heidegger2025
No final se acabou legitimando que o pós-modernismo encerrou a época do modernismo. Mas não se aceitou que o pós-modernismo aparece como uma época, e sim como o fim do uso na tela da mente da cultura de toda época. A palavra época se tornou ilegítima assim como o oposto legítimo e ilegítimo. Hegel usa a palavra época para três épocas da história da civilização ocidental: antiguidade, medieval e moderno e põe uma interpretação do que é época:
“Porém, o que a experiência e a história ensinam é que os povos e os governos jamais aprenderam coisa alguma da história, e não seguiram o ensinamento que ela poderia ter inspirado. Cada época se encontra em circunstância tão peculiares, representa uma situação tão individual, que nela e dela mesma deve e pode pender a decisão. No tumulto dos acontecimentos mundiais não ajuda um princípio geral, que serve apenas de rtecordação de situações análogas, porq ue uma pálida recordação não tem força perante a vitalidade e a liberdade do presente. Sob esse aspecto, nada é tão insípido quanto a frequente citação de exemplos gregos e romanos, tal como aconteceu muitas vezes no peróxido revolucionário francês”. (Hegel. 1995:: 15).
Marx parte dessa gramática hegeliana e redefine a época moderna como relação do poder d’ars clásico romano trágico com a história da revolução na tela da mente estética moderna européia:
“Mas, por menos heróica que se mostre hoje esta sociedade, foi não obstante necessário heroísmo, sacrifício, terror, guerra civil e batalhas de povos para torná-la uma realidade. E nas tradições clássicamente austeras da República romana, seus gladiadores encontraram os ideais e as formas de arte, as ilusões de que necessitavam para esconderem de si próprios as limitações burguesas do conteúdo de suas lutas e manterem seu entusiasmo no alto nível da grande tragédia histórica”. (Marx. 1974: 336).
A revolução pós-burguesa necessita de um poder d’ars em uma tela da mente estética além do poder d’ars da tragédia histórica romana:
“A revolução social do século XIX não pode tirar sua poesia do passado, e sim do futuro. Não pode iniciar sua tarefa enquanto não se despojar de toda veneração supersticiosa do passado. As revoluções anteriores tiveram que lançar mão de recordações da história antiga para se iludirem quanto ao próprio conteúdo. A fim de alcançar seu próprio conteúdo, a revolução do século XIX deve deixar que os mortos enterrem seus mortos. Antes a frase ia além do conteúdo; agora é o conteúdo que vai além da frase. (Marx. 1974: 337).
A poesia é o poder d’ars do pasado na revolução burguesa ou pós-burguesa. Sem a descoberta e invenção da gramática do poder d’ars, a revolução social não acontece, ela fracassa como um modo de ser psíquico de criação e recriação de um modo de produção pós-capitalista. O poder d’ars pós-modernista moveu a burguesia para uma utopia de um capitalismo liberal sem Estado nacional territorial. A globalização da multinacional significou o fim da burguesia nacional como motor da história. Donald Trump 2025 restaura a burguesia americana como recomeço da história mundial? O fim da globalização liberal significa o domínio da mundialização do mercantilismo capitalista. (Bandeira da Silveira; 2021). Qual a plurivocidade de poder d’ars na tela da mente do mercantilismo capitalista?
2
Para Marx, a história da luta de classe ocorre na formação territorial nacional. Assim, o ,bonapartismo ´-e um efeito da história da gramática da luta de classe na França a ser exportado para outras formações sociais territoriais. Gramsci viu o bonapartismo como uma espécie de <cesarismo greco-romano> (Gramsci. v. 3:1619), enfim, como um fenilomenico (fenômeno fenilato ou quimilato) da história greco-romana ocidental. Na história do EUA, Donald Trump 2025 ae apresenta como poder d’ars cesarista greco-romano, isto é como imperium, como o imperador acima do Estado nacional territorial. O imperador é um imperium virtual da prática política americana da atualidade.
No Brasil, o imperium surge no século XIX como D. Pedro I. Seu filho d. pedro II emerge do real da pratica política como imperador greco-romano na tela da mente estética da Constituição de 1824:
“Art. 98. O poder moderador é a chave de toda a organização política, e é delegado privativamente ao Imperador como chefe supremo da nação e seu primeiro representante, para que, incessantemente vele so9bre a manutenção da independência, equilíbrio e harmonia dos mais poderes políticos”.
Art. 99. A pessoa do Imperador é inviolável e sagrada. ele não está sujeito a responsabilidade alguma”. (Dias:145).
Na história das nossas Constituições, a Constituição/1988 é um ponto de inflexão. Ela é um mapa borgeano virtual no qual toda a prática política deveria ser posta dentro dele. Do artigo 76 ao 91 se constitucionaliza a forma de governo presidencialista democrático. A prática política dos três poderes deve estar dentro da forma de governo presidencialista. Há relação da Constituição de 1988 como o passado estético da monarquia constitucional? O poder d’ars dessa monarquia foi cesarista greco-romano imperial pelo poder moderador que punha o imperador acima do Estado territorial nacional. D. Pedro foi o instrumento desse poder d’ars que autofabricou o Estado territorial nacional em uma polemos e stasis com as províncias separatistas. Um juiz do STF atual diz que a Constituição de 1988 se encontra acima do aparelho de Estado e da classe política que exerce o poder de Estado. Bolsonaro no governo declarou: “Eu sou a Constituição”. Ele se colocou no lugar do imperador reservado à Constituição de 1988. Aí se encontra a especificidade dessa Constituição. Ela é, ao mesmo tempo, o imperium e o imperador, estando o presidente da república submetido à ela, como os demais poderes. O Congresso do regime de 1988 estabeleceu por atos de força legais, por violência legal que ele, parlamento, ficava fora da Constituição. O Congresso que criou uma anarquia no que diz respeito à forma de governo, que deixa de regular a prática política. O Congresso se tornou um estado de excessão no lugar da forma de governo presidencialista democrático constitucional.O parlamento passou a funcionar por golpes de Estado permanentes. Bolosonaristas usam o estado de exceção parlamentar para coagir o Congresso a agir segundo seus interesses políticos cuja lógica é desintegração final da democracia e a destruição da Constituição de 1988.Trata-se, para a direita de põr um fim na história da Constituição como império greco-romano, um fim catastrófico na nossa história - que começa com a monarquia imperial de d. Pedro I e d. Pedro II.
3
PARMÊNIDES", de Heidegger.
O "Parmênides" é O texto sobre a plurivocidade de gramática do mundo ocidental greco-romano - a latinização da Grécia helenista. Ele é o mais sério estudo sobre gramática da prática política como dominação greco-romana. Ele é insuperável, irrevogável. Um texto sobre a tela da mente [estética] da prática política do imperium? O imperial romano é o modo de ser psíquico da praxis política do imperador. O presidente Lula se referiu ao presidente Donald Trump como o político que quer ser o imperador do mundo. Trump se diz imperador do mundo e traz de volta o Ocidente greco-romano para a nossa atualidade.
A praxis do imperador é um modo de ser psíquico de sublimação da relação dominante/dominado. Governar é ocupar o território da prática política mundial; é fazer arranjos, pactos, para comandar o território virtual. Comandar pelo direito do mais forte sobre o dominado? A lei romana -<ius>- está enraizada no <eu comando> do hegemonikon estóico, no domínio essencial do imperial, isto é, do imperativo e do ser submisso. Comando é o ser da dominação como prática política da tela da mente do ocidente greco-romano. Ora! imperium é auto-comando, domínio de si, governo de si, governo da língua fenilato, do poder quimilato que faz com que o imperador não seja levado à ruína, como os tantos césares do império romano. O governo de si significa ser superior ao domínio das afecções como amor e ódio, furor e medo, covardia e coragem... O governo de si é parte da gramática da dominação que é distinta da dominação de Gramsci como aparelho repressivo de Estado e o uso desse na violência sobre o dominado - para domesticá-lo, subjugá-lo, assujeitá-lo, himilhá-lo. Não é uma praxis politica perversa falsa. O hegemonikon é o modo psíquico de ser superior à classe política no exercício do poder d"ars realista barroco na tela da mente greco-romano ocidental: "o mais forte e inerente traço da dominação essencial consiste em que os dominados não sejam reprimidos ou mesmo desprezados, e sim, o contrário, que eles consigam oferecer seu serviço, no interior do território do comando, para o asseguramento permanente da dominação". (Heidegger. 2008: 72).
A soberania popular do imperium é esse prestar um serviço na escolha do imperador, do Príncipe ocidental greco-romano da nossa atualidade. Bem! a escolha pode ser uma escolha ideológica, segundo a ideologia capitalista americana, e assim, catastrófica que levará o mundo à ruína?
4
NIILISMO e HEIDEGGER
Niilismo, instinto de morte, Tanatos são palavras com força de direito sobre a realidade na provocação de dezenas de milhões de mortes de pessoas nas guerras e revoluções do século XX. O fascismo fez o uso do niilismo político ativo criando uma ideologia política que associou o morrer na pratica política à liberdade absoluta. A revolução conservadora reacionária se põe como terceira via entre o marxismo e o liberalismo. Hoje, um pastiche poderoso de revolução conservadora reacionária aparece na figura de Donald Trump. Trump é visto como um fascista no campo das fenilideologias das massas da atualidade. Se dirigir às massas fenilmente se tornou normal na política das Américas. O senador Flávio Bolsonaro diz que o Juiz Moraes quer se vingar do pai dele - Jair Bolsonaro. Acusa o sr. Moraes de Ser um feniljuiz. Se existe um fenilfascismo é necessário ir ao pensamento filosófico mais poderoso do nacionalsocialismo e confrontá-lo como ideologia (Bourdieu. 1989:56). Porém. é necessário navegar na plurivocidade de gramática heideggeriana na tela da mente estética do nazismo de hoje.
O mais impressionante na gramática do fenilnacionalsocialismo é a filosofia heideggeriana como um poder d'ars niilista que existe como superação do niilismo negativo da pura destruição da forma de governo e da própria gramática da prática política democrática. O niilismo heideggeriano é a tomada de consciência da história mundial depois da história universal de Hegel. História mundial que põe entre parenteses a história européia com o imperialismo americano e o imperialismo asiático. Em 2025, emerge do real planetário o hegemonikón mundial como restauração parcial do imperium greco-romano heideggeriano. Não é possivel seguir pensando, virando as costas para Heidegger, pois esse ato é gravíssimo. É necessário invadir a cidade-fortaleza feudal aparentemente inexpugnável das ciências das telas heideggeriana. Donald Trump é um ente da gramática mundial feudal heideggeriana....
5
O mundo é uma plurivocidade de gramática, poder d’ars, tela da mente. O Jacques de Shakespeare apresenta sua versão dramática das Setes Idades do Homem:
“O mundo é um palco; os homens e mulheres,
meros artistas, que entram nele e saem
Muitos papéis cada um tem no seu tempo,
sete atos, sete idades [...]”. (Bloom; 374).
O mundo é um palco onde se diz a verdade do fato no fundo do palco, lugar da falta de ideologia:
“Uma vez que, para os gregos, tudo o que irrompe a partir do seu fundo, surge da essência do encobrimento e do descobrimento, ele, por isso, falam da [...] e do [...] da noite e da luz do dia, sempre que querem expressar o começo do que é. O que é dito desse modo é o que primordialmente pode ser dito”. (Heidegger2008: 92).
No proscênio se encontra o campo das ideologias que são criação de fatos simulados na aparência da superfície da pratica política. A estrutura de dominação ideológica é uma remete para a consciência falsa da realidade na tela da mente do poder d’ars. No fundo do mundo como teatro:
“A lei romana, <ius> -<iubeo>, eu comando - está enraizada no mesmo domínio essencial do imperial, ou seja, do imperativo e do ser submisso. Comando é o fundamento da essência da dominação. Ser superior somente é possível pela permanência constante na posição mais alta, e isso no modo da permanente superação dos outros”. (Heidegger. 2008: 72).
A Constituição de 1988 é esse estar no comando imperial, pois, ela é superior ao aparelho de Estado e à classe política. No entanto, ela não é perfeita, pois, é uma plurivocidade de poder d’ars que vai do realismo em si ao realismo fantástico:
‘Aqui temos o <actus> próprio da ação imperial. Na essência da constante superação reside, como o vale no meio das montanhas, a manutenção do controle e a subjugação. O simples ‘levar a sucumbir’ no sentido do abater e dobrar é o modo mais grosseiro, mas não o modo genuíno e essencialmente imperial do levar à queda, à ruína> o mais forte e inerente traço da dominação essencial consiste em que os dominados não sejam reprimidos ou mesmo desprezados, e sim, o contrário, que eles consigam oferecer seu serviço, no interior do território do comando, para o asseguramento permanente da dominação. o levar à ruína é determinado pelo escopo de que os que caem permanecem de certo modo de pé, mas não por cima. O levar à ruína imperiaol, o <fallare>, é, portanto, o enganar que deixa de pé, é o driblar. Para os romanos, a essência do engano, da indução ao erro e da desfiguração, e, consequentemente, do [...] é determinada pelo <fallare>, pelo sucumbir e levar à ruina. O errôneo se torna <falsum>”. (Heidegger. 2008: 72-73).
O erro advém do perverso falso que domina o campo das ideologias dos falsos fatos e ausência do agir do poder d’ars. Os fatos verdadeiros são produzidos pelo poder d’ars no fundo do mundo como teatro, isto, é o mundo como plurivocidade de tela da mente.
6
Na transição revolucionária, a falsa consciência é o modo de ser psíquíco de apropriação da realidade. A relação entre ideologia e estética é uma forma de falsa consciência para ter contato com a superfície do proscênio do mundo como teatro barroco. Assim, Terry Eagleton estabelece a falsa consciência como fenilomenico da prática política; (Eagleton; 1997; 1993).. A falsa consciência necessária da atualidade pode ser designar Donald Trump como fascista pós-modernista:
“O PÓS-MODERNISMO é a pré-história do campo político da atualidade. A tela de gosto pós-modernista tem o fascismo como aqfecção de um campo político rumo à ditadura de um estado fascista/mafioso. Este é uma comunidade psíquica linguística como potentia psicótica grotesca pura de transformação da gramática de sentido democrática do campo democrático constitucional. Como a filosofia/ciência pós-modernista vê o fascismo?
“Baudrillard:
“O próprio fascismo, o mistério do seu aparecimento e da sua energia coletiva, que nenhuma interpretação conseguiu esgotar (nem a marxista com a sua manipulação política pelas classes dominantes, nem a reichiana com o seu recalcamento sexual das massas, nem a deleuziana com a paranoia despótica) pode interpretar-se já como sobrevalorização <irracional> dos referencias míticos e políticos, intensificação louca do valor coletivo do sangue, a raça, o povo etc.), reinjeção da morte, de uma <estética política da morte>, um momento em que o processo de desencantamento do valor e dos valores coletivos, de secularização racional e de unidimensionalização de toda a vida, de operacionalização de toda a vida social e individual se faz já sentir duramente no ocidente. Mas uma vez, tudo serve para escapar a esta catástrofe do valor, e esta neutralzação a pacificação da vida, o fascismo é uma resistência a isto, resistência profunda, irracional, demente, não interessa, não teria atraído esta energia maciça se não fosse uma resistência a qualquer coisa aindapior. A sua crueldade, o seu terror, ambos estão de acordo com este outro terror que é a confusão do real e do racional, que se tem aprofundado no Ocidente e é uma resposta a isso (Baudrillard. 1981: 71-72). )Bandeira da Silveira. novembro/2024 214)
O fascismo é o poder d’ars da morte do realismo fantástico como sacrifício individual e das massas à prática política mundial em um campo de falsa consciência de fenômenos como raça, sangue, povo, da elite fascista ir à concepção política de mundo do camponês aristocrático, como uma espécie de revolução rural conservadora do ir ao povo, exemplo da Rússia revolucionária populista como ambição ao império mundial. Isto aparece na ideologia política heideggeriana. (Bourdieu. 1989: 51, 69, 70; Tvardovskaia; 1978). No fundo do alco, o fascismo é o poder d’ars do realismo fantástico do “Júlio César”:
A elite aristocrática fascista aparece como efeito do poder d’ars realista fantástica do texto e que Júlio César não teme o realismo fantástico como experiência vivida na prática política heteróclita da tela da mente estética romana
‘“Cássio- - Sois obtuso, Casca,, e essas centelhas de vida que brilham em todo romano nã devem existir em vós; ou, então, não as quereis utilizar. Vejo que estais pálido e de olhar espantado, cheio de temor e estupefato perante a estranha fúria dos céus. Mas, se considerardes a verdadeira razão de todos esses errantes fantasmas, dessas aves e animais que abandonam o instinto e atributos de sua espécie; desses anciâos, loucos e crianças que profetizam; de todas essas coisas que transformam sua ordem, seu modo de ser e suas faculdades primitivas, em qualidades monstruosas, sereis obrigado a convir que o céu lhes infundiu semelhante disposição, tomando-os como instrumento de terror e aviso para algum estado de coisas fora as condições normais [...]”. (Shakespeare> Júlio César: 428).
O realismo fantástico é o poder d’ars da língua fenilato de Roma na revolução para a fabricação do império, do imperador cesarista. Vivemos essa revolução cesarista hoje?
7
Santo Agostinho fez uma descrição realista do poder d’ars realista fantastico romano:
“Depois em chegando a Tarento, Sila oferece sacrifício aos deuses; vê, na parte superior do fígado do bezerro, a imagem de cintilante coroa de ouro. Então, o auspício Póstumo lhe explicou que a coroa significava insigne vitória e o mandou comer, sozinho as entranhas da vítima. Dali a pouco , um dos escravos de cero Lúcio Pôncio gritou, em tom de presságio: <Sou mensageiro de Belona; a vitória é tua, Sila>. Em seguida, acrescentou que o Capitólio pegaria fogo. Disse-o e no mesmo instante saiu do acampamento> No dia seguinte voltou mais espiritado, gritando que o Capitólio ardera. Realmente, o Capitólio fora presa das chamas. Para qualquer demônio isso era fácil de antever e anunciar com a mesma celeridade possível”. (Santo Agostinho: 100-101).
O escravo com instrumento do poder d’ars realista fantástico indica que o poder d’ars se realiza pelo princípio de prazer independente da nobreza do agente, pois é um poder sem objeto social, um poder desinteressado em termos de lógica social? Santo Agostinho oferece esse prazer para o leitor desinteressadamente?
“demandant à être traité comme elle traite son objet, c’est-à-dire comme ouvre d’art, se donnant pour objectif même de l’ouvre lue, c’est-à-dire le plaisir cultivé, cultivant le plaisir cultivé, exaltant artificiellement ce plaisir artificielle par un dernier raffinement de roué qui, en tant que tel, implique une lucidité sur ce plaisir, elle offre avant tout une exemplification exemplaire de ce plaisir d’art, de ce plaisir d’amour de l’art dont, comme de tout plaisir, il n’est pas si facile de parler”.
“Kant a repensé toute sa théorie de la sensibilité - proposant une nouvelle définition transcendantale du sentiment qui rompt le lien entre le sentiment et la faculté de désirer - pour faire place à une espéce désintéressé du plaisir , qu’il découvre dans lw jugement esthétique, le plaisir contemplatif, qui n’est pas, lié au désir de l’objet et qui , indifférent à son existence, s’attache à sa seule représentation”. (Bourdieu. 1979: 583).
O príncipio do prazer proporcionado pelo poder d’ars realista fantástico ao homem comum une sensibilidade e gramática na experiência da profecia de velhos e crianças como aparece no “Júlio César”. Por outro lado, o poder d’ars realista fantástico cria e recria a multidão que estabelece o imperium? Ou se trata de um poder realista da gramática da causalidade (Bunge: 45), que cria o Estado e/ou o imperium como efeito da gramática da multidão?
Hobbes:
“O que equivale a dizer: designar um homem ou uma assembleia de homens como representante de suas pessoas, considerando-se cada um como autor de todos os atos que aquele que representa sua pessoa praticar ou levar a praticar, em tudo o que disser respeito à paz e segurança comuns; todos submetendo assim suas vontades à vontade do representante , e suas decisões a sua decisão. Isto é mais do que consentimento ou concórdia, é uma verdadeira unidade de todos eles, numa só e mesma pessoa, realizada por um pacto de cada homem com todos os homens, de um modo que é como se cada homem dissesse a cada homem:<Cedo e transfiro meu direito de governar-me a mim mesmo a este homem, ou a esta assembleia de homens, com a condição de transferires a ele teu direito, autorizando de maneira semelhante todas as suas ações. Feito isso, à multidão assim unida numa só pessoa se chama <Estado>, em latim <civitas>”. (Hobbes: 109).
Lionel Richard fala de um realismo causal na fabricação de um poder realista fantástico nacionalsocialista:
“Le beau n’est plus qu’un instrument de fascination, de suggestion, de soumission de l’individu. A ce point qu’un art aussi populaire que le cinéma est considéré par Goebbels comme ne pouvant avoir que subsidiairement une fonction distractive. Il le souligne en 1941: l1apparent distraction ne doit être qu’une ruse pour faire passer plus facilement l’éducation, l’édification idéologique, la meilleure propagande étant celle qui imprègne la vie de manière presque imperceptible”. (Richard: 19).
A prática política do poder d’ars realista fantástico nacionalsocialista é parte da luta de classe para a tomada do poder visando fabricar um império mundial alemão cesarista, com Hitler como imperador de uma história greco-romana ocidental alemã:
“Il m’a semblé que s’imposait là une matérialité si stupéfiante par son ampleur qu’il était impossible d’esquiver les problèmes que posait son existence: le Troisième Reich a engendré quelque deux mille films, favorisé l’édition de milliers de romains, de centaines d’anthologies de poèmes, organisé des centaines d’expositions de peinture, contribué à l’élaboration de milliers de monuments, de statues, de sculptures, de fresques. Le production dites artistiques ont proliféré, elles ont envahi la vie quotidienne de millions d’Allemands, elle ont forcé leur intimité. Elles ont été offerts à une contemplation et à une consommation massive comme jamais en Allemagne jusque-lá”. (Richard: XI).
Não há como considerar o fascismo da atualidade como restauração do nacionalsocialismo. Assim, o fascismo atual é o fenilomenico [fenômeno fenilato] da falsa consciência de uma época que necessita criar sua própria gramática verdadeiramente de uma consciência possível.
8
Na escola de literatura brasileira REALISTA, Machado de Assis é o cânone e Lima Barreto o último realista (Bosi: 193). O poder d’ars realista tem neles os artistas na tela da mente estética realista. Bem! o poder d’ars realista é o motor da constituição de textos fora do campo da literatura. Ao fazer minha dissertação de mestrado sobre o PCB, entrevistei Luz Carlos Prestes que foi o chefe do PCB durante muito tempo. Ele foi o notável <cavaleiro da esperança> da mitológica <coluna Prestes> ‘ue percorreu o sertão em sua stasis contra República Velha. Depois, ele foi convertido ao comunismo e participou da <revolução-insurreição comunista da década de 1930. A direita deu o nome de <intentona comunista) a esta revolução marxista. Na entrevista, ele me disse que o capitalismo é transitório e o socialismo viria naturalmente depois do fim do capitalismo. Durante décadas de professorado me indaguei qual <poder> criou a convicção da marcha inexorável para o comunismo em Prestes. Karl Marx é o autor dessa crença, dessa profecia realista que ainda hoje, no Brasil, faz a juventude sonhar com o fim do capitalismo.
Lukács cita a <profecia realista> de Marx em um de seus livros sobre estética:
“A análise científica do modo de produção demonstra, ao contrário, que ele é um modo de produção de tipo particular, especificamente definido pelo desenvolvimento histórico; que, do mesmo modo que qualquer outro modo de produção determinado, pressupõe um certo nível de forças produtivas sociais e de suas formas de desenvolvimento como condição histórica; condição esta que é, ela mesma, o resultado histórico e o produto de um anterior processo, do qual o novo modo de produção parte enquanto tal processo é o seu fundamento dado, que as relações de produção correspondentes a este específico modo de produção, historicamente determinado (relações nas quais os homens penetram em seu processo de vida social, na criação de sua vida social), têm um caráter específico, histórico, transitório. (Lucács. 1970: 79)
.
A história da filosofia teria sido a luta entre o partido do idealismo e o partido do materialismo. (Lenin. 1975: 267-268). Na modernidade, Hegel seria o representante do partido idealista e Marx do partido materialista. Tal imagem obedece a gramática de Marx que fala das formas de consciência como forma ideológica:
“as formas jurídicas, políticas, religiosas, artíticas ou filosóficas , em resumo, as formas ideológicas pelas quais os homens tomam consciência deste conflito [<entre forças produtivas e relações sociais de produção>] e o conduzem até o fim”. (Marx. ‘1974: 136).
Marx fala da homem gramatical quimilato (Aristóteles. 1973: 14):
“O homem no sentido mais literal, um <zoon politikon>, não só animal social, mas animal que só pode isolar-se em sociedade. A produção do indivíduo isolado fora da sociedade - uma raridade, que pode muito bem acontecer a um homem civilizado transportado por acaso para um lugar selvagem, mas levando consigo já, dinamicamente, as forças da sociedade - é uma coisa tão absurda como o desenvolvimento da linguagem sem indivíduos que vivam ,justos> e falem entre si”. (Marx. 1974: 110).
O homem gramatical é o pressuposto da existência da sociedade e do Estado. O homem gramatical é aquele da língua fenilato (Bandeira da Silveira; 2025). O poder d’ars realista é aquele do homem gramatical. Esse poder d’ars realista leva à concepção política materialista de mundo de Marx na qual há a profecia do fim do capitalismo. O poder d’ars realista de hegeliano põe o Estado ocidental no centro da história universal europeia. Já Marx pôs o capital no centro da história mundial. O realismo marxista fala do econômico no comando do político, do capital submetendo o Estado burguês. Lenin fala do político no comando da economia na revolução da URSS. O realismo de Lenin retoma Hegel (Lenin. 1984. v. 38). como Estado protagonista da revolução socialista na Rússia. O poder d’ars do realismo-realista tem estruturado a prática política na tela da mente estética da história mundial. O último realismo marxista é o de Mao Tse Tung, base da transformação da Ásia em mercantilismo capitalista modernista pós globalização liberal pós-modernista através de uma revolução barroca realista-modernista. (Bandeira da Silveira; outubro/2023).
9
Na tela da mente estética em si, o poder d’ars pode ser clássico ou barroco como fenilomenicos universais da civilização ocidental:
“A história da arte antiga, em contrapartida, oferece um fenômeno paralelo, uma vez que nela também começa a instalar-se aos poucos o nome de Barroco. A arte antiga ‘morre’ apresentando sintomas semelhantes aos da Renascença”
]...]
“Em primeiro lugar foi em Roma que se deu a decantação suprema da Renascença” [...]”
“ a transformação do estilo para o Barroco deve ser estudada onde se sabia melhor o que é a forma rigorosa, realizando-se a dissolução da forma do modo mais consciente. Mas em lugar nenhum o contraste é tão grande como em Roma”. (Wölffin: 26).
O poder d’ars clássico e barroco acompanha a história da autofabricação do imperium cesarista. Um poder d’ars realista barroco fantastico instala a tela da mente estética imperial. Sergio Buarque de Holanda procura mostrar que o paraíso perdido - como jardim das delícias da Idade do ouro (Holanda. 1985: 146, 147) - se encontra também na antiguidade pagã. D’Ors fala do paraíso perdido barroco:
Vozes de rolas, vozes de trombetas, ouvidas num jardim botânico…Não há paisagem acústica de emoção mais característica barroca. Foi naquela hora primaveril e solar que me foi dada, no tédio e no recolhimento, a posse de uma verdade fecunda a saber: que o Barroco está secretamente animado pela nostalgia do Paraíso Perdido”. (D’ors: 31).
O poder d’ars realista fantástico barroco move o sonho e o desejo de Cristovão Colombo nas grandes navegações que descobrem a América pelo europeu:
“por especial graça de Deus: isso mesmo dará a entender Cristovão Colombo, quando, chegado à altura da ‘provincia do Pária, imagina à porta do Paraíso Terreal. ‘Já disse’, escreve, ‘aquilo que achava deste hemisfério e da sua feitura, e creio, se passasse por debaixo da linha equinocial, que ali chegando, neste lugar mais alto, achara maior temperança e diversidade nas estrelas e nas água, não porque acredite que onde se acha a altura extrema seja possível navegar-se ou seja possível subir até lá, pois creio que lá está o paraíso Terrestre, onde ninguém pode chegar, salvo por vontade divinal [...]”. A graça de Deus, a vontade divina, é todavia caprichosa, ou assim parecerão suas razões, superiores aos nossos limites humanos e terrenos”. (Holanda. 1985: 153).
“ 10
O poder d’ars realista barroco fantastico europeu aparece no olhar escópico de Cristovão Colombo e Pero Vaz de Caminha?
“São todas muito planas, sem montanhas, muito férteis e todas povoadas e entram em guerra entre si, embora sejam bem simples eos corpos dos homens muito lindos”. (Colombo: 56).
“Sábado, 13 de outubro. - Assim que amanheceu, veio até à praia uma porção de homens, todos jovens, como já disse, e todos de boa estatura. É gente muito bonita: os cabelos são crespos, mas lisos e grossos, como cerdas de cavalo, e todos de rosto e cabeça bem mais largos que qualquer geração que tenha visto até agora, com olhos muito bonitos e nada pequenos, e entre eles não há nenhum negro, a não ser de cor de canários [...]”. (Colombo: 53-54).
Hoje, se diria , pela piscologia, que Colombo é homossexual. Pero Vaz de Caminha observa a beleza das femeas:
‘E uma daquelas moças era toda tingida, de baixo a cima, daquela tintura; e certo era tão bem feita e tão redonda, e sua vergonha (que ela não tinha) tão graciosa, que a muitas mulheres da nossa terra, vendo-lhes tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como ela”. Caminha: 100).
Vaz Caminha estava convicto que se encontrava no Paraíso perdido terrial:
“Entre todos estes que hoje vieram, não veio mais que uma mulher moça, a qual esteve sempre à missa e a quem deram um pano com que se cobrisse. Puseram-lho ao redor de si porém, ao assentar, não fazia grande memória de o entender bem, para se cobrir> Assim, Senhor, a inocência desta gente é tal, que a de Adão não seria maior, quanto a vergonha”. (Caminha: 117).
A passagem das imagens visuais do poder d’ars para as imagens do psicologismo da carne freudiano do século XX aparece em Gilberto Freyre ao falar do colono luso:
“É possível que se degredassem de propósito para o Brasil, visando ao interesse genético ou de povoamento, indivíduods que sabemos terem sido para cá expatriados por irregularidades ou excessos na sua vida sexual: por abraçar e beijar, por usar de feitiçaria para querer bem ou mal, por bestialidade, molície, alcovitice. A ermo tão mal povoados, salpicados, apenas, de gente branca, convinham superexcitados sexuais que aqui exercessem uma atividade genésica acima do comum, proveitosa talvez, nos seus resultados, aos interesses políticos e econômicos de Portugal no Brasil”. (Freyre. 1975: 21).
O que conduz a pena de Freyre é o poder d’ars realista freudiano fantástico ao falar do homem luso colonizador. Esse poder d’ars não é o que governa a obra-de-arte do “Guarani” ou do “As Minas de prata”, tratados por mim em outros textos. A luta contra o luso imperial da nossa intelectualidade republicana levou Freyre a procurar desintegrar o passado estético colonial da monarquia imperial de D. Pedro I, D. Pedro II e da Princesa Isabel.
ARISTÓTELES. Tópicos. SP: Abril Cultural, 1973
BANDEIRA DA SILVEIRA, José Paulo. Mundialização do mercantilismo capitalista. EUA: amazon, 2021
BANDEIRA DA SILVEIRA, José Paulo. Revolução barroca dentro da ordem. EUA: amazon, outubro/2023
BANDEIRA DA SILVEIRA, José Paulo. Fernando Pessoa, civilização e barbárie. EUA: amazon, 11/2024
BANDEIRA A SILVEIRA, José Paulo. Língua - Fenilato. EUa: amazon, março/2025
BLOOM, Harold. Shakespeare: a invenção do humano. RJ: Objetiva, 2001
BOURDIEU, Pierre. La distinction. Critique sociale du jugement. Paris: Minuit, 1979
BOURDIEU, Pierre. A ontologia política de Martin Heidegger. SP: Papirus. 1989
BUNGE, Mario. Causalidad. El principio de la causalidad en la ciencia moderna. Buenos Aires; Eudeba, 1972
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. SP: Cultrix, 1990
CAMINHA, Pero Vaz de. Carta de Pero Vaz de Caminha. SP: Matin Claret, 2002
COLOMBO, Cristovão. Diários da Descoberta da América. Porto Alegre: L&PM, 1998
DIAS, Floriano de Aguiar. Constituições do Brasil. v. 1. RJ: Liber Juris, 1975
D’ORS, Eugenio. Du Baroque. Paris: Gallimard, 1935
D’ORS, Eugenio. O Barroco. Lisboa: Vega, Sem data
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. SP: Edipro, 2022
EAGLETON, Terry. A ideologia da estética. RJ: Zahar, 1993
EAGLETON, Terry. Ideologia. SP: Boitempo, 1997
FREYRE, Gilberto. Casa-Grande e Senzala. RJ: José Olympio, 1975
GRAMSCI, Antonio. Quaderni del Carcere. v. 3. Torino: Einaudi, 1977
HEGEL. Filosofia da história. Brasília: UNB, 1995
HEIDEGGER, Martin. Parmênides. Petrópolis: Vozes, 2008
HOBBES, Thomas. Leviatã. SP: Abril Cultural, 1974
HOLANDA, Sérgio Buarque. Visão do paraiso. SP: E. Nacional, 1985
LUKÁCS, Georg. Introdução a uma estética marxista. RJ: Civilização Brasileira, 1970
LENIN. Materialismo y empiriocriticismo. Madrid: Grijalbo, 1975
LENINE. Oeuvres. v. 38. Cahiers philosophiques. Paris: Éditions Sociales, 1984
MARX, Karl. Os Pensadores. SP: Abril Cultural, 1974
RICHARD, Lionel. Le nazisme et la culture. Bruxelles: Éditions Complexe, 1988
SANTO AGONTINHO. A cidade de Deus. v. 1. Petrópolis: Vozes, 2013
TVARDOVSKAIA, Valentina A. El populismo russo. Madrid: Siglo XXI, 1978
WOLFFLIN, Henrich. Renascença e Barroco. SP: Perspectiva, 1989
Nenhum comentário:
Postar um comentário