terça-feira, 8 de dezembro de 2015

REVOLUÇÃO OLIGÁRQUICA NA AMÉRICA LATINA


De caio Prado Jr, “A Revolução Brasileira” iniciou a dissolução do conceito sociológico de oligarquia rural conservadora, reacionária e autárquica. Mas o fez na cultura intelectual que é a unidade teoria sem prática. Com efeito, Caio Prado busca fatos na história do Brasil quase estabelecendo a ideia de uma revolução oligárquico-burguesa: “Isso se aplica inclusive, e mesmo especialmente, podemos dizer, às relações entre os setores agrários e industrial, que longe de se oporem, antes se ligam intimamente entre si e se amparam mutuamente em muitas e essenciais circunstâncias” (Prado: 116). No entanto, ele pensa em uma oligarquia revolucionária determinada pelo capitalismo. O marxismo de Caio Prado é parte de uma epistemologia política que tem um fundamento in re da oligarquia revolucionária. Ele é de uma família de fazendeiros paulistas do café.
Em 2015, a oligarquia revolucionária parece se articular revolucionariamente na Venezuela. Trata-se da transição da cultura intelectual marxista brasileira para a cultura política intelectual venezuelana. Não se trata de uma oligarquia revolucionária definida simplesmente pela sociologia economicista marxista. Na conceituação de oligarquia revolucionária de Caio Prado, o economicismo sociológico está no comado da cultura política. Na Venezuela, a cultura política econômica está no comando da política oligárquica revolucionária.  
A oligarquia revolucionária de Leopoldo López, Lilian Tintori, María Corina Machado  e Henrique Caprilis é um fenômeno do processo de dissolução da cultura política bolivariana contrarrevolucionária. Tal dissolução está associada à desintegração do poder simbólico bolivariano na América Latina. Na política, isto começa com a vitória de Macri na Argentina, continua com o movimento de deposição de Dilma Rousseff no Brasil (impeachment) e a vitória da MUD (Mesa de Unidade Democrática) na Venezuela.
Intuitivamente, Nicolás Maduro atribuiu a vitória da MUD a uma imaginária “guerra econômica” patrocinada pelo imperialismo americano. O jornalismo usa matemática como informação para estabelecer uma realidade econômica indeterminada conceitualmente. Trata-se de mostrar que a guerra econômica de Maduro é, de fato, a economia de guerra civil bolivariana. Isto significa a cultura política econômica no comando da política na interpretação da física lacaniana da política mundial.
A economia de guerra não é um simples fato econômico. Não se trata de um fenômeno articulado por uma causalidade fáctica. Ela é um artefato econômico. Por isso se trata de cultura política econômica - fato econômico trabalhado pela cultura política como artefato. Visando não cansar o leitor, digo que a mudança para o câmbio controlado em 2003 significou o início do fim da economia de mercado. O câmbio controlado da revolução bolivariana é o prenuncio da economia de guerra civil. O uso do petróleo para financiar a revolução é um outro sintoma da economia de guerra bolivariana? A gasolina doada graciosamente para a população é um mecanismo da economia de guerra bolivariana. Ela é uma política irresponsável de destruição da petrolífera venezuelana. O montante das divisas do petróleo é de 95% de sua receita em moeda estrangeira. O preço do barril caiu de 96 para 40 dólares na última conjuntura econômica mundial. O leitor pode concluir as consequências deste fato matemático.     
As Missões é o nome dos programas sociais financiado pela receita petrolífera que constituem 95% das divisas. A revolução destruiu a economia agrícola para desintegrar a oligarquia colonial conservadora e reacionária, para dissolver o poder político oligárquico. E, infelizmente para o povo venezuelano, não a substitui por qualquer outro tipo de economia rural ou urbana. Hoje, a economia vive uma recessão com a contração do PIB em 10%. A moeda (bolívar) caiu para 792 por dólar no mercado negro, enquanto a taxa oficial permanece em 6,3%. Os preços dos alimentos básicos são fixos e isto está associado à carestia e ao desabastecimento. Como em Cuba e na Coréia do Norte, as massas só conseguem alimentos durante três dias na semana. No entanto na Venezuela, os remédios e medicamentos em geral desapareceram das farmácias, clínicas e hospitais. As massas de pessoas com câncer são obrigadas a se resignarem com a crônica da morte anunciada. A economia bolivariana é a economia de guerra civil contra as massas, em geral. A projeção da inflação é de 159% em 2015 e de 204%, em 2016. 
O jornalismo especializado da Globo News desinforma e contrainforma diariamente o seu telespectador construindo a imagem de uma oposição desunida na MUD. E não diz algo consistente sobre o recuo de Maduro que reconheceu a vitória da MUD e não fraudou o processo eleitoral, após declarar que ia instituir a política de banhos de sangue para garantir a “revolução bolivariana”. De fato, tal revolução se metamorfoseou em uma contrarrevolução bolivariana. A economia de guerra civil é o conteúdo da cultura política econômica que define a política venezuelana como um antagonismo contradialético entre a revolução oligárquica e a contrarrevolução bolivariana.
Tal revolução oligárquica começou com Macri, continuou com o PMDB de Michel Temer (impeachment) e a adaptação do animal político bolivariano petista/dilmista ao novo equilíbrio de força entre a oligarquia revolucionária e o bolivarianismo, derretido pela lógica do desmoronamento. Aconselhada pelo ministro da Justiça, Dilma Rousseff enviou mensagens à Maduro de que ele seria suspenso do MERCOSUL, se ele fraudasse a eleição. A ideia da suspensão é de Macri. Maduro está isolado no cenário internacional e é hoje um refém da China, que não tem um papel político decisivo no poder mundial em relação à América.  
A Globo News diz que a oposição é um saco de gatos famintos. A MUD é uma frente de partidos que vai do centro-esquerda à direita mais conservadora. Ela significou uma mudança na tática da oposição que passou do caminho revolucionário violento para a revolução pacífica pelo voto. Ela quer tomar o poder de Estado pela via eleitoral para isolar completamente Nicolás Maduro no concerto das Nações e no seio das massas venezuelanas. Em seguida, Nicolás Maduro pode renunciar ou pode ser deposto através de um impeachment. Maduro representa o terrorismo bolivariano de Estado na América Latina.
 Representando Leopoldo López, Lilian Terturi declamou: “Ganhamos, queremos paz e reconciliação”. Ela é a chefe atual livre da Vontade Popular da revolução oligárquica que havia optado pela derrubada de Maduro através de uma revolução violenta.
Em 2015 na América Latina, começou a ser esboçado a construção de um poder simbólico oligárquico. Trata-se de uma trans-subjetivação oligárquica de massas que é uma superfície RSI (Rela/Simbólica/Imaginária) contínua à superfície de uma trans-subjetividade de massas mundial. A contradição principal na cultura política mundial se dá entre a oligarquia informacional mundial contrarrevolucinária e a oligarquia islâmica assustada (espantada) com seu protagonismo na política mundial. A trans-subjetividade islâmica é o fantasma de uma revolução mulçumana mundial.
Se livrando da dominação da cultura política do simulacro mundial que ocultou a presença avassaladora da economia de guerra civil no planeta, o século XXI aparece como um século revolucionário acossado pôr contarrevoluções no centro e na periferia. A cultura política informacional não vai conseguir transformar a revolução em witz (transformá-la em comédia histórica vulgar) para em seguida foracluí-la (rejeitá-la) da cultura política mundial. Na França, François Hollande é a contrarrevolução ecológica  e os ambientalistas (que ele encarcerou - na COP 21 em Paris - através de seu estado de exceção parlamentar-constitucional) são o fantasma do futuro da trans-subjetividade ecológica de massas. Esta aparece no horizonte como a revolução ecológica com o capital corporativo ecológico mundial ou sem ele.  
A trans-subjetividade ecológica é a subjetividade ecológica das massas sem sujeito na cultura política intelectual mundial. Na cultura intelectual, ela significa o fim, afinal, da filosofia do sujeito!     
Bibliografia
CAIO PARDO Jr. A revolução brasileira. SP: Brasiliense, 1987
Outros

Jornalismo diário da Globo News                                                                

Nenhum comentário:

Postar um comentário