quinta-feira, 8 de novembro de 2018

GÊNESE VIRTUAL DO PODER NACIONAL


José Paulo


A conjuntura atual começa com o impeachment de Dilma Rousseff.  A teoria política do impeachment foi fabricada na página PCPT (Psicanálise, Cultura Política, Totalitarismo). A força prática do impeachment foi o Congresso Nacional.

O PCPT é aquela força estética kantiana desinteressada na política. (Kant:49-50). O PSDB é a força prática guiada pelo interesse de tomar o poder. Os juristas que preparam o impeachment serviram: uma causa pessoal (Janaína Pascoal); uma causa política (Miguel Reali); um ideal (Hélio Bicudo).

O PCPT agiu desinteressadamente na construção do significante poder nacional. Explico! Ao assumir o segundo governo, a sra. Dilma plantou no comando da economia uma personalidade da irracional oligarquia financeira internacional. Representado o capital fictício (Marx: 463), o ministro da economia deu uma guinada de 180° graus na política econômica nacional. Ele começou a instalar um programa ultraliberal de destruição do Estado getulista 1988.

O ministro governava em uma luta aberta contra o Estado nacional e a Constituição1988. Ao desenvolver a contradição oligarquia financeira internacional versus Estado nacional 1988, o ministro se tornou um alvo do PCPT. Então, o PCPT iniciou a ciberpolítica de derrubada do governo Dilma Rousseff tecendo a teoria política do impeachment.

Como não se tratava de uma política negativa, o PCPT começo a atualizar a gramática do poder nacional (contida na ideologia nacional da Constituição 1988) - ou o poder nacional como gramático virtual na conjuntura Rousseff.

Michel Temer assumiu a presidência da República depois de uma fase de debates no Congresso. O PCPT gramaticalizava a necessidade de convocar eleição para presidente da República. A defesa irrealista de convocar eleições gerais nacionais por uma facção do parlamento inviabilizou a proposta do PCPT. Tal delírio político abriu a porta para o poder cair no colo de Temer como uma graça divina.

O governo Temer começa com a política “Uma ponte para o futuro” escrita por Moreira Franco e um desconhecido assessor da presidência. Trata-se de uma política governamental voltada para a desnacionalização do poder brasileiro inscrito na Constituição 1988. A desnacionalização do poder foi a ponte para o futuro da economia como capitalismo neocolonial do terceiro-mundo.

A formação de um poder econômico desnacionalizado estabelece: a) o trabalho assalariado em um regime de quase-escravidão (Reforma Trabalhista); b) a destruição do campo de saberes nacional encarnado pela universidade estatal; c) a ideologia do ruralismo como destruição da floresta Amazônica e dos povos indígenas, e como inimiga fatal do trabalhador rural e do pequeno produtor.  

A política de Temer-Moreira Inviabiliza a construção do Estado-cientista como força prática cultural  e científica para a fabricação da gramática do novo modelo industrial que não  se confunde com “economia criativa”. O novo modelo industrial será o habitat da formação de uma nova classe operária sujeito grau zero lulista (bolivariano).

O governo Temer será lembrado como um fenômeno político de desnacionalização da vida brasileira. As privatizações indiscriminadas do sistema de empresas estatais, a entrega da exploração dos poços de petróleo ao capital estrangeiro (em uma era de condenação geral  do regime econômico fóssil) aparece como verdadeiros atos de traição ao poder brasileiro. Observe-se que a ideologia ultraliberal eletrônica da desnacionalização do poder econômico brasileiro é uma obra dos editores-jornalistas da Globo News. A Globo News é o o paradigma dos fenômenos heteróclitos brasileiros, pois, fornece uma mistura bizarra de ideologias: ultraliberalismo e neogetulismo, multiculturalismo e autocratismo cultural, familialismo bissexto e libertarismo freudiano, messianismo ultramontano, e capitalismo neocolonial do  terceiro-mundo. A cooptação en masse e molecular dos intelectuais e artistas de esquerda fazem da emissora uma força estética prática regulada por interesses econômicos ocultos  do grande público.       

Nas eleições 2018, o candidato camuflado em verde-oliva do Exército se aliou com o baixo clero do poder oligárquico financeiro internacional na tomada do poder econômico de Estado. O baixo clero é formado por economistas tupiniquins com doutorado para estrangeiros da Universidade de Chicago. Trata-se de uma força prática intelectual de ocupação da subjetividade cultural do território nacional pelo capitalismo neocolonial do terceiro-mundo.

O leitor pode estar pensando que a facção militar no governo de Bolsonaro é uma força intelectual e política voltada para a construção do poder nacional. A quimera do poder bolsonarista é uma composição compósita e heteróclita de militarismo, ruralismo, cristianismo, ultraliberalismo, lavajatismo (O governo Bolsonaro cooptou o juiz Sérgio Moro, para ser o ministro da Justiça e Segurança Pública, Moro-gramático da força prática Lavajato) . Com esta mistura bizarra, Bolsonaro e seus filhos (seguidores do filósofo bissexto carioca de estrema-direita Olavo de Carvalho) tomaram o poder de Estado. O Estado getulista 1988 se apresenta como o alvo tático dos ataques da tropa circense messiânica (de Jair Messias Bolsonaro).

O PCPT se volta para a oposição estética desinteressada ao bicho-de-sete cabeças bolsonarista. Sem ligação com uma força prática específica, o PCPT navega no ciberoceano de ideias e utopia capitalista. É óbvio que o PCPT faz a gramática da oposição democrática nacional.  Ele volta suas baterias para a construção virtual do poder nacional em confronto com a via capitalista neocolonial do terceiro-mundo: abismo que assombra a todos, justos e injustos!    

KANT. Crítica da faculdade do juízo. RJ: Forense Universitária, 1993
MARX. O capital. Crítica da economia política. Livro 3. V. 5. SP: Difel, 1985

   

               

     





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