Na ciência econômica da guerra, o
neoliberal clássico Hayek se submeteu, conscientemente, ao grande teórico do
capital monopolista nacional de Estado: Keynes. Na teoria da economia de
guerra, o problema central é a relação entre gastos deficitários e receitas públicas. Em tal economia, o populismo da irresponsabilidade fiscal de Keynes
deixa de ser uma norma econômica patológica para se transformar na única
solução para a vida econômica territorial. Há uma espécie de normalização do pathos:
- claro que o orador populista bolivariano se serve de argumentos quase racionais,
mas não pode deixar de usar o seu carisma e a sua habilidade oratória para convencer
as massas intelectuais. A economia de guerra é um objeto da ciência econômica carismática
e retórica capaz de evitar as revoltas das massas em estado de extrema
necessidade. Na atualidade, ela faz pendant com a cultura política
informacional sedutoramente espetacular. Esta é capaz de transformar a miséria
das massas urbana e rural em informação espetacular, em medusa sedutora. Tal adaptação
das massas à economia de guerra está a pleno vapor na Venezuela.
A questão cadente da economia de
guerra é - quem paga pela guerra? A Venezuela instalou a economia de guerra,
quando o bolivarianismo chavista estabeleceu que a economia oligárquica liberal
era o inimigo a ser aniquilado. A conservação do poder bolivariano exigia a
destruição do conteúdo econômica do poder político oligárquico. O
bolivarianismo chavista é a forma mais extrema do populismo pós-modernista na
América Latina. Tal bolivarianismo é um populismo de irresponsabilidade fiscal sem
limite que usou a riqueza da nação (renda do Petróleo) para financiar um estado
de economia de guerra permanente. Este ergue uma forma de regime político/econômico
no qual massas improdutivas e a subelite bolivarianas gastam improdutivamente a
riqueza da nação. Jamais passou pela cabeça de Hugo Chaves usar a renda do
petróleo para qualquer projeto de industrialização no país. Em 2015, a Venezuela
de Maduro saiu do estado latente da economia de guerra para o abismo da
economia de guerra.
A economia de guerra manifesta se
caracteriza pela lógica do desmoronamento da economia de mercado e das instituições
econômicas e outras instituições não-estratégica para a conservação do poder bolivariano.
Na Venezuela, falta alimento, produtos de higiene, remédios, material
hospitalar, produtos escolares, papel para a imprensa etc. A energia elétrica e
a água são bens de consumo cada vez mais raros. O transporte de massas alcançou
o nível cubano. Enfim, trata-se de um estado de miséria material impossível de
esconder com o nefasto discurso ideológico bolivariano. Por isso, o presidente Maduro
encarcerou os líderes da oposição oligárquica liberal capazes de comandar um
levante popular contra o bolivarianismo. E diante da eleição parlamentar de dezembro
perdida, fala de golpe de Estado antibolivariano das massas eleitorais oligárquicas.
O modelo brasileiro é um modelo
híbrido bolivariano/oligárquico. O governo FHC foi governado pelo PSDB (bolivarianismo
de direita) com o PFL (oligarquismo articulado como simulacro de liberalismo econômico). Nos governos Lula/Dilma Roussef, o país foi governados pelo PT (bolivarianismo de
esquerda) com o oligarquismo conservador colonial peemedebista (PMDB). A lógica
de sentido da realidade política brasileira da República Democrática pombalina
de 1988 é articulada pelo subpoder simbólico bolivariano com suplemento
oligárquico. O xifópago bolivariano (PT/PSDB) se distingue imaginariamente –
para as massas intelectuais ideologicamente disponíveis – como esquerda versus
direita liberal. A universidade estatal bolivariana é a instituição que acolhe
caninamente tal paradigma esquerda versus direita. Hoje, um professor planeja
um curso de graduação sem saber se ele será concluído. O déficit emergencial bolivariano
no orçamento da universidade é parte da economia de guerra na educação, que
impede que ela funcione como uma instituição racional. A irracionalidade é a “lógica”
da vida da universidade estatal. Mas a universidade não rompe com o bolivarianismo!
O Brasil não instala o estado de economia
guerra do tipo venezuelano. Ele conserva a economia como lógica oligárquica do
simulacro de simulação, que Celso Furtado estudou na década de 1970. O bolivarianismo
de esquerda lulista instalou o mecanismo do estado de guerra econômico (extraído do
governo FHC) com o Bolsa Família. A economia brasileira jamais deixou de ser
uma economia dependente subdesenvolvida, como Espírito Objetivo. A questão nordeste
denuncia o desenvolvimento desigual territorial com tal região subdesenvolvida submetida
à região Sudeste em aliança com o Sul e o Centro-Oeste semidesenvolvidos. O desenvolvimento desigual dependente e
associado fez do Sudeste (São Paulo) o centro econômico do pais. Nesta região funcionava
um simulacro de simulação de economia de mercado, pois se tratava, de fato, de um
subcapitalismo moderno do Engenho de cana-de-açúcar.
No governo Dilma Roussef, a governança oligárquica neoliberal de um Joaquim Levy quer usar Hayek sem Keynes. Quer cortar o Bolsa Família - símbolo keynesiano da economia de guerra bolivariana na paz e na guerra. Os economistas veem este problema candidamente como um quid pro quo entre cavalheiros desenvolvimentistas keynesianos e neoliberais hayekeanos.
No governo Dilma Roussef, a governança oligárquica neoliberal de um Joaquim Levy quer usar Hayek sem Keynes. Quer cortar o Bolsa Família - símbolo keynesiano da economia de guerra bolivariana na paz e na guerra. Os economistas veem este problema candidamente como um quid pro quo entre cavalheiros desenvolvimentistas keynesianos e neoliberais hayekeanos.
A Venezuela vive, atualmente, na
economia de guerra a céu aberto. A vida venezuelana mergulhou na mais negra
irracionalidade. Um estado de loucura permanente se avizinha nesta pátria. E,
apesar de tudo, o bolivarianismo crê que pode conservar o poder político. A aproximação
de Maduro com o islã político, nos leva a ver (e ouvir) que o bolivarianismo se sustenta
pela fé islâmica laica das massas chavistas no poder simbólico bolivariano. O
Brasil atual petista também não possui esta fé de islamismo político no poder simbólico bolivariano?
Em outro texto escrevi:
Em outro texto escrevi:
Assim como o imperialismo é história territorial, a DEPENDÊNCIA é história territorial e uma linguagem ideológica oca na relação ideia/fenômeno da atual história mundial. A dependência significa subcapital industrial dependente e associado. Vamos falar de fatos. Não é esta dependência que está em desintegração no Brasil (e na América Latina)? O subcapital industrial paulista não está vivendo sob o tacão da lógica do desmoronamento econômica? Isto não é a essência da CRISE BRASILEIRA?
A economia de guerra do bolivarianismo de esquerda não é o apogeu da crise do capitalismo territorial no planeta?
A economia de guerra do bolivarianismo de esquerda não é o apogeu da crise do capitalismo territorial no planeta?
Muito bom!
ResponderExcluirO que mais gostei? "O xifópago bolivariano (PT/PSDB) se distingue imaginariamente – para as massas intelectuais ideologicamente disponíveis – como esquerda versus direita liberal."