TEXTOS DIPERSOS
CULTURA POLÍTICA DOS JOGOS
O conceito de episteme lacaniano significa “colocar-se em boa posição
(verstehen). Trata-se de encontrar a posição que permita que o saber se torne um
saber do senhor. A função da episteme especificada como saber transmissível
(Platão) é sempre tomada por inteiro das técnicas artesanais, ou seja, dos
servos. O que está em questão é extrair sua essência para que esse saber se
torne um saber de senhor: “E depois, isto se duplica naturalmente mediante um
pequeno ricochete, um lapso, o retorno do recalcado. Mas, diz fulano ou
sicrano, Karl Marx ou qualquer outro” (Lacan: 21). Na física lacaniana
historial, a episteme pode ser concebida como episteme política mais
apropriadamente, pois se trata da episteme platônica na cultura política intelectual.
Deriva daí a imagem conceitual epistemologia da cultura política intelectual (epistemologia
política).
Na era pós-modernista, a
epistemologia política que concentra a maior quantidade de luz (velocidade) para a percepção
(e autointerpretação) da realidade é a cultura pós-modernista. Por quê? A realidade
do real é uma articulação hegemônica da lógica do simulacro de simulação.
Trata-se da cultura política do homo simulacrum da era do capital corporativo
transnacional e de sua concomitante e coetânea
tela eletrônica militarizada. Se o saber pode ser dito como o domínio de
uma técnica, a classe simbólica dirigente do saber eletrônico possui o saber da
trans-subjetivação das massas como homo simulacrum. Tal saber agenciava o campo
dos afetos e ia além ao mexer com o campo dos estados anímicos através da
música industrial. Portanto, tal saber não era a forma latente do jogo de
linguagem digitalis?
Uma epistemologia política dos
jogos de linguagem é possível? Buscar a transição dos jogos de linguagem da
cultura filosófica (cultura intelectual em si) para a cultura política
intelectual é necessário para a compreensão da história mundial contemporânea? Isto
faz algum sentido?
Agora, a realidade do real ainda
é a hegemonia da realidade homo simulacrum sobre a cultura política mundial?
Não é preciso esquecer Baudrillard? Na segunda década do século XXI a cultura
política dos jogos não se tornou a essência da realidade do real?
É cada vez mais visível que os jogos de
linguagem, os jogos de guerra (e a guerra em si) são a essência da realidade do
real planetário. Estamos assistindo à passagem acelerada da hegemonia da
cultura política do simulacro para a hegemonia da cultura política dos jogos na
cultura política mundial e para o domínio mundial de um estado guerra digitalis
oligárquico (e físico) sobre a política planetária. Como Esquecer Foucault?
Vemos a passagem da cultura do ver da imagem eletrônica para a cultura do ver (e do ouvir) da imagem digitalis. O domínio do campo de poder digitalis sobre o campo de poder eletrônico (pela subsunção real da tela eletrônica à tela digitalis) existe em função da velocidade da produção e circulação da cultura do ver/ouvir digitalis (imagem digitalis) na cultura política mundial. No bloco-no-pode mundial, isto significa a passagem da hegemonia do capital corporativo eletrônico mundial para a hegemonia do capital corporativo digitalis mundial.
Vemos a passagem da cultura do ver da imagem eletrônica para a cultura do ver (e do ouvir) da imagem digitalis. O domínio do campo de poder digitalis sobre o campo de poder eletrônico (pela subsunção real da tela eletrônica à tela digitalis) existe em função da velocidade da produção e circulação da cultura do ver/ouvir digitalis (imagem digitalis) na cultura política mundial. No bloco-no-pode mundial, isto significa a passagem da hegemonia do capital corporativo eletrônico mundial para a hegemonia do capital corporativo digitalis mundial.
A cultura política do simulacro é
a cultura política informacionalis eletrônica: imagem informacinalis eletrônica.
Não se trata de autointerpretação da realidade, mas é sim uma percepção
eletrônica militarizada da realidade do real. Como tal, ela articula uma
realidade do real como um campo de guerra eletrônico. Trata-se, portanto, da
tela eletrônica militarizada como campo de poder.
Ao mexer industrialmente com o
campo dos estados anímicos através da música, a tela eletrônica não faz pendant
com o jogo de linguagem da guerra digitalis? A cultura do jogo digitalis é
um processo descontínuo da spaltung do espírito ocidental que não mais (como
cultura política) se articula a partir do campo da metafísica, ou do campo dos
afetos. Se articula, dominantemente, em um choque RSI (Real/Simbólico/Imaginário)
a partir do campo dos estados anímicos. São duas superfícies contínuas (Banda
de Moebius) (tela eletrônica e tela digitalis) que designam a cultura política
da sociedade do espetáculo eletrônico (SEE) sobredeterminada/suprassumida pela
cultura política do jogo de linguagem digitalis.
A política mundial não está em um
processo de evolução adaptativa à cultura política dos jogos? A crise mundial
não é a crise que tem como causa necessária esta adaptação quase cerebral das
manifestações desse saber?
LACAN, Jacques. L’envers de la psychanalyse. Paris:
Seuil: 1991
.
IMPÉRIO FOUCAULTIANO PÓS-MODERNISTA
A ideia de um império pós-capitalista é de Weber. Tal
império seria o Urstaat pós-capitalista análogo ao império egípcio da
antiguidade (Weber: 541). Inoculados pela ideia weberiana e usando as
investigações sobre o campo de poder moderno de Foucault (de Deleuze e
Guattari), mais ainda a literatura sobre o fim da soberania moderna (fim da
soberania econômica e da soberania em si do Estado–nação) e a literatura sobre
hegemonia do pós-modernismo na cultura política intelectual mundial , Michel
Hardt (e seu tutor Antonio Negri) escreveu o livro Império. O estilo de escrita
do livro não é de Negri!
O império supracitado é um império do capitalismo
corporativo transnacional (Hardt: 50). Mas ele não é o império americano.
Trata-se de uma máquina capitalista imperial biopolítica que articula um poder
mundial virtual com efeitos reais sobre o planeta (Idem: 60, 64, 24, 32, 58).
Algumas ideias constituem a axiomática imperial. No lugar
das lutas de classes, as lutas da multidão como contrapoder constituinte (Idem:
77). Mas não se trata das massas líquidas. Outra ideia é a suprassunção do
direito moderno pelo direito imperial. Outra ainda é o papel determinante da
sociedade do espetáculo eletrônico (SEE): “um lugar onde devemos localizar a
produção biopolítica da ordem é nos nexos imateriais da produção da linguagem,
da comunicação e do simbólico que são desenvolvidos pelas indústrias de
comunicação” (idem: 51). Trata-se do capital corporativo eletrônico mundial.
A SEE é a máquina de comunicação que produz a subjetivação
imperial de controle biopolítico: Foucault temperado por um certo
pós-modernismo americano. Trata-se da produção da própria vida social (Idem:
13). Uma boa ideia deriva desta, pois a sociedade de controle significa
desterritorialização da subjetividade disciplinar como um campo de poder que
dava as cartas na história moderna.
A desterritorialização do território existencial nacional
disciplinar produz efeitos devastadores como a sobredeterminação do Estado de
Direito por um Estado de exceção permanente e o aniquilamento da subjetivação
conhecida como povo-nação (11, 57, 121, 156). Isto significa o colapso da
subjetivação proporcionada pela soberania nacional. No lugar desta, entra a
subjetivação (da sociedade de controle biopolítica) na interseção do capital
corporativo transnacional com o mercado mundial (Idem: 168).
A alteração no espaço mundial é importante no conceito de
império foucaultiano pós-modernista. Como campo de poder, o espaço planetário
passa a ser a superfície híbrida das redes de poder, ou melhor, a interseção da
rede oligopolista da SEE com a rede/rizoma da internet (Idem: 320-321). Tal
campo de poder tem como uma das causas a enorme acumulação das lutas da
multidão (Idem: 296).
A soberania moderna baseava-se (se articula) na transcendência
da soberania do Príncipe, do Estado moderno, da nação, do povo. Ela é
suprassumida pela soberania da sociedade de controle biopolítica (338).
Trata-se claramente de um conceito de império foucaultiano pós-modernista
tecido pela cultura intelectual americana em choque com o poder americano.
A pretensão de Hardt era estabelecer um pensamento político
foucaultiano pós-modernista como a linha de força intelectual dominante na
cultura política intelectual americana do século XXI. Hardt viajou o mundo
inteiro fazendo a difusão de sua visão de mundo. No entanto, o discurso da
universidade (em conluio com a SEE) bloqueou o tour de force de Hardt e Negri
(teórico virtual das Brigadas Vermelhas italianas).
Na segunda década do século XXI, não já está no horizonte de
eventos o estabelecimento da lógica de desmoronamento do campo de poder
sociedade de controle biopolítica pós-modernista? Trata-se da suprassunção da
tele eletrônica militarizada pela tela digitalis que é um campo de poder como
estado de guerra oligárquica digitalis, informacionalis, permanente. Hoje a
investigação não deve mais se concentrar sobre a soberania da cultura política
pós-modernista foucaultiana sobre a cultura política mundial.
Trata-se agora de discutir a soberania do homo digitalis
como um campo de poder que significa a trans-subjetivação digitalis mundial das
massas sem sujeito no comando da economia, da cultura e da política planetária.
Isto não significa Esquecer Foucault!
HARDT E NEGRI. Império. RJ: Record, 2001
WEBER. Economia e sociedade. Brasília: UNB, 1999
URSTAAT OKHRANIANO DE ALOYSIO
http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=2003
“O principal risco do PL n. 2.016/2015, já aprovado no
Senado e à espera de votação na Câmara, está em achar que a lei atinge apenas o
“terrorista”, e não os “cidadãos de bem”, como se essa divisão fosse clara.
Ora, o que se tem em mãos é justamente a possibilidade de colocar esse rótulo
em qualquer um de nós”
Marta R de Assis Machado e Guilherme Leite Gonçalves
publicara um texto clarividente sobre a lei terrorista (antiterrorista?). Não
obstante a distância dos eventos terroristas em relação à nossa realidade, o
grupo Globo, o governo Dilma Rousseff e a bancada parlamentar conservadora,
liderada pelo PMDB, em suas últimas manifestações, aproveitaram o episódio do
ataque do Estado Islâmico a Paris para exigir que a votação do projeto de lei
antiterrorismo (PL n. 2.016/2015), já em regime de urgência no Congresso
Nacional a pedido da presidenta da República, seja acelerada.
O texto substitutivo do senador Aloysio Nunes Ferreira ao PL
n. 2.016/2015 aprovado no Senado e retornado para votação na Câmara faz desse
senador o autor do golpe de Estado mais espetacular desde o golpe de Estado de
D. Pedro I ao fundar o Império brasileiro. A lei antiterrorista foi aprovada na
Câmara nacional por ser uma matéria encaminhada pelo governo Dilma Rousseff
que, através do PMDB, possuía maioria nesta instituição pública. Trata-se de
uma lei que em sua origem já era um golpe de Estado totalitário no
desenvolvimento do processo democrático das massas nas ruas das grandes cidades
brasileiras.
O projeto do governo é fruto de uma reação ao movimento das
massas em junho de 2013, que foi o início da lógica do desmoronamento do poder
despótico de Sérgio Cabral no Estado do Rio de Janeiro. Por ser amigo íntimo e
dileto de Dilma Rousseff, há uma forte probabilidade do PMDB do Rio ser o
verdadeiro autor da ideia da lei antiterrorista em parceria com a tela
eletrônica militarizada que faz a gestão totalitária militarizada da trans-subjetividade
das massas carioca e fluminense. .
Tal substitutivo não apenas retirou o parágrafo que excluía
a aplicação da nova legislação à “conduta individual ou coletiva de pessoas em
manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe
ou categoria profissional”, mas também acrescentou a expressão “extremismo
político” para a determinação da figura do “terrorista”. O mesmo senador, para
justificar sua intervenção, afirmou que “o país precisa de uma lei precisa, uma
regra clara, que garanta segurança jurídica, especialmente em períodos de
grandes eventos como as Olimpíadas de 2016”. Todavia, a linguagem jurídica do
senador é flexível, plástica, fluída, flutuante, frouxa, inexata e, portanto,
capaz de capturar na lei, ao sabor e humor da interpretação do juiz, uma
infinidades de situações. O senador aplicou no discurso jurídico brasileiro a
lógica do credo quia absurdum (creio porque é absurdo); lógica totalitária
despótica!
O senador Aloysio Nunes foi do PCB, mas o golpe de 1964 o
jogou nos braços de Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira (o Toledo), os
dois mais gloriosos chefes terroristas da Ação Libertadora Nacional (ALN). (Com
este enunciado posso ser enquadrado na lei terrorista de Aloysio) Marighella
com seu manual de terrorismo urbano adquiriu notabilidade internacional. Quando
Aloysio Nunes passou a ser chamado de Mateus, nasceu o terrorista Aloysio.
Porque alguém com formação em direito, ciência política
(amigo de FHC e José Serra) e que provou o terrorismo urbano na própria pele
confeccionou uma lei que captura indivíduos nas instituições de massas em
qualquer tipo de agir político e nos próprios movimentos de massas para
condená-los como terroristas? Não se trata de um golpe de Estado parlamentar
terrorista/bonapartista no processo da revolução democrática das massas?
A lei antiterrorista é a peça que falta para a completa
instalação de um campo de poder totalitário despótico que designaremos
provisoriamente (não se deve pôr a carroça à frente dos bois) de ditadura
bonapartista/totalitária dos juízes. Vejam o imenso poder totalitário que a lei
faz acumular e condensar na figura do juiz? Ela é um passo definitivo para pôr
um fim ao nosso claudicante Estado de Direito. Mateus se tornará o símbolo de
um poder (e de um Estado) que já mostrei, em demasia, ser o poder da Okhrana
mundial digitalis informacionalis no Brasil.
FHC é o criador da nossa Okhrana civil na década de 1990 .
Ele deve estar se rejubilando com o fato de seu amigo Aloysio (e seu partido
PSDB) ser o criador do Urstaat okhraniano brasileiro.
Por que fazer a sociologia da história se FHC (através de
Aloysio Nunes /Mateus) pode fazer a grande história brasileira totalitária do
século XXI?
Marx disse que o capitalista é a personificação do capital.
Aloysio não é o símbolo biográfico da transformação do juiz brasileiro em
personificação da Okhrana mundial?
REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA MUNDIAL (RIO)
Três fenômenos se apresentam na superfície política mundial
contemporânea: a revolução islâmica, a revolução fascista pós-pós-modernista e
a contrarrevolução democrática mundial digitalis.
A desterritorialização da nação e do Estado-nação abrem o
território existencial nacional para uma vasta, extensa, infinita e intensa
reterritorialização do espaço político no planeta. Como não se trata de um
texto filosófico anunciaremos brevemente como a revolução democrática mundial
pode se tornar o quarto fenômeno da produção do nosso contemporâneo.
Os EUA são uma república federativa constitucional real. A
federação é uma obra histórica construída na cultura política como autointerpretação
dos conflitos (diversidade americana) entre direitos individuais e direitos
grupais, direitos individuais e de grupos contra o Estado, e, o mais
intrigante, direitos de grupo e individuais contra o direito do Estado de
encarnar valores comunitários em sua legislação e na prática.
O federalismo americano não é um simulacro; ele é uma
realidade fática constitucional. A Constituição estadual regula a vida dos
homens livres (e cidadãos) e a Suprema Corte age no sentido de arbitrar sobre o
campo de conflito de direitos que é um campo de poder constitucionalizado. Esta
imensa arquitetura do campo de poder constitucional está ameaçada com a
desterritorialização da nação americana?
A física lacaniana historial vê Tocqueville definir a
América por uma contradialética que articula contrarrevolução democrática e
revolução democrática. A física vê uma trans-subjetividade fascista americana
se expandido na cultura política americana. Donald Trump quer personificar a
interseção da contrarrevolução democrática com a revolução fascista
pós-pós-modernista?
No Brasil, A Constituição de 1988 estabelece legalmente o
federalismo. Mas tratava-se de um ente da cultura política do simulacro que a
comunidade jurídica jamais achou por bem tocar no assunto. Ignorância? Não creio!
Assim, tal comunidade se tornou cumplice da era da nefasta cultura política
pós-modernista que desintegra a soberania das massas na política.
O art. 63 da Constituição de 1988 sacramenta: “Cada Estado
reger-se-á pela Constituição e pelas leis que adotar, respeitados os princípios
constitucionais da União”.
Como nos EUA, a Constituição estadual deve, em primeira
instância regular a vida dos indivíduos e das comunidades religiosa, racial,
étnica, sexual, respeitando a lei nacional. O estado não é soberano (não se
trata de propor mil comunas de Paris de 1871); mas ele deve possuir uma
autonomia relativa em relação ao poder nacional. A desterritorialização da
nação brasileira é a causa do golpe de Estado bonapartista do STF, que encerrou
a nossa república como simulacro de simulação. Agora não é preciso continuar a
obra do STF?
O golpe de Estado do STF sobre a República brasileira
criando o império bonapartista dos juízes é o caminho preferido da nossa classe
dirigente. Tal golpe de estado quer manter as massas apartadas da vida política
constitucional brasileira. Trata-se da contrarrevolução (revolução conservadora
da classe dirigente contra as massas) que deve ser questionada na prática pela
revolução democrática das massas. Como começar este espetáculo político?
O PCPT está elaborando uma teoria contradialética da
política mundial que começa com a revolução democrática no Rio de Janeiro. Não
se trata de anarquismo. (Mas não tenho nada a objetar ao anarquismo). A
revolução democrática deve começar no âmbito local e se expandir para a
reterritorialização democrática da nação a nível planetário.
Há no Brasil um federalismo fático inconsistente. Mas é
possível transformá-lo em um federalismo consistentemente constitucional com a
democratização dos estados. É preciso ver a política brasileira pelos regimes
fáticos estaduais. São Paulo tem um regime quase democrático e o Rio de Janeiro
é uma ditadura do PMDB. Então, não podemos começar um movimento de massas para
estabelecer uma Assembleia Estadual Constituinte no RIO?
A classe dirigente do Rio de Janeiro é extremamente
inconsistente na arte de governar, corrupta no seu pathos, desprovida
inteiramente de espírito público e sob domínio de uma lumpen-oligarquia
espalhada pelas cidades do estado. A cidade do Rio de Janeiro (e cidades
industriais) apresenta um potencial revolucionário democrático de massas. Há em
estado de potência uma trans-subjetividade democrática das massas adormecida
pelo estado de narcose que a lumpen-oligarquia estabeleceu na política do Rio de
Janeiro.
A cidade do Rio foi o palco de uma revolução democrática de
massas (eram reduzidas, certamente) na fundação do território nacional na
década de 1820. Há, portanto, uma tradição vibrante adormecida de revolução
democrática carioca. Não se trata de repeti-la, mas de retomá-la como uma linha
de força historial a ser reconstituída na conjuntura mundial atual. A revolução
democrática brasileira já teve momentos que assustou a nossa cultura
oligárquica conservadora com Joaquim Pimenta na primeira metade do século XX.
Pimenta chegou a ser um catedrático da Universidade do Brasil!
Hic Rhodus, hic salta!
Aqui está Rodes, salta aqui!
POR QUE O RIO NÃO DEVE SEDIAR AS OLIMPIADAS/2016
As Olimpíadas de 2016 foram uma conquista de Lula. Ela era
parte do projeto hegemonia petista e significou a aliança entre o PT e o Grupo
Globo que tem sua plataforma no Rio de Janeiro. Podemos afirmar que neste
momento o Grupo Globo aderiu de mala e cuia ao bolivarianismo lulista. No
momento que o COI se definiu pelo Rio, o planeta estava fascinado com o
bolivarianismo de Lula. Hoje, Lula caiu no ostracismo na política europeia.
Assim como a Fórmula 1, o COI é parte da política
desterritorializada. Mas a Olimpíada no Rio está revelando que se trata de uma
instituição orbital sem nenhum compromisso ético com os atletas e os
espectadores brancos. A única coisa que interessa ao COI é o dinheiro que eles
podem extrair do evento e o poder deles sobre a política das nações.
Moro há décadas na Flamengo e jamais me aventurei ao banho
de mar na praia do flamengo. A Baia da Guanabara é constituída de águas
poluídas que os governos do Rio nunca se preocuparam em despoluir. A saúde dos
atletas que vão usar a Baía da Guanabara estará seriamente comprometida. O COI
exige que os atletas comprometam sua saúde em nome de uma servidão voluntária
cujo master é o próprio COI?
Hoje, as Olimpíadas servem ao domínio do PMDB em conluio com
o Grupo Globo no Rio e no país. O PMDB domina o Congresso brasileiro e o
governo nacional em aliança com o PT de Dilma Rousseff. Após, o fim da cizânia
Dilma versus Michel Temer, as Olimpíadas se tornaram o Circo Romano para
desviar a percepção das massas de sua própria implosão econômica (e biológica).
Tal evento de jogos será usado como espetáculo eletrônico militarizado para
agenciar a trans-subjetividade das massas no sentido de evitar que a revolta
latente econômica delas se transforme em uma rebelião generalizada tipo massas
camponesas medievais. O COI não apenas sabe disso como faz parte da engenharia
política de gestão militarizada das massas “camponesas” cariocas e brasileiras.
As instituições científicas do capital corporativo
eletrônico estão irradiando a informação que o Zika vírus é a peste há muito
esperada. Que ele conquistará toda a América, exceto Canadá e Chile. O mosquito
transmissor deste vírus da Bíblia da physis é uma nanomáquina de guerra bíblica
que aparece como um recurso evolutivo contra a superpopulação mundial?
Desde Darwin, o planeta sabe que a physis biológica vive em
um perpétuo estado de guerra interno e contra a espécie humana. A bazófia agora
é que Dilma Rousseff vai fazer a guerra contra o Zika vírus. Ela está pensando
em como garantir que o vírus não vire uma nanomáquina de guerra que transforme
tudo que é sólido para o bolivarianismo em fumos.
A exposição dos espectadores estrangeiros ao Zika será
manipulada pelo poder mundial eletrônico informacionalis através da informação
militarizada de que o vírus se tornou universal na América. Trata-se de uma
clara linha de força de gestão militarizada da trans-subjetividade das massas
dos países centrais que fornecerão o maior contingente de espectadores. Parece
que não há limites – de nenhum tipo - para o que tal poder mundial militarizado
pode cometer em maldade com homens, mulheres e crianças inclusive ocidentais.
Hoje, o poder mundial não é mais o poder da população branca ocidental.
O COI, o governo Dilma Rousseff, o governo do Estado do Rio
de Janeiro e a prefeitura carioca são instituições totalmente irresponsáveis?
Assim como os governos dos EUA, da União Europeia e do Japão (governos
democráticos) que não fazer nada para impedir que seus cidadãos sejam afetados
por um campo de guerra biológica que pode ser, inclusive, fatal, não só para as
mulheres grávidas. Trata-se de um verdadeiro e real desprezo do poder mundial
pela vida humana. As consequências deste estado de guerra natural deveriam ser
tratadas pelos biólogos como história do choque da natureza com a espécie
humana. Mas os biólogos têm um verdadeiro desprezo pela história, pois isso não
é parte do campo da ciência.
Em termos racionais, a única decisão sensata não seria o COI
suspender as Olimpíadas de 2016 no Rio?
FORUM ECONÔMICO MUNDIAL (DAVOS)
O FEM (Davos) tem as nações como centro de sua fala sobre a
economia mundial. Yanis Varoufakis crê que as nações não existem mais como
fenômeno econômico. O arquiteto Manuel Sanches me falou sobre a resiliência das
nações. Com o impacto do globalismo capitalista sobre as economias nacionais na
década de 1990, a sociologia marxista paulista começou a pensar a
desterritorialização da nação e sua reterritorialização na conjuntura mundial
do século XXI. Mas a reterritorialização permaneceu um mistério da Cornualha
oculta pelas Brumas de Avalon.
Há grandes nações no planeta como China, EUA, Alemanha,
Japão, Índia que parecem desafiar o globalismo do capital corporativo mundial.
A classe dirigente em Davos parece ser uma classe do território existencial
nacional. Para ela, o território não está em crise e o capital corporativo
mundial digital não é a luz (velocidade) que orienta o bloco-no-poder mundial
do capital no século XXI.
O capital corporativo mundial digital é um corpo celeste que
surgiu na década de 1990 e passou a se expandir aceleradamente. O capitalismo
não existe como sistema, então, não precisamos mais falar de capitalismo.
Existe sim o capital e a economia política digitalis mundial. Depois da
relatividade de Einstein, apenas o capital reconstituído pela física lacaniana
marxista retirou Marx da sepultura da cultural política econômica mundial do
século XXI.
Quando o território era nacional, a soberania econômica era
uma realidade do real articulando o planeta. O capital corporativo
transnacional possuía um império territorial nacional como centro da política
mundial com seu complexo industrial-militar e sua comunidade informacionalis:
América. Com a passagem da hegemonia para o capital corporativo mundial
digitalis, um poder mundial substituiu o império americano na articulação da
vida política no planeta: política digitalis. Ainda prisioneiro da visão de
mundo economicista/produtivista, Davos tornou-se o símbolo da irrealidade
econômica como pensamento burguês. Modelado pela percepção do território e da
sociedade do espetáculo eletrônico, a classe burguesa de Davos é um ser
pré-diluviano.
Sanches tem razão quando diz que as nações não querem
desaparecer na poeira cósmica do universo digitalis. Mas trata-se do
voluntarismo das nações. A desterritorialização do território existencial
nacional está avançando, por enquanto, geometricamente. Logo, a velocidade se
tornará exponencial.
No Brasil, vivemos em um império republicano, mas a tela
eletrônica repeti, incessantemente, que vivemos em uma república. O pessoal da
tele eletrônica acredita - como o homem arcaico, certa ciência da linguagem
moderna e o fascismo alemão - que a palavra é capaz de dominar a coisa. A
trans-subjetividade das massas sem sujeito não é um fenômeno articulado pela
linguagem puramente ficcional. Trata-se de uma subjetividade das massas ligada
por mil fios de ouro à realidade do real (dos fatos). Por isso é necessário
continuar usando o significante realidade em nossos jogos de linguagem.
Mais que a forma política (república, império), a forma
econômica nacional se define como ficção e fato. A soberania econômica era o
axioma fático que articulava a nação e o Estado-nação. Quem em seu juízo
perfeito vai falar que hoje a soberania econômica nacional articula a economia
planetária? Davos não está em seu juízo perfeito. Davos vive na irrealidade do
sonho nacional. O FMI da senhora Christine Lagarde é o FMI do território, não é
o FMI da economia orbital, da polis digitalis mundial.
O sociólogo marxista pós-modernista Richard Sennett discute
a eleição presidencial americana com a percepção do homo territorialis. Ele não
é capaz de ver que Donald Trump é o diabo do Doutor Fausto de Thomas Mann da
era acelerada da desterritorialização nacional trans-subjetiva da América. Esta
gera uma reterritorialização trans-subjetividade totalitária das massas
americanas homóloga ao fascismo pós-pós-modernista trans-subjetivo das massas
europeias. Antes a frase ia além do conteúdo; na segunda década do século XXI,
o conteúdo viaja além da frase.
JORNALISTA DE PAPEL/JORNALISTA ELETRÔNICO
Deleuze definiu o jornalismo de papel como produção de
besteira. Trata-se do texto no qual a realidade está sempre indeterminada. Tal
texto trabalha com uma velha ideia da informação: “opinião dada em processo no
âmbito das repartições públicas”. Portanto, temos aí uma informação
burocratizada. O jornalista de papel é um burocrata. Seu texto depende do
processo que está sendo encaminhado na repartição pública do jornal.
O jornalista eletrônico é uma significação da família das
significações jornalísticas. O jornalista de papel faz jogos de linguagem?
Estes são os jogo de linguagem capazes de encontrar um nome para algo. Isto não
acontece! Mas o jornalista de papel dificilmente age em um campo de guerra
cultural; o modelo do jornalismo de papel não é a guerra, mas o jornalista de
papel pode ser o correspondente de guerra, que não é um simples jogo de
linguagem. A guerra é o real como realidade dos fatos! Próximo do animal
despótico freudiano (Pai da horda), o jornalista de papel emprega as mais
primitivas formas de linguagem: comandar, perguntar, tagarelar. Tal jornalista
fala em excesso sem assunto específico; ele faz barulho permanentemente.
O jornalista eletrônico opera com uma linguagem que consiste
também de comandos e informações durante uma batalha. Para ele, representar uma
linguagem não significa representar-se uma forma de vida. A informação
eletrônica da ameaça está no contexto do teatro de guerra jornalística
eletrônica informacionalis. Uma informação dada no programa Globo News
Literatura sobre Umberto Eco pode não ser algo para distrair o tele espectador.
Umberto Eco fala de um jornalista bissexto que publicava um
jornal gratuito lido pela classe dirigente, entregue de casa em casa.
Tratava-se de contrajornalismo que nomeava os personagens da narrativa: pessoas
e instituições, principalmente. Eco diz que o contrajornalista bissexto foi
assassinado por ter incomodado alguém poderoso. (O novo best-seller
internacional de Umberto Eco. O romance que é um verdadeiro manual do mau
jornalismo. Um grupo de redatores, reunido ao acaso, prepara um jornal. Não se
trata de um jornal informativo; seu objetivo é chantagear, difamar, prestar
serviços duvidosos a seu editor. Um redator paranoico, vagando por uma Milão
alucinada). Tal imagem conceitual do jornalista bissexto de Eco é claramente
parte de um delírio paranoico literário.
Há algum redator paranoico bissexto no Brasil? Se existe, o
programa está lançando uma mensagem clara. Trata-se de uma ameaça ou de um
vaticínio do tipo campo de guerra mafioso. Como o jornalismo eletrônico é um
campo de guerra informacionalis não é descabido supor tal hipótese para
sustentar meu ponto de vista. O jornalismo eletrônico é, por imagem conceitual,
parte do campo de poder mundial digitalis informacionalis cujo nome é Okhrana
mundial. Tal jornalismo não pode usar os serviços da Okhrana local? Afinal,
trata-se de uma campo mundial de redes de poder!
Afinal, o que é o jornalista eletrônico?
Ele é parte de um sistema de comunicação descrito por Santo
Agostinho, que não é um jogo de linguagem em si. Tal sistema não trabalha com
imagens conceituais. Onde esse jornalista é treinado? No campo de guerra
informacionalis do capital corporativo eletrônico. Os profissionais treinados
neste campo são pagos a peso de ouro. Ser um soldado (repórter), um sargento
(apresentador), um tenente (“explicador”), ou um capitão (editor), ou um
coronel (diretor) deste campo de guerra é algo que não é sutil; pode ser
brutal, pois a brutalidade (e a vulgaridade) é excelente companheira em
qualquer guerra moderna, a partir do século XX. Mas a jornalista eletrônica tem
que dominar a arte de sorrir para o espectador; isto é parte do treinamento. O
sorriso da jornalista eletrônica é uma máscara do tipo máscara primitiva
africana.
Finalmente, nosso jornalista é seguramente uma nanomáquina
de guerra que começa a ser montada, teoricamente, na escola de comunicação e -
na prática - pelo capital corporativo eletrônico. Parecer uma pessoa normal é
uma arte da nanomáquina de guerra jornalística/eletrônica. Não aparentar ser um
personagem dos paraísos artificiais baudelairianos é uma exigência
profissional.
O jornalismo eletrônico tem uma regra de transformar o consumo
de drogas em um campo de morte. Vem daí a preferência de matérias sobre o
crack. Parecer que possui uma ética impecável é uma necessidade, pois, tal
jornalista precisa, ocasionalmente, pôr em ação uma linha política editorial
jornalística capaz de acusar, inclusive, todas as famílias do país de corrupção
para justificar a corrupção da classe dirigente, inclusive a sua corrupção.
Por isso, o PCPT faz contrajornalismo democrático digitalis.
Ao contrário, o jornalismo eletrônico pode ser apresentado por uma imagem
conceitual quase rigorosa. Trata-se de um jornalismo totalitário da cultura
política da guerra informacionalis.
“Pode facilmente parecer que toda dúvida mostre apenas uma
lacuna existente no fundamento, de tal modo que uma compreensão segura é
possível apenas quando primeiramente duvidamos de tudo aquilo que pode ser
duvidoso e afastamos então todas as dúvidas” (Wittgenstein).
IGUALDADE DIGITALIS
Na era moderna, a igualdade é um axioma político da
revolução democrática?
A cultura jurídica liberal criou o axioma jurídico “todos
são iguais diante da lei e para a lei. Tal axioma se transformou em realidade
dos fatos ou permaneceu como linguagem ficcional do direito?
Tocqueville viu uma revolução democrática na América pela
realização do axioma igualdade em realidade dos fatos. Trata-se da igualdade
econômica. No século XIX, a ideia de um capitalismo igualitário tinha força de
realidade. América utópica!
Marx demoliu a ideia de liberdade jurídica (e da
possibilidade da instalação de uma sociedade igualitária capitalista) mostrando
que os trabalhadores só eram livres para vender sua força de trabalho no
mercado capitalista. Todos os homens são iguais significa que nenhum homem é
escravo na sociedade democrática moderna; que todos são livres. Marx disse: o
operário é o escravo moderno. Daí a ideia de uma revolução dos escravos
modernos: revolução social/comunista dos homens livres e normais. A discussão
da igualdade em Marx segue uma linha de força teórica que o século XX jamais
metabolizou!
Hoje, o capitalismo serve a 1% da população mundial. A
chamada quarta revolução indústria (da física, do digital, da biologia) serve a
uma minoria livre e igual frente a uma população mundial escravizada pelo campo
de poder do capital corporativo mundial digital. O digital significa a técnica,
por excelência, do campo de poder mundial. Desde o surgimento do Urstaat na
civilização arcaica, a técnica esteve associada aos campos de poder.
Mas a técnica digital substitui a societas de comunicação da
sociedade do espetáculo, como campo de poder mundial. Ela está associada a uma
realidade digitalis na qual a igualdade é retomada agora no domínio da cultura.
Os axiomas jurídicos da igualdade e da liberdade são apenas parte da cultura
política mitológica moderna ocidental, que conquistou a Ásia capitalista. O
axioma igualdade econômica é um axioma ficcional da América Latina
subcapitalista. O bolivarianismo fez deste mito o cavalo de batalha para se
perpetuar nos governos nacionais. Na Ásia, o mito da igualdade econômica cedeu
diante do globalismo do capital corporativo mundial. Na A-L, o bolivarianismo
está em plena decomposição de seu corpo político continental.
A hegemonia do capital corporativo mundial digital no
bloco-no-poder mundial trouxe de volta o axioma da igualdade. Trata-se da
igualdade cultural. Todos são iguais diante da cultura; todos os enunciados dos
usuários digitalis são iguais em valor interpretativo da realidade; a internet
é o mundo da doxa digitalis. Claro que há resistência a este campo de poder da
doxa digitalis nos blogs, em vão. Mas o Facebook é visto, por excelência, como
o lugar das máquinas de guerra expressivas da doxa digitalis.
O homo digitalis é o processo permanente de
trans-subjetivação no qual todos os usuários são iguais culturalmente. Trata-se
de uma revolução democrática na cultura mundial? Na universidade, a hierarquia
institucional acadêmica é o avesso da igualdade cultural entre os agentes desta
instituição. Aluno significa sem luz cultural.
O jornalismo estabelece uma hierarquia cultural de prestigio
negociado (que não é baseada em um saber verdadeiro e substantivo) para gerar a
força deste campo de poder. Na internet, a palavra é baseada na igualdade de
participação cultural dos usuários digitalis. A universidade e o jornalismo
desprezam o mundo digitalis. Tal mundo abole o jornalismo como campo de
poder/saber e a universidade como o único lugar competente para falar da
realidade do real.
Mas o mundo digitalis é realmente a superfície de uma
revolução democrática na cultura política intelectual mundial?
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