sexta-feira, 30 de novembro de 2018

SUBLEVAÇÃO DA HISTÓRIA ECONÔMICA CAPITALISTA. Parte 1


José Paulo.





A desconstrução do significante realidade teve como alvo a ideia de objetividade em Marx. A realidade em Marx diz:” o concreto é o concreto porque é a síntese de muitas determinações, isto é, unidade do diverso”. (Marx. 1974a: 122). ). Determinação implica o conceito de causalidade, desmoralizado pelo avanço da física quântica?

A realidade na física quântica se define como a realidade que não existe até que possa ser medida; a realidade só existe se um observador está olhando para ela, medindo-a. O experimento do Gato de Schr6odinger é um caminho para se entender o que é a realidade. O axioma fundamental da teoria quântica é: nenhum fenômeno elementar é um fenômeno até ter sido observado em um processo de observação. (Gribbin: 146).    

A economia é um fenômeno elementar para a existência humana; ela é um artefato (Lacan) como recurso evolutivo do homem que se estabiliza como história econômica do capitalismo moderno; o problema da realidade objetiva em Marx remete para a economia política moderna; a estrutura e funcionamento do capitalismo moderno tem o mesmo valor científico da realidade da física quântica.;  a realidade para Marx é aquela da física clássica. (Marx. Capital).  

Marx fala de uma realidade que pode ser objetivamente (a economia medida matematicamente) medida e fala de algo que não pode ser medido - a luta:
“na consideração de tais transformações é necessário distinguir sempre entre a transformação material das condições econômicas de produção, que pode ser objeto de rigorosa verificação da ciência natural, e as formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, em resumo, as formas ideológicas pelas quais os homens tomam consciência deste conflito e o conduzem até o fim”. (Marx. 1974ª: 136).

A luta se passa no terreno ideológico. Não há como medir a luta. Ela não é um fenômeno elementar como a economia da produção; mas é prudente não perder de vista o conteúdo econômico da luta. A luta das massas faz a história? (Althusser). Qual a relação da luta das massas com a história econômica? Falamos da história da transformação material das condições econômicas de produção.

Baudrillard usa o método da desconstrução heideggeriano para nulificar Marx. No entanto, ele não desconstrói a gramática de Marx. Ele nunca suspeitou que há uma gramática da crítica da economia política. Aliás, ele parte da deslegitimação da produção econômica como gramático da realidade. Por quê? Em Heidegger o acontecimento fundamental qual é? Qual é o acontecimento fundamental em Baudrillard?

O acontecimento fundamental em Heidegger é o fim da metafísica ocidental. Trata-se do afundar da Europa. (Faye: 126) Em Baudrillard o acontecimento fundamental  é o afundar da América?
Primeiro Baudrillard diz que a realidade não é mais regulada pelo paradigma da produção; a sedução entra no lugar da produção. De onde vem a sedução?  Eis o segredo da desconstrução/construção baudrillardiarna.  

O CAPITAL FICTÍCIO NO COMANDO ADA ECONOMIA, CULTURA E POLÍTICA E MASSA MEDIA É A FONTE DE ENERGIA NARCÍSICA DA SEDUÇÃO.

Weber diz que fenômenos na cultura e ideologia vem antes do modo de produção especificamente capitalista e se integram a este como elementos gramaticais do gramático capitalista moderno. (Weber. V. 2).

Em Baudrillard, a soberania da sedução na realidade é simplesmente a sedução do capital fictício que domina o Ocidente, e se traduz como o afundar da hegemonia do Ocidente em relação ao Oriente. Trata-se de uma profecia do futuro (Weber).

Sobre o paradigma  da produção:
“É a história atual do feminino, no interior de uma cultura que produz tudo, que faz tudo falar, tudo gozar, tudo discorrer”, (Baudrillard: 26).

A mulher no centro da cultura encontra-se associada a produção. A desconstrução da produção segue sem tocar no problema da gramática da produção material da economia:
“Do discurso do trabalho ao discurso do sexo, do discurso da força produtiva ao discurso da pulsão corre o mesmo ultimato de pro-dução, no sentido literal do termo. A acepção original, com efeito, é não a fabricação mas a de tornar visível, de fazer aparecer e comparecer. O sexo é produzido como se produz um documento ou como se diz de um ator que ele se produz m cena”. (Baudrillard. 1991: 43).

De propósito, Baudrillard omite a história econômica capitalista em sua desconstrução da produção. Assim, ele pode dizer algo sobre a produção associada à sedução:
“Produzir é materializar à força o que é de uma outra ordem, da ordem do segredo e da sedução. A sedução é sempre em todo o lugar o que se opõe à sedução. A sedução retira alguma coisa da ordem do visível; a produção erige tudo em evidência, trata-se de um objeto, de um algarismo ou de um conceito”. (Baudrillard. 1991: 43).

A gramática da produção é aquela do modo de produção industrial capitalista no comando da economia, política e cultura, isto é, no comando da história como agir narrativo, como linguagem econômica entrelaçada com ações econômicas. (Faye: 121). O imperialismo é uma alteração radical na história econômica, como nos diz Lenin no O Imperialismo, etapa superior do capitalismo”. No imperialismo, a gramática da produção industrial se desfaz com a fusão do privado com o público no capitalismo monopolista de Estado (Lenin). Na sociedade de classes, a oligarquia financeira passa a deter a hegemonia no capitalismo monopolista de Estado e depois no capitalismo monopolista internacional. Assim, o capital industrial se perde como força de direito como força gramatical de articulação da realidade objetiva.

A hegemonia do capital fictício não afunda o Ocidente? A hegemonia do Ocidente sobre o Oriente (Ásia) se desfaz, paulatinamente. A China aposta em um modo de produção industrial com autonomia relativa em relação à dominação do capital fictício ocidental. Nesta nova conjuntura da história econômica da produção capitalista, o pensamento pós-moderno de Baudrillard afunda junto com a Europa:
“Que tudo seja produzido, que tudo se leia, que tudo advenha ao real, ao visível e ao algarismo da eficácia, que tudo seja transcrito em relações de força. Em sistemas de conceitos ou em energia computável, que tudo seja dito, acumulado, arrolado, recenseado; assim é o sexo no pornô, mas esse é geralmente o empreendimento de toda a nossa cultura, cuja obscenidade é a condição; cultura do mostrador, da demonstração, da monstruosidade produtiva”. (Baudrillard. 1991: 44).
Baudrillard nos apresenta a soberania da narrativa sexual do americanismo como ersatz da metafísica ocidental. Predomina o princípio gramatical da pornografia generalizada no domínio da cultura e dos mass media. Trata-se da soberania do obsceno como estratégia fatal para o Ocidente do transpolítico. (Baudrillard. 1983:29).  A sociedade de comunicação com os mass media no comando da cultura e no mundo-da-via, eis a estratégia do domínio transpolítico do Banco no globalismo neoliberal. Vive-se a era do texto entretenimento comunicacional.  

A gramática do texto comunicacional está associada à história do Ocidente da modernidade tardia; o fenômeno R.S.I individualismo é uma poderosa farmácia de sonhos, utopias, estilo de vida, realização da satisfação dos desejos, estado de sublimação como vontade de viver livremente, razão prática freudiana e uma unidade especial entre teoria/prática da secularização.

Wolton diz assim:
“dans cette perspective, l’originalité du modèle occidental, à travers ses racines judéo-chrétiennes puis l’émergence des valeurs modernes de l’individu libre, est d’avoir mis nettement en avant l’idéal d’émancipation individuelle et collectivew. Communiquer implique d’une part l’adhésion aux valeurs fondamentales de la liberté et de l’égalité des individus, d’autre part la recherche d’une ordre politique démocratique. Ces deux signifcations ont pour conséquence de valoriser le concept de communication dans sa dimension la plus normative, celle qui renvoie à l’idéal d’échanges, de compréhension et des partages mutuels”. (Wolton: 15).

Pense leitor a estratégia da comunicação moderna (conjunto de técnicas da comunicação à distancia) servindo docilmente á dominação e hegemonia do Banco. A estratégia da comunicação é um ponto de inflexão na história econômica capitalista moderna.

A estratégia não é ocultar o domínio do Banco; não se trata de uma estratégia ideológica. Entreter, criar jogos de distração, seduzir pelo jogo, ir além do sexual. (Baudrillard.  1991: 15). Jogos de sedução tendo como alvo a morte da produção econômica como princípio da realidade:
“a lei da sedução é primeiro a de uma troca ritual ininterrupta, de um lance maior onde os jogos nunca são feitos, de quem seduz e de quem é seduzido e, em virtude disso, a linha divisória que definiria a vitória de um e a derrota de outro é ilegível – me não há outro limite para esse desafio ao outro de ser ainda mais seduzido ou de amar mais do que eu amo senão a morte”. (Baudrillard. 1991: 29).
  

A desconstrução da produção pela sedução como realidade do mundo nos arremessa, de quatro, para o simulacro de simulação: o real mais real que o próprio real da produção. O simulacro de simulação é a cibernética no comando da economia, cultura, política, mass media:
“- simulacros de simulação, baseados na informação, no modelo, no jogo cibernético, - operacionalidade total, hiper-realidade, objetivo de controle total”. (Baudrillard.1981:177).

A conjuntura da hiper-realidade é aquela do domínio do globalismo neoliberal na história da economia mundial. Trata-se da estratégia ocidental que significa o afundar do domínio econômico do Ocidente sobre a Ásia - uma certo Oriente; afundar do domínio econômico  do cyberBanco e, portanto, da cyberoligarquia financeira ocidental.

Mais uma vez, a história econômica da produção capitalista aponta um outro caminho.  Nela, a linguagem cyber se entrelaça com ações na produção em uma história econômica na qual Donald Trump se torna o herói incompreendido do Ocidente. Trump luta contra a hegemonia Oriental na história econômica mundial Ocidente versus Oriente. Então, é considerado um louco Shakespeariano de um filme de Kurosawa. Trump dissolve no ar a estratégia globalização econômica a qual o PCC usou para a instalação de um modo de produção industrial capitalista com uma gramática distinta do capitalismo moderno industrial.

As aventuras da realidade retornam à física quântica, pois, pois. A perda da soberania da produção econômica na configuração R.S.I (Real/Simbólico/Imaginário) da história econômica capitalista, eis algo que faz afundar a Europa. Ao contrário, a América reage contra o seu afundamento e põe Trump no comando da história econômica do americanismo. Os resultados do trumpismo parecem articular uma realidade econômica catastrófica? Trump instala uma guerra comercial com a China que pode levar à pólemos? Apressadamente, os mass media da periferia do americanismo se deixam seduzir pelo discurso da guerra (Glucksmann; 1974), discurso sedutor fácil da pólemos. Estes massa media funcionam pela estratégia de fazer sofrer a audiência em uma relação sadomasoquista.                   





2 comentários:

  1. Estou lendo, devagar. Tem muita, muita informação em um texto dedo que daria um livro. Por ora e importante saber se Trump, o que representa, está em uma luta perdida ou não.

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