quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

real, sentido, gramática, ratazana

 

José Paulo 

 

Com o sentido do imaginário Lacan permanece no campo da retórica. O simbólico ou grande Outro é da metafísica de Sócrates, Platão e Aristóteles e, quando não é metafísico, ele não existe como realidade real, ele é um fenômeno retórico. Com o REAL, Lacan procura um caminho que não seja o da retórica e da metafísica. O caminho freudiano do modo de ser psíquico (neurótico, psicótico, perverso) exige que se fale do real na comunidade psíquica de significante (CPS): perverso, psicótico, neurótico. Exige estabelecer as relações muito complexas entre a CPS e a história e o campo político.

Fora da pós-modernidade, Clement Rosset abordou o real em sua gramática do pior. Assim, parece que ele põe em processo de desintegração a filosofia do real lacaniana, do nó Bó. Rosset procura fazer uma gramática de sentido contra a metafísica, a lógica formal e a retórica, gramática do mesmo real lacaniano.

Clement Rosset parte do princípio de realidade freudiano  e do real de Lacan:
“Incapazes de considerar certo o que quer que seja, mas igualmente incapazes de acomodar-se com esta incerteza, os homens preferem, na maioria das vezes, confiar em um maître que afirma ser depositário da verdade à qual eles próprios não têm acesso : tais como Moisés face aos hebreus, Jaques Lacan face a seus fiéis, o pretenso filho de guardião de prisão face aos prisioneiros, no aforisma 84 do ‘Viajante e sua sombra’ de Nietzsche, ou ainda um outro guardião, o que vigia a lei em uma parábola célebre de Kafka e aceita todas as gorjetas sem, com isso, permitir a quem quer que seja descobrir seu segredo, face ao ‘homem do campo’”. (Rosset. 1989:44).

Meu problema consiste em pôr o princípio de realidade cruel no campo político. O princípio de realidade tem no real a comunidade psíquica do significante (CPS) perverso. A relação entre amor e perversão define a essência do campo político:

“Se o amor pôde ser dito bruxo, no sentido de encantador, como sugere o título de uma obra célebre de Manuel de Falla, é que ele realiza, ou melhor parece realizar, uma proeza impossível: transformar nada em algo, assim como aliás, por via inversa, transformar nada este mesmo algo em nada. Platão teve uma visão justa, em ‘O banquete’, ligando o problema ontológico, a embriagues amorosa ao sentimento embriagante de um contato de um contato fugidio como ser. O amor, tal como Jano, é um mágico de rosto duplo e contrário: sabe fazer surgir um objeto do nada, por um passe de magia branca, mas também sabe fazê-lo desaparecer, como por encanto, por um passe de magia negra. Manuel de Falla observa bem esta magia em uma passagem de ‘El amor Brujo’:’Exatamente como o fofo-fátuo, o amor se desvanece ‘( se desvanece, diz o texto espanhol de Martinez Sierra: some evapora-se, transforma-se subitamente em nada). O ‘Sonho de uma noite de verão de Shakespeare’, ‘A dupla inconstância de Marivaux, o ‘Cosi fan tutte’ de Mozart são outras ilustrações notáveis dessa evanescência cruel do amor, de seu duplo poder de aparecer e desaparecer. Mas, repito, essa ambiguidade não é outra coisa senão a ambiguidade inerente a toda espécie de realidade”. (Rosset. 1989: 49).

Não existe campo político sem relações de amor entre representante e representado.

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O significante-Rei emerge do real. (Zizek. 1988 :42-43), emerge do corpo da realeza e organiza e move o campo político monárquico. Ora, Lacan parece crer que o significante psicótico emerge do real e organiza o campo político de exceção, como nos casos de Stalin e Hitler. Entretanto, o real é o lugar do perverso, da essência do perverso. Hitler e Stalin não são psicóticos, e sim perversos. O mundo como teatro da comédia do homem é um efeito da essência do perverso. Como dizer a relação da essência do mundo do perverso com o campo político?

Rosset:

Como as peças de um quebra-cabeça impossível de reconstituir, pois provém cada uma de um solo diferente, ou ainda, em um romance policial, uma série de indícios heteróclitos feitos para desafiar a perspicácia de um Sherlock Holmes ou de um Hercule Poirot que quebram a cabeça: o que pode haver de comum entre eles que permite ligá-los um ao outro”. (Rosset. 1989: 65).

O campo político é amoroso, heteróclito e mais, ainda:

“Assim o campo político é sempre investido pela crença: porque não oferece nada de discutível – daí o fato que ele se presta precisamente a discussões sem fim -, já que seu objeto é, para sempre, incerto e indeterminado, o que lhe permite ocupar sem dificuldade os campos abandonados da crença tradicional. Este indiscutível nada define desde sempre o objeto teológico, protegido de exame, preservado a priori, e com justa razão, de toda crítica. Não há nenhum divórcio entre a crença e a razão, uma vez que o objeto da crença, por não existir, escapa a fortiori a um exame racional. Jamais um argumentador criticará utilmente um crente, contrariamente ao que sugere sem cessar Sade, por exemplo, no ‘Diálogo entre um sacerdote e um moribundo’. (Rosset. 1989: 79).      

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B. Taschen fala do campo da arte da década de 80 segunda metade do século XX como gramática do perverso:

“Se fizermos o inventário do que a imaginação artística produziu na passagem dos anos 70 para os anos 80, tanto na Europa, como nos EUA, destacam-se imediatamente algumas características bem distintas :Gosto pela livre utilização da cor e forma, riqueza imaginativa, sentido do efeito decorativo, indiferença perante as regras ortodoxas da arte, principalmente as da Vanguarda; uma refrescante ausência de sistema, indiferença no tratamento de meios de estilos aparentemente incompatíveis – suscitando, assim, a impressão de uma <confusão> de estilos-, uma livre combinação de elementos da arte <elevada> e da arte <inferior>, uma patente exibição do Eu artístico; um erotismo radioso que, tal como as formas de expressão artística utilizadas, se desvinculam das convenções; uma elaboração e uma tendencia para o supérfluo, por vezes lada a lado com um estridente cinismo, uma raiva destruidora e um sentido anárquico da vida, onde existe, porém, um desespero subjacente e semi-inconsciente, manifestando-se por atitudes, desde a ironia até um amargo sarcasmo. Surge um romantismo oculto que, ocasionalmente, toca as raias do sentimentalismo, do gosto pela contradição, e mesmo uma aberta agressividade, uma falta de perspectiva utópicas. Pode-se, porventura, considerar como <cínica> a atitude que ressalta de toda esta descrição, segundo o espírito do <patriarca Diógenes de Sinope>, como a <irreverência canina> de uma <teoria inferior, aliada à pobreza, à sátira e a insolência>, teoria esta que – contra as abstrações idealistas, a insipidez do saber teórico a toda a aparência pomposa – tenta, pela arte, <mijar contra o vento do idealismo>. (Jorg Drews). (Taschen:34-35).

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O livro que estabelece a gramática de sentido da época atual é o “Crítica da razão cínica, no campo da filosofia. (Sloterdjik; 1989). Com o fim do domínio da pós-modernidade, ele pode ser retomado. Porém, a história de perverso no campo da arte foi dito por Bourdieu com o fetichismo do dinheiro:

“O reino do dinheiro por toda parte, as fortunas dos novos dominantes, industriais aos quais as transformações técnicas e os apoios do Estado oferecem lucros sem precedente, por vezes simples especuladores, exibem-se nas luxuosas mansões da `Paris haussmaniana ou no esplendor das carruagens e das toaletes. A prática do candidato oficial permite conferir uma legitimidade política, com a vinculação ao poder legislativo, há homens novos, entre os quais uma forte proporção de homens de negócio, e instaurar ligações estreitas entre o mundo político e o mundo econômico que se apodera progressivamente da imprensa, cada vez mais lida e cada vez mais rentável”. (Bourdieu. 1996: 65; 1992: 77).

O campo político bonapartista de exceção faz pendant com o campo da arte do cínico. A década de 1980 é aquela da soberania do mercantilismo do capital multinacional que faz surgir a época do perverso como gramática de sentido bonapartista com fetichismo de dinheiro:

“A exaltação do dinheiro  do lucro vai ao encontro das estratégias de Napoleão III: para assegurar a fidelidade de uma burocracia mal convertida ao ‘impostor’, gratifica seus servidores com emolumentos faustos e com suntuosos presentes; multiplica as festas, em Paris ou em Compiègne, para as quais convida, além de editores e dos patrões de imprensa, os escritores e os pintores mundanos mais ortodoxos e mais conformistas, como Ovtave Feuillet, Jules Sandeau, Ponsard, Paul Féreval, ou Meissonier, Cabanel, Gérome e os dispostos a conduzir-se como cortesãos, como Octave Feulliet, e Viollet-le- Duc que encenam, com a ajuda de Gérome ou de Cabanel, ‘quadros vivos’ com temas retirados da história ou da mitologia”. (Bourdieu. 1996: 65).

O campo da arte bonapartista é uma fratura como a época anterior?

Bourdieu:

“Estamos longe das sociedades eruditas e dos clubes da sociedade aristocrática do século XVIII ou mesmo da Restauração. A relação entre os produtores culturais e os dominantes não têm mais nada do que pôde caracterizá-la nos séculos anteriores, trata-se da dependência direta em relação ao comanditário (mais frequentemente entre os pintores, mas também atestada no caso dos escritores) ou mesmo da fidelidade a um mecenas ou a um protetor oficial das artes. Doravante, trata-se de uma verdadeira <subordinação estrutural>, que se impõe de maneira muito desigual aos diferentes autores segundo sua posição no campo, e que se institui através de duas mediações principais: de um lado, o mercado, cujas sanções ou sujeições se exercem sobre as empresas literárias, seja diretamente, através de cifras de venda, do número de recebimentos etc., seja indiretamente, através dos novos postos oferecidos pelo jornalismo, a edição, a ilustração e por todas as formas de literatura industrial; do outro lado, as ligações duradoras, baseadas em afinidades de estilo e vida e de sistema de valores que, especialmente por intermédio dos salões, unem pelo menos uma parte dos escritores a certas frações da alta sociedade, e contribuem par orientar as generosidades do mecenato de Estado”. (Bourdieu. 1996: 65).

Um campo político cesarista da arte do perverso cria e recria a nossa contemporaneidade.    

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A retórica é um fenômeno da antiguidade que existe como um ersatz de cultura na atualidade, sobretudo, no Brasil. Quentin Skinner escreveu o seu indescritível “Razão e retórica na filosofia de Hobbes”. Ele põe a gramática de sentido: no proscênio:

“Meu objetivo último, entretanto, é voltar aos textos de Hobbes, armado com o tipo de informação histórica que considero indispensável para lhes dar sentido”. (Skinner: 23),

Skinner fala da gramática de sentido fazendo pendant com a retórica:

“Como isso deixa implícito, estabeleço uma clara distinção entre o que considero serem duas dimensões discerníveis da linguagem. Uma delas tem sido convencionalmente descrita como a dimensão do sentido, o estudo do significado e do referente supostamente ligados às palavras e frases. A outra encontra sua melhor descrição com a dimensão do ato linguístico, o estudo da gama de coisas que os falantes são capazes de fazer em (e por meio) de seu uso das palavras e frases”. (Skinner: 23).

O sentido imaginário lacaniano aparece no domínio do studo do significado com referente, devido a sua consistência da ligação com a palavra e frase. A gramática de sentido aparece no ato linguístico, ela depende do uso da gramática no campo político; ela é a gramática de sentido do homem político.

A gramática de sentido é ato linguístico que cria e recria a maioria no campo político. já a retórica é “ a firmação de existem dois lados em toda questão e de que, portanto, sempre se pode argumentar in utramque partem”. E  por fim temos a visão – de orientação ainda mais retórica – associada ao humanismo renascentista: a de que nosso lema deve ser audi alteram partem, sempre escute a outra parte”. (Skinner: 24, 30-31). Indo para a antiguidade:

“a palavra se define, por outro lado, por ser uma phone semantike, ‘sons vocais que tem sentido’; e esse sentido não existe por natureza – não há palavra natural [...] – mas é sempre o efeito de uma convenção [...], de modo que todo logos é significante, entretanto, não como um instrumento natural, mas... por convenção”. (Cassin: 109).

A gramática de sentido é ato linguístico de uma razão gramatical que é, ao mesmo tempo, natureza e convenção ou artifício? A retórica é somente artifício?

Untersteiner:

L’habilité rtétorique, qui peut également être renforcée par des lieux comuns dont la seule fonction est mnémotechnique , en vient à s’identifier avec l’habilité à exercer le pouvoir de séduction au sein de logique, de l’éthique e de l’esthétique. Habilité oratoire signifie donc victoire sur ls contradictions toujours ranaissantes d’un contenu qu’il faut exprimer. On retrouve ici encore, em pratique exactement le même procédé que un art qui Cherche non pas tant á falsifier le vrai de façon inmmorale qu’à imposer le possible par le biais du ‘leurre’”. ((Untersteiner: 285).

A retórica da atualidade é uma técnica de discurso político que procura falsificar a verdade através do artifício como um meio falso cínico de tornar possível uma realidade política - sob o poder de sedução de uma lógica que já não é uma lógica, de uma estética degradada:

“C’est chez Isocrate, disciple de Gorgias, que l’on peut déceler la confirmation de l’objectif ultime que l’on pouvait atteindre en suivant la voie tracée par le sophiste, et cela, notamment, dans la passage où il declare que l’éloquence a pour but l’art de la persuasion et celui qui vise la défense des intérêts individuels: dans le but de persuader, tout les moyens sont bons;m il s’agit de spéculer sur la stupidité et sur les bas instinncts de la foule et de dire ce qu’il lui plaît d’entendre”. (Untersteiner: 286).

A retorica da contemporaneidade é aquela de Isocrate e não da da Gorgias:

“Comme on l’a dit maintes fois, la ‘persuasion’ implique la psychagogie qui, outre le prédominance d’une logique irrationnelle faisant graviter tout suggestion autor de l’une des termes des antithèses toujours renaissantes , présupposé également des MOYENS LINGUISTIQUES inhérents à la nature même du logos <qu’il suffisait d’éveiller pour pouvoir exercer sa domination sur les hommes, comme par une force magique , et pour le soumettre á as volonté au Moyen d’une douce persuasion”. (Idem: 286).

Na atualidade, a retórica falso perversa é um fenômeno melífluo da tela cibernética narrativa:

“Gorgias n’est donc pas l’’inventeur’ des ‘figures gorgiennes’, mais il lui revient le mérite de les avoir intégrées à une conception philosophique de l avie et à une interprétation tragique du réel. L’harmonie de la forme, qui semble domine, de même que l’éthique et l’esthétique, par  le npérrov, apaise la douloureuse évidence qui s’offre à tout expérience humaine qui fait l’éprouve de ce que la connaissance n’est possible qu’en suivant les voles de la soufrrance”. (idem: 288).

O conhecimento só é possível por causa das ratazanas do sofrimento que evoca a essência do homem perverso. O homem político é um ratazana do saber político retórico que liga o representante ao representado em situações concretas sob a estrutura da comunidade psíquica do significante do perverso. 

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A retórica do sofista ´o saber da insignificância (Rosset. 1973: 77), a gramática de sentido da insignificância ao contrário da gramática de sentido do significante como o saber dialético:

“O que não aparece é (o que absolutamente não se vê é como se não existisse, dirá Gracian): Tal é o sentido mais geral das célebres fórmulas de Protágoras que abandonam o tema da objetividade e restringem o que existe à soma das aparências subjetivas. Daí o caráter espantoso do pensamento sofístico: nada diz acerca daquilo que os filósofos geralmente visam quando falam de aparência ou artifício – isto é, a realidade e a natureza, a partir das quais, unicamente, aparência e artifício adquirem, segundo eles, sentido e realce. É que os sofistas apagaram da memória essa pertinência original do artifício à natureza: emanciparam o artifício, não mais lhe reconhecendo nenhuma dependência com relação à natureza, e organizaram, em consequência, uma arte de jogar unicamente com a aparência, arte que define a ‘técnica’ [...] propriamente sofística”. (Rosset. 1989: 145-146).     

O homem político vive a experiencia do herói acima do homem comum. em uma gramática de sentido da insignificância, tendo o dinheiro público como fetiche das aparências do viver uma experiência; ele é um perverso nas Américas, para ele, o geral é não viver a política como vocação, esse geral não é generalizável, pois há exceção. No Brasil, alguns políticos se apresentam como exceção, sendo o mais conhecido o sr. Ciro Gomes. 

O mundo das aparências cibernéticas é um mundo de imagens textualizadas que se presta a guerra contra a imagem de rethor do intelectual. Coisas insignificantes de uma narrativa podem ser usada para destruir intelectuais do mundo da crítica do campo político. O Sr. Silvio Almeida e o Prof. Mascaro se tornaram alvo de campanhas de desintegração de suas vidas. Eles são provavelmente os dois intelectuais mais notáveis do mundo sofistico e do herói de Gracian:

“O herói de Gracian também pode ser comparado ao Doutor Fausto: adquire a mestria absoluta ao preço de um pacto pelo qual renuncia, não só a sua alma como Fausto, mas às ideias de realidade e ede natureza. Pacto diabólico, aos olhos do pensamento naturalista, em virtude do qual o herói de Gracian receberá, como prêmio pelo abandono das ideias de ser e de natureza , o domínio do reino das aparências e dos artifícios? Pois – e esta é outra diferença que o distingue de Fausto – não procura o conhecimento das coisas, mas um domínio prático indiferente a qualquer preocupação de ordem explicativa ou intelectual. O domínio é exatamente o que Gracian, no prefácio de ‘O herói’, promete aos leitores suscetíveis de o entenderem:’ Pretendo delinear-se herói e universalmente prodígio de ti mesmo (...) Aqui encontrarás (...) uma razão de Estado, uma bússula para navegares rumo à perfeição, uma arte de ser ilustre com poucas regras de conduta. ‘A perfeição para a qual se dirige o herói de Gracian manifesta-se por tríplice domínio: domínio das aparências, domínio das circunstâncias, domínio da mobilidade”. (Rosset. 1989. 189).

Já o homem político como herói das aparências é o herói do poder governamental, mestre dos artifícios retóricos cínicos falsos da tela cibernética ou da televisão:

“Domínio das circunstâncias: o herói possui a arte de aproveitar as ocasiões, mediante uma técnica que não é a da previsão, mas da intuição da oportunidade no momento em que essa se apresenta – técnica de inspiração totalmente sofística. O domínio das circunstâncias não consiste em moldá-las, e sim em saber explorá-las da maneira mais rentável, evoca a arte do jogo de cartas, à qual se refere frequentemente a imaginação de Gracian. O jogador não escolhe suas cartas, assim como o homem não gera as circunstâncias de sua vida; porém sua habilidade consiste em aproveitar seu jogo segundo as eventualidades da partida: saber descartar das péssimas cartas quando for preciso, e jogar favoravelmente no momento oportuno. O jogo de cartas é uma exata miniaturização do que é a vida para Gracian, e de como deve ser a conduta na vida. o que é imposto ao homem é o acaso, o que ele pode impor é o artifício; o herói gracianesco é aquele que responde ao acaso em um máximo de artifício”. (Rosset. 1989: 189-190).

O herói político é um homem do poder governamental. O herói de barroco é aquele que se antagoniza como o homem do poder governamental, como intelectual, artista, gramático.    

 

 

 

       

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