BRASILFACTAUL e CONTRAFACTUAL
JOSÉ PAULO
capitulo 2 - Brasil factual e contrafactual
A prática política da tela da mente estética paulista põe e repõe o problema do cesarismo como fático ou válido a partir do poder comunicativo de Hannah Arendt:
“O que lhe nos movimentos emancipatórios é o poder de convicção comum: a desobediência com relação à instituições que perderam sua força legitimatória; a confrontação do poder, gerado pela livre união dos indivíduos, com os instrumentos coercitivos de um aparelho de Estado violento mas impotente; o surgimento de uma nova ordem política e a tentativa de estabilizar o novo começo, a situação revolucio0nária original, e de perpetuar institucionalmente a gestação comunicativa do poder”. (Habermas. 1980: 107).
Nas ciências das telas, habermas põe e repõe o cesarismo como um fenilomenico na prática política da língua fenilato:
“O conceito ‘agir comunicativo’, que leva em conta o entendimento linguístico como mecanismo de coordenação da ação, faz com que as suposições contrafactuais dos atores que orientam seu agir por pretensões de validade adquiram relevância imediata para a construção e manutenção de ordens sociais; pois estas <mantém-se> no modo de reconhecimento de pretensões de validade normativas. Isso significa que a tensão entre facticidade e validade, embutida na linguagem e no uso da linguagem - ao menos de indivíduos socializados comunicativamente - devendo ser trabalhada pelos participantes”. (Habermas. 1997: 35).
A ordem social populista local [factual (territorial) e contrafactual (virtual)] tem dois artistas cesaristas na tela da mente estética paulista: JQ e Adhemar de Barros. A praxis individual do poder d’ars de JQ no aparelho de Estado se contrapunha com a praxis do poder d’ars do <populismo cartorialista>, representado por Adhemar de B. A fenilideologia política de A. de B. se assentava na imagem para as massas de um Estado protetor capaz de cuidar das massas populistas: “(...) um Estado protetor, assistencial, ao qual se possa recorrer em caso de dificuldade com os impedimentos técnicos de uma administração racional e impessoal (...)”, diz Francisco Weffort no estudo da gramática do texto populista em “Raízes sociais do populismo em São Paulo”. além dessa fenilimagem, o populismo cartorialista possuía bases materiais, constituindo-se como expressão de relações entre o aparelho de Estado e determinados grupos subalternos. O aparelho de Estado aparecia como uma “estrutura empregatícia”, na forma de um clientelismo de massas, que tinha como efeito a manutenção de um corpo administrativo regido por hierarquias burocráticas, mecanismo este que assegurava a sua reprodução na medida que se constituía como resistência a qualquer mudança na gramática e no funcionamento do aparelho de Estado. Na forma de governo democrática constitucional de 1988 tardia, o Congresso não restaurou, parcialmente, o populismo cartorialista, cesarista, autoritário adhemarista?
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A partir de 1824, o Brasil independente é a história dos cesarismos territorial e virtual. D. Pedro I é o modelo político de cesarismo autoritário imperial. D. Pedro II é a gramática do cesarismo democrático imperial. O golpe da barbárie na civilização democrática imperial é o cesarismo autoritário republicano, que tem em Floriano Peixoto seu artista do poder d’ars do republicanismo cesarista autoritário. (Lima Barreto. “Policarpo…”: 209-210). Na República Velha, Arthur Bernardes aparece como cesarismo autoritário da oligarquia do café com leite. O <tenentismo> emerge do real da tela da mente estética republicana como cesarismo autoritário militar que seria importante nas revoluções cesaristas autoritárias até o golpe de 1964.
Retomando a republica populista de 1946. Há a contradição interna ao aparelho de Estado sob a forma de oposição da racionalização administrativa ao “parasitismo burocrático”, polarizada em dois artistas cesaristas - JQ e Adhemar -. Tal contradição d’ars era a expressão regional de uma plurivocidade de gramática nacional. Porém em SP, esta contradição interna ao aparelho de Estado pôde ser vivenciada de um modo distinto dos outros estados devido à estrutura da sociedade classes sociais local. No período estudado em JQ, o poder de Estado Com JQ era determinado pela gramática da etapa do capitalismo monopolista geograficamente concentrado em SP. A modernização administrativa, imagem estética que Quadros encarnou, deve ser compreendida como relação entre as classes sociais do dominante e quanto ao processo de refração das praxis políticas da grande burguesia no aparelho de Estado.
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Antes de prosseguir com a narrativa da conjuntura SP/Brasil, olho de relance para a subjetividade cesarista da história do velho no Império e na República :
“O que não faltou em nosso passado foram idosos como Félix Cavalcanti, Cristiano Ottoni e Antônio Cesarino à frente de suas famílias. A família seguia a força permanente, disseminadora de valores, entre os quais o ‘paternalismo’, símbolo do homem protetor e providencial, mas também ditatorial e, por vezes, sádico”. (Priori: 117). Esta última é a versão do <homem cordial> (Holanda.1988: cap. 5) como subjetividade cesarista autoritária do mundo privado imperial. Quanto à República Velha, o cesarismo autoritário faz pendant com a relação público-privado da gramática da “política do favor”, Estado-sociedade civil:
“Não só os pobres, mas todos os que, de algum modo, de3pendem do Estado, são induzidos a uma relação de troca de favores com os políticos”. (Martins. 1994: 29).
Mary del Priore põe o poder d’ars da velhice em carne, sangue, osso e carnavalização na subjetividade cesarista da gramática do favor entre dominante e dominado, na língua fenilato da república velha :
‘Já o aniversário de políticos poderosos se transformava em festa com banda de música, missa na catedral e exposição de presentes de funcionários públicos que uniam para demonstrar afeição ao chefe. O senador Antônio José de Lemos, intendente da República, preocupado em fazer de Belém do Pará uma ‘Paris n’América’, apesar da gordura, cabeça e bigodes brancos, era apresentado nas fotos como um ‘homem jovial’. E usava festas de aniversário para reforçar a imagem de poderoso administrador, humilhando correligionários ou opositores. Sua festa contava com ‘clubes de honra, o dia virava feriado popular, choviam telegramas, cartões, poesias, notas de júbilo nos jornais, música do corpo de Bombeiro e discursos. Até o cardápio do almoço oferecido por amigos era publicado. O encontro servia para consolidar a ‘política de favor’, retribuída com concessões de obras e exploração de serviços urbanos - conta a historiadora Maria de Nazaré Sarges”. (Priore: 205).
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Há a distinção entre a prática política tirânica cínica (Antiguidade) e a prática política com tecnologia e ideologia (Strauss: 38; Heidegger. 2000:133; Sloterdijk. 1989). O cesarismo autoritário pode existir como prática cínica ou com ideologia. A preocupação de estabelecer as relações de JQ com o grande capital seria um truísmo se Jânio fosse apenas um hiperpolítico das determinações do capitalismo corporativo mundial (Bandeira da Silveira; 2002) no Brasil. Todavia, se JQ não foi um intelectual orgânico da grande burguesia, por outro lado, sempre procurou assumir posições que o inscreveram na prática política cesarista autoritária da grande burguesia do sudeste. Resta esclarecer que fenilomenicos possibilitaram a JQ não ser um simples efeito da gramática econômica do grande capital, e sim um artista com autonomia relativa diante do capital, mesmo se identificando esteticamente com o poder d’ars desse grande capital.
Da relação de JQ com a gramática do capital derivam duas questões. Primeiro é preciso saber que condições concretas contribuiram para que JQ pudesse concentrar em suas mãos uma tal soma de poder. E segundo é necessário precisar o papel que coube ao voluntarismo político de JQ, reforçado por seu temperamento cesarista autoritário hiper-presidencialista. Para se chegar ao quid do problema é necessário que não se considere como mera teorética aquilo que Gramsci procurou demonstrar exaustivamente com relação à situação italiana: que as relações entre <intelectuais políticos> e classes sociais são sempre um processo complexo onde intervém a história política de uma formação social determinada. (Gramsci. 1977. v. 3: caderno 19).
Também no Brasil,a política e a cultura no período considerado não foram determinados stricto senso pela lógica da gramática da sociedade econômica dominante. A transição da sociedade oligárquica rural para uma sociedade urbano-industrial criou e recriou uma situação concreta específica: a configuração política da sociedade brasileira no período pós-1930 não se realizou tendo por base uma forte correlação entre quadros políticos da classe dirigente e o grande capital. Assim, o populismo cesarista autoritário, nos limitando ao objeto aqui trabalhado, não foi uma invenção do grande capital, ainda que este, no governo JK tenha se utilizado daquele para a conquista de uma hegemonia vacilante da prática política do bloco no poder burguês. (Poulantzas. 1975: 52). Através do processo de refração o grande capital se fez representar por forças politicas populistas no exercício do poder de Estado. Todavia, na medida em que o exercício do poder sobre o aparelho de Estado só pode ser vivenciada refratariamente pelo gande capital, é possível afirmar que este deteve o poder de Estado, mas não o controle absoluto e exclusivo do aparelho de Estado. O capital não aparece como proprietário absoluto da gramática do aparelho de Estado. Esta decalagem entre poder de Estado e aparelho de Estado foi o resultado da transição que afrouxou os laços gramaticais e estéticos entre a prática política do dominante e a lógica dos interesses - econômico, político e ideológico do capital.
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A práxis política de JQ era o populismo getulista que já não era, ao mesmo, tempo, o cesarismo autoritário do getulismo-1930:
“No Brasil do século XX, o Estado social é o efeito da lógica do fenômeno político periférico. Uma conjuntura mundial específica agencia a criação de um Estado social periférico. Getúlio Vargas usa esta conjuntura mundial para dar um golpe de Estado, para tecer um Estado autoritário moderno e também um Estado social: capitalista; periférico. ,Na conjuntura nacional getulista, a Revolução de 1930 torna-se contemporânea da história dos países do centro capitalista. Trata-se de uma engenharia social com um pé no campo dos saberes locais? os estudos sobre o pensamento autoritário brasileiro esclarecem tal interrogação. Ora, o ponto de partida da moderna história brasileira é o Estado social populista. O populismo caracteriza o modelo político do Estado social. Nas décadas de vinte e trinta, Plínio Salgado escreveu a mais completa teoria política populista. Isto talvez explique a aproximação de Salgado com o governo de Vargas na década de trinta”. (Bandeira da Silveira. 2002: 22-23).
No regime 1988, o cesarismo autoritário-1930 aparace como <sociedade de polícia> hegeliano na conjuntura do narcotráfico, an tes das organizações criminosas do narco se apossar da Amazônia brasileira:
“O Brasil não está interessado em ter como vizinho o narco-Estado colombiano das FARCS. O <czar> brasileiro da segurança policial institucionalizada elogia o Plano Colômbia. Ela fala pelo governo; ele fala pela <sociedade de polícia. (Hegel. 1993: 703). Esta deve ser definida como o saber do golpe de Estado do século XXI brasileiro. Nesta, há, em desenvolvimento, a rede discursiva que instalará no Brasil uma formação política autoritária inédita; esta é a mais dramática contradição da era fernandista {FHC}. Um intelectual hegemônico democratista instalou no Estado brasileiro a sociedade de polícia. Trata-se de uma pulsão genérica golpista”. (Bandeira da Silveira. 2001: 124-125).
FHC criou o marxismo JK na ditadura militar. No governo do regime de 1988, ele se torna um cesarista autoritário da sociedade de polícia pós-populista? Há seu golpe parlamentar para mudar a Constituição de 1988. Ele alterou o tempo do mandato presidencial ao introduzir a reeleição. Esta é o poder d’ars do <outono do patriarca> (Marques; 1975), um ersatz de poder eterno do presidente da república. O poder d’ars outono do patriarca põe e repõe a história do dominante velho branco ou mestiço. de Mari Del Priore, na história do regime de 1988. Lula condensa este poder d’ars do realismo fantástico; ele diz que irá governar até 120 anos de idade. O poder d’ars do cesarismo autoritário de FHC e Lula não é o poder d’ars pastiche do realismo fantástico do cesarismo autoritário de Bolsonaro, que dizia sonhava em assassinar 30 mil esquerdistas, ou do da convide, ou do da tentativa de assassinato do presidente Lula, seu vice-presidente e de um juiz do STF:
“Mas eu estava esquecido do espetáculo. Com a luz do meu quarto apagada, olhava, por entre as persianas, o rosto daquele que havia ordenado prisões e mortes, assassinatos noturnos, torturas de amigos meus, enforcamento de camponeses, eliminação de homens cujos braços - identificados pelas abotoaduras das camisas - haviam aparecido nos ventres de tubarões abertos por pescadores que faziam o comércio de suas peles e barbatanas no porto. Ali eu tinha, a poucos metros, aquele que havia feito derrubar a balanços, no México, não fazia tanto tempo, o magnífico Julio Antonio Mella - o homem que me havia dado uma consciência de mim mesmo, que <me havia ensinado a pensar por conta própria>, coisa bastante difícil quando se nasceu num meio semelhante ao meu, onde ninguém se defronta com a Dificuldade, com a Contingência, com o que ocorre mais além do limite de seus pertences; onde se tem por noção fundamental que toda ideia alheia à ideia de não possuir não é ideia válida; onde se acredita que somente são reais os acontecimentos que agem em nosso proveito, dentro de um âmbito que eliminava o globo, apagava, excluía dos mapas, todos aqueles países onde não perdurasse uma <elite mundana>, história e mitologizada por uma imprensa, como aquela que eu contemplava esta noite…[...]’. (Carpentier. 1987: 37-38).
O poder d’ars realista fantástico da sociedade de polícia emerge do real da era do cesarismo autoritário popular, de baixo para cima, do narcotráfico?
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O poder d’ars realista fantástico do cesarismo autoritário cinca produz efeitos contrafactuais nas Américas:
“Esta sociedade de polícia é a forma que funda uma história universal americana? Como modelo, a sociedade de polícia é uma arquitetura discursiva norte-americana (Virilio; 1996). No Brasil, o modelo americano é assimilado no contexto da história do fim dos povos da América do Sul. O desaparecimento do povo colombiano é o primeiro ato desta era - do transculturalismo dos povos; do globalismo das nações. das corporações multinacionais dos híbridos; do jamais foram modernos - que realiza globalmente e virtualmente a soberania do discurso gilbertiano: o discurso da miscigenação dos povos”. (Bandeira da Silveira. 2021: 125).
Tal fenilomenico é a antessala do governo mundial válido que aparece com Obama e suas leis mundiais para punir terroristas internacionais, tiranos, narcotraficante etc:
“No simulacro de Colômbia, o povo colombiano é fracionado em um conjunto de multidões. Algumas estão armadas outras desarmadas. Hoje, o território colombiano é definido pelos países que têm fronteira com o simulacro estatal colombiano. Ele é definido de fora para dentro. O problema destes países é saber como lidar com as multidões ‘colombianas’ nômades e sem pátria. A ilusão brasileira consiste em desconsiderar a presença militar norte-americana na Amazônia como vontade de rever o Tratado de Madrid de 1750. Os norte-americanos anunciam a era das novas redes discursivas. Trata-se de um espaço simbólico que restaura o feudalismo como fenômeno político. Neste feudalismo político pós-moderno, só há lugar para Estados vassalos. O EUA aparece como candidato à Príncipe universal. FHC parece desejar o lugar de Príncipe feudal consorte e primeiro vassalo legítimo dos EUa. Esta estratégia já projeta, virtualmente, uma redefinição cartográfica da Amazônia?”. (Bandeira da Silveira. 2021: 125-126).
FHC ganhou um prêmio de 1 milhão de dólares, da sociedade intelectual norte-americana, pela obra completa em ciência social. Mesmo sendo sua obra é inferior, em qualidade gramatical marxista, às obras de Florestan Fernandes e Octávio Ianni. Mesmo ele tendo renegado seu marxismo JK, pois, ao assumir à presidência, FH disse para os jornalistas: “esqueçam o que eu escrevi”. A obra-de-arte do artista político FHC passou a ser o cesarismo autoritário da sociedade de polícia
“No Brasil, a sociedade de polícia é um agir articulado como vontade universal de um republicanismo sadiano (Bandeira da Silveira; 2000). Ela é o laço social do lúmpen-republicanismo como realização de um Estado como regime de violência libidina. (Hegel. 1993: 705-70). No discurso gramsciano, ela é a hegemonia dos novos grupos dominantes. Todavia, estes grupos não existem mais como as classes sociais da era gramsciana. Eles são uma posição de sujeito nas redes discursivas que agenciam, simultaneamente, legalidades e ilegalidades. Assim, a ‘dominação’ inplica em controlar as redes discursivas estratégicas na articulação da esfera cultural com a esfera política. Este controle começa na esfera técnica com a a aliança entre a casta de cientistas do G7 - que controla o início das invenões científicas - as corporações multinacionais e os EUA. O controle das redes ilegais é o outro lado da estratégia norte-americana”. (Bandeira da Silveira. 2021: 126).
No Brasil o controle da alta cultura (Editoras em geral, prêmios literários etc. ) e cultura de massa era propriedade de cinco famílias do Sudeste. Como a entrada das empresas de tecnologia americanas, as oligarquias-burguesas de SP/RJ perderam o controle da cultura. Hoje, o STF asiático brasileiro e o governo Lula [do cesarismo autoritário da Revolução de 1930 para 2027] querem estabelecer um controle territorial sobre o material discursivo das corporações do capitalismo mundial em uma clara disposição de impedir que essas corporações do mercantilismo capitalista (Bandeira da Silveira; novembro/2021 deixam de ser o governo mundial virtual do futuro na atualidade.
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A história da formação política de SP seguiu outro decurso. Não foi por acaso que JQ pôs na Secretaria das Finanças do governo do estado de SP o professor Carvalho Alberto Alves de Carvalho. Este sempre foi um intelectual condensado da grande burguesia nacional-paulista, descendente de uma família tradicionalmente vinculada ao Partido Rebublicano Paulista (PRP), tendo sido o membro mais ilustre deste clã o seu tio-avô, Francisco de Paula Rodrigues Alves, presidente da República entre 1902 e 1904, que reeleito em 1918, veio a falecer antes de tomar posse. Neste governo JQ, a política econômica do estado ficou sob controle absoluto do prof. Carvalho Pinto, que soube realizar de modo efetivo uma intervenção no aparelho de Estado como reflexo da lógica econômica do grande capital. A rigor, Carvalho Pinto foi o gramático político por onde o hegemonikón (Elorduy: 26) do grande capital se realizou neste ramo do aparelho de Estado nacional, no governo de JQ. Carvalho Pinto cumpriu ainda um importante papel no sentido da manutenção da candidatura de JQ à presidencia da República no episódio da renúncia.
O cesarismo populista do poder d’ars rerealista capitalista se desenvolve na experiência de SP como governo JQ ou pela atuação deste nos acontecimentos na prática política nacional, acontecimentos decisivos, sendo a renúncia o golpe de força que desencadeou a crise do nosso Estado populista. (Ianni; 1975). JQ vai emergir do real paulista como o artista do capital corporativo mundial capaz de derrotar, eleitoralmente, e antecipadamente, as frações políticas associadas ao Getúlio 1930, 1934, 1937.
A questão real que se põe e repõe para o capital consistia na tomada do aparelho de Estado para governá-lo no exercício do poder de Estado já vivido com JQ em SP. As eleição presidencial nacional de 1960 aparece como uma espécie de alavanca política para a ocupação territorial do aparelho de Estado nacional pelos intelectuais orgânicos do capitalismo corporativo mundial do futuro na atualidade da década de 1960. Nesta aventura do poder d’ars rerealista, JQ contava com o apoio da UDN, capitaneada pelos intelectuais orgânicos já das multinacionais e local. Entre os mais notáveis aparecem Carlos Lacerda, Prado Kelly, Magalhães Pinto e tantos outros. além disso, contava-se com o apoio financeiro da CONCLAP (Conselho Nacional das Classes Produtoras); com o engajamento de governadores; de um movimento político-eleitoral denominado MPJQ (Movimento Popular Jânio Quadros); de vários partidos políticos, entre os quais o PSB, e, ainda, de facções de partidos políticos como foi o caso do PTB; contava com a simpatia da grande imprensa, liderada pelo jornal “O Estado de São Paulo. Tratava-se de um bloco histórico do poder d’arrs rerealista dirigido pelo capital corporativo mundial.
Se Jânio Quadros era um fenômeno eleitoral arrebatador e espetacular além de um ariete voltado para arrombar a cidadela militar do populismo dos vários getulismos, voltado para desintegrar o aparelho de Estado 1930, era natural que os pequenos partidos externos a este <corpo político getulista> e a própria UDN se dirigissem ao assalto ao governo nacional, objetivo maior de qualquer partido em sistemas políticos de soberania popular representativa.
A ambiguidade desse movimento político não estava no fato de ter sido feito por um conjunto de forças gramaticais e estéticas de orientação programática e/ou ideológica distintas e até contraditórias, mas no contrafactual dessas forças terem construído um bloco político formal, que teve à frente JQ para desencadear uma guerra feudal contra 1930, no território desta, isto é, o aparelho de Estado getulista. Tais forças da história republicana sabiam quem, desde a morte de Getúlio, a vice-presidência se transformara num trampolim para a presidência da República e, por isso, impuseram a JQ um candidato da UDN. Mas o janismo possuía bases sindicais, as quais se incorporaram o movimento Jan-Jan (Jânio- Jango), contribuindo para a derrota de milton Campos à vice-presidência, recriando a situação do governo de Getúlio de 1950 ao anverso; no lugar de Getulio, JQ; no lugar de café Filho, João Goulart. A vice-presidência era uma eleição impar, pois não estava ligada a chapa da presidência.
Quando JQ e Jango chegaram (respectivamente na presidência e vice-presidência) ao governo nacional territorial, uma contradição antagônica se estabeleceu na prática política nacional da tela da mente da estética 1961. Tal dispositivo constitucional significava a crise do Estado getulista na época do hegemonikon do capitalismo corporativo mundial. Jango era a possibilidade de restauração parcial do Getúlio 1950. Tal situação foi decisiva para JQ tentar o golpe de Estado para criar um Estado cesarista autoritário do capitalismo corporativo mundial, Pois JQ estava possuído da ilusão de futuro que desencadeou o golpe de 1964. O futuro ainda não estava presente na atualidade janista.
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As ciências das telas (bandeira da Silveira. Julho/2025: cap. 5) partem da metafísica aristotélica da distinção entre potência (virtual) e ato (atual, territorial): “A palavra virtual vem do latim medieval <virtualis>, derivado por sua vez de <virtus>, força, potência (Lévy. 1996: 15). Depois, parte da crítica de Plotino (Narbonne: 31) a Aristóteles: potência (virtual) e ato (territorial), juntos, em ato territorial-virtual e territorial., ambos do futuro na atualidade de uma conjuntura (Poulantzas. 1977:90).
A prática política brasileira de hoje tem na tela da mente estética o ethos e o pathos, o bem e o mal, eros e tanatos, simultaneamente. A tela é op claro/escuro do Renascimento e/ou do barroco. Ela acolhe o rerealismo e o realismo fantástico do heteróclito. Dou um exemplo. O governador Brizola e o vice-governador Darcy Ribeiro criaram a região escura (não visível em sua lógica gramatical e sua estética) da insurreição das massas populares das classes baixas cariocas e vizinhança. Eles criaram um aparelho de hegemonikon do direito fático da stásis popular os CIEPS. A revolução popular armada desses artistas do Getúlio 1950 hoje é potência e ato em ato, e mais ainda, potêncai a ato em fenilato (Bandeira da Silveira. Março/2025: cap. 1). O Rio é uma capital que tem seu território controlado pela revolução popular armada em luta contra o governo estadual e o governo municipal. O Rio se tornou a capital da guerra feudal popular das classe baixas que não aceitam a lógica gramatical do subdesenvolvimento (Bandeira da Silveira. 2019: cap. 4) determinando sua vida cotidiana. Darcy foi o gramático e Brizola o artista da revolução popular existente do Brasil profundo urbana do século XXI , Brasil do futuro com reflexo na prática política da década de 1980 no Rio. O Brasil profundo carioca criou um pastiche de poder d’ars heteróclito, e este produziu a revolução bolsonarista que tem sua origem intelectual na tentativa de golpe fracassado do general Sílvio Frota no governo do general Ernesto Geisel. A revolução bolsonarista na prática política aparece no governo revolucionário frotista de Bolsonaro:
“O governo de Bolsonaro não é um fato em um céu azul na política nacional. Ele não é, diretamente,um produto da luta de classes da sociedade formal. Ele não é um efento da história capitalista formal e legal. Ele é consequência da evolução da economia urbana informal, aberta às ilegalidades, em todo o país, mas, especialmente no Rio de Janeiro. Uma economia urbana carioca informal é a fonte de poder na formação do bando clânico de Bolsonaro. A família de Bolsonaro acumula sua riqueza explorando as técnicas ensinadas pela economia miliciana. Ela usa o modelo mental miliciano para acumular riqueza pública - transformando-a em riqueza familial, riqueza clânica”. (Bandeira da Silveira. 07/2021: 14). 
O fetiche de poder d’ars do cesarismo autoritário dos de baixo existe como uma espécie de ditadura heteróclita carioca que age como um aparelho de Estado fático noir do capitalismo subdesenvolvido das classes baixas:       
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