Fev/2016
RAZÃO DIGITALIS
O campo de poder mundial tem duas redes que dominam a
paisagem trans-subjetiva planetária. Trata-se da rede eletrônica (tela
eletrônica) e da rede digital (tela digital). A rede eletrônica tem como
trans-subjetividade o homo sumulacrum do capital eletrônico corporativo
mundial. A rede digital tem como trans-subjetividade o homo digitalis do
capital corporativo digital mundial. A primeira se desdobra em cultura política
do simulacrum informacionalis; a segunda em cultura política digitalis
informacionalis. Tais redes de poder funcionam como partes do império digitalis
informacionalis mundial. A cada ano que passa a cultura digitalis subsume a
cultura eletrônica.
A cultura eletrônica cuida das massas eletrônicas no
território físico. Ela faz a gestão trans-subjetiva das massas territoriais
eletrônicas. Não há propriamente uma razão eletrônica mundial, pois, a cultura
política eletrônica se dirige ao território existencial nacional.
O Seminário ainda não publicado RSI (1974-1975) é um texto
chocante, fascinante. Lacan diz: “Há algo que faz com que o ser falante se
mostre destinado à debilidade mental”. A espécie humana é marcada como idiota?
Ele diz: “Na verdade, esta massa, atestada com a debilidade mental, é algo do
qual eu não espero, de forma alguma, sair. Não vejo porque o que eu lhes trago
seria menos debilóide que o restante”. Tal formulação não é perfeita para
designar o discurso eletrônico? O leitor deve procurar estudar tal Seminário,
pois, ele desenvolve a questão da idiotice ligada à lógica de sentido e à fé
perceptiva sensível na era eletrônica. Lacan não conheceu a era digital!
A trans-subjetividade digitalis é um processo de
desterritorialização da trans-subjetividade territorial eletrônica (nacional,
local). Ela não é “efeito de escritura do Simbólico que guarda o efeito de
sentido, ou seja, de imbecilidade”. O mundo digitalis é a progressão acelerada
para o grau zero do sentido que articula o homem como ele é: ficção ideológica,
fantasma do texto a Ideologia Alemã de Marx. Trata-se da desterritorialização
do sentido em qualquer linguagem.
“Especialistas em Inteligência Artificial citados em seu
livro dizem que há uma probabilidade de 90% de que, entre 2075 e 2090, existam
máquinas inteligentes como os humanos. Na transição para essa nova era, será
preciso tomar decisões. Talvez inocular valores morais às máquinas. Evitar que
se voltem contra nós”. Isto é ou não uma idiotice? A única coisa certa é que o
império digitalis mundial caminha para ser dirigido não mais por um a classe
dirigente humana (classe simbólica e classe política). O império será dirigido
por máquinas de guerra digitalis (Inteligência Digitalis, ou I.A. digitalis)
quando a trans-subjetividade deste mundo for igual à razão digitalis.
A trans-subjetividade das máquinas digitalis é uma
superfície sem campo dos afetos ou campo de animus e sem lógica de sentido! Ela
imperará como hiperracionalidade digitalis. Trata-se de uma racionalidade que é
mais racional que a própria razão ocidental, já que esta é uma razão humana.
Tal razão digitalis terá que resolver problemas políticos práticos impossíveis
de serem suportados pela razão humana com os quais esta não é capaz de lidar
por serem da ordem do Real. Por exemplo, 9 bilhões de seres humanos no planeta!
A razão digiatalis é a condição de possibilidade para a
existência da ciência do real digitalis. Ciência que tem como objeto o Real!
Este passo virá com a transformação do império digitalis informacionalis em
império da ciência do real digitalis. A aceleração das invenções na ciência do
real no campo da física e no campo das ciências da natureza certamente pode
acelerar a história universal rumo ao império da ciência do real digitalis!
Como tal ciência do real vai resolver o problema da
população de 9 bilhões de seres humanos no planeta? Trata-se de um problema da
superfície do Real!
A DITADURA FASCISTA DE EDUARDO
O belo livro de Derrida (Espectros de Marx. RJ:
Relume-Dumará) sobre o “A Ideologia Alemã” de Marx discute se a ciência da
história rompeu com a linguagem fantasmagórica da filosofia ocidental e do
cristianismo.
No “A ideologia Alemã”, Marx faz uma lista comentada dos
fantasmas da cultura intelectual filosófica e da cultura política cristã. Entre
os fantasmas encontram-se Deus, homem, a vaidade do mundo (narcisismo), o
homem-Deus (Cristo), o espírito do povo e o todo (Derrida: 191-196).
O fantasma existe na realidade do real como simulacrum e
ficção. A linguagem técnica é povoada por espectros. A linguagem moderna
inventou o espectro Estado. Ernest Cassirer mostrou que o Estado é algo da
cultura mitológica moderna de língua latina. O Estado é um mito! Foucault
mostrou que o Estado é pura ficção. Portanto, o Estado de direito é um mito
moderno ou uma ficção moderna. Depende de como ele se articula na realidade dos
fatos.
Se ele é um mito, a cultura política (autointerpretação e
percepção) tem acesso ao real, pois, o mito não é jamais uma ciência dos
primitivos, mas um meio de compreensão imediata do real. No Brasil, o Estado de
direito jamais se constitui como mito, a não ser para os ricos e a classe
política. Porém, o Estado de direito funciona com uma ficção jurídica para a
maioria da população. Mas as jovens viúvas do pós-modernismo farão a objeção de
que tudo é ficção!
O Estado existe como fantasma marxista (ficção) quando ele é
definido como aparelho de Estado. Não existe Estado na realidade do real, a não
ser como estatização das redes de poder. O Estado bolivariano é uma ficção como
aparelho de Estado. Como estatização das redes de poder bolivarianas (que estão
ligadas à Venezuela trans-subjetivamente e fisicamente) o Estado deixa de ser
ficção. Esta estatização ocorre no território existencial trans-subjetivo das
massas e no território físico.
Como a nação é um fantasma do século XXI, não é possível
pensar a forma de regime a partir do nacional como realmente existente. Na
superfície trans-subjetiva, as redes de poder bolivarianas se constituem em uma
malha territorial existencial cobrindo muitas partes do país. Já quanto ao
território físico, a rede de poder bolivariana é, principalmente, uma malha
brasilense. Assim, a forma de regime pode ser observada no território físico.
Brasília não tem uma forma de regime democrática na interseção do
trans-subjetivo das massas da classe política com as redes de poder
territoriais físicas. Brasília é a polis como ditadura bolivariana.
A universidade em desintegração acelerada deve se defender.
Ela pode começar a estudar a forma de regime por estados e suas capitais.
Ficamos em um exemplo. O estado do Rio de janeiro é a ditadura bonapartista
peemedebista de uma lumpen-oligarquia. No “O 18 do Brumário”, o bonapartismo é
definido por um aspecto essencial. Trata-se da inscrição na política francesa
do lumpen-proletariado bonapartista condensado na instituição política
criminosa “Sociedade 10 de Dezembro”. Esta é a instituição paradigmática do
século XIX da milícia fascista alemã.
Na polis Rio de Janeiro, o prefeito César Maia criou a
Guarda Municipal inspirada na Sociedade 10 de Dezembro. Mas tal societas
permaneceu apenas como um desejo bonapartista de César. Durante o longo reinado
de Eduardo Paes na prefeitura, a Guarda Municipal foi transformada em milícia
fascista, em Sociedade 10 de Dezembro carioca. No Carnaval, ela atacou com uma
violência despropositada blocos de carnavais (inclusive com crianças que
tiveram braços fraturados e jornalistas espancados) não autorizados pelo
prefeito Eduardo. A ditadura bonapartista peemedebista (que caminha para se
transformar em uma real ditadura fascista) só é possível por que ela é uma
ditadura bonapartista da tela eletrônica (Grupo Globo, especialmente Globo
News). Eduardo é o candidato à presidência da República em 2018 da família
política Marinho. Notem, que esta emissora, mesmo sabendo da violência da
milícia fascista de Eduardo, se nega a noticiar tal violência.
O conceito real da forma de regime do Estado do Rio só pode
ser: DITADURA FASCISTA PEEMEDEBISTA ELETRÔNICA GLOBAL.
O MITO LULA
O discurso da universidade e seu irmão siamês, o jornalismo
acadêmico, ainda pensam o mito como uma narrativa antropológica. Leiam, por
obséquio, o livro Langage et mythe de Ernest Cassirer (Editora Minuit). Diz
nosso filósofo que o mito é um fenômeno que deve ser observado na cultura
política do ver como algo “verdadeiramente original do espírito, que pode ser
designado enquanto tal, mas que é impossível de explicar” (C.: 20).
Há conceitos míticos e o mito como fenômeno. O primeiro é
quase enfeitiçado e escravizado por seu conteúdo, o conteúdo imediatamente dado
diante dele. Ele repousa em si; ele não sente e não conhece senão sua presença
sensível imediata, que é tão poderosa que dissipa qualquer outra presença (C.:
49). Trata-se do problema da linguagem, sim senhor! A ciência política, a
sociologia política e a historiografia eletrônicas operam com conceitos
míticos!
Com o mito/fenômeno a linguagem não tem raiz na vida
prosaica, mas no aspecto poética da vida sensível. “Sua razão de ser verdadeira
não é o abandono à intuição objetiva das coisas e a repartição destas segundo
os caracteres determinado, mas o poder original da sensação subjetiva” (C.:
51).
O mito é uma forma simbólica à qual estão ligados a
consciência teórica, a consciência prática e a consciência estética, o mundo da
linguagem e do conhecimento, da arte, do direito e da moralidade, as formas
fundamentais da comunidade e aquelas do Estado (C.: 61). O mito/fenômeno não é
uma simples narrativa dos índios do Xingu reconstituída por tal ou qual
antropólogo francês ou brasileiro. Ele é parte da societas moderna. Ele é da
ordem da subjetividade, ou mais exatamente, do processo de trans-subjetivação
em uma conjuntura cultural política.
Não há no céu ou na terra da política narrativa mítica
lulista. Ela era parte da HEGEMONIA PETISTA que se autodissolveu!
No La philosophie des formes symboliques, tomo 2, p. 226,
Cassirer escreve: “O mito exprime [...] a totalidade do ser natural na
linguagem do ser humano e social e a totalidade do ser humano e social na
linguagem do ser natural”. No mito, natureza e cultura se entrelaçam na cultura
política!
Se a inteligência decompõe o sentido, o mito o compõe. Por
isso o valor dele não consiste em um suposto valor explicativo. Portanto o
conceito mitológico não é um conceito científico, obviamente. O mito não é
jamais uma ciência dos primitivos, mas um meio de compreensão imediata do real.
Portanto ele se desprega de si como forma simbólica; o oposto do sim-bólico é,
propriamente, o dia-bólico.
O mito articula a trans-subjetividade ao real. Assim, o mito
Lula é da ordem de uma trans-subjetivação da realidade do real, que
conceituamos cientificamente como bolivarianismo. Como o real se autodissolve
na realidade dos fatos, tal realidade tem como motor uma energia mítica: o
narcisismo. A trans-subjetividade bolivariana é mítica por ser regada por um
narcisismo que alcança as massas sujeito zero (grau zero do sujeito). Enfim
para o mito Lula se autodissolver será preciso que a trans-subjetivação
bolivariana deixe de ser um fenômeno narcísico das massas sujeito zero.
O essencial do mito de Narciso é que ele morre absolvido
pela imagem narcísica do espelho d’água no qual se mira. O espelho d’água é a
primeira imagem mitológica de um buraco negro imaginário. Neste sentido, a
energia narcísica se volta contra o próprio ser mitológico. Qual é o espelho
d’água do processo de trans-subjetivação da conjuntura mitológica bolivariana?
A tela eletrônica! O PSDB e o PT são parcelas do dia-bólico da tela eletrônica
- são partes da cultura política bolivariana eletrônica. Portanto, eles não
podem ficar se mirando na máquina de narciso eletrônica até o fim da política
da República de 1988?
FHC e Lula constituem as duas visagens do narciso
bolivariano em um corpo xifópago. Como arrancar uma cabeça sem estraçalhar a
outra?
EUCLIDES DA CUNHA, MEU PRÓXIMO
“Os Sertões” é um cânone da literatura brasileira. Mas ele
transborda o campo literário com o seu ecletismo que cria uma interseção entre
literatura, história e ciência. O livro foi distribuído nas livrarias em 2 de
dezembro de 1902.
Em Euclides, o conceito de história era tributário do
evolucionismo e do positivismo que aparecia como cultura intelectual europeia
hegemônica na cultura brasileira do fim do século XIX. Isto certamente
desestimula qualquer leitor atual a se debruçar sobre “Os Sertões”. Mas no
minúsculo texto “Contrastes e Confrontos”. Euclides diz: “Por que o peruano é,
ainda mais do que nós, uma ficção etnográfica” (Euclides: 177). O que significa
esta fórmula aparentemente enigmática?
Trata-se do povo como registro descritivo da cultura
material? ou trata-se do povo visto descritivamente como diversas etnias, e
suas características antropológicas e outras? Euclides adianta: “ Fez-se na
história a cópia servil de um daqueles terremotos que no Peru subvertem cidades
em minuto”. Mais ainda: “À unidade da raça autóctone, disciplinada e íntegra,
marchando com um método tão seguro que lhe permitiu tão altos cometimentos,
contrapôs-se a desordem de uma exploração em larga escala e o dispersivo dos
caracteres de imigrantes atraídos de todos os países” (Idem: 177).
A história é uma cópia (um simulacrum) da natureza. Euclides
pensa uma interseção entre história e physis como cultura política americana,
ao gosto de um Taine tropicalizado. A ficção etnográfica é um significante que
articula cultura material e etnias em choque na cultura política mestiça: “No
alto o neto dos conquistadores, o quase hidalgo, em que pese a mestiçagem, o
condutício dos caudilhos, o irrequieto industrial das revoluções, o que se diz
peruano, guardando, intacta, a velha altivez espanhola” (Idem: 177). A classe
dirigente colonial envolta em uma opulência política, pouco vista na história
universal, seria dobrada pela economia desordenada da exploração em larga
escala: ausência de razão instrumental. A trans-subjetividade mestiça em cima e
em baixo constituindo a ficção etnográfica, a saber: “Nada caracteriza melhor o
parasitismo, o desapego, às tradições a falta de solidariedade e o
desequilíbrio da energia das gentes que abarrancaram por aquelas bandas” (Idem;
177).
Trata-se de uma interpretação pessimista da nossa
trans-subjetividade americana análoga à “visão negativa de Canudos e da atuação
do Conselheiro” (Ventura: 62). Roberto Ventura sublinha que se encontram
superados muitos dos aspectos científicos (hipóteses geológicas), teorias
raciais e parte da reconstrução histórica. Claro que retomar Euclides significa
exportá-lo para um outro campo de pensamento que ligue o pensamento euclidiano
aos problemas do século XXI. Significa também não jogar a criança fora junto
com a água suja da bacia.
Em Euclides há uma concepção da história brasileira (e
americana) que associa a história de nosso continente à história universal. Só
para ilustrar, o confronto entre civilização e barbárie conceituado pela
cultura política intelectual europeia moderna não serve para pensar o choque
entre o literal e o sertão, entre nós. Talvez, o melhor caminho para
interpretar Canudos seja pensar o choque entre o inconsciente nietzschiano
mestiço republicano do litoral com o inconsciente nietzschiano mestiço
sertanejo trans-subjetivamente religioso. Euclides chegou a dizer que ambos
derivam em culturas políticas que devem ser compreendidos a partir da fé
perceptiva (fanatismo perceptivo), ou política (republicana), ou religiosa
sertaneja. Mas isso já é Euclides na interpretação da física historial
lacaniana!
Euclides da Cunha. Obra Completa. v. I. RJ: Aguilar, 1995
Roberto Ventura. Os Sertões. SP: PUBLIFOLHA, 2002
NATUREZA E CULTURA POLÍTICA
Os leitores digitalis demandaram o estabelecimento da
articulação entre natureza e cultura política. Tal fato só pode ser realizado
em uma conjuntura política determinada - a conjuntura bolivariana. No Brasil, o
governo Dilma Rousseff é o agente visível de tal articulação. Como isso é
possível?
Em Marx, encontra-se uma concepção da história universal
como interseção da história da natureza objetiva com a história da espécie
humana. O motor desta articulação inicial é a técnica (conjunto de processos,
métodos, e procedimentos de uma arte ou ciência) hidráulica do Urstaat na
civilização arcaica. A técnica vai alterando o equilíbrio de força entre a physis
e a cultura política (do discurso do senhor) condensada no Urstaat. A dominação
sobre a natureza só é possível graças ao desenvolvimento da técnica como
cultura política (dominação).
Evitando competir com os ambientalistas, recorro ao já
obsoleto ambientalista Edward O. Wilson. Ele usa um conceito de dominação na
história genealógica dos organismos. As relações de dominação na natureza se
constituem em relações de força: “organismos que possuem uma genealogia comum
ascendem à dominação, expandem sua distribuição geográfica e desmembram-se em
múltiplas espécies” (Wilson: 104). O conceito de irradiação adaptativa
significa “disseminação de espécies de uma mesma linhagem em diferentes nichos”
(Idem: 105). Wilson fala de espécies que “vão recuando até adquirir a condição
de relíquias, sendo desbaratadas pela competição, doenças, mudanças,
climáticas, ou qualquer outra alteração ambiental que sirva para abrir caminho
aos novatos” (Idem: 104). E ainda diz: “As libélulas são os Fokkers e os
Spowith Camels (aviões da Primeira Guerra mundial do mundo dos insetos que, de
algum modo, lograram permanecer voando todos esses anos” (Idem: 105).
A linguagem deste evolucionista fala em competição por ser
ele um liberal americano? Não seria melhor pensar a natureza pelo modelo da
guerra dos insetos Fokkers e Camels? O processo da natureza é complicado em
seus detalhes, mas o princípio é simples: Homo homini lupus. Se o equilíbrio de
forças entre a physis e ao homem se rompe, a natureza exporta o seu modelo de
guerra para a história da espécie humana. Por isso, o homem tem a cultura
política para se proteger contra à natureza objetiva. Isto é algo distinto do
domínio devastador da natureza pelo homem na história industrial moderna.
A cultura política científica deve cuidar dos homens,
mulheres e crianças na produção e conservação da vida individual e da
população. Tal biopoder ergueu o Estado previdência socialdemocrata, um símbolo
político civilizatório em autodissolução no Império okhraniano digitalis
informacionalis. Assim, mosquitos podem transmitir vírus (como a dengue, o zika
...) ao centro do império, que remontam à África ancestral em desequilíbrio
permanente na relação homem/natureza no século XXI.
O modo de gestão do governo/Estado americano para enfrentar
mosquitos drones militares (pelo menos para os humanos) pode definir um padrão
civilizatório (os EUA é um dos centros civilizatórios do império okhraniano) em
relação às periferias bárbaras do império. O governo Obama tem um problema de
política prática nas mãos com a invasão da vida biológica americana pelo Aedes
aegypti.
O biopoder americano não é um simulacrum de biopoder. Ele
ex-siste como poder que articula uma cultura política real de proteção da
população e dos americanos. No Brasil, o biopoder é um poder da cultura
política do simulacrum eletrônico. O capital corporativo eletrônico mundial
articula o biopoder brasileiro. A Okhrana brasileira ainda é a subsunção real
da tela digitalis à tela eletrônica, ao contrário das redes de poder do império
okhraniano civilizado digitalis: coração do império!
Comandante da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa
Civil, o general Adriano Pereira Júnior não serve ao império okhraniano
eletrônico bolivariano no esforço de combater o Aedes aegypti? O exército se
transformou em um instrumento da okhrana bolivariana, em um meio de manter o
bolivarianismo no poder nacional. A ação do general está associada às eleições
municipais (ação favorável aos partidos bolivarianos) e à eleição presidencial
de 2018. Mais imediatamente, ela tem como objetivo afastar a possibilidade do
impeachment e de cassação da chapa Dilma/Temer no TSE.
O interesse do Grupo Globo nesta mobilização nacional contra
o vírus Zika visa garantir a realização das Olimpíadas de 2016 no Rio por causa
de sua aliança orgânica com o PMDB carioca e fluminense!
Espero que tenha ficado claro a articulação entre história
da natureza e história do homem (como cultura política) na nossa conjuntura
bolivariana!
EDWARD O WILSON. Diversidade da vida. SP: Companhia das
Letras, 1994
A DITADURA FASCISTA ELETRÔNICA MUNDIAL
A cultura política eletrônica do capital eletrônico
corporativo transnacional teve seu apogeu com o Império americano até o fim da
URSS. Na década de 1990, o capital corporativo digitalis mundial (CCDM)
acabaria com a soberania do CECT sobre o planeta. E este se transformaria de
capital eletrônico transnacional em capital eletrônico corporativo mundial
(CECM) em uma disputa agônica com o CCDM pela hegemonia na cultura política
planetária.
Na década de 1960, Marcuse publicou o livro “Homem
Unidimensional” sobre o fascismo americano do capital corporativo eletrônico
americano transnacional mundializado como fenômeno político Império americano.
Sobre a trans-subjetividade fascista americana, Philip Roth publicou o romance
“Complô contra a América” (2004).
Na eleição americana de 2016, o candidato republicano Donald
Trump se apresenta como um candidato fascista análogo ao personagem real
Charles A. Lindbergh, de Roth. O jornalismo do Grupo Globo tem uma ação de
poder eletrônica diária que consiste em negar a existência da
trans-subjetividade fascista americana. O jornalista Jorge Pontual (seguido de
Sandra Coutinho) faz esse trabalho diário com muita verve, empolgação e
convicção. Por quê? Se ele é tão fofo! Porém, o mundo precisa ser interpretado
logicamente para não se tornar uma alucinação diária eletrônica para as massas
eletrônicas sujeito zero (grau zero da subjetividade).
O que assistimos nos EUA e no Brasil é o ocaso do
totalitarismo fascista eletrônico? Donald Trump é o candidato do capital
eletrônico corporativo mundial. O presidente francês socialista não instalou
uma ditadura que é o ersatz da ditadura fascista em repouso da família Le Pen.
São ditaduras fascistas do capital eletrônico corporativo mundial.
O debate que é denegado no jornalismo eletrônico americano
(seguido pelo jornalismo de papel) é que o Partido Republicano pode significar
uma spaltung (quebra histórica) da democracia americana. Ele pode transformar a
democracia, definitivamente, em uma ficção, ou então, em um simulacrum efetivo.
A cultura política do simulacrum realiza a
trans-subjetivação simulada da democracia real entre os trabalhadores brancos e
uma parcela da classe média não-operária branca. A cultura do simulacrum (homo
simulacrum) é a cultura política do capital corporativo eletrônico mundial. Sem
exagero, o terrorismo islâmico seria diferente (em sua violência
desvairadamente espetacular) se a sociedade do espetáculo eletrônico não
tivesse o domínio que ela tem nos EUA e na Europa.
A trans-subjetividade eletrônica mundial existe em função da
gestão das massas territoriais nacionais. O fascismo pós-pós-modernista europeu
progride como um movimento nacional, um movimento contra a globalização e a
União Europeia. Ele faz a gestão via sugestão (recurso político da estrutura psicótica)
da trans-subjetividade totalitária das massas nacionais. Tal gestão é a reação
da perda de soberania do capital corporativo eletrônico sobre a cultura
política planetária. Há um choque entre o CECM e o capital digitalis mundial em
relação a qual deles vai se garantir como capital hegemônico no bloco-no-poder
mundial.
O avanço do fascismo mundial é a reação do CECM em relação a
sua perda de hegemonia sobre a cultura política universal. Frente ao império
digitalis informacionalis, o CECM responde com a ditadura fascista mundial. A
revolução fascista mundial é um fenômeno de cultura política que tem como motor
o capital corporativo eletrônico mundial. No Brasil, a ditadura fascista
eletrônica está condensada como campo de poder no Grupo Globo.
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