quarta-feira, 11 de março de 2015

MINIMA MORALIA POLITICA

Psicanálise, Cultura Política, Totalitarismo (PCPT)

Endereço do grupo Psicanálise. Cultura Política, Totalitarismo no  Facebook:  https://www.facebook.com/groups/psicanalise.culturapolitica.totalitarismo/?fref=ts
José Paulo Bandeira e Almir Pereira.
O Grupo PCPT (Psicanálise, Cultura Política, Totalitarismo) é um campo de pensamento transdisciplinar. Trata-se do campo contraciência freudiana da política. Tal campo está aberto às múltiplas e diversas intervenções disciplinares das ciências humanas (sociologia, ciência política, antropologia, direito, economia, historiografia, geografia), das ciências da comunicação, da psicanálise, do marxismo, da psicologia, da metapsicologia, das neurociências, da filosofia e da literatura. Também está aberto às intervenções das ciências ambientais, da biologia e da física. A ideia é articular a história da natureza à história política universal!
O Grupo não aceitará que seja veiculado qualquer tipo de publicidade, seja econômica, seja política ou de cunho ideológico. Espera que seus integrantes não se deixem alienar - em sua participação -, ou pela lógica da mercadoria, ou pela lógica política do simulacro de simulação. Espera também que a reflexão possa ser metabolizada como cultura contratotalitária.

Textos mínimos de  análise concreta de uma situação concreta do campo da física das máquinas de guerra freudianas.   


ÍNDIO/AGRONEGÓCIO

http://politica.estadao.com.br/blogs/roldao-arruda/conflitos-com-indios-vao-se-agravar-preve-ex-presidente-da-funai/

 “Há uma reação cada vez mais forte na sociedade brasileira às demandas das populações indígenas, na avaliação do antropólogo Márcio Meira, ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai). A reação decorre do crescimento econômico e o consequente avanço sobre áreas ocupadas pelos índios por empreendimentos do agronegócio, da mineração e hidrelétricas, segundo o especialista” (Estadão).  

A história do Brasil é desde o início parte da história universal. Não por colocar em confronto brancos e índios. Mas por causa da dialética entre a máquina de guerra branca e a sociedade primitiva. Esta se caracterizou no início da história da espécie humana por evitar o Urstaat (Estado despótico arcaico), este modelo de máquina de guerra universal da história política universal, desde a civilização arcaica. As bandeiras da oligarquia paulista constituem a primeira máquina de guerra freudiana no Brasil que usou a violência sem limite contra as nações indígenas brasileiras. As bandeiras dos grandes proprietários da terra usavam a população mestiça como uma arma humana para combater os índios, que se opunham à expansão da fronteira luso-brasileira, para caçá-los implacavelmente e aprisiona-los para o trabalho escravo. A oligarquia rural é desde o início do Brasil a máquina de guerra social da colonização luso-brasileira. O agronegócio é um eufemismo da linguagem capitalista que oculta a realidade do choque capitalista com a sociedade primitiva no século XXI. A ideologia dominante (linguagem política) é a ideologia da classe dominante.  O agronegócio é o nome fantasia burguês da oligarquia capitalista urbano-rural. Esta é a repetição diferente (capitalista) e lúdica (fantasia econômica burguesa = agronegócio)) da oligarquia rural colonial. Trata-se de uma máquina de guerra oligárquica-totalitária capitalista cuja característica é o uso da violência sem limite cuja consequência é a desintegração da SOCIEDADE PRIMITIVA e a devastação da NATUREZA (Floresta Amazônica).

 “Outro fator preocupante para os índios, na avaliação do especialista, é o fortalecimento da bancada ruralista no Congresso e o seu alinhamento com grupos religiosos que apoiam missionários. Meira afirma que o objetivo da Proposta de Emenda Constitucional 215 (PEC-215), que está sendo desarquivada na Câmara, é a paralisação da Funai – cuja missão legal é a proteção dos interesses indígenas”. A cultura política totalitária-oligárquica está condensada no Congresso Nacional através de uma ampla aliança de partidos -dirigida pelo PMDB – e de blocos políticos como abancada ruralista e a bancada religiosa, de extração evangélica. Tradicionalmente defendendo os direitos indígenas, o PT – movido pela lógica do poder – faz de conta que ainda defende a sociedade primitiva. Na segunda década do século XXI, o Brasil continua atualizando a luta entre a máquina de guerra oligárquica colonial (agora capitalista) e as sociedades tribais. Durante a ditadura militar, camadas intelectuais - liberal, de esquerda católica, de esquerda laica, antropólogos, sertanistas, jornalistas, cineastas, artistas etc. e políticos burgueses -  formaram uma poderosa força social em defesa da sociedade primitiva. Hoje, o Xingu parece estar só, dependendo apenas de suas próprias forças tribais e ancestrais!

Grécia × Oligarquia financeira mundial

A União Europeia decide não agir como a máquina de guerra do globalismo neoliberal. Trata-se de um movimento contrário ao da oligarquia financeira mundial como a máquina de guerra que é o dominus da política mundial. Lênin disse: “A política no comando da economia”. A União Europeia começa a simbolizar que o domínio de tal máquina significa a progressão geométrica da cultura política totalitária no mundo-da-vida (Lebenswelt), no coração do Ocidente. E isso é fazer o jogo do totalitarismo islâmico (Islã Político). A máquina de guerra oligarquia financeira mundial tem no Islã Político um aliado tácito. A finalidade deste xifópago é o uso da violência sem limite contra o mundo que condensa cultura política liberal (liberalismo político). O domínio da oligarquia financeira mundial sobre o planeta significa a continuação da política totalitária alemã (Hitler) por meios outros meios, meios econômicos. Hitler foi derrotado militarmente, mas venceu no terreno da cultura política. O Terceiro Reich pode finalmente dominar por mil anos! Trata-se da verdadeira peste milenarista que faz da lógica do fantasma do Urstaat(Marx) o master da história da espécie humana, no início do século XXI.
O totalitarismo é o significante que está sobredeterminando a cadeia de significantes que articulam e regulam a política mundial. É claro, então, que a política mundial está sobredeterminada pela história política universal. Trata-se de duas superfícies contínuas, ou seja, de um único espaço político. O Syriza vem, inegavelmente, de uma tradição totalitária: o comunismo europeu redefinido pelo stalinismo. No entanto, o totalitarismo do século XXI impõe à ultraesquerda uma reconstrução para que ela não se torne uma máquina de guerra totalitária das espécies totalitárias de máquinas do século XXI. Marine Le Pen parece caminhar para uma definição de seu partido (Frente Nacional) em um sentido antitotalitário. Será mero simulacro de simulação de uma ultradireita? Esta não conseguirá se desvincular, de modo algum e por mais que deseje, de sua raiz totalitária - da França de Vichy, do inefável, para os franceses criptofascistas, general Philippe Pétain (1856 - 1951)? O fantasma do pai pesa como chumbo no cérebro de Marine Le Pen!   
O CHOQUE VENEZUELANO
 “A sociedade venezuelana precisa que termine, o mais rápido possível, a situação de insegurança, física e jurídica, que atravessa o país e que piora a cada dia. Governo e oposição têm a responsabilidade – não na mesma medida, obviamente – de controlar a situação o quanto antes. Não é admissível a degradação material e institucional de um país que, por seus recursos materiais e humanos, deveria estar nos primeiros lugares no que diz respeito à prosperidade econômica e política da América Latina. Neste contexto, o Executivo de Nicolás Maduro e os políticos da oposição (que precisa se unificar sem demora) devem fazer um exercício de realismo que leve a aceitar algum tipo de iniciativa internacional – como a mediação proposta ontem pelo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos – que possa abrir uma nova perspectiva à difícil situação do país”.
Este editorial do El Pais mostra a incapacidade do melhor jornalismo entender a crise da Venezuela por falta de uma linguagem política que seja o espelho dos fenômenos políticos. A crise venezuelana não é um fenômeno separado, singular, da política mundial. Trata-se da crise de um imaginário político ocidental e extremo-ocidental que está baseado na fé de que a política é ditada pela lógica da divisão do mundo entre esquerda versus direita. O Editorial propõe, subliminarmente com um certo desespero, que o país instale o modelo europeu (que articulou a política europeia depois da Segunda Guerra Mundial) – oligarquia política híbrida. Neste, esquerda e direita governam em algum tipo de rodízio. Este modelo é o suprassumo da lógica simulacro de simulação. A esquerda finge que é esquerda, e a direita finge que é direita. De fato, trata-se do xifópago neoliberal. Na França em quase toda a Europa, a lógica do modelo foi quebrada. Marine Le Pen e o Syrusa são a prova disso!
O problema central consiste no seguinte. O totalitarismo é o significante que está sobredeterminando a cadeia de significantes da política mundial. O totalitarismo redefiniu o bolivarianismo na América Latina? Não se deve partir da ideia:  bolivarianismo=totalitarismo. A Bolívia é uma história de bolivarianismo indígena que não deve ser jogada na lata de lixo do totalitarismo, simploriamente! Mas o chavismo fez a junção do populismo revolucionário com o totalitarismo republicana. Trata-se de duas culturas políticas fabricadas pela máquina de guerra populista e republicana Simón Bolívar. Hugo Chaves não é a paródia de Simón Bolivar. No cérebro do presidente Maduro, a história venezuelana não é reversível. Ela não pode ser a repetição de um passado, no qual cultura política oligárquica e totalitarismo republicano governaram o país, por décadas, sem mudar um milímetro do velho modelo neocolonial de poder e economia. A direita venezuelana não é a direita europeia. Ela é essencialmente um artefato geosimbolicamente ligada à propriedade da terra. A revolução chavista transformou em terra arrasada este campo geosimbólico. A direita venezuelana viva de conjurar o fantasma oligárquico da terra senhorial. Para o novo surgir, a direita teria que se redefinir no campo da cultura política liberal.
A crise da Venezuela é a crise do totalitarismo de esquerda na política mundial. Nela, o velho não quer morrer, e o novo não quer nascer. Por quê? O novo simplesmente não existe! No entanto, as “vivandeiras da tropa” (intervenção externa) começam a pulular e desejam transformar a crise em um problema a ser concebido no plano das relações internacionais. Tédio! Não há solução para a crise enquanto a elite e a população venezuelana não começarem a simbolizá-la no sentido de integrá-la ao inconsciente político latino-americano! Há necessidade de redefinir a política venezuelana jogando na lata de lixo da história o totalitarismo republicano latino-americano do século XIX!      
LULA/MÁQUINA DE GUERRA 
“Clube Militar chama Lula de 'agitador' após discurso
JOSE ROBERTO CASTRO
Associação rebate declarações de Lula em ato pela Petrobrás e diz que há apenas 'um exército' no País”.
Esta manchete do Estadão apresenta um sinthoma da política brasileira? Lula diz que a política em resguardo é a política das máquinas de guerra? O MST é a máquina de guerra militarizada criptopetista? Pedro Stedile é o chefe militar de tal máquina? O Clube militar defende que o monopólio da violência é um “direito constitucional” do Exército. As Forças Armadas são a única máquina de guerra militarizada permitidas legalmente no país? Mas um passado sombrio – a ditadura militar – pesa como chumbo no cérebro da nação desvalorizando a ideia constitucional do monopólio legítimo da violência nas mãos do aparelho militar de Estado. Tendo como uma de suas engrenagens a Polícia Militar, uma máquina de guerra muito complexa em sua montagem e práxis assassinou 1000000 de brasileiros nos últimos 30 anos.  No seminal “Política e Segurança”, Heloisa Rodrigues Fernandes começou a estudar tal máquina de guerra no Estado de São Paulo. Agora é preciso integrá-la ao campo da física das máquinas de guerra freudianas como um artefato-aparelho militarizado nacional.
Na Venezuela, há várias espécies de máquina de guerra militarizada, além das Forças Armadas. Lula e os petistas imaginam um Brasil no qual a política seja o campo de atos das máquinas de guerra bolivarianas militarizadas ou civis? Lula quer ligar a história nacional à história política universal na qual a máquina de guerra é o agente-sujeito-ator universal? Transitamos para a pós-modernidade sem nunca termos sido modernos? Oliveira Vianna fez da história do Brasil um tempo-espaço dominado pelas máquinas de guerra até, inclusive, na República. Getúlio Vargas foi a máquina de guerra populista que, na década de 1930, articulou totalitarismo republicano com populismo nacionalista. Ele comandou um exército na Revolução de 1930, para tomar o poder, no ocaso da República Oligárquica. Lula se filia no campo simbólico ao populismo getulista. No cérebro de Lula, o Brasil revolucionário populista de Getúlio se mistura com a Venezuela revolucionária de Maduro. O cérebro de Lula não é o cérebro de Lênin, mas é um organismo no qual a faculdade imaginativa para a política é hiperbárica! Os intelectuais da sociedade civil do PSDB não conseguem refletir sobre os sintomas da política brasileira e, aliás, nem simbolizá-la. Aliás, houve um fabuloso investimento de capital para constituir a intelligentia brasileira atual em puro estado de consumição cultural.    
BRESSER PEREIRA/sociologia marxista desenvolvimentista
Bresser Pereira continua pensando o mundo a partir da nação. Sua sociologia marxista burguesa respira de novo no mar da globalização com a onda crescente de movimentos, partidos e forças políticas que veem o globalismo neoliberal como produto da cultura política capitalista totalitária. Para ele, a burguesia nacional é o sujeito da história moderna: “Porque não há nação sem burguesia nacional”. Mas Bresser também diz que o Brasil está voltando a ser uma economia primária-exportadora com uma desindustrialização brutal. O governo Dilma seria o fracasso do pacto-nacional lulista exitoso constituído por empresários, classe operária, setores da burocracia pública e da classe média baixa. A sociologia marxista burguesa de Bresser ignora a hegemonia da oligarquia financeira mundial durante a era Lula. Inegavelmente, os governos Lula significaram uma mudança no equilíbrio de força entre tal oligarquia e o Estado brasileiro. Mas de modo algum isso se traduziu como fim da hegemonia abstrata da oligarquia financeira sobre o nosso bloco no poder. A diferença Lula/Dilma consiste na captura de Dilma nas redes de poder concretas de tal oligarquia. Tais redes se condensam atualmente no aparelho econômico de Estado: Ministérios da Fazenda, do Planejamentos etc. Joaquim Levy é a máquina de guerra biográfica econômica que faz o país funcionar pela lógica da oligarquia financeira mundial. Marine Le Pen tem razão quando diz que tal oligarquia mundial é uma máquina de guerra totalitária. Nietzsche iluminou este ponto para nós. Uma elite pode existir como uma máquina de guerra totalitária. Talvez seja preciso reler o livro “O Capital” (e o “Grundrisse”) a partir deste olhar nietzschiano. Bresser Pereira sempre pensou e continua pensando o Brasil. Sou um leitor dele desde a minha juventude. No entanto, a sociologia marxista burguesa não conjura a modernidade como repetição histórica? Não lembra o Dom Quixote que desejava a repetição da sociedade dos cavaleiros medievais na modernidade? Bresser Pereira não é Cervantes, é um personagem de Cervantes! Cervantes é a conciliação da literatura com a era moderna. Bresser é o niilismo que quer desintegrar a era pós-moderna pela repetição da modernidade. A sociologia marxista burguesa é um espírito destrutivo em relação ao mundo e a si própria! 
TOTALITARISMO/VEJA
Nas duas últimas edições, a revista Veja convidou Marine Le Pen e uma desconhecida médica muçulmana inglesa - que mora nos USA - para abordar o tema totalitarismo associado ao Islã. Marine Le Pen quer pensar o totalitarismo no século XXI. Mas seus recursos intelectuais são modestos, digno de pena. É lamentável que a Veja esteja entupido seus leitores desse lixo cultural francês. A frente Nacional é um partido tradicionalmente ligada à cultura política totalitária francesa de Vichy. Trata-se da versão francesa do totalitarismo alemão alimentada e regada pela sofisticada culinária francesa e muita água mineral.
Se a bonita médica Qanta Ahmed, de 46 anos, entender de medicina como entende de totalitarismo, então, seus pacientes são tratados por uma medicina do século XX. Ela usa várias vezes o termo totalitarismo tal como foi cunhado pelos professores das universidades americanas para ser uma arma ideológica na luta contra a URSS e o Pacto e Varsóvia. “Nós americanos somos partidários de uma cultura individualista e democrática enquanto os “russos, em geral” são constituídos pelo totalitarismo coletivista”. A verdade é que os USA e a Europa ainda estão pensando o totalitarismo dessa forma.  Por isso, o termo totalitarismo tornou-se obsoleto e anacrônico. Em um curso de ciência política de 2014 introduzir uma nova concepção do significante totalitarismo que não despertou o interesse dos alunos, pois eles só conhecem a vulgata norte-americana que é um ataque generalizado à esquerda. A maioria dos alunos se filiam à esquerda brasileira. Desenvolvi a investigação sobre este novo conceito de totalitarismo em um blog, livros e agora no Facebook. Existe um grupo no Facebook com o nome “Psicanálise, Cultura Política, Totalitarismo” (PCPT). Se os leitores se derem o trabalho de ler a entrevista da médica inglesa verão que o jornalista entrevistador auxilia tal médica fazendo a distinção entre Islã (cultura) e Islã Político (cultura política totalitária) Tal distinção tem sido objeto de um trabalho textual, inclusive, no PCPT. Os jornalistas muito bem pagos da Veja consideram que não devem reconhecer as fontes intelectuais da nova ideia de totalitarismo que eles já estão usando. Realmente, é preciso considerar que a linha Editorial -  das Páginas Amarelas (Entrevistas) – está se desvencilhando do abjeto neoliberalismo que tem orientado tal revista há décadas. A revista quer mudar sua linha ideologia básica (neoliberal) dizendo para os leitores que as fontes intelectuais dessa mudança são europeias ou norte-americanas. Trata-se do velho colonialismo cultural do qual Veja é um artefato simbólico importante. Para o leitor da revista, trata-se de uma operação intelectual fraudulenta. A Veja é uma revista burguesa e deseja que o pensamento brasileiro ou seja feito por burgueses ou por intelectuais brasileiros que tenham como maître professores universitários europeus ou norte-americanos. Trata-se de uma espécie de aburguesamento dos intelectuais brasileiros como categoria social.  A operação da Veja é mais uma tentativa de se apropriar da nova discussão sobre totalitarismo para transformá-la mais uma vez em uma arma contra a esquerda mundial e os movimentos de multidões. Eles não precisam para isso recorrer a Le Pen ou Qanta Ahmed para produzir esta vulgata como ideologia dominante brasileira para exportação. A obra de oliveira Vianna já fez isso! O PCPT é um recurso modesto para lutar contra essa tentativa de Veja comandar a produção de uma ideologia dominante redefinida a partir do novo conceito de totalitarismo. Mas ele vai desconstruir cotidianamente esta operação de guerra cultura dos competentes e inefáveis – para a elite – jornalistas da Veja.
POUR OCTÁVIO IANNI/ciclo da revolução burguesa
A leitura do livro “O ciclo da revolução burguesa” de Octávio Ianni pode ajudar a pensar o século XXI brasileiro? Ianni foi um dos criadores da escola de sociologia marxista da USP cassado pela ditadura militar. Seu livro “A ditadura do grande capital” é um texto obrigatório para o estudo do totalitarismo militar brasileiro. Aliás, sua obra de sociologia historiográfica contém uma “sociologia dentro da sociologia” a ser garimpada. Quanto ao presente, a simplicidade da exposição d’O ciclo da revolução burguesa parece iluminá-lo: “Há um fio militarista que tece a larga história do Estado autoritário, amarrando passado e presente, região e Nação. Canudos e ABC, sociedade civil e Estado. Tanto que os ideólogos do militarismo, do aparelho estatal militarizado, criam e recriam o lema da ordem & progresso, ou segurança & desenvolvimento, de permeio a ditadura & exploração. De repente, toda a história política se reduz à história militar. [General Walter Pires de Carvalho Albuquerque]: ‘Guiado pelos ensinamentos de Caxias, o Exército se fez presente nos magnos episódios da vida nacional: teve influência decisiva n abolição; proclamou a República; participou dos movimentos que culminaram com as conquistas sociais de 1930; repeliu a intentona comunista de 1935; lutou contra o nazifascismo na Europa; derrubou a ditadura em 1945 e desencadeou a Revolução democrática de 31 de março de 1964, atendendo ao apelo de todos os setores da comunidade nacional’”(pg. 25). Um ciclo longo da revolução burguesa envolve um aparelho estatal militarizada e a cultura política militarizada e autoritária. O Estado é uma máquina de guerra militarizada articulado à uma cultura totalitária republicana. A destruição de Canudos (e do Contestado) pode ser lido, finalmente, como a realização da finalidade de tal máquina de guerra: o uso da violência sem limite contra o povo brasileiro insubmisso.
O outro elemento do ciclo da revolução burguesa é o seguinte: “Ao longo da história da República, desde 1888-1889 até o presente, o poder estatal confunde-se cada vez mais com a economia política do capital, da acumulação capitalista” (pg. 33). Uma leitura dialética materialista partiria destes dois aspectos da história burguesa até o fim do governo Sarney: a) aspecto principal - a máquina de guerra militarizada por dentro do Estado; b) aspecto secundário - a máquina de guerra econômica que articula sociedade civil e Estado (o grande capital). Com a República democrática de 1988, a máquina de guerra econômica (o capital) deslocou-se para o aspecto principal da contradição principal: a contradição entre a máquina de guerra militarizada e a máquina de guerra econômica. FHC, Lula e Dilma são os animais políticos vocais (o poder civil) na política brasileira desta máquina de guerra econômica. Na atualidade, PSDB/PT são o xifópago neoliberal de tal máquina. A questão candente que não quer calar: o ciclo de domínio do grande capital urbano sobre a política está no fim? Isso não significa a repetição da crise de hegemonia de 1930? A atual crise de hegemonia se faz em um quadro global de relação de forças diferente da Revolução de 1930? Em 1930, a oligarquia capitalista do café não se sustentava mais como poder hegemônico. A solução foi substituí-la, em uma transição demorada, pelo grande capital urbano. Na segunda década do século XXI, o grande capital urbano-industrial do Sudeste deixa de ser a força hegemônico no bloco no poder. Qual a solução para isso? Substituí-lo pela nova oligarquia rural-urbana capitalista de commodities? Esta é uma máquina de guerra econômica-totalitária completamente distinta da antiga oligarquia capitalista do café. Pois ela, em sua finalidade, define-se pelo uso da violência sem limite contra a natureza (Floresta Amazônica) as nações indígenas. Tendo como vanguarda uma máquina de guerra partidária totalitária no Congresso formado pela aliança entre o bloco ruralista, o bloco evangélico e a facção militarista capitaneada por Bolsonaro, tal máquina já quase domina a Câmara dos deputados através de seu presidente Eduardo Cunha. No governo Dilma Rousseff, tal máquina controla o Ministério da Agricultura com a indefectível ruralista Kátia Abreu. Será este o novíssimo ciclo da revolução burguesa?                                                               
                                                                                                                                            
      

              
                             
MP669/2015+Lista de Janot
 “A MP 669/15 foi editada na última quinta-feira. A medida altera alíquota de 1% de contribuição previdenciária sobre a receita bruta, aplicada principalmente para setores da indústria, para 2,5%. Já a alíquota para empresas de serviços, como do setor hoteleiro ou de tecnologia da informação (TI), subirá de 2% para 4,5%”. (Folha de São Paulo).
A devolução da MP669 para o governo significa algo além de uma tática do presidente do Senado, Renana Calheiros, para alterar sua posição no quadro da relação de força dele com o governo e o STF? Ele está na Lista de Janot e acredita que o STF petista pode evaporar tal artefato jurídico-político. O caminho é fazer pressão sobre o governo para que ele mais uma vez faça do STF uma correia de transmissão do poder governamental petista. O argumento de que o governo em sua fúria legiferante está expropriando, quebrando o princípio da independência dos três poderes, o princípio da independência do poder legislativo em relação ao executivo é puro ato cínico. Lacan definiu o político como alguém que não tem vergonha e por isso não precisa de análise clínica. Renan não precisa de análise!  Renan defende a autonomia do Legislativo em relação ao Executivo e, simultaneamente, exige, tacitamente, que o Executivo faça o STF funcionar como sua linha auxiliar dissolvendo a MP669 no ar rarefeito – quanto a ética res publicana - de Brasília. A lógica política brasileira funciona por dois princípios éticos não- republicanos, ou será melhor dizer aéticos: a volubilidade e a volatilidade. Pela volubilidade a posição de Renan é da ordem do inconstante, que muda facilmente de opinião, que se move facilmente. Tudo vai depender da linha de força que ele deseja estabelecer. A aética de Renan segue a posição favorável obtida por ele em relação à Lista Janot, ou seja, a volatilidade desta. Renan quer que o STF aja como uma máquina de guerra heideggeriana subsumida ao governo Dilma Roussef e, portanto, em última instância, voltada para realizar seu interesse político-pessoal. Trata-se de um episódio que não reflete um surto de liberalismo político do presidente do Congresso, como quer o PSDB. O acontecimento MP669 não significa a interseção da cultura política oligárquica com a cultura totalitária? Renan trata o Congresso como seu engenho do sertão das Alagoas. Ele está se valendo da lógica privatista-oligárquica colonial - ao apropriar-se privadamente do cargo de presidente - ao tomar uma decisão que cabe pela lógica pública da instituição aos plenários do Senado e da Câmara de deputados. Ele quer agenciar o totalitarismo do governo petista para fazer o STF agir como uma máquina de guerra heideggeriana, que é uma máquina de guerra jurídica totalitária. O PCPT não pode ficar calado diante desta manobra oligárquica-totalitária maquinada nos porões do Senado.     
FREGUSON/USA
Os USA tomaram a frente no estabelecimento de uma concepção de racialismo na política mundial. O governo Obama diz que a comunidade jurídica e a polícia de Ferguson são sistemicamente racistas. O comediante mais sério da televisão dos USA, Bill Maher, já disse que se trata de sistema cultural. O governo Obama usa a velha sociologia – de Talcott Parsons? – para atribuir o racismo a partes do aparelho de Estado, à parcelas do Sistema político. Trata-se de um problema sistêmico. Assim, ele evita o tema da cultura política totalitária que tem a racialização como um artefato simbólico estratégico no funcionamento dela. O governo já não opera com a ideia que o racialização é um problema sociológico entre brancos e negros, um problema que tem que envolver necessariamente dois grupos étnicos, simplesmente. O Sistema pode ser racista e assim fica explicado porque negros policiais estão matando homens negros civis. Ok! Avançamos! Mas Bill Maher não botou o dedo na ferida ao dizer que o problema é um problema cultural no mundo-da-vida que alcança o aparelho de Estado? Ele não usou o termo completo, pois trata-se de um problema de cultura política totalitária no mundo-da-vida. Tal cultura totalitária articula a comunidade jurídica institucional de Ferguson como uma máquina heideggeriana que é uma máquina de guerra totalitária por usar a técnica jurídica moderna em atos de violência jurídica contra a população alvo. Também, a cultura totalitária norte-americana articula o aparato policial – não como uma instituição da tradição americana da cultural do liberalismo político – como uma máquina de guerra freudiana cuja finalidade é o uso da violência não limitada pela lei. Inegavelmente, o governo Obama e a comédia americana derma um passo importante para a metabolização do pensamento político do século XXI por uma cultura política liberal-política mundial. Avanti popolo!     
O FIM DA HEGEMONIA PETISTA
A hegemonia petista se refere a articulação da política com o mundo intelectual. Para encurtar o assunto, as universidades públicas constituem a base material de tal hegemonia. A hegemonia da esquerda vem antes da hegemonia petista, ela começa com os intelectuais do PCB, o ISEB, e depois passa a ter como centro cultural tático a USP. Não foi um acaso, Francisco Weffort ter assumido a secretaria geral do PT na fundação do partido e Florestan Fernandes ter representado o PT na Assembleia nacional Constituinte de 1988.
Dilma Roussef está implantando um programa neoliberal que sucateia as universidades federais, em todo o território nacional. Assim o governo desarticula a base material e institucional da hegemonia petista. A implosão das universidades públicas significa a desarticulação do pensamento unidimensional da esquerda? A ideologia da esquerda petista é resiliente. A hegemonia se desfaz, mas a juventude – e não só ela – continua enredada pelo Imaginário política de esquerda, que é, hoje, latino-americano: bolivariano.
Quanta à universidade, ela não vai encontrar apoio na grande imprensa – principalmente, no jornalismo televisivo -, pois esta não perdoa as universidades federais de terem sido, por mais de uma década – um aparelho ideológico do PT. A grande imprensa vai apoiar o governo Dilma Rousseff na aniquilação das Universidades Federais (UFs). Um fato curioso. O jornalismo – principalmente o televiso – usa cotidianamente os professores das UFs para comentar notícias que precisam de uma elaboração especializada. A Globo News tem preferência pelos professores e pesquisadores da UFRJ. E no entanto, não atribui a crise desta universidade ao corte de verba empreendido pelo Ministério da Educação. Fazendo um jornalismo pusilânime e pustuloso, a direita totalitária do jornalismo deste canal acusa a reitoria de ser a responsável pela crise, por má gestão.
  O FIM DA HEGEMONIA PETISTA
A hegemonia petista se refere a articulação da política com o mundo intelectual. Para encurtar o assunto, as universidades públicas constituem a base material de tal hegemonia. A hegemonia da esquerda vem antes da hegemonia petista, ela começa com os intelectuais do PCB, do ISEB, e depois passa a ter como centro cultural tático a USP. Não foi um acaso, Francisco Weffort ter assumido a secretaria geral do PT na fundação do partido e Florestan Fernandes ter sido o representante mais ilustrado do PT na Assembleia nacional Constituinte, de 1988.
Dilma Roussef está implantando um programa neoliberal que sucateia as universidades federais, em todo o território nacional. Assim o governo desarticula a base material e institucional da hegemonia petista. A implosão das universidades públicas significa a desarticulação do pensamento unidimensional da esquerda? A ideologia da esquerda petista é resiliente. A hegemonia se desfaz, mas a juventude – e não só ela – continua enredada pelo Imaginário política de esquerda, que é, hoje, latino-americano: bolivariano.
Quanta à universidade, ela não vai encontrar apoio na grande imprensa – principalmente, no jornalismo televisivo -, pois esta não perdoa as universidades federais de terem sido, por mais de uma década – um aparelho ideológico do PT. A grande imprensa vai apoiar o governo Dilma Rousseff na aniquilação das Universidades Federais (UFs).
Um fato curioso. O jornalismo – principalmente o televiso – usa cotidianamente os professores das UFs para comentar notícias que precisam de uma elaboração especializada. A Globo News tem preferência pelos professores e pesquisadores da UFRJ. E no entanto, não atribui a crise desta universidade ao corte de verba empreendido pelo Ministério da Educação. Fazendo um jornalismo pusilânime e pustuloso, a direita totalitária do jornalismo deste canal acusa a reitoria de ser a responsável pela crise, por má gestão.   
REVOLUÇÃO POLÍTICA
A comunidade jurídica representada no Procurador-Geral e no ministro do STF deu um passo importante para a transformação de um problema jurídico em um problema prático da esfera pública procedimental. A era Lula-Dilma transformou o aparelho jurídico de Estado em uma máquina de guerra jurídica heideggeriana. Em outros textos já desenvolvi tal assunto.  Isso só foi possível por causa da inexistência da lógica liberal política da separação e independência dos poderes institucionais articulados pela República Democrática de 1988. O funcionamento político do Estado brasileiro pela lógica do simulacro de simulação garante a existência das instituições políticas como poderes fácticos, artefáticos. Ou seja, elas funcionam pela lógica dos fatos políticos – artefatos políticos – assim como a indústria de comunicação – televisão, especialmente – funciona pela lógica dos fatos midiáticos, ou seja, artefatos comunicacionais industriais. O saudoso prefeito César Maia designou tais artefatos pelo nome de factóides. Não é a mesma coisa, mas a comparação é útil, pois não existem fatos; só existem artefatos.
No Brasil, o liberalismo político sempre caracterizou o idealismo da elite jurídica ou de uma fração da elite política. As Constituições brasileiras são peças montadas segundo – em alguma medida – princípios liberais, que garantem a aparência liberal de um funcionamento prático da política como simulacro de simulação de liberalismo político. Então, o país jamais saiu do grau zero de liberalismo político. Os atos da comunidade política não apontam em uma certa direção política? Não se trata simplesmente do impeachment. A CRISE BRASILEIRA é profunda e está ficando cada vez mais intensa. O governo atual (presidência, Congresso, partidos etc.) está fornecendo provas cabais de que não sabe refletir e muito menos simbolizá-la. A solução da CRISE não está nem no horizonte intelectual! Para sair dela é preciso que haja uma transubstanciação da elite, globalmente. Inclusive, a integração do país as redes do capitalismo corporativo mundial exigem a transubstanciação política do país. Qual é o caminho mais curto e possível? Outras forças – políticas, culturais, intelectuais – podem se juntar à comunidade jurídica republicana em um processo que viria a adquirir o sentido de uma revolução política liberal efetiva. Os primeiros passos desta revolução política podem começar com a renúncia dos presidentes da Câmara e do Senado e a rearticulação das forças partidárias no sentido da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. A crise brasileira deve se socorrer na dialética materialista de Mao Tsé- Tung: “que desabrochem as cem flores”! Como existem muitos admiradores da China no meio empresarial e jornalístico, a conjuração de Mao, neste momento gravíssimo, não deve ser recebida como uma heresia política.   
BANCOS MUNDIAS SUBTERRÂNEOS
“Em entrevista exclusiva, Falciani explica o funcionamento do “sistema HSBC”, fala sobre as implicações no Brasil, das relações com o esquema de corrupção criado na Petrobrás e sobre as táticas de lavagem de dinheiro da corrupção por meio do uso de empresas abertas no Panamá – como a criada pelo ex-chefe da Casa Civil José Dirceu. O alerta é chocante e sombrio: ‘O Brasil é o maior cliente de bancos opacos do mundo’”.
O jornalismo quer sustentar que existe um capitalismo financeiro racional, ético (visível) e um capitalismo financeiro mafioso: pathos invisível. Trata-se da aplicação de um paradigma da medicina ao sistema econômico: a vida se reparte entre o normal e o patológico. Indubitavelmente, há regras racionais, normas institucionais para funcionamento da economia capitalista. Não vou desdizer Max Weber! No entanto, Marx mostrou no “O capital” que o capital fictício (capital financeiro) funciona por uma lógica quase irracional, quando ele passa a ser o dominus da economia capitalista. Este é o aspecto principal da economia mundial na atualidade. A economia e a política mundiais estão sob o domínio (“hegemonia”) da oligarquia financeira mundial. Assim, não há futuro para o capitalismo sustentado pela lógica da reprodução ampliada do capital fictício. Os economistas críticos estão cansados de repetir isso!
Outro problema é a estrutura do poder brasileiro está integrado ao capitalismo mundial pela lógica oligárquica das redes mafiosas do capital fictício. O capital fictício é uma privatização (privatismo) da política mundial em escala global. Ele atua no sentido da privatização das estruturas de poder de todos os países – que contam – constituindo-se como hegemonia abstrata do bloco no poder na maioria dos países. A relação dele com os impérios pós-modernos precisa ser ainda iluminada. No caso brasileiro, as redes mafiosas-oligárquicas estabelecem uma hegemonia concreta do capital fictício mundial no bloco-no-poder. No centro do estabelecimento e funcionamento desta hegemonia encontra-se o stalinismo petista. Não é possível mais pensar a ligação ente economia e política (bloco no poder) fora da articulação dela pela cultura política. A cultura política totalitária stalinista no Brasil gerou uma profunda transformação do conceito bloco no poder, ao associá-lo às máfias capitalistas. No entanto, a Colômbia de Pablo Escobar é o grau zero latino-americano dessa transformação. É só conferir no “Leitura materialista da política universal (Segunda Parte)”.      
BORIS FAUSTO/totalitarismo historiográfico
Boris Fausto é um historiador uspiano que ganhou uma certa notoriedade com o livro “Revolução de 1930”. Ele é parte da época intelectual na qual o marxismo uspiano deu um golpe de Estado na cultura universitária brasileira. Mas ele tem algo especial na plêiade uspiana. Ele é o autor de uma vulgata marxista sobre a história do Brasil. Tal vulgata antimaterialista e antidialética foi metabolizada por várias gerações de professores e estudantes de história como uma ideologia totalitária historiográfica. O livro “História do Brasil” é a obra-prima deste totalitarismo historiográfico. Para ilustra o texto, vejam a narração do século XVI e XVII. Nela, estão foracluídas – em uma operação tipicamente stalinista – fatos históricos (artefatos) e fenômenos fundamentais para o entendimento desta época que definiram uma determinada subjetividade brasileira. As “entradas”, as “bandeiras”, as Reduções, os jesuítas castelhanos, os índios guaranis foram apagados da história do Brasil. O choque fatal que as bandeiras produziram nas nações indígenas, e, em especial, nos guaranis é suprimido do mesmo modo que a polícia secreta stalinista apagou a imagem de Trotsky dos retratos oficias soviéticos, e até de retratos familiares. As entradas e as bandeiras constituíram as máquinas de guerras totalitárias – psicótica e neurótica, respectivamente – de definição geográfica do território brasileira. É verdade! Mas elas também são parte do elenco de máquinas terroristas que definiram a história da nossa subjetividade tropical. Em uma linha genealógica que começa na colônia, podemos filiar a elas o Exército florianista que destruiu Canudos e a Polícia Militar envolvida com o assassinato de 1000000 de pessoas nos últimos 30 anos. Nesta história, uma máquina biográfica terrorista é o arquétipo das máquinas individuais terroristas que habitam a Polícia Militar em todo o território nacional: o bandeirante Antônio Raposos Tavares. Trata-se de uma máquina terrorista banhada em sangue guarani cuja vida pode ser estudada como exemplo da articulação do mundo brasileiro pela racialização. Ele é o arcanum ariano (racista) da classe dominante paulista e brasileira reconstruída e glorificada – para nossa felicidade - nos livros de Oliveira Vianna. Esta máquina de guerra raposo tavares é um ponto da linha de força universal que articula a cultura totalitária colonial brasileira. O totalitarismo historiográfico de um Boris Fausto se define pela denegação destes fenômenos totalitários seminais do Brasil colonial, cuja repetição é fruto da existência da cultura totalitária brasileira. Suprimir os significantes – as máquinas de guerra terroristas, as missões, os guaranis – é uma operação totalitária da linguagem historiográfica, pois: “Mais de uma coisa no mundo é passível do efeito do significante. Tudo o que está no mundo só se torna fato, propriamente, quando com ele se articula o significante. Nunca, jamais surge sujeito algum até que o fato seja dito. Temos que trabalhar estas duas fronteiras” (Lacan. Seminário 16: 65).
IMPEACHMENT/FHC
Partidos de oposição da direita brasileira (PSDB, DEM, PPS e SD) querem representar nas ruas as forças políticas institucionais. Eles estão fazendo uma discussão sobre o significado do impeachment na atual conjuntura política. O decano intelectual deles diz que o impeachment é um salto no abismo. FH teme que o impeachment, ou jogue o poder nacional nos braços do PMDB (Michel Temer), ou seja um meio para o retorno de Luís Inácio Lula da Silva. Ele não acredita no papel das massas no processo político. Não crê que as massas possam ser agentes de uma invenção na política para além do cálculo político da elite oligárquica-totalitária. Outro argumento-arma de FH para evitar que as multidões ditem o rumo da política brasileira é a ideia de que a democracia está ameaçada. Ele não se interroga sobre qual democracia está ameaçada. Qualquer criança de dez anos sabe que a democracia ameaçada é a atual democracia despótica sustenta pelo discurso do mestre colonial luso-brasileiro.  A crise brasileira tornou tal democracia volátil. As massas são um contraponto ao domínio da política pelo discurso do mestre.
 No Instituto FHC (aparelho ideológico isebiano de direita), a intervenção de FH mostra que os partidos de oposição à direita não têm um modelo lógico-empírico para a análise concreta de uma situação concreta. Eles são impotentes para pensar a crise brasileira como crise global. Por isso a fala de FH cai no abismo do Real. FH olha para o ABISMO e este responde: primeiro, Delenda Lula. FH é o nosso senador romano Catão, o Velho (234-149 a.C.) Lula transformou-se no grande fantasma da política nacional seja para a direita, seja para a esquerda. Para a direita, ele é a peste política. Esta remonta à lógica da classe dominante tecida no Brasil colônia. Ela concebeu o mestiço superior como o maior inimigo da elite aristocrática arianista. Para a esquerda, o fantasma Lula representa, sem que ela o saiba, a ligação da política brasileira com o milenarismo (ou quilianismo) sebastianista. A fé da esquerda no papel salvacionista de Lula é um fato político (artefato da cultura política) que a liga ao SERTÃO, ao Bom Jesus, à Canudos: ao inconsciente político mestiço. No entanto, Lula é a expressão grotesca do inconsciente político mestiço. Trata-se do grotesco como amalgama do bufão (esfera do cômico), do bizarro (esfera do insólito onde o ridículo torna-se cômico e o engraçado tinge-se de alguma extravagância), do fantasma-estético (esfera do fantástico que cria formas imaginárias imprevistas pela realidade), do pitoresco (esfera das formas políticas curiosas, interessantes, complexas onde a aparência superficial se auto-finaliza.  Entretanto, tal fenômeno é denegado à ferro e fogo por um marxismo europeizante. Glauber Rocha já tinha apontado o seu dedo escandaloso para este fenômeno da esquerda brasileira.  Ele que tentou tecer um marxismo baiano-tropicalista. Lula e o fantasma que ronda a política na mais profunda – e agora quase intensa – crise brasileira. Esta pode rumar para a crise final da República a nível nacional.
A crise brasileira não define uma superfície descontínua em relação à política mundial. Como Pablo GBS sabe, há uma evolução da crise mundial em três dimensões: crise política (crise universal da República); crise cultural (crise da modernidade que sustenta o sistema representativo); crise do capitalismo cujodominus é a oligarquia financeira mundial. FH não sabe que não há descontinuidade entre a superfície política brasileira e a superfície política mundial. Se ele simbolizasse isso, teria que admitir que a solução da crise brasileira passa pelo rumo que a política mundial vai tomar diante da CRISE MUNDIAL. Quando FH disse, “esqueçam o que eu escrevi”, estava falando de sua falência intelectual para pensar o mundo e, obviamente, o Brasil. Assim, sua fala acabou tornando-se o blablablá mais luxuoso da política nacional! Mas o país ainda o considera como o sábio mais longevo da política brasileira. Aí o discurso político brasileiro não para de não se inscrever como processo de simbolização da crise global!   
FANTASMA PRIMEVO/MARIO VARGAS LLOSA. 11/03/2015
“para não serem acusados de reacionários e “fascistas’”, os governantes latino-americanos que chegaram ao poder graças à democracia estão dispostos a cruzar os braços e olhar para o outro lado enquanto um bando de demagogos assessorado por Cuba na arte da repressão vai empurrando a Venezuela até o totalitarismo”
Sou leitor de MARIO VARGAS LLOSA inclusive de seus textos políticos para o jornal espanhol El Pais. Seu raciocínio claro e preciso não deixa dúvidas sobre o sentido de seus textos. LLOSA é um defensor do liberalismo político na América Latina. Ele é um dos poucos escritores latinos que associa Cuba com o totalitarismo, sem meias palavras. Neste sentido, ele encontra-se entre as aves raras latino-americanas. O IMAGINÁRIO POLÍTICO latino-americano atual constituiu-se a partir do MITO Revolução Cubana. Tal mito rompeu com o paradigma ideológico dos USA da Guerra Fria que punha Cuba entre as nações totalitárias. Neste paradigma, os USA eram a DEMOCRACIA e a URSS o TOTALITARISMO. Para a América-latina, Cuba era uma exceção neste paradigma que confirmava a regra ideológica criada pelos USA. Os militares brasileiros nunca consideraram Cuba uma exceção. Eles voltaram americanizados da Segunda Guerra Mundial.    Segundo LLOSA, a Venezuela caminha para tornar-se uma nova Cuba!
“seis jovens já foram assassinados nas últimas semanas pela polícia ao tentar calar os protestos de uma sociedade cada vez mais enfurecida com os atropelos desenfreados da ditadura chavista”.
A Venezuela é uma ditadura chavista que caminha para o totalitarismo cubano”. LLOSA não consegue ver – ou não quer admitir – que a Venezuela não é uma ditadura. Trata-se de uma discussão tediosa – inclusive da ciência política brasileira – que divide este campo entre direita e esquerda. A direita diz – de pés juntos – que a Venezuela é uma ditadura; a esquerda jura que ela é uma democracia. Será que para o leitor, o mundo político se divide entre as linguagens ideológicas da esquerda e da direita? No Facebook brasileiro, os internautas estão cada vez mais insatisfeitos com a interpretação da política por tais ideologias. Mas afinal qual é o problema da linguagem ideológica?
Ela oculta a realidade? Função primária da ideologia concebida por Marx. Mas isso é ainda insatisfatório para pensarmos a política funcionando pela ideológica. Por que homens, mulheres e crianças são levados a viverem a política como ideologia? A leitura da contraciência freudiana da política inscreve a seguinte ideia: o fantasma pilota toda e qualquer linguagem ideológica da política. No campo freudiano, o fantasma primevo é a junção da criança com a Mãe (das Ding=Coisa). Essa junção é o ato e canibalização da Mãe que o ato de mamar no peito diz para a criança que a canibalização absoluta é uma coisa possível. Mas a junção absoluta com a Mãe é algo impossível. A humanidade dá um salto qualitativo do inconsciente freudiano para o inconsciente nietzschiano ou inconsciente político, quando ocorre a interseção entre o inconsciente freudiano (Mãe= das Ding) com o inconsciente político (Urstaat= Estado despótico arcaico). Na contraciência freudiana da política o das Ding condensa, na história biográfica do indivíduo, o fantasma do Urstaat que articula indivíduo, sociedade e Estado. O ser humano deseja – e isso também articula sua vontade – a junção com o Urstaat. Isso é o fantasma do Estado despótico arcaico que pilota a história política universal. Trata-se de um fantasma totalitário arcaico, universal acoplado ao significante-unívoco do discurso do master capaz de articular o gozo totalitário. Não é necessário dizer que isso agencia o gozo mais universal da humanidade na história política universal. A sociedade primitiva desconhece e esconjura tal gozo! A história política universal também produz o significante eclético articulado ao inconsciente político mestiço em um contraponto ao discurso do mestre.
O paradigma ideológico dos USA dizia: “não desejamos a junção com o Urstaat; não somos canibais”. A democracia é um modo de evitar o canibalismo político. Sejamos civilizados, não canibais! Deixem nossas mães em paz, pelo amor de Deus! LLOSA quer deixar sua mãe em paz e ficar em paz consigo mesmo. Mas a paz dele acaba quando ele é levado a conclusão de que a Venezuela não é uma ditadura. Isso é insuportável para Mario Vargas. Então, fora da contraposição ideológica esquerda versus direita a Venezuela é o quê? Não é democracia ou ditadura em sentido moderno! Mario é talvez um dos grandes romancistas modernos latino-americano vivo! O desejo de Mario é que o mudo moderno não acabe na literatura ou na política. Ele vê o fim da modernidade como algo apocalíptico? Para ele, o fim da modernidade significa que a paz das Mães sobre a TERRA acaba definitivamente?

  A MORALIA DO CONGRESSO
No Elogio da loucura, Erasmo escreveu: “Coragem, vamos! Dissimular, enganar, fingir, fechar os olhos aos defeitos dos amigos (políticos), ao ponto de apreciar e admirar grandes vícios como grandes virtudes, não será, acaso, avizinhar-se da loucura”. A lógica do simulacro tem uma fronteira volúvel com a loucura. Esta é a máquina de guerra erasmoana que se move ao sabor das paixões. A paixão do Congresso articula-se na interseção do gozo totalitário (subsunção da população à fala da geleia geral Tropicalista) com o gozo privatista (oligárquico). A ação jurídica de Janot/Zavaski gerou tal geleia geral política do Tropicalismo. A CPI da Petrobrás foi transformada em um simulacro de tribunal legislativo bordeando a loucura da elite política, ou seja, a elite como máquina de guerra erasmoana. Qual a minima moralia política do Congresso? O texto abaixo quer começar essa discussão na web.  
O MODELO AMERICANO MÍNIMO E MÁXIMO
Benjamin Franklin: “Time is money”  

 Existe um modelo americano mínimo? Sim! Ele é tecido pelas culturas políticas oligárquica e totalitária. No entanto, a leitura da política no campo da física das máquinas de guerra é dialética e materialista. A dialética estabelece a relação entre o universal, o particular e o singular como ponto de partida necessário. A oligarquia é um significante universal que adquire formas específicas em sua história particular. Ele pode assumir uma forma singular em determinados momentos históricos. Isso é mais raro. A oligarquia é uma forma particular no Brasil, na Argentina, no México, nos USA. No Brasil, ela é urbana-rural articulada pela cultura do capitalismo de commodities no mundo-da-vida burguês. Claro que isso é a materialidade econômica do significante. No entanto, a oligarquia é um artefato (materialidade) simbólico como cultura política no mundo-da-vida da população. A cultura capitalista de commodities não articula sozinha a parte oligárquica do modelo americano. Este é articulada pela cultura política oligárquica seja burguesa, seja plebeia. Um truísmo: sem o voto e a legitimação cotidiana da população o modelo americano volatiliza-se. No entanto desde Getúlio Vargas, o populismo foi a máquina de guerra política que inscreveu o totalitarismo no modelo americano brasileiro. O PT é o estágio superior de uma cultura totalitária de massas policlassistas e também indeterminadas socialmente. Estes dois pilares do modelo americano mínimo (oligarquia e totalitarismo) aparecem – em formas particulares – em todas as Américas.
Os USA tem um modelo americano máximo. As culturas oligárquica e totalitária do mundo-da-vida americana podem ser ou burguesa ou plebeia. As duas são capitalistas e urbanas. No entanto, a elite cultural norte-americana denega a existência do totalitarismo. Todavia, a sociedade americana possui uma máquina de guerra totalitária visível na economia capitalista do complexo industrial-militar. Também visível no sistema de segurança e inteligência constituído pela CIA, DEA, ASN etc. A política externa dos USA é dirigida por esta máquina de guerra totalitária e terrorista que, aparentemente, tem como centro tático o governo. Nem Obama escapou de se integra e ser integrado como uma mola a tal máquina. Mas os USA tem como tradições o liberalismo político, o populismo não-totalitário e outros artefatos do campo simbólico que acabam por constituir – de algum modo e em certa medida - o modelo americano, portanto, máximo. E é impossível negar que a cultura capitalista do dinheiro parece sobredeterminar a cadeia de significantes que constituem o modelo americano como máximo.
As informações sobre as redes (digitais) - que estão na direção do movimento que quer o impeachment de Dilma Rousseff -  permitem uma interpretação da política brasileira para além do modelo esquerda/direita? É claro que o movimento ‘virtual” na web tem que se apoderar da rua para adquirir substância política. Se este for o caso, podemos estar diante de um provável movimento de massas capitalistas. Com efeito. Isso será um acontecimento inédito na política brasileira. FHC sabe disso e ficou assustado com esta possibilidade ainda “virtual”. FHC enviou um comando para o jornalismo Global no sentido deste fazer parte de uma frente política contra o impeachment. A prudência de FHC é uma prudência que esconde o medo das massas capitalistas. Incrível! Ele teme que a multidão capitalista acabe com o simulacro político esquerda/direita que tem dominado a política nacional do século XXI. Seu mestre uspiano escreveu um livro sobre a Revolução burguesa no Brasil. Trata-se de uma ilusão sociológica criada por um marxismo europeizante. Agora, o país esta frente a frente com a possibilidade de uma revolução capitalista em um tempo de possível desintegração da República brasileira. Por enquanto, a revolução capitalista parece envolver mais de um milhão de web-rianos. Ela seria a repetição da marcha da família com Deus, pela pátria e contra o comunismo de 1964 teleguiada pea máquina de guerra ideológica militarizada IPES/IBAD/ESG? Improvável! Esse movimento todo nas redes da web pode ser metabolizado por uma cultura política capitalista totalitária? Isso é algo possível de acontecer. Desde a década de 1960, o capitalismo está articulado a uma cultura capitalista totalitária. Isso foi concebido na época por Marcuse. De qualquer maneira, este acontecimento brasileiro é o sinthoma de que o paradigma esquerda/direita esgotou suas possibilidades concretas. Também parece dizer algo sobre a impossibilidade de implantação do modelo europeizante oligarquia política híbrida, no Brasil, almejado ardorosamente por FHC.                                                                                                                  

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