José Paulo
Capítulo 4. crise, ideologia, gramática, estética
No Brasil de 2025, aparelhos ideológicos acadêmicos de Estado (Althusser; 1976) começam a produzir e reproduzir ideologias sobre a prática política capitalista da atualidade. Com isso é possível se a época pós-modernista desintegrou a ideologia como forma de consciência e o próprio fenilomenico (fenômeno fenil) da consciência. Terry Eagleton fala desses fatos da tela da mente estética pós-modernista. (Eagleton. 1997: introdução). A época pós-modernista é a era do cinismo aberto que dispensa a ideologia no agir político do dominante (Sloterdijk. 1989: 132). Sloterdijk tem a ideologia como efeito do poder d’ars rerealista:
A investigação marxista das consciências de classe é em o ponto de partida igualmente realista, Consciência de classe, imagens do mundo e ideologias se podem entender, de fato, como <programações>; são mediações, esquemas, formado-formantes da consciência, resultados de um processo histórico-mundial da autoformação de toda inteligência”. (Sloterdijk. Idem: 141).
Ora! uma época cínica só pode ser consequência de um poder d’ars cínico, brutalista, romântco, neobarroco e nominalista agindo na prática política da tela da mente estética universal mundial:
“Se fizermos o inventário do que a imaginação artística produziu na passagem dos anos 70 para os anos 80, tanto na Europa, como nos EUA, destacam-se imediatamente algumas características bem distintas: <Gosto pela livre utilização da cor e da forma, riqueza imaginativa, sentido do efeito decorativo, indiferença perante as regras ortodoxas da arte, principalmente as da Vanguarda; uma refrescante ausência de sistema, indiferença no tratamento de meios estilísticos aparentemente incompatíveis - suscitando, assim, a impressão de uma <confusão> de estilos -, uma livre combinação de elementos da arte <elevada> e da arte <inferior>, uma patente exibição do Eu artístico; um erotismo radioso que, tal como as formas de expressão artísticas utilizadas, se desvincularam das convenções; uma elaboração e uma tendência para o supérfluo, por vezes lada a lado com um estridente cinismo, uma raiva destruidora e um sentido anárquico da vida, onde existe, porém, um desespero subjacente e semi-inconsciente, manifestando-se por atitudes, desde a ironia até um amargo sarcasmo. Surge um romantismo oculto que, ocasionalmente, toca as raias do sentimentalismo, do gosto pela contradição, e mesmo uma aberta agressividade, uma falta de perspectivas utópicas. Pode-se, porventura, considerar como <cínica:> a atitude que ressalta de toda esta descrição, segundo o espírito do <patriarca Diógenes de Sinope>, como a <irreverência canina:> de uma <teoria inferior, aliada à pobreza, à satira e à insolência> teoria esta que -contra as abstrações idealistas, a insipidez do saber teórico e toda a aparência pomposa -tenta, pela arte, <mijar contra o vento do idealismo>. (Jorg Drews”. (Honnel: 34-35).
A <revolução da gargalhada> bolsonarista no Brasil não foi um efeito desse poder d’ars cínico-romântico e neobarroco?
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O juízo é a relação entre sujeito e predicado que pressupõe a identidade juízo ea diferença (Hegel.2018: 110,111):
“No juízo subjetivo, quer-se ver um e o mesmo objeto de modo duplo, uma vez, em sua efetividade singular, ou tra vez, em sua identidade essencial ou em seu conceito; o singular, elevado à sua universalidade, ou, o que é o mesmo, o universal singularizado em sua efetividade. Desta maneira, o juízo é a verdade; pois ele é a concordância do conceito e da realidade. (Hegel. Idem: 99). O juízo é a relação entre dois conceitos (Hegel. Idem: 104). Ora, o juizo é a relação entre o conceito de tela da mente estética e a realidade como lógica gramatical, retórica, ideológica da prática política. Ele é a verdade como concordância entre a tela da mente estética e a realidade da prática política. O que articula a tela da mente estética e a realidade é o poder d’ars. A revolução da gargalhada é a realidade da prática política de qual tela da mente estética articulada pelo poder d’ars cínico,romântico-neobarroco-neogrotesco?
“A revolução da gargalhada do neogrotesco não é propriamente uma revolução do trágico que altera a forma de governo. Ela é determinada pelo territorial e sem habitar a prática política virtual. A revolução da gargalhada trumpista neogrotesca não se realizará como uma revolução do trágico como potência e ato em fenilato/alqquilato; ela não fará da mundialização do mercantilismo capitalista uma forma de ideologia estética mercantilista-negra, jesuítica”. (Bandeira da Silveira. Julho/2025: 327).
A revolução da gargalhada trumpista faz pendant com a revolução da gargalhada bolsonarista; ambas não abrem um campo de ideologias estéticas:
“Um dos aspectos dessa novidade, já aludido, é o fato de que nasce nesse momento particular da sociedade de classes, com a emergência da burguesia primícia, os conceitos estéticos (alguns deles com distinto pedigree histórico) começam a exercer um papel central e intensivo na constituição da ideologia dominante”. (Eagleton. 1993: 9).
Na atualidade do nosso futuro, a realidade da prática política trumpista corresponde a uma verdade que é a da expressão do capitalismo político criminoso mundial. Assim, o trumpismo não abre as comportas para a criação e recriação do campo de ideologias estéticas. Por outro lado, a época além da pós-modernidade (Bandeira da Silveira. 08/2024) abre as comportas para a produção de um campo de fenilideologias. Primeiro:
A fenilideologia existe na tela gramatical narrativa do cérebro. (Bandeira da Silveira. 03/2025: cap. 2, 20):
“O progresso da ciência fenilgramatical mudou a paisagem. A fenilideia gramatical existe em uma tela do cérebro que afeta as afecções, afetos, emoções e podem provocar a produção de mais-gozar fenilgrmatical, e este pode levar o modo de ser psíquico do indivíduo ao colapso total. Bem, o <trapézio> é a tela fenilgrmatical do cérebro, a fenilideia gramatical pode ser um corpo com brações e pernas, em autonomia relativa em relação ao eu, à consciência e ao supereu”. (Bandeira da Silveira. Idem: parte 13):
“Todo <indivíduo> tomado pela afecção inveja, é, ao mesmo tempo, estripador estripado, pois ele possui uma essência perversa. Freud e Lacan coincordam com essa fenilideia retórica/gramatical da fenilmetafísica de Quincas Borba. A afecção inveja é a imagem de um objeto. Qual? Há a fenilguerra civil permanente nomindíviduo, na sociedade e no Estado. Então o que se tem como maior felicidade é a paz estabelecida na prática política do modo de ser psíquico retórico/gramatical/ideológico? (Bandeira da Silveira. Idem, part 20).
A revolução da gargalhada é o indivíduo estripador estripado do modo de ser psíquico do poder d’ars realista fantástico neobarroco. (Carpeaux: 472). A passagem do mercantilismo capitalista para o capitalismo mercantilista se realizará na medida em que se abra um campo de fenilideologias, ou melhor, uma campo de ideologias quimilatos do poder d’ars rerealista. No capitalismo criminoso político, o poder d’ars realista fantástico neobarroco funciona como um modo de ser psíquico da realidade capaz de tornar o mercantilismo capitalista eterno Isso é o segredo e o enigma da atual conjuntura mundial.
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A crise da renúncia de JQ foi o efeito do choque de duas grmáticas ideológicas estéticas: a do realismo fantástico do capitalismo desenvolvido de Jânio com a ideologia estética rerealista do subdesenvolvimento capitalista. JQ foi derrotado, mas há uma evolução desse choque ideológico que se transforma a realidade brasileira em mercantilismo capitalista subdesenvolvido urbano-rural:
Marx:
“Na consideração de tais transformações é necessário distinguir sempre entre a transformação material das condições econômicas de produção, que pode ser objeto de rigorosa verificação da ciência natural, e as formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, em resumo, as formas ideológicas pelas quais os homens tomam consciência deste conflito e o conduzem até o fim”. ((Marx. 1974: 136).
O conflito ideológico subdesenvolvido e desenvolvido evolui além da época janista?
“Há uma reversibilidade do capitalismo brasileiro? o desenvolvimento do capitalismo de commodities rural aparece como parte de uma gramática de um capitalismo subdesenvolvido na sua totalidade nacional. O campo da direita neoliberal chegou ao poder no Brasil e instalou um <principado tirânico (Ockham) neoliberal.No comando do país, um campo de poderes/saberes neoliberal, rural, se define como a superestrutura do capitalismo subdesenvolvido, dependente, da época cyber”. (Bandeira da Silveira. 2019: 154).
O mercantilismo subdesenvolvido adquiriu a forma mundial mercantilista do capitalismo político criminoso cyber na conjuntura atual. Trata-se da crise da renúncia de JQ em escala mundial?
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Se guiando pelas aparências do subdesenvolvimento econômico, o governo federal vai criando a ideologia ilusória de há um inimigo dos de baixo da autofabricação do Estado nacional territorial, este desenvolvido pelo julgamento do STF do golpe de Estado bolsonarista militar. Esse inimigo seria as organizações criminosas do de baixo. Assim, o governo põe e repõe o problema do juizo da tela da mente estética das famílias ricas da mundialização do mercantilismo capitalista subdesenvolvido criminoso, ora em curso com Donald Trump.
A fenilideologia econômica criminosa do subdesenvolvimento consiste na concepção política de mundo na qual o subdesenvolvimento econômico consiste em evitar a autofabricação da nação e do Estado republicano democrático territorial virtual da Constituição de 1988. O regime de 1988 subdesenvolvido procurou destruir as condições de possibilidade de um Brasil capitalista desenvolvido como queria Jânio Quadros. O Estado militar 1964 foi uma estratégia criminosa de manter o poder brasileiro nas mãos da oligarquia e das famílias ricas do Sudeste. Assim, desenvolveu-se uma ideologia romântica populista econômica no regime de 1988. Essa consiste em fazer do Brasil uma economia rural-urbana de commodities agrícolas, de gado e minério para o mercado mundial. Essa economia rural se tornou hegemônica e procurou conquistar o Estado com o golpe militar bolsonarista de 08/01/2023. O subdesenvolvimento é o inimigo da nação e da autofabricação do Estado nacional territorial virtualmente desenvolvido. O governo federal reservou 40 bilhões de reais para as emendas, com emendas PIX secretas, para o Congresso. Assim, como Trump representa a mundialização do mercantilismo capitalista subdesenvolvido criminoso, o congresso brasilero é a expressão econômica desse subdesenvolvimento criminoso do anarco capitalismo e seu Estado totalitário que é não um Estado integral, mas sim um Estado ,mínimo como gramaticalizaram a realidade do futuro Deleuze e Guattari e um texto da globalização liberal pós-modernista.
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A ideologia econômica populista romântica (Lenine. v. 3: 31-33) faz pendant com o modelo de mercantilismo colonial que parte do pressuposto que a realização da mais-valia na sua forma de mais-gozar fiscal depende do mercado mundial e não do mercado interno. A globalização liberal pós-modernista foi a antessala do atual modo ede produção e circulação mercantilista capitalista subdesenvolvido criminoso em relação às nações e estado territorial nacional. Aqui existe o verdadeiro problema da soberania nacional e, sobretudo, estatal, pois nesse modo de produção:
L’Etat totalitaire n’est pas un maximum d’Etat, mais bien plutôt, suivant la formule de Virilio, Etat minimum de l’anarcho-capitalisme”. (Deleuze e Guattari. 1980. 578).
A ideologia gramatical do populismo romântico econômico é o poder d’ars que provoca um corte entre o Brasil de JQ e o Brasil da atualidade. A crise da renúncia de JQ tem que ser estudada como o momento no qual se decide sobre o Brasil da nossa atualidade 2025.
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Há a renúncia de JQ e o lapso de tempo até a posse de João Goulart como governo e de Tancredo Neves como primeiro ministro do regime parlamentarista. Tempo político que não foi visto como um corte histórico na prática política nacional.Hélio Jaguaribe diz que a renúncia implicou numa alianã entre os ministros militares e facções do PSD, sendo Armando Falcão o elo dessa articulação. (Hélio Jaguaribe. A renúncia do Presidente Quadros e a crise política brasileira. In: Revista Brasileira de Ciências Sociais, n° 1, 1961; pag 280).
Já Lúcia Hippólito diz que o PSD jogou “[...] todo seu peso na manutenção da normalidade constitucional, na estabilidade do sistema político apesar de pressionado cada vez mais pelos militares. Administrando politicamente o processo, o PSD contribuiu decisivamente para impedir o transbordamento da crise para fora dos limites do sistema político” (Lúcia Hippólito. PSD de raposas e reformistas. RJ: Paz e Terra, 1985: 115).
A controvérsia em torno do comportamento do PSD não pode aparecer aqui como uma questão menor. Nesse brevíssimo lapso de tempo, o poder estatal se transformou em um objeto com forte tonalidade verde-oliva, mas que, porém, escorregava maliciosamente pelas mãos das raposas pessedistas. Neste período, ocorreu um deslocamento do centro de poder dominante,isto é, do governo nacional para a cúpula do aparelho militar:
“E ficou o problema da substituição, Os três ministros militares praticamente formaram uma junta, embora não tivesse esse nome, e ficaram gerindo o país. Chamaram o mazzilli para assumir, mais uma vez”. (Carlos Lacerda. p. 263. In Depoimentos. RJ: Nova Fronteira, 1977).
O presidente a Câmara, o pessedista Ranieri Mazzilli, ao ocupar o governo, acabou assumindo o papel de representante político do vértice do aparelho militar. (Ver a entrevista concedida a Hélio Silva por Ranieri Mazzilli a 22 de maio de 1974. In: Hélio Silva. 1964: golpe ou contragolpe? Porto Alegre: L&PM, 1978: pp 96 e seguintes). Por sugestão de Amaral Peixoto, presidente nacional do PSD, exigiu-se dos monstros militares que o veto a Goulart fosse dado por escrito para que pudesse encaminhar mensagem ao Congresso pondo a posse daquele em questão:
“Eu tenho a honra de comunicar a v. Ex° que, na apreciação da atual situação política, criada pela renùncia do presidente Jânio Quadros, os ministros militares, na qualidade de chefes das Forças Armadas, responsáveis pela ordem interna, me manifestaram a absoluta inconveniência, por motivos de segurança nacional, de regresso do presidente Jão Belchior Marques Goulart.
Brasília, 28 de agosto de 1961. a) Ranieri Mazzilli”. (Aspásia Camargo e outros: pp 445. Artes da política-diálogo com Amaral Peixoto. RJ: Nova Fronteira/Cpdoc-FGV, 1986).
Essa situação permaneceu na memória dos generais de Sarney que fizeram o artigo 142 da Constituição de 1988:
“As Forças Armadas [...] sob a autoridade do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais [..}”. (Constituição Federal: 92).
O artigo 142 é a ideologia do poder moderador de d,. Pedro I dos artigos 98 e 99, que outorgou ao Brasil a constituição de 1824 após um golpe na Assembleia Constituinte Nacional. (Dias: 145). Por essa ideologia militarista, os generais adquirem o direito natural de intervenção na prática política republicana. Seguindo o acontecimento, o presidente interino enviou esta mensagem ao presidente do Senado, Auro moura Andrade, a qual foi interpretada pelo Congresso como um ato contra a ordem constitucional. (Auro Moura Andrade: 64. Andrade. Um Congresso contra o arbítrio. Diários e memórias.(1961-1967). RJ: Nova Fronteira, 1985; sobre a posição do Congresso contrário ao impedimento de Jango, ver, Aspásia Camargo e Walder de Góes: 530. Meio século de combate: diálogos com Cordeiro de Farias. RJ: Nova Fronteira, 1981).
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Lúcia Hippolito procura, através de uma figura retórica - a metonímia - provar que o PSD tomou a liderança na defesa da posse de João Goulart. Para essa autora, o discurso que Gustavo Capanema proferiu no Congresso no dia da renúncia fixava a posição do partido no sentido de dar apoio total à posse de Jango no governo nacional:
“Fez-se silêncio em todo o plenário, pois o assunto fugia ao campo político, ingressando no plano da jurisprudência. - Não temos competência constitucional - continuava Gustavo Capanema - para aceitar a renúncia, para recusá-la, para aplaudi-la, para tomar qualquer pronunciamento em face dela. A única coisa que nos cabe é tomar conhecimento do acontecimento que foi a renúncia, ato unilateral e irretratável, repito, do Sr. presidente da república. Nestas condições, o que se segue é a aplicação pura e simples da Constituição> o vice-presidente da república assume o governo, pelo resto do período. E como S. Excelência não está no país, assume o Poder, em seu lugar, o presidente da Câmara. (Mario Victor. 5 anos que abalaram o Brasil. RJ: Civilização Brasileira, 1965:314). Contudo, é improvável que tal discurso representasse a atitude do PSD. Uma característica essencial dos grandes partidos no período 45/64 foi a fraca disciplina partidária
“A surpreendente frouxidão dos laços partidários fica patenteada a cada momento em qualquer bancada mais numerosa, nas Assébleias Federais, estaduais e municipais. Praticamente é impossível a qualquer líder de partido fechar questão”, ( Afonso Arinos e Raul Pilla. Presidencialismo ou parlamentarismo? RJ: José Olympio, 1958: 317; Wanderley Guilherme dos Santos. Sessenta e quatro: anatomia da crise. SP: Vértice, 1986: 87).
Neste momento, a posse de Jango era um problema de jurisprudência e, portanto, ainda não tinha adquirido a cor do poder moderador do exército. Foi a mensagem do presidente interino ao Congresso que transformou a tomada de dos ministros militares em um ato político que pôs o executivo na ilegalidade:
“[...] o próprio líder udenista Adauto Lúcio cardoso - depois ministro do Supremo Tribunal Federal - levantou-se no Congresso e pediu-me a palavra para dizer que tanto o presidente Ranieri Mazzilli quanto os Ministros da Guerra e da Marinha eram réus de delito de viiolação da Constituição da República. (Auro Moura Andrade. Um congresso contra o arbítrio. Diários e memórias. (1961-1967). RJ: Nova Fronteira, 1985: 69). Ora! se o congresso, como um corpo vivo em funcionamento, reagia à tentativa de golpe de Estado do executivo em andamento, em outra cena, Carlos Lacerda mobilizava governadores para fazerem coerção sobre o congresso e a opinião pública pelo putsch político sobre Jango. Lacerda contou para essa teologia da aventura (Heidegger) com o apoio do governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, Cid Sampaio, governador de Pernambuco, e Celso peçanha então governador do RIo de Janeiro. (Gileno dé Carli. Visão da crise. Brasília: BSB, 1981: p. 2). No PSD, o sr. Armando Falcão, exs-minitro da Justiça de JK, informava que este era favorável à tese de impedimento para evitar o derramamento de sangue (Gileno Dé Carli. JQ, Brasília e a grande crise. RJ: Pongetti, 1961: 38). E, na UdN:
“O governador Juraci Magalhães, da Bahia, se mostrava favorável à posse, mas que se o congresso nacional tomasse outra atitude, inclusive a do ‘impeachment’, ele concordará. A proposta que estva em marcha era fazer a eleição indireta da Presidência da República, permanecendo o Senhor Goulart como Vice-Presidente. O candidato mais cotado, pois era o escolhido por Carlos Lacerda, chamava-se Juraci Magalhães [...]”. (Gileno Dé Carli. Visão da crise. UNB. BSB, 1981: p. 3).
Esta dramatização política parece indicar que o exercício da tomada do poder se constituía como o objeto estético em torno do qual todos gravitavam e sonhavam. E o PSD parece ter se comportado como o Ricardo III shakespeariano , através de uma ação política ao mesmo tempo tenaz e maliciosa, preparando o assalto ao poder brasileiro, destruindo os obstáculos e simultaneamente construindo a narrativa de que o poder caiu em suas mãos por obra do destino, comno em Ricardo III ou por obra de um trabalho político de defesa da ordem constitucional e dos direitos políticos do cidadão João Goulart (PSD). Quando Jango assumiu a presidência sob o parlamentarismo, o PSD parece ter alcançado o objetivo de sua ação política, pois “[ a crise fora superada, e o PSD estava novamente no poder”. (Hippólito: 115).
Na crise da renúncia de Quadros, apesar do deslcamento do centro do poder dominante para o vértice do aparelho miltar, as condições para um golpe militar exitoso eram mínimas. (Aspásia e Góes: 530). Certamente, a crise do janismo agenciou as ideologias da Guerra Fria, isto é, capitalismo ocidental versus comunismo da URSS, crise ideológica que evoluiu para sua esplosão no putsch civil-militar de 1964.
Já em relaçao aos movimentos do PSD, ou melhor, de suas principais lideranças, uma análise mais precisa tem como pressuposto gramatical que todos os seus elementos principais sejam evidenciados, em especial, as correlações de forças existentes naquele momento no aparelho militar de Estado, no setor do Executivo formado pelos governos estaduais, e na cena política. Um choque entre o poder d’ars realista fantástico das ideologias da guerra fria e o poder d’ars rerealista do PSD ilumina essa meia-noite da prática política da tela da mente da democracia populista de 1946.
ALTHUSSER, Louis. Positions (1964-1975). Ideologie et appareils ideologiques d’Etat. Paris: Éditions Sociales, 1976
BANDEIRA DA SILVEIRA, José Paulo. Subdesenvolvimento Hoje. Lisboa: Chiado, 2019
BANDEIRA DA SILVEIRA, José Paulo. Além da época posmoderna. EUA: amazon, 08/2024
BANDEIRA DA SILVEIRA, José Paulo. Língua - Fenilato. EUA: amazon, 03/2025
BANDEIRA DA SILVEIRA, josé Paulo. Poder d’ars, poder estético, realismo fantástico. EUA: amazon, Julho/2025
CARPEAUX, Otto Maria. O livro de ouro da história da música. RJ: Ediouro, 2009
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. SP: Edipro, 2022
DELEUZE ET GUATTARI, Giles et Félix. Mille Plateaux. Capitalisme et schizophrénie. Paris: Minuit, 1980
DIAS, Floriano de Aguiar. Constituições do Brasil. RJ: Libers Juris, 1975
EAGLETON, Terry. A ideologia da estética. RJ: Zahar, 1993
EAGLETON, Terry. Ideologia. SP: Boitempo, 1997
HEGEL. Ciência da lógica. 3. A doutrina do conceito. Petrópolis: Vozes, 2018
HONNEF, Klaus. Arte contemporânea. SP: Casa das Línguas, 1988
LENINE. Oeuvres. tome 3. Le développement du capitalisme en Russie. Paris: Éditions Sociales, 1982
MARX. Os Pensadores. Para a crítica da economia política. SP: Abril Cultural, 1974
SLOTERDIJK, Peter. Crítica de la razón cínica. v. 1. Madrid: Taurus, 1989
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