segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

MARXISMO GRAMATICAL OCIDENTAL

José Paulo

MARXISMO GRAMATICAL OCIDENTAL

O começo da narrativa da gramatologia da modernidade política encontra-se na passagem da manufatura moderna para a grande indústria capitalista. Assim, a gramatologia da política faz pendant com a economia industrial capitalista e da sociedade de classes da modernidade; das lutas de classes modernas industriais.

A passagem da manufatura para a grande indústria não encontra sua explicação em uma continuidade entre elas. Há um salto qualitativo e uma ruptura entre elas. A escritura da economia burguesa manufatureira é distinta da gramática do capitalismo industrial. A administração manufatureira não é uma organização bürokratisch gramatical como o é a grande indústria. A bürokratie capitalista é o fenômeno que se define pela junção da ciência aplicada, técnica organizacional (racionalidade instrumental) e produção de mais-valia relativa. Trata-se da passagem da subsunção formal do trabalho ao capital para a subsunção real. (Marx. 1978:51-70).

A bürokratie é a administração organizacional capitalista? Marx altera o léxico hegeliano e a administração pública advém como bürokratie.
“El ‘formalismo’ de Estado’ que es la burocracia es el ‘Estado como formalismo’, y como tal formalismo lo describe Hegel. Pero, como este ‘formalismo de Estado’ se constituye en poder real y se convierte por sí mesmo en su proprio contenido material, de suyo se comprende que la ‘burocracia’ es un tecido de ilusiones prácticas o la ‘ilusión del Estado’. El espíritu burocrático es un espíritu totalmente jesuístico, teológico. Los burócratas son los jesuitas de Estado y los teólogos de Estado. La burocracia es la république prêtre”. (Marx. 1982: 359).        

Como se dá a passagem da burocracia estatal para a burocracia econômica da modernidade ou empresa capitalista? Weber diz que elas são a mesma coisa, possuem a mesma estrutura gramatical sociológica:
“é errôneo supor que o trabalho intelectual na administração de uma empresa se distinga, de alguma maneira, daquele na administração pública.
Os dois são, em sua essência fundamental, completamente iguais. O Estado moderno do ponto de vista sociológico, é uma ‘empresa’, do mesmo modo que uma fábrica: precisamente esta é sua qualidade historicamente específica”. (Weber. 1999: 530).

Habermas diz que a estrutura gramatical sociológica é a racionalidade instrumental da burocracia privada e pública. A separação entre o público e o privado é um significante que se estabelece na diferença com o modo patrimonialista do Estado, onde a riqueza da casa real e a riqueza estatal não se distinguem. Fronteira entre o público e o privado é um fenômeno da modernidade essencial na articulação da tela gramatical capitalista. Ele é também imanente a criação do gramático capitalista.

Weber fala de uma ruptura burocrática do capitalismo em uma fantasia lacaniana do futuro ou profecia sociológica, como ele prefere dizer:
“Las burocracias privada y pública, que agora trabajan una al lado de la otra y, por lo menos posiblemente, una contra otra, manteniéndose, pues, hasta cierto punto mutuamente em jaque, se fundirían en una jerarquía única; a la manera, por ejemplo, del Egipto antiguo, sólo que en forma  incomparablemente más racional y, por tanto, menos évitable”. (Weber. 1984: 1074).

Um fator determinante da modernidade capitalista no Estado-nação moderno e na empresa é: “a ‘separação’ entre quadro administrativo, os funcionários e trabalhadores administrativos, e os meios materiais da organização”. (Weber. 1999: 529)  

Outro traço da tela gramática da modernidade é a autonomia relativa entre capitalismo racional e capitalismo irracional:
“Pela última vez, enfrentaram-se aqui numa luta o capitalismo irracional e o racional: o capitalismo orientado para oportunidades fiscais e coloniais e para monopólios estatais e o capitalismo orientado para oportunidades de mercado que resultavam, automaticamente, sem medidas impostas de fora, das próprias transações comerciais”. (Weber. 1999: 525).

O capitalismo racional e o mercado capitalista são significantes gramaticais que constituem a gramática da sociedade industrial capitalista, pois, fazem pendant com o capitalismo especificamente industrial.

Capitalismo racional, mercado racional, Estado racional, burguesia racional constituem o território de um trans-sujeito gramatical capitalista que faz pendant com a organização especificamente capitalista. Antes de explorar o problema da organização capitalista em Marx, remeto-me a Weber e Habermas.

Weber diz:
“O Estado, no sentido do Estado racional, somente se deu no Ocidente.
A luta constante, em forma pacífica e bélica, entre Estados racionais concorrentes pelo poder criou as maiores oportunidades para o moderno capitalismo ocidental. Cada Estado particular tinha que concorrer pelo capital, que estava livre de estabelecer-se em qualquer lugar e lhe ditava as condições sob as quais o ajudaria a tornar-se poderoso. Da aliança forçada entre Estado nacional e o capital nasceu a classe burguesa nacional – a burguesia no sentido moderno da palavra. É, portanto, o Estado nacional fechado que garante ao capitalismo as possibilidades de sua subsistência e, enquanto não cede lugar a um império universal, subsistirá também o capitalismo”. (Weber. 1999: 517).

Antes de prosseguir até Marx, cito um resumo de Habermas dos fenômenos que constituem a tela gramatical burguesa fazendo pendant com o modo de produção especificamente capitalista do século XIX:
“la moderna administración estatal, con su organización racional de funcionarios, que opera sobre la base de un derecho estatuído o positivado; se refiere también a la calculabilidad y previsibilidad del comercio social regulado por el derecho privado, y la empresa capitalista, que trabaja con vistas al lucro, que supone la separación de la hacienda doméstica y el negocío, esto es, el deslinde entre el patrimonio personal y el de la empresa, que dispone de una contabilidad racional, que organiza el trabajo formalmente libre desde el punto de vista de su eficiencia, y que utiliza los conocimientos científicos para la mejora de los dispositivos de producción y de su propria organización interna”. (Habermas: 1987: 214).     
                                                                             II
Vou olhar as questões do texto de Habermas supracitado. Primeiro o problema público versus privado. Em Habermas não é o direito que estabelece a separação entre público e privado. Tal fenômeno se estabelece na história do capitalismo ao instituir, finalmente, a organização burocrática (como um efeito científico) como o gramático rhetor percipio da tela gramatical em narrativa lógica capitalista. Direito público e privado são efeitos do gramático capitalista tout court. Neste ponto faço um alinhamento gramatical entre Weber, Habermas e Marx.

Althusser põe tal problema em tela em uma clara reificação do Estado, uma espécie de ideolatria estatal - estadolatria. Trata-se de uma visão idealista irracional do problema público/privado, pois, a interpretação racional materialista resolve o problema ligando-o à economia capitalista, ou melhor, ao gramático capitalista industrial.

Althusser diz:
“La distinction du public et du privé est une distinction intérieure au droit bourgeois, et valable dans les domaines (subordinnés) où le droit bourgeois exerce ses ˂pouvoirs>. Le domaine de l’Etat lui échappe car il est ˂au-delá du Droit>: l’Eta, qui est l’Etat de la classe dominante, n’est ni public ni privé, il est au contraire la condition de tout de tout distinction entre public et privé”. (Althusser:84).

Nosso problema agora é a passagem da burocracia teológica pública para a burocracia científica capitalista. Trata-se da passagem para o evangelho de Marx que representa o gramático capitalista (Lacan. S. 20: 32-33), ou seja, para a teologia materialista racional capitalista.  Esta teologia capitalista faz pendant com a ideologia científica capitalista que articula a fábrica capitalista como tal.

A ciência moderna aplicada na organização da fábrica ou empresa persiste no ser da sociedade capitalista como ideologia científica, ou melhor, como racionalidade instrumental. Assim, se faz necessário integrar a teologia capitalista como um dos significantes ideológicos da modernidade, como religião civil:
“Na consideração de tais transformações é necessário distinguir sempre entre a transformação material das condições econômicas de produção, que pode ser objeto de rigorosa verificação da ciência natural, e as formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, em resumo, as formas ideológicas pelas quais os homens tomam consciência deste conflito e o conduzem até o fim”. (Marx. 1974: 136).

A propósito, a teologia capitalista surge na passagem da theologia naturalis para a teologia secular até chegar à teologia gramatical materialista racional. Amos Funkenstein demonstra, com muita sabedoria, que não há uma autonomia absoluta entre teologia e ciência moderna. (Funkenstein: 100-108).

Burocracia capitalista e ciência aplicada no processo de produção da mais-valia relativa. A ciência na tela gramatical moderna burguesa é anterior ao modo de produção especificamente capitalista. (Husserl: 25-66). A teologia materialista racional faz pendant com a ciência aplicada na fábrica como organização capitalista.
A aplicação técnica da ciência na fábrica como força produtiva do processo de produção de mais-valia relativa é força produtiva do capital articulado ao campo científico-técnico da física, da química, da matemática. (Marx. 1978: 55). O gramático burocracia científica-teológico capitalista é o sujeito gramatical da fábrica e além como organização da sociedade capitalista.

Passagem do Estado para a fábrica capitalista. Teologia e ideologia científica organizacional capitalista. A teologia especulativa é uma forma de consciência idealista, subjetivista da realidade. Porém, dela pode ser apresentada como um fenômeno imanentista se ela aparece como efeito da estrutura gramatical como fato histórico. (Gramsci. 2015: 297). Assim, ela se torna um ato prático de uma Igreja na articulação da dominação com a hegemonia na Idade Média europeia. Ela também pode ser observada como a ideologia onde as massas camponesas lutam contra o sistema cultural feudal, como observou Engels, sobre a teologia de Münzer. (Engels: 66; Bloch: 12-15).

Como ideologia, a teologia de Münzer tem um efeito de realidade de uma gramática homóloga à “solidez das crenças populares”, funciona como algo que tem a força das crenças populares: “Outra afirmação de Marx é a de que uma persuasão popular tem, como frequência a mesma energia de uma força material”. (Gramsci. 2015: 238). A teologia de Münzer é a aparência da semblância (Gramsci. 2015: 297) da revolução moderna das massas camponesas medievais. Ela é a teologia como força prática. Assim, me aproximo da bürokratie científica como força prática:
“Las ideas – escribe Marx citando a Bauer – que la Revolución francesa había engendrado no llevaran más allá del onden que ella quería suprimir por la violência.
‘Las ideas jamás pueden llevar más allá de un antiguo orden mundial; no pueden hacer otra cosa que llevar más allá de las ideas de ese antiguo orden.   Hablando en términos generales, las ideas no pueden ejecutar nada. Para la ejecución de las ideas hacen falta hombres que dispongan de cierta fuerza pratica’. (186).
La Revolución francesa engendró las ideas del comunismo (Babeuf), que, elaboradas en forma coherente, contenían la idea de un nuevo Weltzustand” (Lenin: 29), ou seja, de uma ordem mundial.

Marx está pensando na ideologia científica no domínio da política, da revolução social. Gramsci pensa a ideologia científica aplicável ao domínio da organização capitalista:
“O trabalho científico tem dois aspectos principais (...) outro que aplica este complexo instrumental (de instrumentos materiais e mentais) para determinar, nas sensações, o que é necessário e o que é arbitrário, individual, transitório. Determina-se o que é comum a todos os homens (trabalhadores da fábrica), o que todos os homens podem verificar da mesma maneira, independentemente uns dos outros, porque foram observadas igualmente as condições técnicas de verificação. ‘Objetivo” significa precisamente e apenas o seguinte: que se afirma ser objetivo, realidade objetiva, aquela realidade que é verificada por todos os homens, que é independente de todo ponto de vista que seja puramente particular ou de grupo. Mas, no fundo, também esta é uma concepção particular do mundo, uma ideologia”. (Gramsci. 2015: 173).

A ideologia científica da organização capitalista é a teologia materialista racional gramatical do trabalho como força prática do capital. Assim, a fábrica é a gramática da république prête capitalista de produção de mais-valia relativa no processo de produção e circulação do capital racional produtivo.
                      O CAPITAL- ORGANIZAÇÃO - ESCRITURA.       
No O capital, a organização da grande indústria é definida como o gramático da sociedade capitalista, ou seja, da sociedade de classes sociais moderna do século XIX. Como apresentá-la?
Derrida atribui a interpretação de Lévi-Strauss da escritura como exploração do homem pelo homem uma conotação marxo-anarquista (Derrida. 1973: 162). Lévi-Strauss diz:
“ Se quisermos pôr em correlação o aparecimento da escrita com certos traços característicos da civilização é necessário procurar noutra direção. O único fenômeno que a tem fielmente acompanhado é a formação das cidades e dos impérios, isto é, a integração num sistema político de um número considerável de indivíduos e a sua hierarquização em castas e classes. Essa é em todo o caso a evolução típica à qual se assiste desde o Egipto até a China, quando a escrita surge: ela parece favorecer a exploração dos homens, antes de sua iluminação. Essa exploração, que permitia reunir milhares de trabalhadores para os obrigar a tarefas extenuantes, reflecte melhor o nascimento da arquitetura do que a relação direta encarada há pouco. Se minha hipótese for exacta, é necessário admitir que a função primária da publicação escrita foi a de facilitar a servidão. O emprego da escrita para fins desinteressados com vistas a extrair dela satisfações intelectuais estéticas é um resultado secundário, se é que não se reduz, na maior parte das vezes, a um meio para reforçar, justificar ou dissimular a outra”. (Lévi-Strauss. 1955: 371).

Derrida considera anarquista a hipótese de Lévi-Strauss: “Para ler corretamente esta página, é preciso diferenciá-la em seus estratos. O autor apresenta aqui o que denomina sua hipótese: ‘Se minha hipótese for exata é preciso admitir que a função primária da comunicação escrita é facilitar a escravização’ ”. (Derrida. 1973: 169-161).  

No livro Tristes Trópicos, a escritura tem a função política de escravização como aspecto principal. Como aspecto secundário, ela é um processo de sublimação estética como aparência da semblância da exploração do homem pelo homem. Antes de passar para a explanação da gramática (como exploração do homem pelo homem) na política da modernidade, faço a exposição da exploração do homem pelo homem como escritura capitalista industrial, isto é, como significante da crítica da economia política.

A gramática capitalista tem na fábrica capitalista seu gramático e o capitalista não é apenas o efeito do capital ou na palavra de Marx personificação do capital. O capitalista é o rhetor percipio do gramático do capital. Para entendermos o significado da terceirização que é um traço gráfico do gramático pós-capitalista, se faz necessário explanar a escritura da fábrica.

A máquina industrial moderna é ciência materializada em maquinaria como meio de produzir mais-valia relativa: “Na manufatura, o ponto de partida para revolucionar o modo de produção é a força de trabalho, na indústria moderna, o instrumental de trabalho”. (Marx. 1996: 424). O “período manufatureiro desenvolveu os primeiros elementos científicos e técnicos da indústria moderna”. (Marx. 1996: 430). A passagem para a fábrica capitalista implica no uso do motor (máquina motriz) independente, inteiramente livre dos limites da força humana: “Uma máquina motriz, um motor, pode agora impulsionar ao mesmo tempo muitas máquinas-ferramenta”. (Idem: 431). Assim: “Essas máquinas-ferramentas, entre si independente, possuem, entretanto, uma unidade técnica: recebem impulso de um motor comum e esse impulso lhes é transmitido por um mecanismo de transmissão que lhes é até certo ponto comum”. (Idem: 432).

A indústria moderna é um sistema maquínico-técnico-científico onde desaparece o princípio subjetivo da divisão do trabalho:
“Na produção mecanizada desaparece esse princípio subjetivo da divisão do trabalho. Nela, o processo por inteiro é examinado objetivamente em si mesmo, em suas fases componentes e o problema de levar a cabo cada um dos processos parciais e de entrelaça-los é resolvido com a aplicação técnica da mecânica, da química etc., embora a teoria tenha sempre de ser aperfeiçoada pela experiência acumulada em grande escala”. (Idem: 433-434).

Trata-se acima da ideologia cientifica de Gramsci. Além disso, o gramático é um ser objetivo (exterior ao homem), uma espécie de estrutura como Deus teológico oculto, ao primeiro olhar. (Gramsci. 2015: 296). O gramático é um campo simbólico lacaniano (da matemática, da química, da física, da razão instrumental) uma estrutura como Deus oculto, ou então como o Deus mortal econômico homólogo ao Estado Deus mortal de Hobbes. (Hobbes: 110): “Na manufatura, o isolamento dos processos parciais é, um princípio fixado pela própria divisão do trabalho: na fábrica mecanizada, ao contrário, é imperativa a continuidade dos processos parciais”. (Marx. 1996: 434).

O gramático é a fábrica capitalista como autômato central ou estrutura simbólica lacaniana, ao primeiro golpe de vista. Como escritura de Marx, o gramático é o simbólico como Diabo. É conhecida a ligação de Marx com o romantismo alemão:
“A produção mecanizada na forma mais desenvolvida no sistema orgânico de máquinas ferramenta combinadas que recebem todos os seus movimentos de um autômato central e que lhes são transmitidos por meio do mecanismo de transmissão. Surge, então, em lugar da máquina isolada, um monstro mecânico que enche edifícios inteiros e cuja força demoníaca se disfarça nos movimentos ritmados quase solenes de seus membros gigantescos e irrompe no turbilhão febril de seus inumeráveis órgãos de trabalho”. (Marx. 1996: 435). 

Dois comentários procedentes. Primeiro, Goethe define o campo simbólico assim:
“Mefistófeles
                       Sou parcela do Além,
      Força que cria o mal e também faz o bem! ”. (Goethe: 59).

Força que cria o mal. Cria a exploração do trabalhador moderno pelo capital industrial, trabalhador que é o escravo moderno da maquinaria industrial, ou melhor, do gramático-capital despótico:
“La industria moderna há transformado el pequeno taller del maestro patriarcal en la gran fábrica del capitalista industrial. Masas de obreros, hacinados en la fábrica, están organizados en forma militar. Como soldados rasos de la industria, están colocados bajo la vigilancia de una jerarquía completa de oficiales y suboficiales. No son solamente esclavos de la clase burguesa, del Estado burguês, sino diariamente, a todas horas, esclavos de la maquina, del capataz y, sobre todo, del patrón de la fábrica. Y este despotismo es tanto más mezquino, odioso y exasperante, cuanto mayor es la franqueza con que proclama que no tiene otro fin que el lucro”. (Marx. 1975: 29).

A fábrica moderna articula-se como a política do gramático como regime despótico. Retomo isso depois.        
 O gramático também faz o bem, pois, cria o trans-sujeito gramatical classe operária fazendo pendant com suas lutas sociais gramatical-poético do épico histórico pela revolução social:
“A revolução social do século XIX não pode tirar sua poesia do passado, e sim do futuro. Não pode iniciar sua tarefa enquanto não se despojar de toda veneração supersticiosa do passado. As revoluções anteriores tiveram que lançar mão de recordações da história antiga para se iludirem quanto ao próprio conteúdo. A fim de alcançar seu próprio conteúdo, a revolução do século XIX deve deixar que os mortos enterrem seus mortos. Antes a frase ia além do conteúdo; agora é o conteúdo que vai além da frase”. (Marx. 1974: 337).

O sistema fabril moderno capitalista possui um dentro (a fábrica) e um fora: a sociedade nacional das lutas de classes da modernidade. Com a terceirização (Drucker 128), o sistema se desfaz no território do trans-sujeito nacional ou regional substituído por uma geoeconomia planetária do gramático pós-capitalista, funcionando em redes financeiras-informacionais (Castells: 181; Boltanski: 430), primeiro, e depois, sob comando do capital-fictício digital.

O gramático pós-capitalista é aquele da indústria digital computadorizada. Nessa, o regime político despótico é substituído (nos países desenvolvidos do centro capitalista) por um campo de poder gramatical revolucionário, pois, põe um fim no despotismo do gramático capitalista. O gramático pós-capitalista é também pós-despótico. (Boltanski: 433). Os controles e dispositivos de poder precisam ser um campo de poder gramatical, pois, trata-se do governo (não mais do trabalho manual) do trabalho simbólico, do trabalho gramatical, do intelectual no sentido de Gramsci.     

Segundo, a indústria do gramático pós-capitalista não se articula pela física mecânica. Ela é uma indústria digital computadorizada movida a algoritmo.  
                                                                           III

Lévi-Strauss trata a escritura como dominação: “Se a escritura não bastou para consolidar os conhecimentos, talvez tenha sido indispensável para fortalecer as dominações. Olhemos um pouco para mais próximos de nós: a ação sistemática dos Estados europeus a favor da instrução obrigatória que se desenrola no decurso do século XIX, é acompanhada, a par e passo, pela extensão do serviço militar e pela proletarização. A luta contra o analfabetismo confunde-se assim com o reforço do controle dos cidadãos pelo poder. Pois é necessário que todos saibam ler para que este último possa dizer: ninguém pode ignorar a lei”. (Lévi-Strauss. 1955: 371-372).     

Neste trecho destaca-se o ignorar da relação da escritura alfabética com o sistema representativo democrático. Ignora-se que a gramaticalização das massas grau zero de alfabetização é uma necessidade de constituição de um eleitorado como soberania popular democrática, baseado na lei, na Constituição.

Derrida considera a interpretação de L-S como um anarquismo etnológico seduzido pela cultura oral da sociedade primitiva:
“Neste texto, Lévi-Strauss não faz nenhuma diferença entre hierarquização e dominação, entre autoridade política e exploração. A nota que governa estas reflexões é a de um anarquismo que confunde deliberadamente a lei e a opressão. A ideia de lei e de direito positivo, que é difícil de se pensar na sua formalidade, nesta generalidade que ninguém é suposto ignorar, antes da possibilidade da escritura, é determinada por Lévi-Strauss como coerção e escravização”. (Derrida. 1973: 162).  

Para não deixar dúvidas sobre o anarquismo em tela, cito mais um trecho:
"A empresa passou do plano nacional para o plano internacional, graças a essa cumplicidade que se estabeleceu entre jovens Estados – confrontados com problemas que foram os nossos, há um ou dois séculos – e uma sociedade internacional de indivíduos garantidos, inquieta pela ameaça que representavam para a sua estabilidade as reacções de povos mal preparados pela palavra escrita para pensarem em fórmulas modificáveis à vontade e para darem ensejo aos esforços de edificação. Ao aceder ao saber acumulado nas bibliotecas esses povos tornam-se vulneráveis às mentiras que os documentos impressos propagam em proporção ainda maior”. (L-S. 1955: 372)              

Derrida é um filósofo e especialista em literatura. Por isso, remeto o discurso de L-S para um cotejamento com a ciência gramatical da política de Gramsci. Antes superponho transdialeticamente o conceito de dominação de Gramsci com o de Foucault.

Para Gramsci, dominação é submissão dos povos, da população, da classe subalterna pela violência real ou simbólica do Estado.

Foucault diz:
“O sistema de direito e o campo judiciário são o veículo permanente de relações de dominação, de técnicas de sujeição polimorfas. O direito, é preciso examiná-lo, creio eu, não sob o aspecto de uma legitimidade a ser fixada, mas sob o aspecto dos procedimentos de sujeição que ele põe em prática. Logo, a questão, para mim, é curto-circuitar ou evitar esse problema, central para o direito, da soberania e da obediência dos indivíduos submetidos a essa soberania, e fazer que apareça, no lugar da soberania e da obediência, o problema da dominação e da sujeição”. (Foucault. 1999: 32).

Dando um passo adiante, em Gramsci temos o problema do Estado integral como dominação e articulação da hegemonia. Trata-se de um problema do gramático pós-capitalista que nos remete para a relação entre política e economia.

O Estado integral ou Estado ampliado já é um Estado distinto do Estado liberal que faz pendant com o léxico da linguagem política usual da ciência política até hoje, e da linguagem do senso-comum jornalístico. A não gramaticalização do Estado integral (nem no campo científico) se deve ao fato que ele é um Estado pós-capitalista. Trata-se de uma descoberta na teoria e na ´prática do fascismo. No século XXI, o Estado integral será metabolizado como um Estado do gramático pós-capitalista. 

Gramsci diz, enigmaticamente para sua época:
“Na realidade de todos os Estados, o ‘chefe do Estado’, isto é, o elemento equilibrador dos diversos interesses em luta contra o interesse predominante, mas não exclusivo num sentido absoluto, é exatamente o ‘partido político’: ele, porém, ao contrário, do que se verifica no direito constitucional tradicional, nem reina nem governa juridicamente:  tem ‘o poder de fato’, exerce a função hegemônica e, portanto, equilibradora de interesses diversos, na ‘sociedade civil’, mas de tal modo esta se entrelaça de fato com a sociedade política, que todos os cidadãos sentem que ele rena e governa. Sobre esta realidade, que se movimenta continuamente, não se pode criar um direito constitucional do tipo tradicional, mas só um sistema de princípios que afirma como objetivo do Estado o seu próprio fim, o seu desaparecimento, a reabsorção da sociedade política pela sociedade civil”. (Gramsci. 1980 :102).      

O Estado é dominação e articulação da hegemonia na atualização do ‘partido político’. Este gramático político é homólogo ao gramático econômico pós-capitalista, pois, este é também dominação e articulação da hegemonia nas redes planetárias da indústria digital capitalista sem capitalistas como futuro da sociedade pós-capitalista. (Drucker: 48-49). Trata-se da reabsorção da sociedade política pela sociedade civil digitalis. Seria preciso pensar a atualização de um ‘partido político’ digitalis que toma o lugar do Príncipe eletrônico, de Octavio Ianni, ‘partido político’ dos meios de comunicação de massa eletrônicos.  

A nova indústria digital tout court é o gramático pós-capitalista como dominação foucaultiana (técnicas voluntárias de sujeição ao campo de poder gramatical digitalis inventadas pelo próprio internauta comandado por algoritmo). Ela também é o lugar da geometria poligonal mistilíneo de articulação da hegemonia entre os internautas distribuídos entre lados curvilíneos e outros lados retilíneos. 



Há uma alteração geométrica condensada na economia e política digital das organizações corporativas industriais pós-capitalistas. Em todos os países (dos desenvolvidos aos subdesenvolvidos capitalistas com sistema representativo democrático) ocorre um divórcio entre a geometria poligonal digital e a geometria da linha reta da representação tradicional da política moderna: esquerda, centro, direita.

Nos encontramos nos primeiros passos da passagem do gramático capitalista para o gramático pós-capitalista. O novo mundo do século XXI é a Terra daqueles gramaticalizáveis pelo gramático pós-capitalista.

Um novo mundo já nasceu, mas o velho mundo não quer morrer!
                                                          
                                       UMA PALAVRA SOBRE GRAMÁTICA E GRAMSCI   

O marxismo gramatical é um campo das ciências gramaticais da política. Na era da modernidade, a gramática normativa é associada a um ato político: a política cultural da nação:
“La grammatica normativa scritta è quindi sempre una ˂scelta>, un indirizzo culturale, è cioè sempre un atto di politica culturale-nazionale”. (Gramsci. 1977: 2344).

Ao contrário do anarquismo infantil de Lévi-Strauss, o marxismo gramatical pensa a gramática normativa em junção com a articulação da hegemonia mundial e/ou nacional como economia política da cultura. (Idem: 2346).

Gramsci fala da língua articulada pela gramática normativa fazendo pendant com a gramática histórica como um fato linguístico que estabelece a fronteira nacional invadida pela história mundial, ou seja, por outras gramáticas mundiais:
“La grammatica storica non può non essere ˂comparativa>: espressione che, analizzata a fondo, indica la intima coscienza che il fato linguístico, como ogni altro fato storico, non può avere confini nazionale strettamente definiti, mas che la storia è sempre ˂storia mondiale> e che la storia particolari vivono solo nel quadro della storia mondiale”. (Idem: 2343).

A gramática além de norma culta é gramatica histórica:
“La quistione che il Croce vuol porre: ˂Cosa è la grammatica? > non può avere soluzione nel suo saggio. La grammatica è ˂storia> o ˂documento storico>: essa è la ˂fotografia> di una fase determinada di un linguaggio nazionale (collettivo) [formatosi storicamente e in continuo sviluppo], o i tratti fondamentale di una fotografia. La quistione pratica può essere: a che fine tale fotografia? Per fare la storia di un aspetto della civiltà o per modificare un aspetto della civiltà? (Idem: 2341-2342).

A norma culta faz pendant com a gramática historial, pois, se articulam à formação histórica da nação na política gramatical mundial. Trata-se do problema do trans-sujeito gramatical nacional fazendo pendant com o trans-sujeito mundial ocidental na época da modernidade capitalista.

O trans-sujeito da tela gramatical é um sujeito gramatical que não exclui o fenômeno político sgrammaticatura (falta de gramática).
“Il problema va quindi posto in altro modo, nei termini di ˂disciplina alla storicità del linguaggio> nel caso delle ˂sgrammaticature > (che sono assenza di ˂disciplina mentale>, neolalismo, particolarismo provinciale [gergo], ecc.), o in altri termini (nel caso dato del saggio crociano l’errore è stabilito da ciò, che una tale propozione può apparire nella reppresentazione di um ˂pazzo>, di un anormale, ecc. ed acquistare valore expressivo assoluto; comme rappresentare uno che non sia ˂logico> se non facendogli dire ˂cose illogiche>? ecc.). In realtà tutto ciò che [non] è ˂grammaticalmente esatto> può anche essere giustificato dal punto di vista estetico, logico, ecc., se lo si vede non nella particolare logica, ecc., dell’espressione imediatamente meccanica, ma come elemento di una rappresentazione piú vasta e compressiva”. (Idem: 2341).    

As massas sgrammaticatura constituem todo o espontaneísmo da política de uma nação. Trata-se das massas não gramaticalizáveis na língua da política nacional representativa que faz pendant com a gramática ocidental representativa democrática. Se faz exato a distinção entre espontaneísmo dos fenômenos de massas e o fenômeno cose illogiche para a gramática da classe dirigente. Sem essa observação, a contradição gramatical é dissipada como fenômeno da revolução social gramatical.

O gramático da política democrática é ocidental como língua política virtual da Constituição que se atualiza através do gramático nacional, no caso dos países do centro do capitalismo desenvolvido. O subdesenvolvimento capitalista tem que se contentar com um subgramático, uma gramática sem gramático, ou melhor, com um subescritor da língua política representativa democrática. Por outro lado, a União Europeia é a tentativa de construir um gramático europeu no lugar dos gramáticos nacionais. Tratar-se-ia de um gramático pós-capitalista que atua como força dissipativa do gramático nacional.

Sem o trans-sujeito gramatical não há possibilidade de articulação da hegemonia no domínio da escritura. Gramsci diz que a linguagem falada tem sua gramática. A linguagem oral da política representativa tem sua própria gramática no seio das massas que habitam uma democracia representativa. Não se pode esquecer o lugar escritural da oratória na política democrática da modernidade. O trans-sujeito é um efeito da gramática normativa fazendo pendant com a gramática histórica; um efeito da escritura da política com a fala da política:
“Poder-se-ia esboçar um quadro da gramática normativa que opera espontaneamente em toda a sociedade determinada na medida em que tende a unificar-se seja como território, seja como cultura, isto é, na medida em que nela existe uma camada dirigente cuja função seja reconhecida e seguida. O número de ‘gramáticas espontâneas’ ou ‘imanentes’ é incalculável; pode-se dizer, teoricamente, que cada pessoa tem sua própria gramática”. Todavia, ao lado desta desagregação de fato, deve-se sublinhar os movimentos unificadores, de maior ou menor amplitude, seja como área territorial, seja como ‘volume linguístico’. As ‘gramáticas normativas’ escritas tendem a abarcar todo um território nacional e todo o ‘volume linguístico’, a fim de criar um conformismo linguístico nacional unitário que, outrossim, coloca num plano mais elevado o ‘individualismo’ expressivo, já que cria um esqueleto mais robusto e homogêneo para o organismo linguístico nacional, do qual, cada indivíduo é o reflexo e o interprete” [Sistema Taylor e autodidatismo]. (Gramsci. 1968: 169).

A propósito, anote-se que o indivíduo é (como gramático rhetor percipio) um efeito da gramática nacional mais ocidental e um interprete técnico dela, um criador e motor da mudança da política cultural-nacional. A democracia representativa não é um acontecimento estagnado na história da política ocidental. A história gramatical da unificação da Itália e a formação de uma classe dirigente gramatical está claramente exposta como um fenômeno da articulação da hegemonia - como processo historial (Gramsci. 1977: 2350).       

A articulação da hegemonia é o trans-sujeito gramatical da modernidade na política representativa democrática. O trans-sujeito é um campo de poder gramatical como unidade da nação. Gramsci põe e repõe a questão da alfabetização como aspecto essencial da constituição da nação, pois se trata de integrar as massas no campo de poder gramatical que é, simultaneamente, nacional e ocidental.

A propósito, sem norma culta a articulação da hegemonia não se realiza como espalho público procedural, espaço onde a produção de ideia e estrutura de pensamento lutam e dialogam para vencer o mais gramaticalmente verdadeiro.

A interpretação da gramática como tal pode ser deslocada para o domínio da gramática da política ou da economia, como articulação da hegemonia no gramático político e no gramático econômico. Trata-se do fenômeno transliterário - do marxista gramatical Bakhtin. (Bakhtin: 29).    

Eis a última citação extraordinária do marxismo gramatical ocidental de Gramsci:
“In realtà oltre alla ˂grammatica immanente> in ogni linguaggio, esiste anche, di fato, cioè anche se non scrita, una (o piú) grammatica ˂normativa>, ed è costituita dal controlo reciproco, dall’insegnamento reciproco, dalla ˂censura> reciproca, che si manifestano con le domande, ˂Cosa hai inteso, o vuoi dire? >, ˂Spiegati meglio>, ecc. , con la caricatura e la presa in giro, ecc. ; tutto questo complesso di azioni e reazioni confluiscono a determinare un conformismo grammaticale, cioè a stabilire ˂norme> o giudize di corretteza o di scorretteza, ecc. Ma questo manifestarsi ˂spontaneo> di un conformismo grammaticale, è necessariamente iconnesso, discontinuo, limitato a strati sociali locali o a centri locali, ecc. (Un contadino che si inurba, per la pressione dell’ambiente citadino, finisce col conformarsi alla parlata della città; nella campagna si cerca di imitare la parlata della città; la classi subalterne cercano di parlare come la classi dominanti e gli intellettuali , ecc.) ”. (Gramsci. 1977: 2342-2343).

O marxismo gramatical ocidental é o anverso do marxismo etnológico anarquista!

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