quarta-feira, 22 de maio de 2019

PARTIDO EXTREMISTA DE MASSAS 2019


José Paulo



Ainda não chegou à consciência nacional a existência do <Partido Extremista>, cujo chefe visível é o presidente da República Jair Messias Bolsonaro em simbiose com seu clã político familial.

O partido extremista não é um raio em um céu azul. Ele é o efeito de uma narrativa que tem raízes na vida política da primeira metade do século XX. Os escritores Plínio Salgado e Gustavo Barroso foram os chefes do Integralismo, primeiro partido extremista de massas no campo da direita brasileira.

A facção militar do partido extremista realizou um golpe militar contra o presidente da República Getúlio Vargas e fracassou. Getúlio os rechaçou com tiros de um revólver particular, salvando a si e sua família no que hoje é o Museu da República, então, sua moradia.

Na conjuntura da década de 1960, o partido extremista apareceu sob uma nova forma, sob o comando militar das massas de classe média urbana dos generais Geisel e Golbery do Couto e Silva. No Estado militar 1964, general Golbery criou o SNI (polícia secreta) ou mais apropriadamente a parte clandestina do novo partido extremista da direita brasileira. Este partido se constitui como um partido do americanismo sendo o responsável na formação ideológica do americanismo das F.A. Golbery e Geisel eram os intelectuais hegemônicos do partido extremista como uma figura da história narrativa das F.A. republicana. Foram figuras de destaque no Estado militar 1968 extremista.

O partido extremista militar não se constitui como um partido de massas. O Estado militar 1964 manteve em funcionamento o sistema de representação partidária sob controle de velhas oligarquias rurais/urbanas. Todavia, ele deixou para a vida nacional a ideia da necessidade de um partido secreto, um partido sob comando da polícia secreta.

Quando Fernando Collor assumiu a presidência da República, ele dissolveu o SNI. Collor tinha clareza da força desestabilizadora do partido extremista secreto.  Em 1999, o presidente Fernando Henrique Cardoso, recriou legalmente o partido extremista secreto. Na era Lula, não se tocou no partido extremista secreto.

O partido extremista como tal se desenvolveu a partir da confecção da legislatura (chamada de leis contra o terrorismo) extremistas que surge como efeito, no Estado, das lutas de massas 2013. Dilma e Sérgio Cabral (governador do Rio) deram uma resposta extremista às massas urbanas que se apossaram da rua das grandes capitais brasileiras.

Um efeito da luta de massas 2013 foi o surgimento dos massa media extremistas que combaterem implacavelmente as massas no Rio (maior movimento de massas do país) e em São Paulo.  A partir daí, os mass media passaram a fazer parte do Partido Extremista.

A lógica política que levou os mass media a elegerem Bolsonaro é aquela do Partido Extremista. O Partido Extremista já estava presente nas F.A. e no aparelho extremista evangélico (de um Bispo Macedo), e precisava conquistar o executivo dos estados mais importantes, legislativos estaduais, Câmara de deputados nacional, Senado e presidência da República.

Nas eleições 2018, à guerra de posição se somou a guerra de manobra (ou movimento) do partido extremista. Ao conquistar o aparelho repressivo de Estado e a quase totalidade dos aparelhos ideológicos religioso e secular, o partido extremista passou a atacar as instituições seculares da cultura como tal, ciência e universidade pública da nossa modernidade secular.

Ao atacar a vida de milhões de jovens da nossa vida escolar e universitária estatal, o partido extremista esperava uma reação espetacular dos jovens como luta de massas na rua das capitais brasileiras. Foi o que aconteceu! Então, o partido extremista preparou sua próxima jogada, orientado pelos estrategistas militares das F.A. Não saiu da cabeça oca de Bolsonaro (este é um pateta como estrategista) a convocação das massas bolsonaristas digitais e evangélicas.

Da polícia secreta militar/civil saiu a ideia de erguer um movimento de massas do Partido Extremista 2019, em um momento no qual o clã Bolsonaro se encontra sob fogo cruzado do <Estado de polícia brasileiro>. É verdade que Bolsonaro cedeu largas parcelas do poder civil para os militares. Hoje, é impossível separar os generais de pijama no governo das tropas das F.A.


O que a oposição legal não percebe é que a conjuntura política tem como sujeito o Partido Extremista de massas em formação, se impondo no proscênio da cena política. A cena política se transformou com o sistema partidário formal em colapso. Agora, a cena política se caracteriza pela formação de partidos em filosofia no sentido de Lenin. Para o revolucionário russo, os dois grandes partidos da cena política mundial eram o Partido do materialismo versus o Partido do idealismo. (Lenin:270) Ou ainda a ideia do sujeito político realmente existente, em Tocqueville: partido radical, partido do centro esquerda, oposição dinástica (Tocqueville: 64-65).

O último domingo de maio será um momento decisivo para o partido extremista se transformar em um Partido Extremista de massas. As massas podem criar um círculo de proteção efetivo para o família Bolsonaro frente aos avanços do  Estado de polícia e o poder parlamentar?

LENIN. Materialismo y empiriocriticismo. Barcelona: Grijalbo, 1975
TOCQUEVILLE. Lembranças de 1848. As jornadas revolucionarias de Paris. SP: Companhia das Letras, 2011      

    


             

         



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