quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

EXISTE UM PODER BRASILEIRO?

ESTE TEXTO É A CAUSA IMEDIATA DO FACEBOOK SUSPENDER A ATIVIDADE DE PUBLICAÇÃO DOS GRUPOS QUE DIRIJO (COMUNIDADE DA FÍSICA FREUDIANA E PSICANÁLISE, CULTURA POLÍTICA, TOTALITARISMO) EM TAL INSTITUIÇÃO DIGITAL. Quem o Facebook quer proteger?

EXISTE UM PODER BRASILEIRO?
http://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/03/opinion/1451820549_670816.html

A cultura política intelectual brasileira vê e vivencia intencionalmente o poder como substância, algo que se pode deter, perder ou ganhar. Por isso, FHC não consegue entender que o bolivarianismo é um poder criado em solo americano e que funciona em redes mundiais. FHC é a voz sociológica paulista envergonhada de tal poder. O El Pais é a voz bolivariana pública peninsular europeia. The Economist é a voz antibolivariana anglo-americano, assim como o New York Time é a voz antibolivariana americana. Foucault estabeleceu o axioma clarividente: onde há poder, há contrapoder. O PCPT não é o contrapoder que resiste ao bolivarianismo?
O poder não é uma substância; ele existe e funciona em uma superfície política que tem como motor o estado de guerra permanente visível ou invisível. Há autonomia relativa entre o poder e a guerra? A cultura política moderna é a experiência da paz política como emulação. A competição entre os partidos políticos (instituição público/privada) é um ersatz de luta entre máquinas de guerras partidárias freudo/nietzschianas. A sombra destas é a sombra dos partidos políticos no espaço civilizado da política ocidental. Na política brasileira atual, a sombra governa os partidos políticos. Assim sendo, o estado de guerra é a essência da política brasileira.
FHC ainda pensa o mundo com a velha linguagem política europeia. No livro “América”, Baudrillard diz: “Temos na Europa a arte de pensar as coisas, de as analisar, de refletir sobre elas. Ninguém nos pode contestar essa sutileza histórica e essa imaginação conceptual, disso até os espíritos de além-Atlântico sentem inveja”. Portanto, a velha Europa detém o monopólio do poder simbólico. A cultura política intelectual europeia funciona como autointerpretação do mundo, da política mundial, pois isso é o que realmente interessa. No século XXI, o poder simbólico continua sendo um monopólio da velha Europa?
O poder bolivariano é um poder simbólico; ele é o significante-axial da cultura política intelectual americana. Trata-se de redes de relação de forças e sedução em um processo histórico (tempo = fogo) de autodissolução. O poder anglo-americano quer acelerar a autodissolução e o El Pais fazer pará-la. O poder bolivariano é um poder (redes de poder) funcionando na cultura política intelectual mundial. O poder é ação agindo em um campo constituído por outras ações, e vice-versa. A ação de FHC/El Pais age em um campo simbólico constituído de ações da cultura política jornalística (universitária, internet). Deste campo de ações, ações como a do The Economist e do New York Times agem sobre a ação de FHC/El Pais (e do Grupo Globo, porta-voz do bolivarianismo eletrônico brasileiro). O PCPT é uma ação como resistência ao poder bolivariano; ele é o verdadeiro contrapoder simbólico. The Economist e o New York Times são um poder ideológico do capital corporativo mundial que vê o bolivarianismo como redes de poder bárbaras que põem em risco o funcionamento da reprodução ampliada em extensão planetária do capital corporativo mundial que faz pendant com o poder informacionalis ocidental.
FHC ainda não consegue metabolizar (muito menos simbolizar) que o poder substância não existe, e que o poder brasileiro é uma rede das redes de poder do continente americano. Quem está fora do poder bolivariano no Brasil? Não basta se dizer neoliberal para ser o pensamento exterior à cultura política bolivariana. Esta é o dominun da América Latina. Ela sobredetermina todas as redes de poder latino-americanas, incluindo Chile e México, pois ela é o elo mais fraco da dominação do capital corporativo mundial na América. FHC deve estudar, se ainda tiver forças, a Banda de Moebius para ver isso.
A nossa cultura intelectual continua acreditando que a literatura é pura ficção literária que não faz laço social com o real. Que Tolstoi é um nobre russo da literatura universal extravagante da Europa asiática. Mas ele foi capaz de pensar o poder foucaultiano em uma versão cuja raiz está em Marx. Vejam esta citação longa para não deixar dúvidas: “A razão humana não pode compreender a correlação das causas e dos acontecimentos, mas a necessidade de em tudo achar uma causa é inerente ao espírito humano. Eis porque a inteligência, incapaz de penetrar as razões infinitas infinitamente complicadas dos acontecimentos, as quais, cada um de per si, podem fazer figura de causa, lança mão da primeira que lhe parece, seja a mais acessível das coincidências, e proclama: Esta é a causa? Nos fatos históricos que têm por objeto de estudo as ações humanas, a mais vulgar coincidência costuma ser a vontade dos deuses e depois a dos homens colocados em situação de destaque, os chamados “heróis da História”. Basta, no entanto, aprofundar um pouco qualquer fato histórico, isto é, ver agir as massas de homens que tomaram espaço neles, para nos persuadirmos de que não é a vontade deste ou daquele herói que conduz as massas, mas, muito pelo contrário, é essa mesma massa que a todo o momento é conduzida” (Guerra e Paz. v. I: 1321. Aguilar). As massas são conduzidas por trans-subjetividades articuladas em cultura política concretas.
No Brasil, a velha cultura oligárquica colonial é o modelo de uma versão de espaço público procedural? Originalmente, este deve existir e funcionar pelo confronto e diálogo entre fontes nomeadas como faz Platão no livro “A República”. O livro é um diálogo/confronto entre Sócrates e o sofista Trasímaco, o calcedônio. Na versão platônica do poder simbólico, o espaço público procedural é a Ágora (praça pública política) da cultura política intelectual. A Ágora funciona com a luz do sol (BEM/DEUS) para que os interlocutores vejam e sejam visto, ao falarem. Isto significa que eles devem ser nomeados no espaço público procedural ilustrado. O espaço procedural FHC/El País é a Ágora funcionado na calada da noite, sob, no máximo, uma diáfana luz lunar. Quem é o interlocutor de FHC oculto pelas sombras da noite dos mil engenhos de cana-de-açúcar do Vale do Paraíba paulista?
Para FHC, o debate intelectual tem a concepção de justiça de Trasímaco: “ – Se nos guiarmos, Sócrates, pela analogia dos exemplos anteriores, a justiça deve dar o bem aos amigos e o mal aos inimigos”! Portanto, o inimigo jamais deve ser nomeado, pois isso significa fazer crescer seu poder simbólico na cultura política geral. Ao contrário, o PCPT tem como guia de ação o imperativo da ética socrática: “não prejudicar”! E que vença o melhor argumento iluminado pelo Bem! Ele não deve ser a fonte de luz na articulação da cultura política intelectual? “A República” socrática não deveria ter sido a fonte de luz na articulação da cultura política ocidental?

Nenhum comentário:

Postar um comentário