sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

EM DEFESA DA NOSSA DEMOCRACIA

A LUTA GRAMATICAL DEMOCRÁTICA

A passagem da cultura democrática da modernidade para a cultura oligárquica da pós-modernidade causa uma transmutação radical em fenômenos como sociedade observada como sistema estável. Tal transmutação adquiriu efeito de realidade na época do globalismo neoliberal - que se define mais claramente na década de 1990 e nas primeiras duas décadas do século XXI.

Como um território de saberes e poderes, a cultura do pós-moderno vai estabelecendo o sistema cultural oligárquico instável. A razão pós-moderna é instável, paradoxal, catastrófica, faz pendant com a paralogia dos jogos de linguagem. Como razão funcional ao sistema cultural oligárquico mundial, o saber pós-moderno funcional diz: adaptai vossos pensamentos aos nossos fins, senão...

O sistema oligárquico burocrático tem como pressuposto que jogar os jogos de linguagem é se submeter ao princípio de que todos os parceiros não devem dar lances novos que modifiquem as regras dos jogos e/ou traga novos jogos para o espaço público das linguagens artificiais.

No campo do saber, se estabeleceu antagonismos entre o sistema oligárquico de saber e as grandes narrativas da vida do espirito e/ou da emancipação do homem. À derrota da grande narrativa como contrato social rousseauniano abriu a janela para a fabricação da pequena narrativa temporária, narrativa do contrato gramatical. A luta está em andamento!

A propósito, a infelicidade da esquerda brasileira sem discurso narrativo para disputar a eleição 2018 é cada vez mais visível. A esquerda continua refém de um fantasma, de uma fantasia que diz que a narrativa de emancipação (marxismo-leninismo) ainda continua válida para orientar a política como tal. Trocando em miúdos, a esquerda não sabe como produzir a pequena narrativa gramatical temporária. Então, ela se põe no lugar de vítima da direita latino-americana, que tem um plano sinistro de desmoralizá-la definitivamente. A narrativa da vitimização é um ersatz de grande narrativa da emancipação - a direita é contra a esquerda porque esta luta pela emancipação dos mais pobres, enfim, do povo ou do proletariado. A narrativa fraudulenta da esquerda é facilmente recuperada para “legitimar” pós modernamente o sistema oligárquico autocrático instável.

O sistema é catastrófico e obedece a lógica do caos; não se trata do caos do real fático. Em especial, a esquerda brasileira se comporta oligarquicamente (como um efeito do discurso oligárquico). Ela diz que defende a democracia representativa. Porém, ela usa a lógica do caos (o determinismo da lógica da catástrofe) para a tomada do poder, que não excluiu (no limite) a transformação do poder democrático em poder autocrático. A atitude da esquerda brasileira é de dispor de uma fala na qual ela se apresenta como a única defensora da democracia quando de fato ela é o discurso da democracia sem democratas.

A democracia brasileira encontra-se em uma crise clara para quem quiser ver. O governo do PMDB é o grande inimigo da democracia, pois, serve aos interesses do território do domínio invisível da tela gramatical democrática. O governo em extensão (pois inclui meios de comunicação de massa, Congresso, Bancos, mercado financeiro, capitalismo de commodities, etc.) tem laços lógicos com o capitalismo criminoso (Platt), com a lúmpen-elite oligárquica e uma série de inúmeros fenômenos autocráticos. O Estado “brasileiro” é dominado por uma irracionalidade burocrática autocrática cada vez mais visível e desorganizadora da vida nacional em sociedade. Trata-se é claro de um sistema oligárquico autocrático que leva a instabilidade crônica e persistente à vida democrática representativa.

Para completar este quadro de instabilidade sistêmica, as massas de rua perderam o sentido da luta pelo aprofundamento da democracia com a grande derrota delas (para o poder oligárquico) - que começa em 2013. Hoje, as massas se retiraram da rua e se caso ameaçam retornar através do pequeno relato gramatical da luta de rua democrático, elas são violentamente reprimidas pelos poderes oligárquicos.

Há um claro antagonismo entre a rua gramatical da democracia das massas e o sistema cultural oligárquico?

O sistema é autotélico; ele não busca se legitimar na rua, a não ser como farsa à esquerda ou à direita. No entanto, o sistema é um conglomerado contraditório de interesses econômico, político, cultural. Não há consenso no sistema como “partido político” de quem deve governá-lo. A corrupção no sistema inscreve uma contradição entre a vanguarda do poder judiciário e a classe política. São mais de 100 políticos profissionais, com cargos em Brasília, sendo julgados, ou em vias de serem julgados, pela cúpula do poder judiciário.

Toda esta situação política é o signo de que a realização da eleição 2018 (se não for interrompida, sabotada) significa uma vitória parcial, mas legítima em pequena narrativa gramatica democrática, para a soberania gramatical das massas grau zero autocrático.

O Lógico poder autocrático oligárquico está sendo desafiado pelo gramático do saber legitimamente democrático no processo material eleição 2018. Há um campo de incerteza neste confronto do sistema com a democracia representativa. O sistema subcapitalista autocrático (Reforma do Trabalho, Reforma da Previdência, a desejada e interesseira Reforma da universidade pública, etc.) se apoderou (se empoderou) da democracia constitucional 1988. No entanto, sua crise orgânica, irrevogável e insolúvel (no contexto autocrático oligárquico) se transformou em desespero burguês que faz do atual governo, um governo a serviço do neocolonialismo corporativo capitalista mundial.

O leitor pode ver, agora, as razões que se constituem como uma ameaça terrorista do sistema à democracia. O terror do sistema é a ameaça permanente de acabar com o jogo de “linguagem” democrática (e de excluir os parceiros democráticos de serem privados de jogar) caso a democracia representativa ameaça se emancipar (em pequena narrativa gramatical temporária) do poder autocrático.

O leitor não deve mais se deixar enganar por discursos midiáticos que sopram no ouvido do telespectador que a democracia brasileira é estável, forte.  Trata-se de um discurso que tem por finalidade desarmar as massas gramaticalmente vicejadas por desejos democráticos.                   
               

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