sábado, 22 de novembro de 2025

Realidade objetiva da política

 



REALIDADE OBJETIVA POLÍTICA


A imagem textual da realidade objetiva independente do sujeito é a pedra de toque do materialismo de Marx E Engeis - que a gramática física clássica corrobora na sua imagem matemática do macromundo. Na micromundo da física quantica a gramática fala de uma outra matéria do mundo. Para certos físicos, a realidade objetiva só existe a partir da observação da matéria quântica pelo gramático da física quântica. Ela é um efeito da relação entre gramático e gramática da realidade. A realidade quântica não existe fora da percepção do gramático. A prática política existe pela realidade objetiva da física clássica ou da matéria da grmática da biologia ou pela realidade da fisica quântica que diz que a realidade política só existe a partir da observação de um gramático da política?

Fisicos quânticos admitem que a realidade objetiva da matéria quântica existe independente do sujeito que a observa. Eis o materialismo de Marx e Engels confirmado pela física quântica. Este física é estruturada pelo poder realista realista do materialismo de Marx e Engels, por exemplo. A realidade de uma matéria que só existe na observação do observador- seja ele cientista ou artista - não é um efeito do poder estético realista realista. Ela é uma gramática do mundo  como efeito de um poder estético realista mágico?

                                                        2

 A realidade da prática política foi pensada por Kantorowicz na Idade Média da existência das formas de governo na tela da mente simbólica europeia na qual o imperador aparece como ersatz de papa e representava Jesus o Grande Pai e também Cristo-Rei. O soberano é aquele da transição de uma forma para outra. A transição não é barroca; não há matéria política a partir da qual se inventa uma nova forma de governo:

“< Faire quelque chose à partir de rien, c’est instaurer un nouveau droit (<est ius novum condere>)>, c’est-à-dire légiférer”. (Kantorowicz. 1984: 49). 

O poder pontifical é fazer qualquer coisa a partir do nada. o soberano tem sua imagem textual virtual no papa. O poder papal é o poder d’ars da transição de uma forma de governo para outra. Ele tem o poder de mudar a natureza das coisas da prática política. Ele emerge do real lacaniano onde em sua existência, ele é parte do significante do real onde não há a materialidade da tela da mente estética, não há gramática, nem ideologia ou retórica, não há ethos e pathos, bem e mal, normal e patológico, eros e tanatos. Ele é o modo de ser psíquico creatio ex nihilo. Ele é potência e ato em ato, de Plotino, plenitude potestatis ou plenitude do poder de estético como poder d’ars em junção com o direito justiniano. Este direito emerge do real, como caso de direito de prerrogativas exclusivamente reservadas ao papa:

“Il (le pape) fait qu’une chose qui est, ne soit pas et que ce qui n’est pas, soit> [...] du pape de faire qu’une chose réelle ne soit plus rien (<de aliquo facit nihil), ce qu’il explique par la prérogative de <mutare etiam naturam rei>” (Kantorowicz. idem: 43). 

O papa é o artista plastico criador da gramática da forma de governo comparável a Deus ao poder de criar em sua alma o que ainda não foi concebido no espírito de outro homem. Isso é diametralmente oposto à imitação. o poder d’ars nominalista do soberano é um poder que nã im ita à natureza, ele não advém do direito natural profano. Ou pode ser um poder estético ficto, um poder d’ars do legislador artista, pois imita a natureza <ex officio>, passagem ao ato do real para a prática política simbólica. O direito natural pode ser uma imitação não da natureza em si, mas uma imitação da natureza da gramática da forma de governo:

“l’acte législatif cest un art d’imiter la nature, car il imite le droit naturel. L’art du législateur, cepeendant déterminé par le droit naturel général, doit inverter le <particulare> du droit positif (<Ius positivum…est per industriam hominum adinventum>) - c’est-à-dire l’application particulière du droit naturel général à un espace et pour un temps limités -, mais de telle sorte que le <particulare> reflète malgré tout le <generale> du droit de la nature. En d’autres termes, il fait à la fois plus et moins <qu’imiter la nature>, car il <invente>”. (Kantorowicz: Idem; 39). 

                                                    3      

O RSI é a tela da hegemonia da prática política universal planetária:

“Em todo caso, é a partir de Joyce que abordarei esse quarto termo, uma vez que ele completa o nó do imaginário, do simbólico e do real. O problema todo reside nisto - como uma arte pode pretender de maneira divinatória substancializar o sinthoma em sua consistência, mas também em sua ex-sistência e em seu furo?” (Lacan. S. 23: 38). 

A arte é o poder estético da tela da hegemonia jurídica que torna o sinthoma uma substância em sua consistência e em seu furo no RSI? À tela da hegemonia correspondem modos de ser psíquicos que a fazem funcionar na práxis individual e de massa analítica (Lacan. S. 8: 325): ideológico, cultural, mass media, científico. Marx viu o poder d’ars como forma ideológica distinta da ciência (Marx. 1974: 136). O poder d’ars pode ser uma forma ideológica do general intellect, do scientific power (Marx. 1978: 302). O poder estético pode ser a forma ideológica do general intellect gramatical (Eagleton; 1993). Ou ele pode ser a forma cultural das massas analíticas do general intellect gramatical. Na tela da hegemonia da prática política (Gramsci. 1977: 2341-2343), o RSI pode ser o Uno territorial da forma cultural das massas analíticas como general intellect gramatical que se estrutura e funciona pela plurivocidade de poder estético e de poder d’ars (Bandeira da Silveira; julho/2025). Aí nos encontramos no romance do RSI territorializado como tela da hegemonia da prática política em geral.     

                                                 4

Como furo e consistência sinthomáticos de uma época, o hegemonikon ou eu hegemônico (Elorduy. v. 2: 26) é o poder estético que organiza, estrutura, faz funcionar as narrativas com intriga celestial (Ricoeur: 24) da tela da hegemonia da prática política da comunicação (Walton; 1997).da realidade hierarquica plotiniana.

O’Meara

“seu mundo é uma ‘hierarquia’ ou uma ‘cadeia de ser’, sustentada por uma misteriosa causa transcendente, o Uno, após a qual há uma sucessão de níveis até o menor grau, a matéria”. (Gerson:87). O poder d’ars é o Uno como mais, menos, muito e pouco generalizável, esteticamente, na prática política do domínio do particular de uma formação social territorial geográfica ou territorial virtual mundial. 

O’Meara:

“No entanto, parece que a ordem platônica de dependência coincide com uma ordem de perfeição: as Formas claramente têm um modo de existência em relação ao qual os objetos sensíveis são deficientes e imperfeitos e a Foema do Bem de <República>, de algum modo fonte das formas as supera ‘em dignidade e potência’.A perfeição nos termos em que as Formas são superiores aos objetos sensíveis é complexa, envolvendo não apenas independência, mas também imutabilidade, autoidentidade e integridade, que as torna ‘mais reais’, objetos privilegiados de conhecimento, lugar primeiro dos valores morais e estéticos”. (Gerson: 92-93).    

A forma de governo é aquela do poder d’ars, mas também imutabilidade, autoidentidade, identidade e  poder estético do Uno hegemonikon; ela é superior aos objetos sensíveis do aparecer das aparências de semblância da prática política da comunicação estética.     

                                                            5

O poder d’ars é o poder estético aplicado na matéria da tela da hegemonia plotiniana:

“La matière est affirmée par Plotin réceptive de l’extension [...]. Avant l’arrivée de la grandeur, la matière n’était nullement petite, ni d’ailleurs grande, elle n’avait tout simplement pas de grandeur; C’est pourquoi Plotin avance qu’elle est un volume vide, ou encore un volume sans grandeurs, inétendu, c’est-à-dire un volume sans volume. En d’autres termes, la matière sensible n’a en elle-même, indépendamment des grandeurs eidétiques qui lui communiquent une grandeurs, aucune réalité spatiale. Elle n’est à proprement parler <nulle part>, puisque <le lieu est postérieur à la matière et aux corps>, et que la matière, avant de recevoir la grandeur de la grandeur eidétique, n’occupe par définition aucun lieu, puisqu’elle n’a aucun volume”. (Narbonne: 115). 

 A grandeza da matéria volume sem volume é distinta da grandeza da matéria eidética? Idealismo plotiniano? o que se encontra na essência da matéria da prática política? O materialismo plotiniano é incompreensível fora do <lugar> posterior à matéria e aos corpos - que é a tela da hegemonia do poder estético kantiano que atribui grandeza à matéria da prática política plotiniana:

“sem dúvida que não há para a estimação matemática de magnitudes um maximamente grande (pois a capacidade dos números vai ao infinito); porém para a estimação estética de magnitudes há, em todo caso, um maximamente grande; e digo deste que, quando é julgado como medida absoluta, por sobre a qual nada mais grande é possível subjetivamente (para o sujeito que julga), implica a ideia do sublime e suscita essa emoção que nenhuma estimação matemática das magnitudes por meio de números pode efectuar (a não ser que essa medida fundamental estética seja mantida viva na imaginação); porque a última apresenta só a magnitude relativa por comparação com outras da mesma espécie, e a primeira, em cambio, a magnitude em absoluto, na medida que possa o ânimo captá-la em uma intuição”. )Kant. 1991: 165).

O poder estético provoca a emoção no individuo (pessoa ou multidão como matéria de um corpo político) captado pelo ânimo em uma intuição. O <ânimo> pode ser traduzido como a relação do poder estético com as afecções (ódio e amor, tristeza e alegria, medo e coragem etc) na língua fenilato (Bandeira da Silveira; março/2025) da prática política plotiniana - da tela da hegemonia do poder d’ars  kantiano. Há relação do poder estético com a prática política que se define pela hegemonia do Bem? Prática política do poder estético nominalista res publicano? O nominalismo não assegura a autonomia relativa da prática política republicana em relação à gramática econômica dominante de uma formação territorial-social? 

                                                             6

Uno é a unidade da tela da hegemonia da forma de governo:

“ - E isso que é pensado como sendo uno, e como algo que é sempre que é o mesmo sobre todas as coisas, não será isso a forma? (Platão. Sem data: 42). O uno é a forma de governo republicana como a forma mais geral; há outras formas menos ou muito ou pouco republicanas. A forma muito geral é a forma da república democrática ou politeia; forma menos republica é a tirania e a pouca republicana é a oligarquia etc. A tela da forma de governo republicana aristotélica funciona pelo princípio da não contradição:

“toute chose doit nécessairement être affirmée ou niée, et qu’il est impossible qu’une chose doit et ne soit pas, en même temps, ainsi que toutes autres prémisses de ce genre”. (Aristote. 1991:129). 

A tela da forma de governo platônica funciona pela lógica gramatical de um poder d’ars paraconsistente (Newton da Costa;2008):

“ - Assim sendo, e com base em tudo o que foi dito, o uno está e não está em contato consigo próprio e com as outras coisas”. (Platão. sem data: 81). 

Há dois extremos na tela da hegemonia da prática política mais geral do sentido: o poético mitológico e a gramática, ideológica, retórica do simbólico como general intellect gramatical como produção de sentido e contra-sentido:

“Alors que l’intelligence décompose le sens, le mythe le compose. C’est pourquoi il ne saurait être compris d’après une supposée valeur explicative: le mythe n’est pas une science des primitifs mais un moyen de compréhension immédiate du réel. L’oposé du sym-bolique, c’est, proprement, le dia-bolique”. (Godin: 732). 

A tela da hegemonia da pratica política mitológica é a generalização absoluta da relação estética da massa com a forma de governo, com a unidade dessa forma. Não há exceção, não há furo na identificação estética, pois ela é intuitiva, ela não contempla a prática dialética da reflexão do general intellect gramatical republicano. A tirania quer ser a forma de governo republicana do mito, do diabólico, da superfície heteróclita da tela da hegemonia republicana:

Ockham:

“As palavras de Cristo: ‘Tudo o que ligares’ etc. não devem ser entendidas genericamente, sem exceção. As palavras genéricas nem sempre devem ser entendidas genericamente”. (Ockham; 69). 

A tela da hegemonia da forma republicana de matéria universal tem furo, tem exceção à regra que é a forma republicana democrática. A forma geral republicana é fazer o Bem, aplicar o bem na matéria da prática política. Mas o que é essa matéria do corpo político? A grandeza da matéria republicana democrática depende da aplicação do poder estético sublime à matéria contingente do particular como bem e mal, ethos e pathos, eros e tanatos, agradável e desagradável. Trata-se da matéria da lingua fenilato/alquilato, língua quimilato do homem gramatical da civilização do general intellect gramatical. E o Bem da unidade (Uno republicano) da forma de governo universal republicana?             

                                                           7

           



Nenhum comentário:

Postar um comentário