio de forças de perspectiva catastrófica. Gramsci diz que existe o cesarismo progressista e o reacionário. E que a significação exata de cada forma de cesarismo só pode ser reconstruída pela história da cultura política concreta, e não por um esquema sociológico qualquer.
O cesarismo é progressista quando a intervenção ajuda a força progressista a triunfar, mesmo com certos compromissos e medidas que limitem a vitória; é reacionário quando a sua intervenção ajuda a força reacionária a triunfar, também neste caso com determinados compromissos e limitações que têm um valor, um alcance e um significado diversos, opostos aos do cesarismo progressista. Napoleão III e Bismark foram cesarismo reacionário.
Em uma era dominada pela cultura política lumpesinal ainda é possível pensar em cesarismo progressista? Pois, o modelo de cultura política mundial é bonapartista (Napoleão III). Os países que caem sob o jugo da cultura política bonapartista acabam vendo suas forças militares regulares ou de fileira constituírem um elemento decisivo para o advento do cesarismo, que se verifica através de golpes de Estado precisos, de ações militares. A existência de partidos políticos e MSØ cesaristas complicam o discurso político cesarista. Isso é capaz de evitar a ditadura militar transcesarista?
É possível haver uma solução cesarista mesmo sem um César, sem uma personalidade heroica/ditatorial e representativa. O sistema parlamentar criou um mecanismo para tais soluções de compromisso. Ele está associado ao serviço estatal destinado à repressão da delinquência no mundo-da-vida articulado à delinquência na política: bonapartismo de Napoleão III. Assim é o transcesarismo, pois o significante cesarismo deslizou da superfície bonapartista para a superfície política moderna dos partidos políticos, do aparelho de Estado executivo para o parlamento. Isso é homólogo ao transliterário que significa o deslizamento do significante literário para a superfície da psicologia (Bakhtin: 29) ou da cultura política. Neste transcesarismo, inteiros partidos políticos e outras organizações econômicas ou de outro gênero devem ser consideradas instituições de polícia política, e de caráter investigativo e preventivo.
Na era lúmpen mundial, o capital corporativo eletrônico age como uma organização econômica transcesarista: polícia política. Ele é o fenômeno transcesarista mais visível e catastrófico. Parece que os partidos políticos não conseguem dar o passo necessário para se transformarem em partido transcesarista? Eles não são instituições de polícia política e de caráter investigativo e preventivo? No entanto, eles são articulados pelo processo de corrupção trans-subjetivo. Aliás, o partido dominante de Estado se transforma em polícia política, em uma força investigativa e preventiva. O bolivarianismo é transcesarista com sua brutal “Hegemonia Petista”.  
No século XXI, os fenômenos do cesarismo são inteiramente diversos, tanto daqueles da espécie progressista César/Napoleão, com também da espécie Napoleão III, embora se aproximem desta última. Assim, o equilíbrio com perspectivas catastróficas não se verifica entre forças que, em última instância, poderiam se fundir e se unificar, mesmo depois de um processo fatigante e (sangrento), mas entre forças cujo contraste é insanável na superfície cultural política intelectual, e que se aprofunda com o advento de formas transcesaristas. A ideia de Lula de se fundir com FHC e Temer é um sonho de uma noite de verão do Sertão!  
Na crise catastrófica transcesarista mundial, há a possibilidade marginal de desenvolvimento ulterior e organizativo de uma força que vai contra à sua fraqueza relativa, especialmente, de força progressista antagonista, devida à sua natureza e ao seu modo de vida particular, fraqueza que deve ser mantida como algo que não usa o campo de poder ditatorial: por isso afirmou-se que o transcesarismo mais do que militar é policial-jurídico. Tal fenômeno não é progressista ou reacionário, pois, é intermediário catastrófico.    
O transcesarimo é um objeto mundial da nova ciência política da cultura política catastrófica. O Brasil aparece como um caso de transcesarismo bolivariano catastrófico irredutível à política. A desarticulação do modo de produção subcapitalista (“subcapital industrial sem capitalismo como ersatz de capital industrial moderno”) faz pendant com a desterritoriaização da trans-subjetividade nacional e, por consequência, com a lógica da ruína do Estado nacional. Tais fenômenos ex-sistem em uma Banda de Moebius que faz deslizar da superfície da cultura política econômica para a superfície da cultura política como tal o significante catástrofe. Como terceiro excluído, a cultura política lumpesinal mundial fez um acabamento da classe política como estado permanente de trans-subjetivação corrupta. Assim o país foi empurrado para a situação de equilíbrio catastrófico transcesarisita de duas forças que não são nem reacionárias nem progressistas. O que elas são essencialmente?
A força do impeachment é um simulacro de simulação de força progressista. Ela é uma força burguesa lumpesinal que crê na destruição do Estado nacional como a única saída para a solução da crise econômica. Trata-se do burguês que é a personificação do subcapital industrial que está em seus últimos suspiros. Tal força burguesa ouve o discurso econômico mitológico da lumpenintelectualidade que só existe na cultura intelectual graças ao capital corporativo eletrônico mundial condensado, especialmente, no Grupo Globo. Tal corporação é o habitat de um intelectual coletivo articulado como cultura política eletrônica lumpesinal. Trata-se de uma força catastrófica que faz uma gestão inercial da miséria cultural política tran-subjetiva das MSØ malicioso. Como forma mais acabada de biografia lumpesinal jornalística eletrônica global, Merval Pereira (da ABL) é incomparavelmente imbatível! 
O bolivarianismo é a força reacionária como motor trans-subjetivo político da situação catastrófica. Ela não é um simulacro de simulação de reacionarismo; ela é a reação intransigente e irremovível que assinala a impossibilidade da solução da situação catastrófica. Em última instância, as biografias individuais petistas (personalidades nanoheroicas) em uma simbiose com a personalidade heroica cesarista de Lula da Silva (e por tabela Dilma Rousseff) constituem a última causa da catástrofe política.
Um cesarismo intermediário floresceu na comunidade jurídica desde o presidente do STF Joaquim Barbosa. Hoje, Sérgio Moro e Janaína Paschoal são a prova de que a solução para o equilíbrio catastrófica de força passa pela eleição direta para a presidência em 2016. Marina Silva como primeira colocada nas pesquisas eleitorais significa que a trans-subjetivação das forças marginais nas MSØ participativo pode ser expandida em um curto espaço de tempo se o alto comando do lumpesinato político que domina a cultura política nacional (fazendo pendant com o lumpencapital eletrônico global) ir contra a sua natureza lumpesinal catastrófica.
Qualquer observador estrangeiro já sabe que o Brasil caminha para um ponto de fusão nuclear. E que único modo de evitar o deslocamento e condensação das contradições para o ponto de fusão é realizar o programa mínimo: eleição presidencial junto com a eleição para vereadores em 2016.
A eleição presidencial associada à eleição para vereadores pode ter o poder de uma reterritorialização trans-subjetiva da nação e ser um começo de discussão sobre a forma do nosso Estado nacional no século XXI. A cultura política é a articulação da forma política objetiva com o processo permanente de trans-subjetivação das MSØ. O mundo não se deixa entender por linguagens simplórias!      
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. SP: Martins Fontes, 1992
GRAMSCI, Antonio. Quaderni del Carcere. v. 3. Quaderni 12-29 (1932-1935). Torino: Giulio Einaudi Editore, 1977                                        

         


                   

                 

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