José Paulo
Ainda não chegou à consciência
nacional a existência do <Partido Extremista>, cujo chefe visível é o
presidente da República Jair Messias Bolsonaro em simbiose com seu clã político
familial.
O partido extremista não é um
raio em um céu azul. Ele é o efeito de uma narrativa que tem raízes na vida
política da primeira metade do século XX. Os escritores Plínio Salgado e Gustavo
Barroso foram os chefes do Integralismo, primeiro partido extremista de massas no
campo da direita brasileira.
A facção militar do partido extremista
realizou um golpe militar contra o presidente da República Getúlio Vargas e
fracassou. Getúlio os rechaçou com tiros de um revólver particular, salvando a si
e sua família no que hoje é o Museu da República, então, sua moradia.
Na conjuntura da década de 1960,
o partido extremista apareceu sob uma nova forma, sob o comando militar das
massas de classe média urbana dos generais Geisel e Golbery do Couto e Silva. No
Estado militar 1964, general Golbery criou o SNI (polícia secreta) ou mais apropriadamente
a parte clandestina do novo partido extremista da direita brasileira. Este
partido se constitui como um partido do americanismo sendo o responsável na
formação ideológica do americanismo das F.A. Golbery e Geisel eram os
intelectuais hegemônicos do partido extremista como uma figura da história
narrativa das F.A. republicana. Foram figuras de destaque no Estado militar
1968 extremista.
O partido extremista militar não
se constitui como um partido de massas. O Estado militar 1964 manteve em
funcionamento o sistema de representação partidária sob controle de velhas
oligarquias rurais/urbanas. Todavia, ele deixou para a vida nacional a ideia da
necessidade de um partido secreto, um partido sob comando da polícia secreta.
Quando Fernando Collor assumiu a presidência
da República, ele dissolveu o SNI. Collor tinha clareza da força desestabilizadora
do partido extremista secreto. Em 1999,
o presidente Fernando Henrique Cardoso, recriou legalmente o partido extremista
secreto. Na era Lula, não se tocou no partido extremista secreto.
O partido extremista como tal se
desenvolveu a partir da confecção da legislatura (chamada de leis contra o
terrorismo) extremistas que surge como efeito, no Estado, das lutas de massas
2013. Dilma e Sérgio Cabral (governador do Rio) deram uma resposta extremista às
massas urbanas que se apossaram da rua das grandes capitais brasileiras.
Um efeito da luta de massas 2013
foi o surgimento dos massa media extremistas
que combaterem implacavelmente as massas no Rio (maior movimento de massas do país)
e em São Paulo. A partir daí, os mass media passaram a fazer parte do Partido
Extremista.
A lógica política que levou os mass media a elegerem Bolsonaro é aquela
do Partido Extremista. O Partido Extremista já estava presente nas F.A. e no aparelho
extremista evangélico (de um Bispo Macedo), e precisava conquistar o executivo
dos estados mais importantes, legislativos estaduais, Câmara de deputados
nacional, Senado e presidência da República.
Nas eleições 2018, à guerra de
posição se somou a guerra de manobra (ou movimento) do partido extremista. Ao conquistar
o aparelho repressivo de Estado e a quase totalidade dos aparelhos ideológicos
religioso e secular, o partido extremista passou a atacar as instituições
seculares da cultura como tal, ciência e universidade pública da nossa modernidade
secular.
Ao atacar a vida de milhões de
jovens da nossa vida escolar e universitária estatal, o partido extremista
esperava uma reação espetacular dos jovens como luta de massas na rua das capitais
brasileiras. Foi o que aconteceu! Então, o partido extremista preparou sua
próxima jogada, orientado pelos estrategistas militares das F.A. Não saiu da
cabeça oca de Bolsonaro (este é um pateta como estrategista) a convocação das
massas bolsonaristas digitais e evangélicas.
Da polícia secreta militar/civil
saiu a ideia de erguer um movimento de massas do Partido Extremista 2019, em um
momento no qual o clã Bolsonaro se encontra sob fogo cruzado do <Estado
de polícia brasileiro>. É verdade que Bolsonaro cedeu largas parcelas do
poder civil para os militares. Hoje, é impossível separar os generais de pijama
no governo das tropas das F.A.
O que a oposição legal não
percebe é que a conjuntura política tem como sujeito o Partido Extremista de
massas em formação, se impondo no proscênio da cena política. A cena política
se transformou com o sistema partidário formal em colapso. Agora, a cena
política se caracteriza pela formação de partidos em filosofia no sentido de Lenin.
Para o revolucionário russo, os dois grandes partidos da cena política mundial
eram o Partido do materialismo versus o Partido do idealismo. (Lenin:270) Ou
ainda a ideia do sujeito político realmente existente, em Tocqueville: partido
radical, partido do centro esquerda, oposição dinástica (Tocqueville: 64-65).
O último domingo de maio será um
momento decisivo para o partido extremista se transformar em um Partido Extremista
de massas. As massas podem criar um círculo de proteção efetivo para o família Bolsonaro
frente aos avanços do Estado de polícia
e o poder parlamentar?
LENIN. Materialismo y
empiriocriticismo. Barcelona: Grijalbo, 1975
TOCQUEVILLE. Lembranças de 1848. As
jornadas revolucionarias de Paris. SP: Companhia das Letras, 2011
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